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Capítulo 10

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gif feito por barbieenox

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QUANDO PETER ENTROU NO QUARTO, ele foi direto para a gaveta onde tinha guardado o relatório. Tirou a máscara e a jogou sobre a cama enquanto reunia os papéis amassados.

Ouviu um toque em sua janela e quando se virou, viu que Cassie estava do lado de fora apoiada na escada de incêndio.

—Peguei o relatório. —Ele disse dando espaço para ela entrar, mas Cassie apenas estendeu a mão.

Ele entregou o relatório sentindo uma repentina tristeza ao perceber como ela já estava o evitando.

—O que você vai fazer, Cassie? Eu queria poder ajudar... —Ele murmurou.

—Eu não sei o que fazer... —Disse sincera enquanto os olhos percorriam as folhas do arquivo. —Eu não vou conseguir escapar da assistência social de qualquer jeito. Mas espero ter provas para explicar o que houve com o meu pai.

Toda vez que os olhares se encontravam, Cassie desviava rapidamente.

—Eu espero conseguir fazer isso chegar até a Lady de Aço. Ela está liderando um plano de investigação contra experimentos em humanos, queria que ela soubesse da minha história. —Ela sussurrou como se fosse sua última esperança. —Além do relatório, eu posso ser uma outra prova. Meus sentidos e aptidões físicas mudaram depois que entrei em contato com as substâncias depois do incêndio.

—Ah... Então foi assim... —Peter murmurou. —Olha se quiser algumas dicas para treinar seus poderes, eu posso...

—Eu preciso ir agora. Mike ficou a noite sozinho, ele está me esperando. —Ela disse se apressando em sair do parapeito da janela do quarto dele.
Cobriu o rosto com a máscara e se foi com o relatório em mãos.

Peter ainda ficou um tempo parado encarando a janela sentindo—se nada mais além de impotente.

Pensou no quanto Cassie era forte e em como estava tentando resolver tudo sozinha. Pensou em como ele errou tentando protegê—la como se ela fosse indefesa, ao invés de confiar no poder de escolha dela.

Foi quando ele lembrou de Violet.

Peter pegou o celular sobre a cama e digitou o segundo número na lista de emergência.

Chamada de vídeo para Vovó Stark.

Violet atendeu. Seus olhos encararam a tela como se estivesse olhando diretamente para Peter.

—O que você aprontou? —Ela perguntou logo.

Peter fingiu estar indignado.

—O que te leva a pensar isso, Senhorita Stark? Eu tenho me comportado, Senhorita Stark. Como a Senhorita está?

—Você definitivamente andou apontando! Disse “senhorita” vezes demais para alguém inocente. —Ela disse com um sorriso doce.

—É, eu preciso de ajuda. Mas é meio complicado. —Ele murmurou sem jeito. —Tenho essa amiga de quem eu gosto muito, mas as coisas não parecem dar certo. Já sentiu como se a gravidade sempre estivesse tentando separar você de alguém?

Violet arqueou as sobrancelhas impressionada com a velocidade com que Peter falava quando estava nervoso e mais ainda chocada com a profundidade daquilo.

Peter se sentou na cama segurando o telefone e vendo o olhar compreensivo de Violet.

Quando ela respondeu estava pensando em Steve e Bucky.

—Sim, já senti isso duas vezes. E ainda estou tentando descobrir como lutar contra a gravidade.

—E como você sabe que está fazendo certo?

Ela pensou por um instante, sua expressão era doce e jovem, mas ela tinha aquela áurea de uma donzela que havia vivido mil anos.

—A gente sabe que é certo, porque quando estamos com essa pessoa nos sentimos em casa. —Ela disse por fim.

Peter balançou a cabeça de forma positiva, havia entendido bem.

—Tem outra coisa, Senhorita Stark. —Ele continuou, coçou a nuca um pouco nervoso. —Essa minha amiga especial descobriu que as Indústrias Oscorp anda fazendo experimentos em humanos. Você consegue checar um caso assim?

Violet arregalou os olhos por um instante e então voltou a expressão serena e acolhedora de sempre.

