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Quando a esmola é muita

Anahí pegou uma calça preta, bem justa ao seu quadril, para usar. Calçando em seguida uma de suas botas cano longo no mesmo tom da roupa. Ela queria ser o centro das atenções naquele dia, não que isso fosse uma tarefa difícil levando em conta a quantidade de "admiradores" que havia conquistado ao decorrer das suas aulas na universidade.
A vampira era atraente, bonita, e sabia disso. Porém, todos temiam aquelas irmãs e não parecia uma boa opção se aproximar delas para um flerte.

Enquanto andava pelos corredores do lugar, sua recordação foi para "El Kalypto" no trecho que fez jus a tudo em volta...

"...Os vampiros tem o poder de sedução aguçados, geralmente são seres hipnotizantes, atraentes e seguros..."

Aquilo em parte era verdade, pelo menos era o que estava acontecendo ultimamente. Sua força de atração estava cada vez mais intensa.

Mas naquele dia ela saiu de casa disposta a fazer uma caçada diferente.

_______________

"A aula foi à mesma chatice de sempre, cálculos e mais cálculos. Meu curso se baseava nisso, e nem era física ou matemática. Fazer oceanografia tinha dessas coisas. Além de tudo, as minhas notas estavam péssimas. Eu tinha que recuperar e por isso a semana estava prevista para ser um total estresse".

A sede começou a invadir o interior da vampira fazendo-a agradecer aos céus pelo intervalo ter iniciado antes de se tornar incontrolável. Ficar dentro da sala de aula era como: mantê-la com fome durante dias, e quando por fim encontrasse comida, lhe amarrassem as mãos para que não pudesse pegar".
Tortura sem fim.

Anahí se  levantou depressa juntando seus materiais e indo em direção à saída, aguçada para caçar, mas assim que chegou à porta viu a imagem de Maite, distante, indo em direção a sua sala e aproximando-se do corredor onde estudavam.

"Ela veio aqui, para me vigiar!" Refletiu.

Enfurecida, se desviou por detrás da sala e esperou a irmã entrar para procurá-la, escondendo-se. E foi isso que a Anja fez. Maite entrou em busca de Annie, que apressou os passos aproveitando o seu descuido para escapar da sua irmã.

Andando como se a perseguissem, seus passos foram velozes e precisos, mas sem alterar o natural. Não podia expor nada de poderes já que estava cercada de muita gente. Ela caminhava e olhava para trás, confirmando a ausência de Maite.
"enfim a perdi de vista" pensou, comemorando enquanto olhava pela última vez para trás.

E neste momento de distração, não conseguiu perceber a hora em que esbarrou em alguém que estava parado no meio do percurso. Virando-lhe os olhos para se certificar ela certificou-se de quem se tratava.

Alfonso: Porque tanta pressa?

Anahí: E o perseguidor ataca novamente... - ironizou revirando os olhos, extasiada.

Alfonso: Acho ótimo me taxar assim. A agressividade de certa forma é curiosa. Mas ainda não respondeu a pergunta que acabei de fazer.

Anahí: Você e suas infinitas perguntas - complementou - Então vou responder o de sempre: cuide da sua vida - rebateu em tom de soletração, visivelmente aborrecida. Ele pareceu se divertir e ao invés de se chatear deu uma longa e exibida risada - Vá ao inferno! - retrucou, empurrando ele da sua frente,l e continuando o trajeto.

Mesmo assim, Anahí sabia que nunca era tão simples se livrar de Alfonso.
Ele a seguiu, persistente, falando ao seu lado.

Alfonso: Não precisava se chatear.

Anahí: Eu só estou com pressa.

Alfonso: Posso te levar aonde quer ir? - eles andavam próximo do estacionamento quando Anahí se preparou para negar o pedido, mas algo estranho aconteceu. Seus olhos começaram a arder e ela por instinto começou a esfregá-los com as mãos. Se cobrindo.

Alfonso a observou minuciosamente segurando seus braços e lhe oferecendo apoio.
Ele sentiu a pele delas fria, gélida, mesmo sendo aquele dia um dos mais quentes da semana " segundo o noticiário matinal que viu antes de ir estudar".

Anahí: Certo... Me leve aonde quiser desde que seja um lugar tranquilo.

Ele arregalou os olhos, descrente no que acabava de ouvir. Anahí ainda estava de cabeça baixa com as mãos sobre o rosto, quando Alfonso resolveu não contestar a repentina decisão.

Já tinha um lugar em mente para leva-la.

"Os bosques que gritam".

~~
Durante o trajeto Anahí não disse uma só palavra, ela agora já estava normal, apenas com o olhar distante. Parecia viajar noutro universo. Seu semblante não parecia bem.
Assim que chegaram, ele abriu a porta de forma educada, mas ela simplesmente ignorou.

Sentaram-se no mesmo lugar que ele a viu da última vez, seu sorriso foi de canto, quando se lembrou daquele dia.
Ambos se acomodaram e permaneceram calados. Em um silêncio mórbido, até ela decidiu corta-lo...

Anahí: Porque me trouxe até aqui?

Alfonso: Não sei. Quando me disse que queria ficar num lugar tranquilo, imaginei que fosse aqui.

Anahí: Você não se incomoda com as coisas que dizem desse lugar?

Alfonso: Se refere às assombrações ou ataques? Ignoro - respondeu tranquilo - Se me importasse nem teria vindo morar nesta cidade que está coberta de rumores semelhantes. - mesmo parecendo uma conversa comum, ele havia notado a diferença no olhar e tom de voz dela.
Algo a incomodava.

Anahí se sentiu outra. Como se a possuíssem e a única coisa que pensou foi na vontade de sugar até a morte, Alfonso. Ele seria a tal vítima da sua caçada diferente. Porém, algo dentro dela se recusava a executar a ação instintiva. Ignorando ela continuo com o planejado. Seria ele.

Aproveitou que Alfonso olhava distraído para o lago, ela se pôs ao seu lado, o encarando fixamente, intercalando entre sua garganta e seus olhos.

Alfonso: Se sente bem?

Anahí: Perfeitamente. Como nunca antes.

Ela já falava ofegante, faminta, parecia sentir o gosto dele em sua boca. Salivante.

Antes que Alfonso lhe respondesse, ela em segundos pulou para cima do rapaz, o deixando em transe sem entender o que estava acontecendo. A vampira o pressionou com força contra o chão utilizando suas mãos fortes e pesadas para render seus pulsos. Os olhos vermelhos se puseram de fora fazendo o rapaz recordar todas as imagens vistas na tela do computador que tanto lhe cortaram o sono a algumas noites atrás.

"Não pode ser" disse ele, chocado, prevendo o triste fim.

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