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Capítulo 4


Não sei como eu consegui ficar tanto tempo longe do meu melhor amigo. Quero dizer, eu sei, porque não foi por ausência de motivos, me afastar era realmente uma necessidade. Só que agora que estávamos há meia hora conversando sem parar no quarto dele, sem que os assuntos se esgotassem, eu me dava conta de quanto os últimos meses tinham sido vazios sem o Daniel.

Ele estava na faculdade, tinha entrado direto do colégio para o curso de medicina. É, o Daniel, além de super gato, era nerd como eu, só que bem mais inteligente do que a Lila de antigamente. E ele estava todo empolgado com o seu primeiro ano, e seus relatos praticamente monopolizaram a nossa conversa. Eu não tinha feito muita coisa além de treinar, algo que eu não me sentia tão à vontade para contar para ele, pois eu era capaz de coisas bem-estranhas e inimagináveis, e feito doces. É, eu estava craque em fazer bolos em formato de carrinho de bebê, de livro, de carro e até de foguete espacial.

– Ah, e eu fiz um evento que eu amei! – eu comentei empolgada. Estávamos os dois sentados na cama dele, frente a frente – O tema era super-heróis, com vários minibolos E, é lógico, que eu fiz um bolo com a mulher gato! Toda de preto, com uma roupa supersexy! Sabe? Eu podia ter uma roupa dessas, seria bem-divertido!

– Você me parece mais confortável agora, com esses assuntos. E então? Tem feito mais caras voarem?

– Não. – eu sorri com o canto da boca. Ele não me irritava mais falando sobre isso. É, eu estava mais confortável mesmo com o meu novo eu. E mais calma também.

– E tem...? Humm... – ele pareceu estar escolhendo as palavras certas, e pareceu um pouco sem jeito, apesar de eu conseguir perceber a sua curiosidade.– feito mais... aquelas coisas... que a gente fez, sem o colar?

– Não. – meu sorriso aumentou. Ele olhava para a minha boca agora e isso fez com que eu olhasse para a dele também. De repente, beijá-lo nesse momento fosse uma boa ideia. Ele estava muito bonito, mais bonito até do que eu me lembrava. E a boca dele... Ela parecia altamente beijável. – Eu ando bem comportada, e você?

Um clima estava rolando entre a gente. Eu podia sentir isso. Apesar da gente se manter longe, da gente quase não ter se tocado exceto por aquele abraço inicial, os olhares não mentiam. Eu via que ele me queria. Então por que ele ainda se mantinha afastado?

– Eu... Sobre isso, Lila... Você sumiu por muito tempo. Eu sei que você precisava ficar sozinha, por isso eu me afastei, por isso eu não insisti mais em te procurar. Porque eu te conheço há anos, e eu sei que você mudou, mas não foi tanto assim. Eu sabia que quando você estivesse pronta me procuraria, e eu estava esperando por você durante esse tempo todo. Só que faz meses que eu não te vejo, então... Muitas coisas mudaram.

– O que você quer dizer?

– Eu fiz novos amigos – e a minha cara de decepção fez com que ele logo acrescentasse – E eu quero te apresentar a todos eles. Quero que você volte a fazer parte da minha vida, Lila, mesmo que ela seja diferente agora. Sei que você decidiu não ir para a faculdade, mas isso não impede que você viva como uma garota normal. Você só tem 18 anos. Deve fazer novos amigos. E as festas da faculdade, elas são ótimas, e super divertidas, e eu quero te levar comigo.

– Dani... – eu franzi meu rosto em uma careta – Acho que já ficou bem claro que eu não sou mais uma garota normal. Eu faço caras voarem.

– Eu sei! Mas você passou esse tempo em casa treinando com a sua mãe, aprendendo a se controlar, você não acha que é capaz de se misturar de novo? De se divertir? Você não pode viver isolada para sempre, não é saudável.

– Eu sei. Eu posso tentar, então. Ir com você, onde você quiser me levar.

