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Black Power - 1

Não havia nenhum problema em ser negra, preta, de pele retinta. O problema era ser julgada por ser negra na Coreia do Sul, e viver a minha adolescência com mais esse "incentivo" para querer largar tudo e não levantar da cama pela manhã. Mas eu sabia que não havia nada de errado comigo, nasci negra assim como a minha mãe, no entanto, era uma tortura ser completamente diferente de uma nação que é completamente padronizada. Logo, o problema não se tratava de quem eu era, mas de onde vivia.

Sabe a porcentagem de pessoas negras morando na Coreia do Sul? Também não, mas sei que é extremamente baixa, o suficiente para que eu fosse encarada pela maioria das pessoas por onde quer que passasse. Não costumava sofrer racismo, os coreanos eram, geralmente, muito simpáticos, mas sabem uma raça que não é simpática? Adolescentes, garotos adolescentes, principalmente.

Mas já estava acostumada, vinha preparando meu psicológico para isso desde que descobri o que significava psicológico, desde então tudo se tornou muito "psicológico" para mim. Morei no Brooklyn, Nova York, Estados Unidos da América, até meus dez anos de idade, quando minha mãe conheceu um coreano e se casou novamente. Meses depois estávamos nos mudando para Ilsan, Coreia do Sul. Eu me sentia o Will Smith em Um Maluco no Pedaço, mas sem a comédia.

O resto da minha infância foi tranquila, embora eu tivesse demorado para me acostumar com o idioma e com as pessoas falando meu nome errado. Todavia, contudo, entretanto, o meu pesadelo tinha começado no ensino médio. Adolescência, fase em que "não é só uma fase", cujos todos querem se destacar, mas sem sair dos padrões, onde eu me destacava mesmo sem querer. E ainda precisar rezar para que meu black não acordasse amassado e para que meu shampoo e condicionador para cabelos crespos chegassem antes dos outros acabarem, porque comprar pela internet demorava no mínimo 30 dias para chegar. Imagine só 30 dias sem creme de cabelo!

Um inferno, te avisei. E tive a total certeza de que tudo tendia a piorar quando me vi num encontro triplo depois da aula de Matemática com minhas duas amigas, Ga Eul e Noo Ri, que não eram gêmeas nem irmãs, mas se pareciam muito. Mas com o tempo as consegui diferenciá-las sem dificuldades, embora ainda me baseasse muito pelo tamanho de seus cabelos lisos e escuros. Ga Eul tinha cabelos compridos, e os de Noo Ri eram da altura do queixo.

— Elinor! — Ga Eul sussurrou para mim e cutucou-me para que eu desfizesse minha careta. — Vai ser legal!

— Estamos matando a aula de Educação Física para conversar com garotos que estudam na mesma escola que nós, ou seja, estamos todos matando aula. — Retruquei enquanto raspava a calda de chocolate com a pazinha de sorvete.

— Eles são da outra turma. — Noo Ri corrigiu-me como se aquilo fosse importante, e só revirei os olhos. — Só trocamos alguns agachamentos e abdominais por eles.

Não é que eu não gostasse dos garotos coreanos, eles que geralmente não gostavam tanto de mim. E tudo bem que eles preferissem as coreanas, mas eu não tinha outra opção senão eles ou ficar sozinha. E era por isso que eu preferia estar na aula de Educação Física mesmo que eu odiasse fazer abdominais, flexões e etc.

— Lee Do Han convidou a Ga Eul e pediu para que ela trouxesse algumas amigas. — Ela continuou totalmente empolgada sem querer tomar o sorvete para não borrar o batom.

— E as amigas somos nós? — Perguntei e acenaram sorrindo, com seus olhos quase fechados. Dei uma risada nervosa e respirei fundo.

— Espero que o Woo Jin venha também! — Noo Ri comentou, animada, rendendo-se ao sorvete devido a ansiedade.

Eu os conhecia de vista. Nunca tinha trocado muitas palavras com eles, porque até então não tinha motivos, mas as minhas amigas sofriam de amor. Eu só tinha paixonite aguda pelo ator Lee Min Ho!

