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Capítulo 9


Começamos a caminhar pelas ruas e uma brisa fria atingiu o meu rosto. O que normalmente seria o suficiente para me deixar tremendo, mas não nessa noite. Nessa noite, a adrenalina estava dentro de mim, fazendo o meu sangue pulsar, e me aquecendo.

– O que nós vamos fazer? – questionei me sentindo empolgada.

– Primeiro, vamos procurar um canto mais reservado.

– Para quê? – fiquei desconfiada. Ainda não confiava 100% nele. Tinha uns 20% ou mais que achava que ele iria aprontar algo.

– Você nunca assistiu séries de super-heróis? – Logan me perguntou, arrumando com uma das mãos o seu cabelo que o vento balançava. Mão que continuava sem o anel.

No topo da sua cabeça havia um pouco mais de cabelo, quase como num topete. O que em outros caras com certeza ficaria feio. Mas nele não. Aliás, nada nesse cara, pelo menos até onde eu tinha visto, era feio.

– Não muito, para falar a verdade. Sei que faz nove meses que eu me... – procurei a palavra certa, e decidi usar a mesma usada por ele – transformei. Mas eu demorei para me aceitar. Então, eu fugi de todas essas coisas de superpoderes, tentando me sentir normal.

– Só que não funcionou. Acertei? – ele ergueu as sobrancelhas grossas ao me questionar. A gente continuava caminhando pelas ruas, e sempre havia gente por perto. Não o suficiente perto para nos ouvirem, mas o suficiente para nos verem.

– Não. Acho que eu só adiei o inevitável. – acabei admitindo. E o fato de eu estar começando a me sentir mais à vontade com ele me fez ficar mais tagarela – É como se... Eu não visse a hora de ser livre. Como a Elsa do desenho Frozen, sabe? Ela era toda travada no início do filme porque não sabia controlar os seus poderes. E eu não vejo a hora de fazer isso, de controlar os meus poderes. E então poder encontrar um meio termo entre a Lila mal-humorada de hoje e a feliz de antigamente.

– Você era feliz?

– Não o tempo todo. Mas eu era do tipo que vivia rindo e fazendo piada, pelo menos. Acho que eu era sim feliz.

– Foi como eu disse. Tua mãe fez bem em não te contar, como aconteceu comigo. Você pelo menos teve 18 anos dessa liberdade, e dessa felicidade, algo que eu nunca tive.

– É, talvez eles estejam certo quando dizem que a ignorância é uma benção. – eu brinquei, de bom humor agora – De alguma forma eu era feliz.

É, eu era. Mas podia ter sido mais feliz. Se, por exemplo, o cara por quem era apaixonada há 5 anos, desde os meus 13, tivesse me notado antes da minha... transformação. O que era bem irônico, se formos pensar bem. Porque eu quis tanto o Daniel e agora... Eu não sabia mais o que eu queria.

– Vamos entrar aqui. – ele disse me puxando para um beco escuro, sem saída. Ignorando a minha tentativa de piada. Talvez eu estivesse mesmo enferrujada. Ou talvez não. Talvez ele estivesse apenas concentrado em outra coisa. – Como eu estava dizendo, sobre as séries e filmes, todos os super-heróis têm uma identidade secreta. – ele falou tirando a mochila das costas.

O que me deixou curiosa. E com mais calor por causa da adrenalina que aumentava, apesar do vento. O que quer que fosse, parecia emocionante.

Eu não era uma super-heroína, não me sentia uma. Mas isso não me impedia de buscar uma aventura. Quem sabe desse certo. E quem sabe isso fosse mais um degrau subido na minha nova escada de autoconhecimento.

– O que você tem em mente? – perguntei sentindo a empolgação me consumir, conforme ele se ajoelhava naquele chão de cimento sujo e abria a sua mochila. E estar próxima daquele chão cheio de dejetos orgânicos, como restos de comidas e provavelmente cocô de rato (eu nunca cheirei cocô de rato antes para ter certeza), antigamente me daria nojo. Mas não nessa noite. Eu estava tão curiosa que me abaixei com ele.

– Um spray. – ele me mostrou um tubo branco, bem menor do que os sprays de tintas de parede, e mais ou menos do tamanho padrão dos sprays de pimentas. Não que eu precisasse de um de pimenta, eu sabia me defender muito bem, obrigada. – E lentes de contatos.

– Lentes de contatos? – estranhei, e estranhei ainda mais quando ele abriu o estojo e me mostrou seu conteúdo. Elas eram amarelas e com fendas pretas no meio, como os olhos de um gato. E havia dois pares delas. – Você só pode estar brincando!

Só que eu achei aquilo tão hilário que não resisti e comecei a rir. A gargalhar mesmo.

– Achei que se alguém olhasse para esses olhos, nem prestaria atenção no nosso rosto. – ele explicou, também com um sorriso.

– Com certeza. – falei ainda dando risada. Risada que se acentuou depois dele colocar um par de lentes sem precisar de um espelho para isso. Uma habilidade que eu com certeza não possuía – Você está bizarro!

