━ ♡ : 26 Chᥲρtᥱr.
Sᥙᥒ&Mooᥒ hᥲs tᥕo dᥲddιᥱs¡!
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¡! Pᥲρᥲι tᥲ́ só o ρó !¡
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Já havia se passado uma semana desde o ocorrido e infelizmente Minho ainda não havia saído de seu coma. Youngsun estava com saudades do seu papai Minho, ou melhor dizendo: de sua mamãe. Mas mesmo com tal sentimento doloridinho dentro de seu coração, ela se manteve forte e aproveitava toda a sua força e tempo que passava no hospital junto a sua família para tentar o fazer acordar, realmente, a garota era uma gênia e com o incentivo certo ela se viu mais devota para o fazer acordar.
Até mesmo se viu fazendo uma lista de coisas que provavelmente fariam o seu papai Min acordar e realizou cada uma de suas ideias com a maior maestria.
Mas não deu lá muito certo, certamente se ela pudesse de tudo, o seu querido pai se levantaria rapidamente daquela cama, mas não era tão fácil, Han Youngsun estava sendo tombada repetidas vezes pelos seus maiores haters, seu papai e o seu irmãozão.
E como um ato desesperado a garota, ainda em cima da cama de hospital, sendo alertada que não era para fazer bagunça pelo irmão estudioso que estava com a cara enfiada dentro de um livro grande e chato, Youngsun engatinhou até os pés de Minho e os descobriu se negando a acreditar que o seu próximo plano não lhe era muito confortável. Mas todo vilão, todo humano maligno tinha que fazer sacrifícios e ali, naquele momento ela se sacrificou e logo mordeu fortemente o dedão do pé de seu querido papai Minho, que infelizmente não teve nenhuma reação.
━ Qualé mané. - Murmurou a garotinha que infla as bochechas irritada e mais uma vez mordeu o mais forte possível o dedão de seu padrasto que ainda sim não despertou. ━ Papai acorda logo você vai ficar pobre se não trabalhar, seu preguiçoso!- Falou mais alto, porém a sua ação fez com que Moonbin, o seu irmão mais velho parasse a sua leitura e a olhasse com repreensão.
O maior soltou um longo suspiro e a advertiu em um tom sério. ━ Han Youngsun, quantas vezes eu já falei para você não ficar judiando do papai Min?!- A perguntou um pouco mais alto vendo que a garotinha havia parado de maltratar o velho vegetal e abriu novamente o seu livro terminando de a informar.. ━ Deixe-o descansar, o Pai falou que logo logo ele vai acordar, então o deixe em paz. - Murmurou um pouco mais baixo, os seus olhos se prenderam no livro, ele não acreditava totalmente nas palavras de Jisung, mas o garoto tentou ser positivo.
E com uma carinha totalmente carrancuda, Youngsun jogou as mãos para o alto achando o comentário de seu amado irmão um absurdo completo. ━ Mas ele já dormiu demais, folgado! Ele devia tá dormindo na cama dele e não nessa cama dura. - Reclamou batendo nas pernas de Minho. ━ Papai levanta logo que eu quero comer o seu pudim, também quero assistir com você aquele desenho do robô assassino papai, acorda que eu tô sem paciência. - Sua frustração apareceu e impaciente ela puxou os seus próprios cabelos. A pequenina não precisava de muito, ela apenas queria Minho de volta, era estranho o ver "dormindo" por tanto tempo.
Mas a voz entediada de seu irmão percorreu pela sala. ━ Han Youngsun, pare de ameaçar o papai.
