Capítulo 1
O SOL ESTAVA BEM VISÍVEL, as flores começavam a secar. O outono parecia que estava envolvendo a primavera com um abraço preguiçoso, tão preguiçoso como Peter acordou naquela manhã. Para o primeiro dia de aula do ano letivo ele não se atrasou, tomou café com May e tinha todo o material em ordem.
Colocou os fones de ouvido e pegou a bicicleta, no caminho ele ouvia Twenty One Pilots enquanto olhava atento para as ruas do Queens. Havia uma certa expectativa preenchendo sua mente, seria o segundo ano do Ensino Médio e tinha muita coisa que ele queria explorar e conhecer. Também seria mais um ano como o Homem Aranha e Peter queria ser um herói melhor, devia isso aos Johnsons. Depois da aula Peter planejava procurar pela filha de Charles, ele sabia que a menina havia recebido alta naquela semana e ele precisava saber se ela estava bem.
Claro que ele não iria se apresentar pessoalmente, mas vê-la de longe faria o peso em seu peito amenizar, afinal, como ela mesmo havia dito, era culpa dele. Mas independente de qualquer coisa, ele havia feito uma última promessa à Charles Johnson: a promessa de que salvaria sua filha.
No dia do acidente no laboratório da Oscorp, ele havia chegado tarde demais. Primeiro ele encontrou Charles na primeira sala, ele estava ao som e o abdômen sangrava. Era um ferimento à bala, quando ele tentou levantar Charles para o tirar de lá o homem murmurou com dificuldade:
-Não, é o fim da linha pra mim, garoto. -Ele estava com dificuldades para falar, reuniu o último fôlego para um último pedido. -Tire minha filha daqui.
As chamas cresciam e Peter sabia que as chances de conseguir sair de lá eram poucas. Ele não poderia levar o corpo de Charles consigo por conta do peso e dificultaria a saída deles, aquela dura decisão quase o levou ao desespero, mas ele lembrou que precisava ajudar a filha do sujeito.
Então na cabeça de Peter fazia todo sentido de que ele se certificasse de que ela ia ficar bem fora do hospital, só pra ter certeza. Ele respirou fundo e balançou a cabeça enquanto guiava a bicicleta pela entrada da escola, estava convencido que era a coisa certa a se fazer.
Ele estacionou a bicicleta ao lado de tantas outras no estacionamento e seguiu para dentro do prédio. Estava lotado de alunos, todo mundo estava bronzeado e Peter notou que era um dos poucos que não viajava durante as férias e mal havia pegado sol. Seu traje cobria a sua pele o dia todo e não é como se ele fizesse uma pausa pra tomar sol enquanto combatia o crime.
-Pete! -Exclamou Ned assim que se encontraram no corredor. -Como foi as férias?
-Ned, eu te vi todos os dias nas últimas semanas! -Ele parou em frente ao próprio armário e colocou a senha. A tranca abriu e ele começou a separar os livros para guardar.
-A gente tentava, mas você logo saia correndo pra... -Ned olhou ao redor e diminuiu o tom de voz.- ...combater o crime ou tentar ver aquela garota no hospital.
Peter suspirou fechando o armário. Não tinha notícias da garota, o pessoal do hospital não fornecia informações para estranhos. E da janela do quarto dela no hospital, toda vez que Peter olhava ela estava na cama sem se mexer.
-Eu estava... Preocupado. -Peter murmurou enquanto eles seguiam para porta da sala de aula. O primeiro tempo era de Química.
Ned apertou o ombro dele de maneira amigável enquanto escolhiam as mesas para sentar em dupla.
-Não pode se sentir culpado para sempre. Você fez o que podia. -Ned disse enquanto se sentavam um do lado do outro. Todos os alunos ao redor escolhiam seus lugares.
Peter olhou para o lado e viu Michelle Jones sentada sozinha, a cadeira ao seu lado estava vazia.
-Você salvou a garota como o pai pediu. -Ned sussurrou, mas nada daquilo o fazia se sentir melhor.
-Salvei?! -Ele perguntou baixinho para si mesmo.
Toda a turma já estava em seus respectivos lugares quando o Professor Dawson entrou na sala, ele ajeitou o bigode grisalho e colocou sua maleta sobre a mesa.
-É impressão minha ou ele raspou o cabelo? -Ned perguntou.
Peter podia jurar que o Senhor Dawson sempre fora careca. Mas algo chamou sua atenção, algo muito mais intrigante do que a careca do seu professor de Química.
-Aluna nova! -Exclamou Ned.
Peter viu a garota caminhar até o Senhor Dawson e entregar uma folha para ele. Ele leu com atenção e se dirigiu para a frente da classe.
Ela tinha os cachos volumosos e escuros presos em um rabo de cavalo alto, usava argolas douradas nas orelhas e em sua camisa preta estava escrito "May the force be with you". Havia um boné rosa com o logotipo da NASA pendurado na mochila em suas costas.
-Classe, temos uma nova colega. Por favor deem as boas vindas à.... -Dawson fez uma pausa e se virou para a garota.
-Cassie Johnson. -Ela completou e olhou para o restante dos alunos. Um olhar confiante como se ela dissesse "mexam comigo e eu acabo com vocês".
À primeira vista, Peter achou que Cassie era como uma estrela cadente: um espetáculo a ser contemplado, lindo que mudava o céu, porém breve demais. Mas depois percebeu que ela era um cometa em rota de colisão prestes a sacudir o seu planeta.
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