—Claro que sim, Peter. Me manda o contato da Senhorita Amiga Especial e falarei com ela amanhã. —Violet disse e quando ela balançou a cabeça o cabelo caiu sobre o rosto. —E na próxima a gente pode se encontrar pessoalmente. Chamarei Tony para a gente tomar um chá.

—Obrigado, Senhorita Stark. —Ele desligou rindo sabendo que Tony odiava chá e que provavelmente ele mandaria uma armadura em seu lugar.

Peter se jogou na cama olhando o teto do quarto pensando em como se sentia em casa quando Cassie estava por perto.


***


De manhã, quando Violet acessou a mensagem de Peter, não estava esperando que a amiga especial do garoto estivesse em uma situação delicada. A primeira informação que o seu sistema localizou foi que às 8hrs da manhã, Cassiopeia Johnson e o irmão Michael haviam sido retirados de sua residência e estavam agora em um abrigo do Brooklyn.

Os irmãos estavam sem um maior de idade responsável e por não ter nenhum familiar próximo, o governo cuidaria da tutela deles.

Violet suspirou pensando nas possibilidades do que poderia acontecer. A Oscorp estava no seu radar há meses e agora parecia que tinha finalmente encontrado uma prova que moveria uma investigação Federal. Mas se Cassie e o irmão ficassem sozinhos ou fossem separados, eles correriam riscos.

Violet pegou o celular e telefonou para Alicia Colleman, sua assessora jurídica. Alicia iria querer ter conhecimento sobre o caso.

—Bom dia, Alicia. —Ela disse quando a amiga atendeu. —O que acha de começar o dia derrubando uma corporação?

Como o esperado, Alicia topou e Violet lhe passou o endereço do abrigo.
Ela deixou um recado para Tony informando que passaria parte do dia ocupada e pegou a bolsa para sair.
Infelizmente não podia usar o traje para situações convencionais, então pegou um táxi até o Abbott House no Brooklyn onde Cassie e Mike estavam.

Era como uma enorme casa, tinha um pequeno jardim na entrada e era possível ouvir crianças brincando nos fundos. Os abrigos geralmente eram construídos como uma casa comum para dar a sensação de familiaridade para as crianças.

Ela viu Alicia se aproximar pela calçada. Salto alto, óculos escuro, saia lápis, uma postura impecável.  A pele negra sob o sol fraco da manhã, segurava a pasta e a bolsa como se fossem armas, era fácil perceber que Alicia era formada em Direito, ela tinha a expressão de alguém que estava sempre pronta para dizer “Eu sei os meus direitos”.

—Bom dia, Senhorita Stark. —Ela cumprimentou tirando os óculos.

—Bom dia, Senhorita Colleman. Conseguiu verificar o relatório que te enviei?

—Sim, consegui checar as informações no caminho. —Ela disse tomando a frente para entrar no jardim enquanto Violet a seguia. —Estou impressionada com o que essa garota tem feito. Cuidar do irmão sozinha e ainda buscar provas de que o incêndio não foi acidente? Podemos esperar uma garota durona.

—Eu amo as duronas. —Violet comentou enquanto subiam as escadas da entrada.

A porta estava aberta e elas entraram. Onde deveria ser o hall de entrada de uma casa foi transformado em uma pequena recepção.

A moça no balcão estava ao telefone, mas desligou assim que as viu.

— Procuramos por Cassiopeia Johnson, estamos aqui para oferecer à ela nossa assistência jurídica. —Alicia disse à moça no balcão, apresentou a ela uma carta de identificação da Ordem. —Aqui estão minhas credenciais. Soube que a Senhorita Johnson não possui um guardião legal, então acredito que eu possa oferecer meus serviços e verificar os interesses dela.

A recepcionista averiguou a identificação de Alicia e se levantou fazendo um gesto para que a seguissem.

—Antes preciso que verifiquem com a coordenadora do abrigo, ela pode lhes informar qual a situação dos irmãos Johnson. —Ela disse subindo as escadas, Violet e Alicia a acompanharam.

Na primeira porta à esquerda da escadaria tinha uma sala e a porta estava aberta. A recepcionista tocou uma vez na porta e uma mulher de cabelos cinzas que estava atrás de uma mesa de escritório, ergueu o olhar e fez um sinal para que entrassem.

A mulher ajeitou os óculos no rosto e observou as duas mulheres à sua frente.

