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Não tão boa assim


Alguns dias se passaram e as coisa não foram tão agradáveis...

Anahí estava faltando às aulas com desculpa de estar farta do ambiente escolar. Na realidade o que mais lhe incomodava era o fato de cruzar com o seu "carma" pelos corredores.

Decidida, desceu até os fundos da casa deparando-se com a antiga e abandonada biblioteca onde sua mãe costumava guardar seus muitos livros antigos e preciosos. Para a mulher a leitura era o que a desprendia da realidade complicada em que vivia...

Distraída a vampira começou a buscar o que poderia ser uma explicação para tantas transformações em seu corpo,  e se tivesse sorte, uma solução para o seu pequeno problema. Revirando as estantes ela subiu em uma escada para facilitar a procura nas partes mais distantes , e foi então que seus olhos deram de frente com  algo que á primeira vista parecia bem interessante. Descendo atenta apenas com o pesado exemplar nas mãos, ela deu um curto salto, assustada com a imagem não tão agradável de Silas a poucos centímetros dela.

Anahí: Está louco! - Reclamou pondo a mão no peito, aflita - Como aparece por trás das pessoas sem avisar?

 Ela  segurava sobre o peito como se quisesse segurar o coração que nunca batia e nem tinha significado. Era apenas por hábito.   

Silas: Perdão... Não quis assusta-la. Só vim buscar um cartão que me encarreguei de entregar á senhorita.

Anahí: Cartão? Sobre o que?

Silas: Bem.. é de sua mãe – o livro que estava na mão dela caiu ao chão assim que ele terminou de falar.

A vampira foi pega de supetão pela afirmação dele, mas logo recuperou o juízo e juntou do chão o objeto empoeirado. 

Anahí: Como assim da minha mãe?

Silas: Alguns dias antes de morrer ela me pediu para entregasse esta carta caso algo lhe acontecesse... - de reflexo e já coberta de fúria, Anahí pegou pelo pescoço do desprezível homem e lhe pôs nos altos contra a parede.

Os pés dele balançavam enquanto sua mão seguravam as dela, pedindo ajuda, com a voz abafada.

Seus olhos já eram de um vermelho sangue. Ela estava com muita raiva e queria respostas claras daquele fato imprevisível.

Anahí: Como assim?!  Ela te disse tudo isso, e você se manteve calado todo esse tempo?!

Silas: Só cumpri ordens senhorita, ela insistiu que eu não dissesse nada! - balbuciou.

Anahí: Se ela disse mesmo todas essas coisas é porque previa o que ia acontecer! E você se calou! Podíamos ter evitado algo... Como se atreve?! - Joguei seu corpo longe. Ele caiu sobre algumas caixas que estavam no chão. Minha lagrimas salgadas e quentes se espalharam – Você tem algo haver com a morte dela? Foi o único que encontrou o corpo!

Silas: Claro que não... Eu jamais seria capaz... Dona Nora me acolheu aqui, me deu comida e abrigo. Nunca poderia lhe fazer mal.

Anahí: Saia! Vá antes que eu não consiga mais responder por mim.

 Silas correu o mais depressa que pôde, arrastando sua perna defeituosa, eufórico de medo. Anahí se descontrolou pegado a carta abrindo-a rapidamente para conseguir entender o que estava escrito nela.

****

Na universidade, Maite e Dulce trocavam ideias da matéria que era explicada no quadro pela professora magricela e de língua presa. A mulher falava enrolado, quase impossível de entender. As duas cursavam arquitetura, e embora aquele não fosse o curso dos seus sonhos, elas eram determinadas demais para desistir de algo no meio do caminho.

Maite: Eu disse que essa equação estava errada. O ângulo da sala é outro.

Dulce: Está certo, eu admito que me precipitei.

elas trocaram mais algumas informações e encerraram aquele assunto.

Maite: Ela não veio hoje de novo.

Dulce: Quem. Annie?

Maite: Ela mesma. Se continuar assim, irá reprovar.

Dulce: Eu já avisei, mas ela ignora.

Maite: Esses dias andei pensando bastante. Agora somos somente nós três, e um fato claro é que não temos o mesmo sangue... Não tem curiosidade em saber quem é sua verdadeira mãe?

Dulce: Não. A única que conheci e que me interessa se chamava, Nora.

Maite: Eu também a amava Dulce, mas eu queria entender o que aconteceu.

Dulce: Nossa mãe já nos disse. Fomos encontradas no riacho do bosque dos gritos, e isso é o bastante.

Maite: Tem razão. Por agora é melhor esquecer.

Dulce: Não só por agora, e sim, esquecer para sempre! Seja lá o que for. Não existe justificativas para se jogar um filho fora.

Maite: Pense. E se elas forem iguais a nós? Seria bom ter com quem esclarecer certas coisas.

Dulce: Se você quer tanto saber - Dulce se levantou imparcial - Procure sozinha - então saiu.

Maite não falava por mal. A anja entendia a reação da irmã, a mágoa, mas sua curiosidade era maior que um possível ressentimento."como era seu rosto, seu corpo, sua personalidade" e o principal "porque a abandonou?" perguntas que pareciam nunca ter respostas.

Ela permaneceu sentada, com os olhos distantes.

"Eu quero saber" repetiu a si mesma.

Depois de um tempo, fechou o livro e voltou para a aula das 10:25 hrs.



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