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Controle seus impulsos

Aquela noite perecia um dilúvio e a força da chuva era incessante. Anahí estava hipnotizada pelo sangue do rapaz desconhecido. Fazia muito tempo que não sentia esse tipo de sabor... Queria recordar. Seus olhos fecharam e sua língua automaticamente se estirou para pegar a ponta dos dedos sujos pelo sangue.

Dulce: Anahí! O que está fazendo? - Dulce perguntou enquanto pousava as pressas no chão. Por um momento ela quase perdeu a estabilidade do voou que resultaria num acidente na certa. A fada arregalou os olhos aterrorizada com a cena que via da irmã -.

Anahí num salto assustou-se com os gritos e saiu de perto do rapaz, tentando limpar as mãos na sua roupa para disfarçar a culpa, mas já era tarde. Dulce já estava em nervosa e com uma cara nada agradável. Sim, ela sabia ser autoritária, sempre foi a mais centrada psicologicamente de todas as três. E já que Nora não estava mais presente, isso se tornaria com certeza uma rotina.

Anahí: Fique calma. Não é o que está pensando.

Dulce: Como não? Esse homem esta jogado no chão com um golpe na cabeça, e você... Não Annie, não posso acreditar que teria coragem.

Anahí: Claro que não teria! Pelo amor de Deus Dulce. Acha que me tornei tão má assim?

Dulce: Não é isso, mas analise a cena que estou vendo!

Ela realmente se virou de costas para imaginar. "Era verdade. Qualquer um podia pensar o mesmo que Dulce" Mas Anahí sabia que apesar de não ter más intenções, podia ser capaz de fazer alguma bobagem se não a interrompessem a tempo.

Anahí: Eu sei o que parece, mas eu só estava me alimentando de um cervo e ouvi vozes, então me escondi. Ele... - disse apontando o corpo no chão - estava sendo assaltado e o bandido deu uma coronhada nele. Por isso o sangue. Eu só me aproximei para ver se estava vivo.

Dulce não parecia muito satisfeita com o que Anahí falava, mas ela tinha outra escolha a não ser acreditar na irmã? Não. Então decidiu se aproximar do desconhecido para se certificar de que estava tudo bem. Embora ela dissesse estar ajudando seus olhos a incriminavam. Estavam bem acesos e com brilho, semelhantes aos cabelos de Dulce. Que eram ruivos. O rapaz então começou a se mexer e ambas tentaram se recompor. Dulce escondeu as asas, mas Anahí havia esquecido que seus olhos não podiam ser camuflados tão rapidamente.

Dulce: Você está bem? - o rapaz só gemeu, segurando a cabeça com dor enquanto estava de joelhos ao seu lado, o ajudando a se reerguer. Ela olhava a irmã de pé a alguns metros de distância. "Annie parece nervosa".

- O que aconteceu? - perguntou confuso -

Dulce: Fique calmo, encontramos você jogado aqui. Como se chama?

- Alfonso.

Dulce: Muito bem Alfonso, vamos tentar levantar - ela falava segurando suas costas para ajuda-lo e se levantar, em seguida o abrigando debaixo de uma árvore -.

Anahí: Quer que a gente chame alguém para vir te buscar?

Alfonso se assustou ao ver que havia mais alguém ali. Sua vista ainda estava levemente embaçada pela queda e não tinha alcançado Anahi...
Ela estava distante deles. Uma mulher extremamente linda, de olhos que pareciam duas pedras de rubi, e brilhavam sobre a meia luz na lua. Ele Nunca tinha visto olhos daquela cor, ou sequer parecidos antes. Sua unica reação foi ficar parado a admirando por alguns instantes, até retornar ao acontecido.

Alfonso: Não se incomodem mais. Eu posso pegar um táxi e voltar pra casa.

Dulce: Tem certeza que não quer que te levemos até lá?

Anahí: Dulce, ele já disse que quer ir sozinho. Deixe-o. - Dulce a fitou de forma séria. O que esta havendo com aquela garota? Ela pareceu entender o olhar e virou os olhos na direção oposta -.

Alfonso: Não se incomodem, já disse. Ela tem razão. A chuva esta forte demais e vocês estão todas molhadas por minha causa.

Dulce: Você é novo por aqui não é? Nunca o tinha visto antes.

Alfonso: Sim, sou novo. Me mudei há algumas semanas com meu irmão e um amigo há .

Dulce: Tudo bem. Vamos juntos até a estrada e lá você pega um táxi.

A moça que me ajudava era muito bela também. Tinha os cabelos cor de fogo e chamativos, mas meus olhos não deixavam de procurar a "outra" a que fazia questão de me ignorar. Andamos até a estrada em completo silêncio. Assim que chegamos, esperamos alguns minutos até a chegada do veículo. Assim que ele estacionou, entrei no carro percebendo que elas não fizeram o mesmo.

Alfonso: Vocês não vão de carro comigo? Olhem a chuva como esta.

Dulce: Não se preocupe. Moramos bem perto daqui.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, elas se viraram e foram embora. O táxi seguiu, e a imagem das mulheres foi se perdendo. Levei a mão até a cabeça quando senti uma pontada. Tinha esquecido como estava doendo.

Taxista: Onde vai ficar senhor?

Alfonso: Na Rua Lisboa, por favor. - ainda pensativo, lembrei-me que não sabia nada daquelas garotas - Desculpe, mas você conhece aquelas meninas?

Taxista: O senhor é novo por aqui? - isso já me parecia uma pergunta pronta e combinada por todos -.

Alfonso: Sim sou. - respondi cansado -.

Taxista: São as imãs Portisavirroni. Moram na mansão próxima dos Bosques que gritam. Ninguém nunca sabe muito sobre elas. A mãe sempre as prendeu bastante. Embora todas façam faculdade.

Alfonso: Mas que sobrenome complicado. Então são irmãs... Elas são bem diferentes fisicamente, não se parecem.

Taxista: Isto é outro mistério. O pior é que agora são órfãs e hoje foi o enterro da mãe.

Alfonso: Nossa. Isso é terrível. - fiquei o resto do caminho pensativo e abismado com aquele olhar que não saiu da minha mente -.




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