—Pois não?

—Eu sou Alicia Colleman, assistente jurídica. —Alicia ergueu a mão para a cumprimentar. Em seguida Violet fez o mesmo.

—Eu sou Violet Stark, viemos visitar Cassiopeia Johnson e seu irmão Michael. Achamos que na situação deles iriam querer assistência jurídica.

—Eu sou Margareth, coordenadora do abrigo. —Ela disse ajeitando os óculos e se colocando de pé. —Os irmãos Johnson foram trazidos nesta manhã pela assistência social. Mandamos vários comunicados e nenhum responsável comparecia, queríamos acompanhar como estava o processo da guarda já que eles deveriam estar com a madrasta. Mas descobrimos que a mulher deixou as crianças e os dois tem se virado sozinhos desde então.

Alicia balançou a cabeça afirmativamente como se compreendesse a gravidade legal do caso.

—Neste caso, a tutela delas está sob responsabilidade do governo, nós supomos. —Comentou Violet e Margareth afirmou positivamente. —Há a possibilidade deles serem adotados?

—Sim, os irmãos estão já incluídos no nosso programa para que sejam reintegrados em uma família.

—Mas nós sabemos que é muito mais difícil que um adolescente na idade de Cassie seja adotado. As famílias preferem crianças menores como Michael. Existe a possibilidade dos irmãos serem separados? —Alicia perguntou pontualmente fazendo Margareth ajeitar o terno antes de responder.

—Nossa prioridade é manter os irmãos juntos, mas eventualmente isso pode sim ocorrer. —Ela disse por fim.

Violet suspirou e afirmou com a cabeça.

—Cremos que não seja a vontade deles e então gostaríamos de falar diretamente com as crianças para ver as possibilidades. —Afirmou Violet.

—Hum, vocês possuem algum cliente que esteja interessado em adotar os Johnson? —Perguntou Margareth.

Violet Stark olhou para Alicia buscando algo que sua mente persuasiva de advogada poderia responder naquele momento.

—Só posso revelar se for a vontade da minha cliente, Cassie. Por isso, primeiro precisamos verificar com ela. —Alicia exibiu um sorriso seguro e Violet imitou o sorriso como se soubesse desde o princípio que Alicia conseguiria.

—Sim, é claro. Eu entendo. —Ela saiu de trás da mesa e andou para fora da sala. —Vou pedir que aguardem na sala de estar lá embaixo, vou avisar Cassie e Michael.

Violet e Alicia voltaram a descer as escadas e entraram na sala de estar que era adaptada. Tinha sofás, uma mesinha no centro e várias prateleiras com brinquedos e livros infantis. Na televisão passava algum desenho animado.

Alicia se sentou em uma poltrona com a postura perfeita e Violet se sentou no sofá ao lado. Deixaram as bolsas sobre o sofá e quando Violet pensou em algo para dizer, Cassie entrou na sala.

Ela sabia que era Cassie por causa do cabelo crespo e volumoso que estava solto moldando seu rosto. Ela mantinha a face erguida quando entrou na sala mostrando que apesar de jovem era corajosa como os adultos nunca esperavam que os mais novos fossem.

Cassie segurava a mão de Michael que estava atrás dela espiando pelas mangas do casaco dela.

—Oh não, Cassie. Chamaram a Lady de Aço! —Então ele se colocou na frente da irmã e cruzou os braços fazendo as trancinhas balançarem. —Não podem prender a Cassie por estar mentindo! Ela estava protegendo a gente!

Violet e Alicia não puderam evitar sorrir, mas Cassie continuava impassiva. Ela colocou as mãos sobre os ombros do irmão e como se eles tivessem a própria linguagem particular, Michael entendeu e relaxou a postura.

—Eu sou Cassiopeia e este é meu irmão Michael. —Ela disse sem se aproximar. —Me disseram que estavam me procurando.

Violet e Alicia se levantaram.

—Cassie, recebi uma ligação de Peter Parker. Ele disse que você tinha informações importantes e que queria passá—las para mim.

—Sim, mas tem que ser do meu jeito. —Ela pontuou.

—Então nos conte como seria do seu jeito. —Sugeriu Alicia.

Cassie olhou para a Violet.