E ele abriu um enorme sorriso para mim. Um sorriso lindo, cheio de dentes brancos e alinhados, que ficou assim depois que ele tirou o aparelho ortodôntico aos 16 anos. E isso não foi algo que apenas eu notei, infelizmente. O Daniel de sorriso perfeito, de olhos bem azuis, era muito gato. Tão gato que era difícil eu não pular em cima dele e agarrá-lo nesse exato momento. Mesmo com o meu colar estando bem encaixadinho no meu pescoço.

Imagina como seria se eu estivesse sem ele, então...

Eu estava com muitas saudades do Daniel. E ao revê-lo todo aquele sentimento que eu sentia por ele, que tinha ficado meio adormecido com a distância, voltou. E ainda mais forte. Porque a Lila depois dos 18 sentia tudo com mais intensidade. E a Lila com 18 anos, mesmo com o colar em seu pescoço, ainda sentia vontade de acasalar com o seu melhor amigo de infância. E isso era meio doido.

Eu o amava, e o desejava também. Não era mais um amor inocente como antes. Vendo-o agora, eu me lembrava daqueles casais do parque e desejava fazer coisas com ele.

Só que isso, todos esses desejos doidos, escorreram junto com um balde de água fria, que foram o que as próximas palavras dele significaram para mim:

– Faz muitos meses, Lila, que você ficou longe, e eu preciso te contar que eu conheci alguém. – ele parecia meio sem jeito, porque era claro que ele também percebia o desejo que havia entre nós. – A Adri é minha colega da faculdade, e a gente começou a ficar logo depois do trote, e, bem... Nós estamos namorando agora. E você vai ver que ela é muito legal. Ela é querida, divertida, não vê maldade em ninguém, o que é raro hoje em dia, e ela era virgem também, quando nós começamos. E eu... É, eu gosto muito dela. E quero que vocês se conheçam. Você vai gostar dela.

Cada palavra que ele dizia era como uma facada atravessando o meu peito. Ela era virgem, agora não era mais. Ela tinha transado com ele, eu não. Ela namorava o Daniel, e eu... O que tinha sobrado para mim?

Quando eu me afastei do Daniel, nunca pensei que algo assim pudesse acontecer. Mas eu devia ter pensando... Eu só vi o meu lado... E ele? Claro que ele sentiu minha falta, já que ficou sozinho. Então era lógico que ele iria arranjar alguém para preencher o vazio deixado por mim.

Eu nem deveria estar chateada... Só que eu estava.

Busquei muito da antiga Lila, a de antes do meu último aniversário, para fingir uma calma que não existia. Para fingir que eu não estava abalada. Com todos os meus planos de ser a namorada dele, de perder a virgindade com o Daniel, desabando nesse exato momento e caindo por terra... E isso, essa capacidade que a antiga Lila tinha de fingir não se perturbar quando por dentro sangrava, foi o que me fez sorrir de forma que parecia ser natural.

Que droga! E agora? Eu queria tanto ficar com ele...! Tanto que sequer cogitei outra pessoa, nem agora, nem em nenhum momento da minha vida, para ocupar o lugar de meu namorado.

Então, quando ele fez questão de me apresentar para essa Adriana, foi o que eu acabei fazendo. A gente até saiu algumas vezes com a turma dele, em programas mais leves, como ir ao cinema ou jantar na praça de alimentação de um shopping. Eu fui, sempre fingindo não me incomodar com o namoro do Daniel. Só que quando eu os via se beijando, era como se outra faca se cravasse no meu peito.

Então, acho que mais um atributo podia ser acrescentado no meu lado de super-herói: a capacidade de fingir estar feliz quando se tem o coração destroçado. E de todas as novas coisas que eu tive que aprender essa foi a mais difícil.

❀❀❀

Eu estava evitando festas e multidões. Porque parte de mim, apesar dos treinos e conselhos da minha mãe, ainda temia estar rodeada de gente. Mas, dessa vez, eu não pude negar o convite do Daniel e da Adriana. É, agora eu até já tinha me acostumado com eles sendo uma dupla. Quero dizer, mais ou menos. Porque tinha aquele lado meu, o que eu conseguia controlar, que gostaria que a Adriana desaparecesse para que eu ocupasse o seu lugar. E, às vezes, eu confesso que sentia vontade de fazê-la voar. Mas no restante do tempo ela era legal.