Quando Ga Eul recebeu uma mensagem de que eles já estavam chegando, mamãe também me mandara uma mensagem para avisar que o jantar seria pizza, porque ela chegaria tarde do trabalho. Fui até o banheiro para respondê-la e aproveitei para retocar meu batom nude. Esperava que os garotos gostassem de garotas com lábios carnudos, ocidentais, de cabelo crespo e negras...

Dava para ouvir o burburinho da sorveteria de dentro do banheiro, mas o que era mais nítido eram as vozes de alguns meninos na porta do banheiro masculino.

— Tô nervoso! — Ouvi alguém dizer baixinho enquanto lavava as mãos.

— Dá para ver isso pela sua calça! — Outro disse e torci o nariz.

Garotos eram nojentos.

— Mas é uma pena que o Nam tenha que ficar com aquela, como é o nome dela?

— A garota de cor. — O nervoso sussurrou, como se estivesse com medo de ser pego no flagra. — Elinor, a africana.

Opa, opa, opa... Parei por um momento enquanto enxugava as mãos. A garota de cor?

— Acho que ela é americana. — Outro alguém disse.

— Enfim, ela é a mais feia! — Aproximei-me da porta e consegui vê-los encostados na entrada do banheiro masculino, tendo visão das minhas amigas que conversavam inconscientes deles ali. — Já viu o cabelo dela? Será que ela consegue lavar?

— Acho que a água não penetra. — Riram e senti meu rosto aquecer de raiva. — Mas ela não tá ali. Será que não veio? Qualquer coisa você diz que tem namorada ou que tá gripado.

O tal Nam Jun só deu de ombros e riu acompanhando os outros. Idiotas! Idiotas! Idiotas!

Olhei-me no espelho pela última vez só para ter certeza de que não parecia prestes a chorar. Esperei que eles chegassem até as meninas e saí do banheiro feminino. A princípio, quis correr para casa e chorar loucamente, mas segundos depois percebi que estava mais irritada do que magoada. Então retornei para a mesa, vendo todos olharem para mim. Woo Jin e Do Han deram sorrisinhos imbecis e se cutucaram. Nam Jun sequer me encarou, como se não suportasse a culpa.

— Elinor, você demorou. — Ga Eul sussurrou me olhando nos olhos. — Está tudo bem?

— Hum. — Acenei e sentei de frente para quem deveria ser meu "par", já que todos estavam estrategicamente sentados em casais.

Encarei-os fixamente, era como se eu soubesse o que eles estavam pensando. Ah, mas eu sabia!

— Este é Kim Nam Jun! Você já o viu antes, certo? — Noo Ri apontou para o garoto que acenou para mim, tentei sorrir, mas só queria socar a cara de todos eles.

De repente, todos pareciam interessados em conversar apenas entre si, e Nam Jun e eu ficamos nos olhando sem saber o que fazer. Eu não queria estar ali, e ele não queria estar ali comigo.

— Você é americana, certo? — Ele puxou assunto depois de limpar a garganta.

Só assenti, porque se resolvesse falar alguma coisa seria extremamente rude, e aquele encontro era importante para as minhas amigas.

— Seu cabelo é maneiro! — Woo Jin comentou e o reconheci por sua piadinha sem graça sobre meu cabelo crespo.

Respirei fundo e o encarei metodicamente.

— Sério? Obrigada! Alguns idiotas pensam que não lavo, mas é bom que você pense o contrário.

Minhas amigas me olharam estarrecidas. Do Han se engasgou com o milkshake e o Woo Jin olhou para baixo envergonhado. Não dava mais para ficar ali, eu já tinha estragado o clima mesmo.

— Olha só, Nam Jun. — Chamei-o e ele me olhou, comprimindo os lábios e duas covinhas marcaram-lhe as bochechas salientes e bronzeadas. — Não tô interessada. Não é nada pessoal, só não gosto do fenótipo coreano. Preciso ir agora.

Levantei-me sem esperar a reação deles e caminhei para fora, sentindo minhas pernas amolecerem e as lágrimas se formarem em meus olhos.

Minha mãe me mataria pelo meu comentário xenofóbico, ainda mais por eu estar combatendo preconceito com preconceito. Mas tudo bem, ela teria que me perdoar daquela vez.

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