—Nada de white savior. Eu quero decidir como vamos expor a Oscorp e como eu e o meu irmão vamos viver.

—Isso mesmo! —Michael concordou com veemência. —E isso inclui nada de abrigos! A comida é boa, mas as camas são ruins!

—Parece uma boa forma de começarmos. —Concordou Alicia. —Permita—me apresentar as opções. Eu sou Alicia Colleman e gostaria de representar vocês juridicamente.

—Juridicamente? Estamos fritos, Cassie? —Mike murmurou para a irmã e Cassie passou os dedos pelas trancinhas dele.

—Não, está tudo bem. Elas querem conversar e vamos ver se podemos ajudá—las. —Cassie disse guiando Mike para o sofá ao lado de Violet.

Elas se sentaram e Alicia abriu a pasta que tinha para rever as anotações.

—Eu acredito que o incêndio na Oscorp não tenha sido um acidente. Acredito que havia coisas das quais eles queriam se livrar, eu não deveria estar lá naquela noite. —Cassie começou enquanto acareava a mão de Michael. —Eu fiquei presa em uma sala com produtos químicos, amostras de componentes alterados. Também encontrei relatórios sobre estudos feitos em humanos, consegui guardar um comigo.

Violet estendeu a mão e colocou sobre as deles. Cassie respirou fundo para continuar a contar.

—Naquela noite eu entrei em contato com algum componente das amostras e acho que isso teve efeitos colaterais. Fiquei dias no hospital e achavam que era por conta da quantidade de fumaça inalada. —Ao dizer isso Violet olhou nos olhos delas. —Algo mudou em mim. Eu enxergo melhor na pouca luz, tenho reflexos mais rápidos, consigo correr e saltar bem melhor. Bem melhor mesmo.

—Se aquilo que tinha no laboratório deles mudou seu DNA, seu metabolismo e qualquer coisa no seu corpo, isso faz de você uma prova também. —Violet murmurou pensativa. —Alicia, se a Oscorp descobrir podem querer vir atrás dela. Não podem saber que ela é resultada daquelas coisas terríveis que estavam testando.

Alicia passou as mãos pelos cabelos negros compridos e seus olhos escuros olharam para Cassie com firmeza.

—Cassie, alguém sabe o que você pode fazer?

—Só o Peter e agora vocês. —Michael apertou a mão da irmã. Apesar de ambos serem jovens já haviam conhecido muita dor na vida. —Mas eu... Eu consegui um nome de um dos criminosos naquela noite e para conseguir a informação eu usei essas habilidades...

A voz de Cassie falhou, Alicia suspirou e Violet pressionou a têmpora do rosto com os dedos.

—Então você saiu pelas ruas de Nova York ameaçando criminosos até conseguir um nome? —Violet recapitulou. —O que significa que boa parte dos ladrões da cidade sabe que tem uma garota com super habilidades por aí procurando um cara especifico.

—Então a Oscorp já pode muito bem saber que tem alguém.

—Se eles vierem, a gente dá um jeito neles. —Garantiu Mike confiante.

—Mas vocês não precisam passar por tudo isso sozinhos. —Assegurou Violet, ela colocou a mão sobre o ombro de Cassie. —Há tanta coisa sobre vocês, todo esse peso e preocupações. Não precisam carregar isso sozinhos.

Os olhos de Cassie encheram de lágrimas e ela mordeu os lábios para não chorar.

—Tudo bem se estiver mal, Cassie. Demonstrar isso não é fraqueza. —Violet sussurrou para ela. —Reconhecer nossa própria dor é coragem, é força. A dor precisa ser sentida.

Então pela primeira vez, Cassiopeia Johnson se permitiu chorar livremente na frente de outra pessoa. Violet a abraçou e ela soluçou com o rosto enterrado em seu casaco sem se lembrar bem quando foi a última vez que havia recebido um abraço tão maternal.

—Vamos pensar em formas de deixar vocês em um lugar seguro, a não ser que tenham gostado do abrigo. —Sugeriu Alicia, afinal os abrigos poderiam sim ser locais acolhedores para crianças.

—Aqui é legal, de verdade. Mas não parece com nossa casa. —Mike disse afagando a mão da irmã. —E não quero que os adultos tentem nos adotar.