Era uma festa a fantasia, a que o casal finalmente me convenceu a ir. É, eu iria com os dois, como se eu gostasse de sofrer e vê-los se beijando, mas eu não pude resistir. Era uma festa a fantasia! Dos formandos de medicina da faculdade do Daniel, e eu iria de mulher gato! Na verdade, era de mulher pantera. E o meu novo lado irônico não pode resistir a essa brincadeira

Uma máscara preta, que cobria parte do meu rosto e terminava no topo com duas orelhas, como toda felina que se preze, escondia também meus cabelos loiros. E isso seria muito legal, caso eu quisesse me aventurar pela primeira vez no meu papel de super-heroína. Porque, segundo a minha mãe, o instinto de luta e de defesa dos oprimidos sempre seria o que prevalecia. Eu pararia tudo para proteger alguém, caso eu estivesse sem o meu colar. Por isso, eu temia multidões. Eu tinha medo de me expor.

Só que com a fantasia eu poderia brincar de ser super-heroína pela primeira vez, sem que ninguém soubesse a minha identidade. E isso me deixava bastante empolgada e foi o principal motivo te eu ter aceitado o convite. Eu seria a mulher pantera, no meio de um mar de gente fantasiada. E se eu quisesse, bom... eu podia brincar com o meu novo lado e defender alguém.

Talvez fosse legal. Ou talvez não. Talvez eu machucasse alguém. Talvez as pessoas tivessem medo de mim. Mas a novidade me enchia de expectativa. E era bom eu me sentir empolgada assim, após levar tantas facadas, ou assistir tantos beijos do Daniel em outra mulher que não era eu.

Eu, que tinha quase 19 anos agora, e ainda era virgem... Antes por ter perdido anos da minha vida pensando em um cara, e que por isso não conseguia ir muito além de beijos com os outros, e que continuava fazendo o mesmo agora. E isso era tão... idiota!

Fala sério! Ser virgem com quase 19 anos acho que era ainda mais bizarro e estranho do que ter superpoderes.

E se nessa festa eu conhecesse alguém? Seria ótimo! Se eu fosse de mulher gato ou pantera, podia ao menos arranjar um Batman para mim.

A minha roupa era linda! Eu me sentia maravilhosa com ela! Com uma calça justa preta, ajustada em cima por um cinto da mesma cor e embaixo com um par de botas de cano longo. Em cima: uma blusa bem justa, com um revelador decote. Tudo preto. De cor, só um batom vermelho nos meus lábios.

Um decote que fez o meu pai chiar, mas ele teve seus argumentos cessados devido à brilhante explicação da minha mãe dizendo "Deixa para lá, ela já tem 18 anos." Explicação insuficiente para mim, só que para o meu pai funcionou. Um decote que fez com que o Daniel olhasse mais tempo para mim do que um cara com a namorada do lado deveria.

Dei de ombros para isso. Porque... era o que eu devia fazer. E também porque eu estava decidida a arranjar um Batman para mim. Só que não rolou. Não tinha Batman e nem Robin para eu me consolar. Se qualquer super-herói servisse, tinha um capitão América de áraque, um bilhão de vezes mais feio do que o dos filmes, já que o ator era muito gato.

Comecei a consumir bebida alcoólica para me livrar do meu tédio. Só que o álcool não fazia mais efeito em mim, era só eu erguer o meu colar um pouquinho, e livrá-lo do contato com a minha pele, que toda bebida milagrosamente evaporava. E era tão legal brincar disso, que eu fiz várias vezes. Mas eu estava ficando farta de uma coisa...

Os caras se achavam no direito de fazer gracinhas comigo todo o tempo, talvez estimulados pelo meu decote. E isso estava me irritando tanto, mas tanto, que em um momento eu não me aguentei. Tinha um cara especifico que tinha me perturbado mais. Suas cantadas, com o avançar da noite, estavam cada vez mais desagradáveis. Até que eu não consegui mais me controlar.