– É? – ele sorriu, ficando estranho, mas nunca feio, com aqueles olhos amarelos – Mas pelo menos você voltou a fazer piadas.

– Verdade. – eu comentei, ainda gargalhando. Tive até que secar os olhos porque saiu lágrimas deles de tanto que eu ri.

– Agora dá para ficar quieta? – ele disse e então acrescentou – E fecha os olhos. – quando eu fiz tudo o que o Logan me pedia, ele passou o spray nos meus cabelos. – Agora abre. – e ele então enfiou as lentes de contatos nos meus olhos de uma maneira inesperadamente gentil.

– As pessoas normais colocam lente assim? – perguntei, já que eu nunca precisei usá-las. – Não precisa de um colírio ou algo do tipo?

– Caso você não tenha percebido, nós não somos pessoas normais. – e ele estava bizarro demais com aqueles olhos amarelos. Mas como estava sério, tive que morder meus lábios para segurar uma nova onda de risada que já estava se formando dentro da minha barriga.

– Você não vai colocar o spray também nos teus cabelos? – perguntei.

– Caso você não tenha reparado, meus cabelos já tem a cor certa. Vou só usar o spray como se fosse um gel para abaixá-lo. Esse vai ser o meu disfarce.

– Cor certa? – peguei os meus cabelos recém-coloridos para averiguar. Eles estavam tão escuros agora quanto os do Logan. O que me deixou sem palavras e me tirou a vontade de rir. Pelo susto mesmo e não por eu amar a cor dos meus cabelos de antes.

Aliás, falando em escuro... O Logan trocou a camiseta dele por uma preta continuando... gato. Ai, que saco! Será que eu sempre vou achar isso?

Mas, eu, morena? Nunca pensei! E, afinal de contas, estava morrendo de vontade de encontrar um espelho. Será que eu tinha ficado bem? Minha pele era branca demais para combinar com cabelos escuros. Talvez agora eu estivesse parecendo com a Branca de Neve. Só que a Branca de Neve com olhos de gatos. Ui! Que bizarro!

Então eu queria muito, desesperadamente mesmo, um espelho. Porque o Logan era gato, mesmo com aqueles olhos amarelos. E eu não queria ficar feia na frente dele. Não que eu estivesse interessada, eu só... Não queria que ele me achasse feia.

Mas como eu não tinha espelho, acabei fazendo uma careta.

– E o toque final... – ele disse, ainda sem prestar atenção em mim. Primeiro, pintou ao redor dos nossos olhos com uma espécie de tinta verde, me explicando que era o disfarce que o Arrow, o arqueiro do seriado, usava antes de ganhar uma máscara do Barry Allen, o The Flash. Como se eu entendesse desses super-heróis... Depois, ele me estendeu um óculos de sol para cobrir o pintado.

Então... para que pintar se ele vai tapar o pintado depois?

– Óculos de sol para usar de noite? – achei aquilo tão estranho quanto os olhos de gatos. Mas, enfim, ele tinha me pedido para confiar nele, então... era o que eu deveria fazer. Não era?

– Caso você não tenha percebido ainda, nossa visão noturna é perfeita. E o óculos é para ninguém prestar atenção nos nossos olhos, ou ao redor deles, não antes da hora certa – ele disse encaixando a armação negra com as lentes da mesma cor no meu rosto. – Você vai ser perfeitamente capaz de ver tudo, mesmo sem nenhuma luz.

– Como um gato. – eu concluí. – Sempre ouvi dizer que a visão noturna deles é excelente.

– Como uma pantera. – ele me corrigiu, mas havia um sorriso de deboche em seus lábios.

– Tá, que seja. Mas... minha visão vai melhorar assim que eu tirar o colar, não é? – perguntei, já que a pouca luz do beco, unida às lentes de contatos amarelas e aos óculos, estavam me deixando praticamente cega.

– Sim. – e, com sua resposta, eu já fui levando as mãos ao meu pescoço. – Espera, antes de tirar o colar, você precisa de algumas orientações. E eu preciso de umas respostas.

– Tá. – eu disse logo baixando os braços. De alguma forma meio esquisita ele me deixava segura.

– Quando você faz bolos, do seu trabalho, fica sem o colar, não é?

– É.

– E em que outros momentos?

– Quando eu estou lutando. Minha mãe comprou alguns equipamentos para eu treinar, como o saco de boxe, materiais para escaladas, e eu faço todo um circuito dentro de uma sala da minha casa, sem o colar.

– E quando você se concentra nisso barra todos os outros instintos, não é?

– É. – concordei, apesar de nunca ter me dado conta daquilo.

– Você já viu um gato caçando um pássaro?

– Já.

– Ele fica concentrado, de tocaia, só esperando a hora de dar o bote. Nós somos mais ou menos assim. Nós nos concentramos em uma coisa de cada vez, ignorando o resto. Se você quiser ajudar alguém, ou rastrear alguém, é só se concentrar. E chegarão até você os sons de vozes, o cheiro do medo, ou até mesmo o cheiro de alguém.