—Certo, temos algumas outras opções. Mas pode levar alguns dias. —Alicia disse separando alguns papéis e entregando para Michael enquanto Violet afagava as costas de Cassie. —Depois que escolherem, vou tentar agilizar tudo.

—Passaram por muita coisa por hoje, acho que deveriam descansar e pensar juntos no que querem fazer. Dá pra notar que vocês tomam as decisões em família. —Violet sorriu para os dois e deu um beijo na testa de cada um. Depois foi a vez de Alicia.

Michael achou que ninguém no mundo tinha uma pele tão linda como a dela, escura como as noites de verão.

—Vamos pedir que vocês fiquem alguns dias sem ir para a escola para organizar as ideias e ter um tempo pra vocês. —Alicia deu uma piscadinha para os dois. —Voltaremos amanhã.

—Obrigada Srta. Colleman. Obrigada Srta. Stark. Até amanhã. —Os Johnson disseram juntos.

E quando elas saíram da sala, Mike murmurou:

—Que droga, eu gosto de ir para a escola.

E isso fez Cassie rir e abraçar o irmão rolando com ele pelo sofá.


***


Fazia dias que Cassie não ia para a aula e o apartamento dos Johnson estava completamente vazio. A ansiedade e preocupação teriam consumido Peter se Alicia Colleman não tivesse ligado para avisar que Cassie e Michael estavam bem.

Ele cogitou em ir visitá—los na Abbott House, mas Alicia havia sido bem firme quando disse que eles precisavam de um tempo e Peter precisava respeitar o espaço deles.

Mas sentia saudade e seus amigos sempre perguntavam se ele tinha notícias dela. Todo mundo também reparava que ele andava um pouco entristecido e nem mesmo Flash estava enchendo o seu saco.

O dia da apresentação chegou e ele estava triste porque Cassie havia feito o trabalho com ele e não estava na escola de novo. Ele havia preparado tudo tendo ela como inspiração.

E por mais que olhasse ao redor pela sala de aula procurando por ela, sabia que ela não iria.

—Parker. —Chamou a professora. —Hoje é o seu dia de apresentação, certo?

Peter acenou com a cabeça e seguiu para a frente da sala. Ele segurava o papel com suas anotações mesmo que não precisasse delas, havia repetido as palavras tantas vezes que tinha decorado cada vírgula.

Ele olhou para os seus colegas de classe. Ned fez um sinal de positivo para o encorajar e Michelle disse:

—Quebre a perna, Peter!

O que na verdade significava “bom show ou boa sorte”.

Ele olhou para a cadeira ao lado dele. Ainda vazia.

Fazia quatro dias e nenhum sinal de Cassie. Ele estava começando a achar que nunca a veria de novo e se a visse, provavelmente ela não o queria mais como amigo.

Ele gesticulou para a professora apagar as luzes e acionar o projetor que ele havia preparado para a apresentação.

No escuro na sala o projetor iluminou no ar milhares de estrelas, elas se moviam entre os alunos como se estivessem orbitando pela sala.

Suspiros e exclamações escaparam de todo mundo. Peter estava no centro das estrelas e quando ele apontou para a sua direita para começar a apresentação, a porta da sala se abriu e mais uma constelação se juntou a ele.

Cassiopeia entrou devagar e fechou a porta no escuro, seguiu de cabeça baixa até o seu lugar e se sentou quando olhou pela sala arquejou impressionada até os seus olhos encontrarem os de Peter.

Depois de dias sem ter notícias e ela finalmente estava lá e parecia bem na medida do possível. E no meio de toda aquela infinita galáxia projetada no escuro da sala, ela ainda era a coisa mais bonita que ele podia ver.

—Aqui à direita podemos ver a constelação Triângulo do Verão. —Ele apontou para as três estrelas que formavam um triângulo. —As duas de baixo são Vega e Altair, a de cima e menos conhecida é Deneb.

Os alunos acompanhavam as estrelas que Peter havia indicado, tudo estava refletindo nos olhos deles e nos olhos de Cassie também.