Foi só dar uma levantada leve no meu colar com uma mão, e um peteleco no cara com a outra, para ele aprender uma lição: ele voou! Direto em direção a um monte de gente, que acabaram caindo com a trombada, e foi tão legal vê-lo apanhando dessas pessoas também! Como ele estava de costas para mim, nem viu de onde o golpe veio, e foi tão boa a sensação que eu me senti vingada.

E, de repente, eu me senti tão empolgada que percebi que gostaria de fazer isso mais vezes. Não por mim, mas pelas outras mulheres também. Eu podia ser "Lila, a vingadora das mulheres." E eu estava com tanto tédio antes de ser consumida por esses pensamentos que a euforia me venceu e eu tirei o meu colar. Talvez, em algum lugar daquela festa, houvesse alguma mulher indefesa sofrendo algum tipo de ataque. E, caso houvesse, eu iria encontrá-la

E eu encontrei.

Sem o colar eu era como uma pantera, e podia farejar o medo. E foi o que eu fiz. Caminhei vários passos na direção do odor. Com os treinos da minha mãe, esse cheiro, o do medo, era inconfundível agora para mim.

– Não! – eu ouvi uma mulher falando em protesto. Era um gemido abafado por uma mão sobre a sua boca. Mas era uma nítida negativa. Ela não queria. E o cara que estava a atacado, prensando-a contra parede, não parecia nada disposto a parar.

– Sua vadia! – ele dizia, eu o escutava mesmo de longe, mas conforme eu me aproximava o som ficava mais claro – Pensa que eu não sei que é isso que você quer, que você não estava a noite inteira pedindo por isso? Você quer mesmo que eu pense que você não gostaria que um homem fizesse exatamente isso, quando escolheu essa saia minúscula para vir à festa?

E o homem, que era jovem, na faixa dos vinte e poucos anos, agora enfiava de forma forçada um dedo dentro da calcinha da mulher, que não devia nem ter vinte anos. E conforme ele ia fazendo isso, o cheiro do medo emanado por ela aumentava.

Dessa vez, meus passos se tornaram mais rápidos e eu mais irritada, o que fez com que as minhas pisadas agora fortes logo anunciassem a minha presença. Nós estávamos nos fundos do estacionamento, longe de tudo e de todos. E foi por isso que o homem sorriu ao me ver, quando eu disse:

– Larga ela! – eu não falei, eu rosnei. Como uma pantera negra irritada faria.

– Veio participar da festa, gatinha? – e o sorriso nojento de drogado dele aumentou. É, eu podia sentir cheiro de álcool e droga misturado no corpo dele. E não era um cheiro nem um pouco agradável.

– Eu já disse para largar ela!

– Ah, é? – ele aumentou o sorriso e logo depois baixou o rosto na direção do meu decote – Se você ficar no lugar dela, eu largo... Você quer?

– Quero. – eu disse, mas só para que ele a largasse, e ela pudesse logo ir embora.

– Tudo bem. – ele falou, já se aproximando de mim.

E a mulher, totalmente petrificada, não aproveitou a deixa para fugir. Ela continuou ali, paralisada junto àquela parede, com a saia levantada, os cabelos desalinhados, apenas me olhando em pânico.

– Você também está pedindo por isso, gata. Com um decote desses, só pode ser um convite para que um cara agarre tudo ai.

– Não! – eu barrei sua aproximação apenas tocando-o com o meu dedo indicador. E eu era forte o suficiente para fazer isso. – Escuta aqui, para nunca mais se esquecer! A mulher tem o direito de usar a roupa que quiser! Eu gosto de me sentir sexy, e de me vestir sexy, e isso não é, e nunca vai ser, um convite para um homem abusar de mim! A mulher tem o direito de vestir o que quiser! E tem o direito também de dizer não e ser respeitada!

– Quem usa um decote como esse – acho que ele estava alterado demais, pela mistura que circulava em seu sangue, para perceber que o meu dedo, e que apenas um dedo, era forte o suficiente para barrá-lo – quer ser abusada.

