ARIA não estava na U.A para fazer amigos. Foi nisso que ela pensou no momento em que entrou na escola, afinal, tudo o que seus pais queriam era apenas que ela fosse uma boa aluna e uma boa heroína. Ela não tinha o direito de falhar, pois a cada falha era uma consequência que ela não queria ter que enfrentar. Mesmo que os pais de Aria estivessem bem longe dela, ainda assim conseguiam fazer de sua vida um inferno. Tudo o que Aria menos queria era que eles fossem até o Japão para a deixar ainda mais miserável do que Aria já se sentia.

Ela até gostava das aulas teóricas. Aria sempre tinha sido o tipo de aluna que gostava de estudar, de aprender coisas novas. O conhecimento era sempre bem vindo, principalmente se fosse de áreas que ela gostava, como física e química. Mas quando tinham aulas de como se tornarem super heróis, Aria tinha a tendência a odiar. Ela nunca se esforçava o suficiente para desenvolver sua individualidade, o que claramente já tinha chamado a atenção de Aizawa e de uma forma bem negativa. Nem mesmo as provocações de Bakugo eram o suficiente para fazer Aria ceder; ela apenas não queria fazer parte daquele mundo, e sabia que jamais iria mudar de ideia.

O dia estava uma merda para Aria quando a aula acabou. Ela tinha esquecido o celular em casa e sua cabeça estava latejando de dor. Tudo o que Aria mais queria era tomar um sorvete e esquecer do como sua família era uma merda. Depois de passar o dia ignorando todas as tentativas de interação dos seus colegas de classe, Aria se sentia particularmente exausta. Ela não se sentia como uma excluída, Aria apenas não tinha vontade nenhuma de conhecer e se apegar a pessoas que ela sabia que não ficariam na sua vida por muito tempo. Afinal, aquele não era um caminho ao qual ela desejava estar trilhando. Quanto antes pudesse se livrar daquele peso em suas costas, Aria o faria. Nem mesmo que tivesse que fugir de casa, mudar de nome ou até fingir sua própria morte para isso. Aria o faria sem nem mesmo um pingo de arrependimento.

Aria jogou o cabelo azul para trás e ajeitou a alça de sua mochila no ombro enquanto caminhava para fora da U.A. Aria torceu o nariz quando viu Kirishima, Sero e Kaminari juntos, rindo de alguma coisa idiota que um dos três disse. Aria ficava indignada com a quantidade de burrice que vinha daquele trio; toda vez que se juntavam, pareciam estar dividindo o mesmo neurônio. Aria certamente queria passar bem, bem longe daquele trio que acabaria com sua sanidade mental devido a tanta burrice acumulada.

Ela não fazia questão de passar despercebida, pois a existência deles era apenas insignificante para ela. Ainda assim, Aria teve vontade de gemer de infelicidade quando escutou Kaminari Denki a chamando por um dos apelidos malditos que ele tinha dado a ela. "Faisquinha" definitivamente combinava bem mais com Kaminari do que com Aria, mas ela não fazia muita questão de debater com gente burra. Ela poderia apenas ter ignorado o chamado do menino e feito questão de mostrar que não fazia ideia de quem era "faisquinha", mas Aria o olhou por cima do ombro, seus olhos se fixando nos olhos amarelado dourado de Kaminari. E se arrependeu profundamente de o ter feito quando viu o sorriso determinado crescendo nos lábios do garoto sem cérebro.

Aria considerou apenas continuar andando, mas o braço de Kaminari passando pelos seus ombros a impediu de continuar. Aria torceu o nariz com desgosto e os balançou para que o garoto tirasse o braço de si, o que Kaminari não fez, pois era um grandíssimo sem noção. O olhar assassino no rosto de Aria definitivamente era algo que Kaminari estava totalmente ignorando. Apenas deixava Aria puta.

-Faisquinha! Depois do dia caótico de hoje... - ele começou, fazendo Aria se lembrar da invasão dos repórteres que tinha acontecido mais cedo. Ela apenas revirou os olhos. O caos que se instalou por todos acharem ser uma invasão de vilões tinha feito Aria achar aquilo ridículo. Eles não eram aspirantes a heróis? Então por que estavam fugindo? No fim das contas tinham apenas sido os repórteres que tinham dado um jeito de invadir a U.A em busca de entrevistas. A coisa mais ridícula que Aria já tinha visto. -Estávamos pensando em sair pra descontrair. Quer ir junto?