Como ele ficou quieto, sorrindo de modo debochado que mesmo quase cega eu pude perceber, completei com uma careta:

– Até o cheiro de alguém que não quer ser encontrada.

– É. Até dessa pessoa. – ele riu. Claro, porque ele sabia que aquilo tinha me incomodado. O Logan vindo até mim me cheirando? Agora que eu entendia mais as coisas até que me incomodava menos. Quero dizer, um pouco menos.

– E o meu cheiro é bom ou ruim? – não consegui evitar a pergunta. É, eu ainda achava aquilo meio perturbador e nojento.

Mas ele não respondeu, apenas gargalhou e acabou dizendo:

– Prefiro me abster dessa pergunta.

– Isso quer dizer que eu cheiro mal? – eu me senti ofendida.

– Isso quer dizer que é muito mais divertido te deixar na dúvida.

– Claro, porque você adora me irritar. – acabei dizendo, com um pouco de mau humor.

– Sim, porque é muito divertido te irritar. – ele continuou rindo.

– Certo. – revirei meus olhos – Agora posso tirar meu colar?

– Só mais uma coisa – ele falou, o que fez com que as minhas mãos pausassem sobre o meu pescoço, de novo. – Quando a adrenalina do que a gente tiver feito passar, quando você começar a se sentir confortável... Bom, daí aqueles instintos sexuais podem aparecer.

– Ah. – fiquei um pouco nervosa. Era um risco, e eu já estava ciente desse risco. Mesmo assim, pensar nele ainda me abalava. – O que eu devo fazer?

– Deve me entregar o teu colar. – ele sugeriu, dessa vez sério e sem o menor pingo de deboche.

Certo. O que podia acontecer? Na melhor das hipóteses eu podia aprender a me controlar e me sentir livre tal como a Elsa no filme Frozen. Talvez até saísse cantando "Livre estou" depois. E na pior das hipóteses? Eu podia perder a minha virgindade fácil, fácil, com um cara qualquer. O que não era uma coisa tão ruim, era? Era sim. Porque eu nunca gostei que ninguém ou que algo mandasse em mim, mesmo que esse algo fosse os meus próprios instintos.

– Olha... – eu já levava as mãos ao fecho do colar. Antes de abri-lo e de entregá-lo para o Logan, eu resolvi falar. Porque achei que essa informação de alguma forma faria com que eu ficasse mais segura. Faria com que o Logan fosse mais cuidadoso comigo – Eu sou virgem. E não faz parte dos meus planos perder a virgindade hoje.

– Aãhh... Tá – ele ficou inicialmente sem palavras. Então acabou me estendendo a mão para pegar o meu colar, que levou ao bolso traseiro da calça jeans escura, juntando com o seu anel. Pelo menos eu o vi guardá-lo no mesmo lugar mais cedo.

– Nossa! – fiquei absurdamente surpresa – Você tinha razão, eu estou enxergando tudo! Uau! Isso é o máximo! Aliás, estou sentindo um cheiro estranho também. Você não está?

– Estou sentindo vários cheiros, Marília – Ele falou, mas não parecia totalmente recuperado da minha confissão.

Não que fosse grande coisa uma pessoa ser ou não virgem, acho que ele apenas não esperava que eu tivesse sido capaz de me controlar por nove meses após o meu aniversário de 18 anos considerando... os meus instintos acasaladores.

Mas não era muito fácil "acasalar" quando o único cara que a minha versão normal queria não queria nada comigo, nada que não fosse amizade. Pelo menos antes. E agora... acho que o Daniel estava mais obcecado pelas coisas que a minha versão sem colar era capaz de fazer e estava só ansiando por um novo ataque.

Ainda tinhas as minhas dúvidas. Mas, de qualquer forma, a minha relação com ele tinha mudado.

Só que eu acho que a gente deve antes se conhecer de verdade para depois saber o que quer de verdade. Não é?

Se eu queria o Daniel ainda? Talvez. Ele era lindo e bastante gostoso de se beijar.

– Não. Tem um cheio mais forte no ar. Quero rastrear esse. – e eu estava empolgada. Aquilo, definitivamente ia ser divertido. – Vamos?

– Vai indo que eu te sigo.

– Ok. Mas eu posso ir rápido? Tipo muito rápido? – perguntei, com um enorme sorriso nascendo nos meus lábios. Era bom estar com a única pessoa que provavelmente seria capaz de acompanhar a minha velocidade.

– Claro que sim. – ele acabou sorrindo com os cantos da boca.

E foi o que nós fizemos. Eu fui na frente, e ele foi atrás. Até chegarmos ao local onde o cheiro estava forte.

– Fogo. – eu constatei ao parar e olhar para um apartamento no alto de um edifício de cinco andares.

– É. – o Logan olhava na mesma direção do que eu. – E tem gente lá, presa pelo fogo. Você escuta?

– Sim.

Depois disso, agimos meio que em sincronia. Quero dizer, ele, que tinha mais experiência, assumiu a liderança dessa vez, e eu fui atrás.

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