E quando ele disse isso, eu fiquei tão possessa que perdi o controle de mim mesma. Eu fiz o cara voar. Eu nem pensei, mas simplesmente joguei seu corpo contra um tronco de árvore.

É, eu exagerei. Eu não queria matar ninguém, mas as coisas saíram do meu controle. Só que quando eu vi que o cara, mesmo desmaiado, estava respirando, que nenhum osso estava quebrado, e que não havia nenhuma hemorragia interna (eu podia também ouvir sons diferentes vindos de corpos danificados), eu pude respirar mais aliviada.

Meu Deus, como era fácil perder o controle! Como era fácil machucar alguém de verdade! E será que o cara merecia tudo isso? É, eu sei que ele estava sendo idiota, mas mesmo assim...

Fiquei parada vendo-o desmaiado, sem saber o que fazer. Era a minha primeira tentativa de defender alguém e ela tinha sido um...?

– Obrigada. – sem que eu percebesse, a mulher estava do meu lado sorrindo para mim. Com a saia e o cabelo ajeitados e com seu rosto muito mais alegre. E ver o agradecimento nas suas feições me fez relaxar um pouco. – Ele mereceu.

– É? – mesmo assim, eu continuei em dúvidas.

– Claro que sim! Mas quem é você? – ela estava empolgada, ao contrário de mim – E como você fez isso?

– Eu sou a... – na última hora, mudei de ideia quanto a dizer o meu nome – ...mulher pantera.

– Como uma super-heroína?!

– É. – eu respondi, apesar de soar incerta. Não que eu pretendesse usar esse nome, só parecia certo por causa da fantasia – Sou a... Defensora das mulheres – falei a primeira coisa que me veio na cabeça.

– Uau! Que legal!

– Acho melhor você voltar para a festa – sugeri. Estava me sentindo estranha demais para continuar a conversa.

– É? – ela ainda sorria, aparentemente achando tudo aquilo o máximo. – E você?

Olhando bem para ela agora percebi que talvez ela fosse mais nova do que eu. Eu tinha salvado-a de ser estuprada, mas isso não fazia com que eu me sentisse o máximo. Fazia, na verdade, que eu me sentisse confusa. E muito, mais muito mesmo, estranha.

– Eu preciso ir. – eu disse.

– Isso! Você tem que voltar para o teu esconderijo secreto! Isso é tão... Uau! Demais!

– É, eu tenho que ir. Tchau! – eu disse logo dando as costas para ela e começando a caminhar sem rumo.

– Ei! A festa é para lá! – ela gritou, já que eu estava indo para o lado oposto. Onde não havia ninguém e estava escuro.

– Eu sei me cuidar – respondi em um tom de voz alto – E você, volte para a festa! É perigoso ficar aqui!

– Tá bom! – e ela fez o sinal de positivo erguendo os dois polegares – E obrigada!!! – ela gritou, ainda empolgada.

Hum... Não era muito divertido isso de ser diferente. Ou isso de poder andar no escuro sem temer nenhum perigo.

E... sozinha. Não, não era nada divertido.

E, de repente, eu não estava mais sozinha. E isso também não era divertido.

– Oi! – o homem cuja silhueta eu não podia definir bem no escuro, parecia bem animadinho ao me encontrar.

Ai, que saco! Eu não tinha mais paciência para isso! De novo, na mesma noite, não! Se ele ousasse se aproximar, ou se fizesse qualquer comentário sobre o meu decote, teria certamente o mesmo destino do outro cara.

Só que ele se aproximou, mas não falou nada do que eu previra. Aliás, falou algo totalmente diferente.

– Ah! É você! – ele disse. E sua voz estava tão cheia de satisfação, que aquilo me irritou ainda mais. Não sei com quem ele estava me confundindo, mas eu não estava gostando nem um pouquinho.

Parei de caminhar no meio daquele beco deserto que havia passando o estacionamento da faculdade, cruzei meus braços, e fiquei esperando ele chegar mais perto.