-Com o trio de idiotas? - ela riu com maldade, segurando a mão de Kaminari com nojo e a tirando de perto de si. -Eu vou passar essa incrível e imperdível oportunidade. - o sarcasmo na voz de Aria era nítido, mas Kaminari continuou sorrindo mesmo assim. Ela se perguntou se ele sequer tinha notado que foi tudo sarcasmo e que ela não achava aquela oportunidade nem incrível e menos ainda imperdível.

-Ah, não seja tímida, princesa! - Kaminari provocou, apertando as bochechas de Aria em sua mão. Ela deu a ele um olhar fulminante, sentindo explosões pipocando em sua palma. Ela de fato tinha aprendido uma coisa ou outra observando Bakugo Katsuki e todo seu mau humor e personalidade de merda. -Vamos em um Roller Jam, vai ser legal, te prometo. Se você cair, eu te seguro!

-É mais provável você cair e se estrupiar todo do que ela. - Sero riu, e aquela foi a primeira coisa inteligente que ela tinha o escutado dizer desde sempre. Aria apenas deu um sorrisinho maldoso.

-O que faz você pensar que quero sair com vocês, Kaminari? - Aria retrucou, dando as costas para os garotos e continuando a andar. Mas o loiro não desistia fácil assim da humilhação.

-Bom, eu acho que você deveria dar uma chance pra se divertir! Credo, faisquinha, tá sempre tão revoltada! Pior que o Bakugo! Vamos, nós somos caras legais, né?

-Isso ai, bro, você consegue. - Kirishima encorajou. Aria revirou os olhos.

-Hum, eu passo. Diversão pra mim é ficar na minha bela cama bem longe de vocês três e sua burrice imensa. - Aria retrucou, vendo quando os três fizeram caretas. Ela sorriu, pensando finalmente ter vencido aquela batalha.

Mas não tinha.

-Vamos! Eu posso te fazer feliz, gata! Você é tão bonita e tão sem misericórdia, que perdição! - ele suspirou, fazendo Aria revirar os olhos. Por que ele não conseguia apenas a deixar em paz? -Nós até combinamos! Nossas individualidades deixam isso bem claro.

-Só que não. Eu não fico ainda mais burra depois de um tempo usando minha individualidade, até porque tenho um bom controle sobre ela. - Aria rebateu, entrando na estação de metrô. E ainda sendo seguida pelos três. Pela cara de Sero e Kirishima, eles só queriam a deixar em paz de uma vez por todas. Mas Kaminari além de burro, era insistente. E essa era a coisa mais irritante da face da Terra.

-Sabe, você me tratar assim só vai fazer eu me apaixonar, gata. Você tá preparada pra aguentar tudo isso aqui? - ele disse com um sorriso, apontando para si mesmo. E a resposta de Aria era não; até porque, ela simplesmente iria surtar se Kaminari decidisse grudar nela. Aria não tinha um pingo de paciência com pessoas como ele, nada mudaria. Na verdade, só ia ficar pior com ele insistindo sobre isso.

-Tá, já deu. Vamos, cara, deixa ela. Aria não deve estar querendo passar vergonha na nossa frente por não saber andar de patins. - Sero provocou, fazendo Aria se virar brutalmente para o fuzilar com os olhos. Maldito! O sorriso provocativo de Sero definitivamente surtiu efeito em Aria, a fazendo apontar o dedo para a cara dele e se forçar a engolir as palavras que queria gritar para o garoto fita.

-Sabe, eu sou muito classuda pra te dizer umas boas verdades. - ela disse fingindo uma calma que não tinha. Obviamente, como a pessoa com mais neurônios do trio, Sero riu, pois sabia muito bem que Aria não estava nada calma.

-Eu pago sua entrada e não falamos mais disso! - Kaminari continuou a insistir.

O desafio nos olhos de Sero fez Aria hesitar. Se tinha algo que ela odiava ainda mais do que gente burra como eles, era quando gente burra como eles se achavam muito melhor do que ela. Aria era boa em tudo o que fazia; definitivamente não iria passar vergonha andando de patins! Mas claro que Sero jamais a daria paz, dizendo que Aria ter se recusado a ir não foi porque ela não queria ficar perto de seres tão sem cérebro e intelecto, mas sim por estar com "medinho". E ela odiava que dissessem logo isso dela.