—Na história do Tanabata, Vega é representada por Orihime uma princesa filha do Imperador que tecia as melhores vestes dos deuses. Os deuses acreditavam que deveriam abençoar a princesa Orihime com um bom marido. —Peter contou lembrando de todos os contos que ele e Cassie compartilhavam, lembrou de todas as vezes que ela sacudia seu universo.

—Eles escolheram o pescador Hikoboshi que representa a estrela Altair. Hikoboshi um criador de gado que fornecia aos deuses os melhores alimentos e vivia na margem do rio. —Peter contou fazendo Ned colocar a mão no peito. A professora estava sorrindo e até Michelle não parecia entediada.

—Eles se apaixonaram à primeira vista, se casaram e foram felizes para sempre. Mas... Esse não foi o fim da história. —Os colegas de Peter ficaram sobressaltados, mas o que o deixou animado foi o sorriso de Cassie escapando pelos seus lábios. —Eles estavam tão felizes juntos que deixaram de tecer as roupas e dar alimento para os deuses, porque não se desgrudavam.

Ned suspirou alto.

Flash Thompson estava de olhos arregalados.

—Os deuses ficaram sem kimono para vestir e o rebanho do céu ficou doente. —Peter disse mais baixo deixando os colegas mais apreensivos. Ele ignorou suas mãos que suavam de nervoso. —Como castigos, decidiram que Orihime e Hikoboshi iriam morar separados. Orihime moraria de um lado do rio e Hikoboshi do outro.

Alguns lamentos foram ouvidos e Peter podia jurar que até Flash parecia decepcionado por mais que tentasse disfarçar.

—Os deuses se arrependeram ao ver a tristeza dos dois, então permitiram que os dois se encontrassem uma vez ao ano. —Peter indicou as estrelas novamente na imagem do projetor e amplificou a imagem. —Aqui, entre as estrelas de Orihime e Hikoboshi está a via láctea, ela é o rio que separa o casal. A terceira estrela do triângulo, Deneb, é a ponte que conecta o casal através do rio que é a nossa galáxia Via Láctea.

Ned começou a bater palmas e a turma o seguiu, Cassie riu com a empolgação dele.

—A proposta do trabalho era tentar entender porquê as lendas e contos tem um papel tão importante mesmo com o avanço da ciência e tecnologia. —Completou Peter caminhando devagar pelas mesas dos colegas. —Elas são importante porque nos lembram no que acreditamos. Todos nós somos estrelas e precisamos de algo que nos conecte através do nosso universo. Em uma galáxia tão grande como a nossa, uma estrela pode nos levar de volta pra casa.

Peter parou de frente para a mesa de Cassie, eles olharam na galáxia refletida nos olhos um do outro.

—Estou aqui para dizer e sem máscaras para nos esconder dessa vez: todas as estrelas me levam até você.

A sala explodiu em assobios e palmas.

Cassie ficou sem graça, mas mesmo assim segurou a mão de Peter e o puxou para a cadeira ao seu lado.

—Desculpa. —Ela sussurrou. —Eu sinto muito.

—Mas foi eu quem escondi as coisas de você.

—Mas eu também descontei minha raiva em você. Eu queria alguém para culpar, mas você só estava tentando fazer a coisa certa. —Ela segurou a mão dele e desenhou em sua pele as letras.

S—O—R—R—Y

—Parabéns, Peter! —Disse a professora depois de acender as luzes e se colocar novamente na frente da sala. —E parabéns também a Cassie que preparou a parte teórica. Fico muito feliz que tenha conseguido ver a apresentação.

A professora citou outros nomes que deveriam se apresentar logo em seguida, mas Peter não prestou atenção em nenhum deles por quê Cassie entrelaçou os dedos nos dele.

—Então, quer escapar na hora do almoço? —Ele sussurrou.

—Quero ver Ned e Michelle, preciso explicar o que aconteceu. —Ela sussurrou de volta e o olhou nos olhos com aquele brilho esplêndido em forma de íris castanha.

Peter suspirou. Como sentiu falta daquilo.

—Mas preciso ir na mercearia do Sr. Giancarlo mais tarde, você quer ir comigo?

—Claro. —Peter disse sem evitar um sorriso.

-S-E-N-T-I-S-U-A-F-A-L-T-A

Ele desenhou na pele dela e Cassie não soltou sua mão até o final da aula.

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