E ele chegou. E quando ele chegou, o meu queixo caiu. Porque... uau! Ele era lindo! Mais velho do que eu com certeza, mas não muito. Devia ter mais de vinte anos e era... lindo! Não, super lindo!

Ao contrário do Daniel, tantos seus cabelos quanto seus olhos eram negros. Até sua pele era mais morena do que a do Dani. E ele era alto e forte, tinha um porte meio intimidador. Talvez para os outros, mas não para mim. Para mim, ele não me intimidava em nada.

Eu ainda estava com raiva da abordagem desse estranho, mas, mesmo assim, não podia deixar de admirar de maneira maravilhada a sua beleza. Ele estava todo de preto, tal como eu. Tal como o Batman. Ou como um homem gato. Se bem que, com seu olhar predador, ele podia ser confundido mais com uma pantera.

E do jeito como ele me olhava, ele parecia estar prestes a me atacar. E eu não queria ser a presa de ninguém. Não mesmo. Eu só queria ir para casa.

Quando ele disse: "É você" eu não respondi. Primeiro, porque não sabia o que responder, já que ele estava claramente me confundido com outra pessoa. Depois, porque eu não queria responder nada. Então apenas mantive meus braços cruzados, uma expressão de poucos amigos logo restabelecida após o choque pela sua beleza, e fiquei encarando-o.

– Como eu sou sortudo! – ele falou se aproximando, até parar a centímetros de mim. Eu não me movi. Fiquei esperando para ver. Mas se ele fizesse qualquer coisa, qualquer movimento na minha direção, teria o mesmo destino do cara anterior. – Você é gostosa! – ele estava todo animadinho, e sem razão, já que eu não tinha dado nenhum estímulo nesse sentido.

E logo depois de falar, ele ousou colocar a mão do meu decote, assim do nada. E isso me emputeceu! Eu não ficaria apenas olhando quando um cara me tocava assim, sem a minha permissão.

– Filho da mãe! – eu grunhi e então tirei a mão dele sobre mim com força suficiente para jogá-lo longe.

Sim, a mão dele foi afastada. Só que ele... não voou. Para ele, era como se o meu toque fosse normal, como antes dos meus 18 anos. E isso me surpreendeu. Por uns segundos, até pensei que eu tinha colocado o meu colar de volta no meu pescoço, porque era a única coisa que fazia sentido. Mas não. Ele continuava longe do contato da minha pele.

Então... O que estava acontecendo?

– Quem é você?! – eu exclamei, com uma voz de poucos amigos.

E isso o fez gargalhar.

– Sou o Logan.

E a gargalhada dele me deixou ainda mais puta da vida. Nossa, que cara mais irritante! Tudo o que ele tinha de lindo, pelo jeito, tinha de irritante também!

– Quem?!

– Ah... – ele riu ainda mais – Tua mãe não te contou sobre mim?

– Não! Quem é você?! – eu perguntei ainda mais alterada.

– Sou o cara que ainda vai cair de boca ai – apontou para o meu decote – e você vai gostar.

Ora, essa! Que idiota atrevido! Que imbecil! E eu perdi o resto da minha paciência. Agora, mais do que nunca, eu só desejava ir para casa dormir.

– Em seus sonhos! – eu respondi, já dando as costas para ele, e começando a caminhar rápido.

Normalmente, sem o meu colar, o tesão e o meu instinto de acasalar me dominavam quando o assunto era sexo. Mas com ele não. Ele ativava o meu instinto de defesa, a minha vontade de brigar. Era uma pena que, quem quer que ele fosse, era tão forte quanto eu. Porque eu adoraria poder socar aquela cara dele. E outras partes mais sensíveis de seu corpo também. Isso, certamente, me daria um imenso prazer.

– Você não pode fugir de mim! – ele disse, ainda de bom humor e achando graça.

Bom, pelo menos alguém estava se divertindo. E não era eu.

– Posso, e vou!

– Mas não para sempre. – ele respondeu, nada abalado e todo cheio de confiança.

E eu apenas bufei, e então apressei os meus passos e fui embora.


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