-E o milk-shake e a batata também. - Aria praticamente rosnou, muito a contra gosto aceitando a proposta maldita deles. Aria fingiu não ver o brilho de empolgação nos olhos que pareciam faíscas de Kaminari. Não iria se dar ao luxo de aceitar que o garoto estava fazendo de tudo por Aria, por algum motivo que ela totalmente desconhecia.

Ela fingiu não se dar conta que aquilo era uma ideia muito, muito péssima. Mas logo Aria iria descobrir isso e da pior forma possível.

Fazia tempo que Aria não andava de patins e se divertia daquela forma. Ela tinha que admitir que tinha valido a pena. Se fosse ser sincera, Aria nunca tinha tido amigos para sairem junto com ela. Seus pais nunca nem mesmo a permitiram fazer isso já que a vida dela era baseada em treino atrás de treino em busca de ser uma pessoa que Aria certamente não queria ser. Ali, pela primeira vez em sua vida, Aria se sentiu livre para fazer o que bem entendesse. Ela se divertiu vendo as pessoas tentarem patinar e caírem de bunda no piso de madeira e, ah, sim, ela definitivamente sabia o como aquela queda de bunda machucava.

Aria gostava de patinar; sabia fazer movimentos arriscados que tirava ofegares das pessoas que não estavam acostumadas com aquilo. Ela definitivamente achou graça de Kirishima e Kaminari se apoiando um ao outro enquanto davam gritinhos finos todas às vezes que quase caíam. Bom, não ia ser Aria a pessoa a dizer para os dois que ficarem dessa forma só os deixaria totalmente sem equilíbrio nenhum, e a base para saber patinar, era ter equilíbrio. Eles apenas eram dois idiotas, era um fato.

-Tá vendo, não foi tão ruim assim. - Sero disse patinando ao lado de Aria, o único que conseguia a acompanhar sem passar nenhuma vergonha. Aria revirou os olhos, pois não podia exatamente dizer o contrário. Sero estava certo, não tinha sido tão ruim assim; -Admite que se divertiu com a gente.

-Eu me diverti andando de patins e vendo as pessoas caírem. - Aria corrigiu, olhando para os olhos de Sero. Ele apenas arqueou a sobrancelha pra ela, dando um sorrisinho debochado de quem não acreditava em suas palavras. -Não significa que eu goste de vocês. Não se ilude.

-Quando menos esperar, vai estar andando com a gente. - Sero riu. -Kaminari não vai te dar paz.

-Ele é irritante e chato. Eu tenho sérias dúvidas quanto a isso. - Aria retrucou e, bem nesse momento, Kaminari e Kirishima que estavam tentando completar uma volta e já tinham sido ultrapassador por Aria e Sero cinco vezes, caíram que nem merda no chão, um sobre o outro.

Aria e Sero soltaram uma gargalhada. Fazia muito tempo que ela não escutava o som de sua própria risada, mas simplesmente tinha saído; afinal, a cena de fato tinha sido bem satisfatória, ainda mais vendo um dos instrutores tentar erguer os dois idiotas que não conseguiam se equilibrar nas rodinhas e só serviram para cair mais uma vez.

-Ah, isso é tão patético. - Aria riu. -Queria ter meu celular pra gravar!

-Que isso, quer ficar com um videozinho do Denki no seu celular, é? - Sero provocou. Aria o ignorou, afinal, certas coisas eram melhores serem deixadas de lado. Como aquela merda que tinha saído da boca dele.

-Minha bunda dói. - Kirishima choramingou.

-Cara, eu te avisei que dar o...- Kaminari começou, mas Kirishima apenas precisou encostar bruscamente nele para o fazer cair mais uma vez. Aria riu e Kaminari gemeu de dor. -Que isso, cara! Nada másculo! - ele zombou.

-Você fica com essas coisas nada legais, bro. - Kirishima retrucou. -Logo na frente da Aria?

-Ah, a princesinha já é azeda o suficiente, tá acostumada! - Kaminari zombou. Aria apenas deu de ombros, saindo da pista e fazendo Kaminari a fitar confuso. -Ei! Você tá fugindo?

-Eu vou comprar meu milk-shake com seu dinheiro. - ela retrucou enquanto se dirigia até a lanchonei um pouco ao fundo do estabelecimento. Aria tomou um susto quando sentiu a mão de Denki em seu ombro, pois sequer tinha notado a aproximação dele até ele estar ali, seus olhos de faíscas a fitando.

-O que? - Kaminari perguntou com um sorrisinho pela expressão irritada no rosto de Aria. -Você não disse que era pra eu pagar seu o seu milk-shake? Aqui estou eu.

Aria apenas resmungou enquanto fazia seu pedido, ciente de Kaminari observando cada passo dela. Quando ela se sentou em uma das mesas vagas para aguardar ser chamada, imaginou que Kaminari fosse ir voltar para a pista. Mas, a pegando um pouco de surpesa, ele se sentou bem ao lado de Aria, a perna do garoto encostando na dela.

-Você gosta de ser desprezado, é isso? - Aria perguntou enquanto se virava minimamente para poder o encarar. -É um tipo de fetiche?

-Gosto das malvadas que nem você. - ele retrucou, dando uma piscadela para Aria que a fez rir incrédula.

-Você realmente deve ter fritado seus neurônios todos. - ela disse apoiando o cotovelo na mesa e o rosto contra sua palma, fitando Kaminari com certo interesse. -Posso te ajudar, sabe. Se você me der um bom motivo.

-Me ajudar a curar a paixão que sinto toda vez que te olho? - ele rebateu e Aria revirou os olhos. Definitivamente ela já estava começando a se arrepender de cair na pilha de Sero e ter sentido necessidade de dar um toque em Kaminari sobre sua individualidade.

-Não, isso aí já é problema seu, gato. Tô falando da individualidade. - ela retrucou, fazendo menção de se levantar para pegar seu milk-shake, mas ele foi mais rápido em ir buscar para ela, pegando Aria de surpresa.

-Me diz ai, grande sábia. - Kaminari falou assim que colocou o copo na frente de Aria e ela deu um longo e gelado gole, se sentindo um pouco menos revoltada agora com o açúcar em suas veias. -Quais seus grandiosos conselhos?

-Bom, tem formas de armazenar a energia e não fazer ela te colocar em uma sobrecarga. - Aria respondeu, oferecendo o milk-shake para Kaminari e estendendo sua própria palma virada pra cima. Pequenas faíscas brilharam ali. -A nossa individualidade não é igual, eu não sobrecarrego que nem você porque consigo roubar a energia externa. Mas acho que daria pra você ampliar seus limites.

-Tá colocando fé em mim, que coisa mais linda. Acho que você deveria me dar seu número de celular. Pra, sabe, questões acadêmicas sobre minha individualidade. - Kaminari retrucou dando um sorrisinho para ela. Dessa vez, Aria não conseguiu conter sua risada divertida enquanto o empurrava de leve para o lado.

-Vai sonhando, garoto elétrico. - ela retrucou, se levantando e agarrando o braço dele. -Hoje você pode se contentar comigo te ensinando a parar de passar tanta vergonha andando de patins. É simplesmente humilhante.

-Ah, que fofucha. Você se preocupa! - ele riu e Aria apenas desdenhou.

-Não mesmo. Tô fazendo pelo dinheiro. - ela respondeu, mas Kaminari a ignorou, focando só no que queria. Aria revirou os olhos, mas não deu pra conter totalmente o sorriso.

Kaminari Denki era uma negação em muitas coisas. Como em tirar notas boas, usar seus neurônios, aprimorar sua individualidade e andar de patins. Mas, definitivamente, não era uma negação em fazer as pessoas sorrirem pelas merdas absurdas que saiam de sua boca. E essa seria a maior perdição de Aria.

Boa noite povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Momentinho pra desenvolver as relações já que é short fic. Como disse na intro, não vou narrar todos os acontecimentos do mangá porque vou focar mais nas relações. Os acontecimentos serão apenas citados

Lembrando que isso é uma short fic, por isso o desenvolvimento é mais rápido. Não vou me demorar pra fazer as coisas acontecerem, claro que vai ree uma coerência no desenvolvimento do casal, mas não vão ser mais que 16 capítulos. A meta é de dez, 16 estourando, e pretendo concluir ela até o fim da semana que vem

Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!

Espero que gostem <3
~Ana

Data: 01/02/23
Republicado em: 09/09/24