E com um longo suspiro ela arrumou os seus cabelos, engatinhou descuidadosamente e se sentou no peito de seu pai e confessou alto.━ Tá bom, eu já sei e se você não acordar, eu desisto. - Deu os ombros convencida e com isso a sua preparação começou, ela bateu duas vezes em sua bochecha, grudou violentamente as suas mãos nos cabelos de Minho e os chacoalhou como um pote cheio de moedas,colocando delicadamente as suas mãos quentinhas em seu rosto. ━ Papai, eu te amo. - E a garotinha esperançosa o observou por mais alguns segundos não tendo resultado mais uma vez. Youngsun estava irritada, chateada e muito magoada também, claro, a pessoa que ela amava estava presa em uma cama de hospital, mas o verdadeiro problema era que ela havia falhado em todos os seus planos mirabolantes, seu padrasto não acordava, seu pai estava triste e o seu irmão ficava lendo o dia inteiro desde a chegada da família no hospital, era chato. ━ ... você não quer acordar, Sunsun fica chateada assim. - E com rapidez levantou a mão do seu Padrasto e a mordeu com tamanha força, a força foi proposital, era para Minho sentir doer mesmo no seu sonho. ━ Não dá uma de mamãe adormecida, acorda aí.
E Minho sentiu, ele ouvia, era estranho.
Mas era como que a sua consciência estivesse dentro de uma caixinha trancada, Lee não sabia onde estava a chave, mas ainda sim ele escutava passos, choros, discussões, reclamações e pedidos de desculpas. Muitas lamentações vindas de Jisung, que chorava baixinho todas as noites pedindo para ele voltar, discussões dos médicos e de seu "responsável" tentando obter respostas, reclamações vindas da doce Youngsun que estava sempre falando e falando mais, ela reclamava de como a comida do hospital era ruim, de como o papai Minho ficava chato dormindo, de como era assustador o ver rodeado de aparelhos e como era terrível não brigar com ele. Mas de Moonbin ele não ouvia nada, mas ele sabia bem que o garoto estava lá.
Seus passos eram barulhentos, a troca de páginas enquanto o garoto lia e até o barulho quase imperceptível do lápis deslizando pelo papel. Minho ouvia, mas ele não conseguia acordar, era como uma total angustia, ele ainda permanecia preso em seu sono profundo e sem fim. Lee sabia que sua família e seus amigos estavam ali, ao seu redor, lutando e sofrendo com a sua condição, mas com um sentimento de impotência, alem dele se sentir sozinho, ele se sentiu inútil.
O tempo passava de uma forma estranha, tortuosa, como se ele estivesse em câmera lenta. As vozes e sons à sua volta se misturavam em uma melodia triste e silenciosa, que apenas amplificou a sua solidão. Lee desejava poder dizer a todos que estava presente, que os ouvia e que ainda estava ali lutando.
Mas a sua agonia passou por um breve momento, Youngsun estava lá, ele a ouvia. Sim, a sua querida enteada estava ali e bem, ele realmente se pegava pensando em como alguém pôde não gostar de uma menininha como ela, era impossível, Minho era apaixonado por ela, ele a admirava, mesmo que a pequena tenha tão pouca idade, o sol da casa Han era uma criança admirável.
Youngsun, a jovem doce e tagarela, sempre encontrava uma maneira de reclamar sobre qualquer coisa e tudo ao seu redor, mas não era algo negativo, aquele era o seu entretenimento diário. A pequena Han levava um pouco de vida para aquele quarto de hospital solitário, ele a agradecia internamente pelas horas que ela se pegava falando de coisas bobinhas que crianças amam e fofoquinhas inocentes que rolavam pelos corredores do hospital, mas ao mesmo tempo Minho sentia a dolorosa lembrança de tudo o que ele estava perdendo: o seu precioso tempo.
Quanto a Moonbin, o garoto silencioso que sempre estava presente, Lee sentia uma mistura de curiosidade e preocupação. Por que ele não disse nada desde o começo?
Moonbin apenas abria o seu livro e ali permanecia por horas, apenas o informando quando era dia e quando era noite. Mas no fundo ele compreendeu o garoto, ele apenas não queria o incomodar, mesmo em tal estado, Moonbin tentou não o incomodar mais.
Por todos os amores já confessados, Minho estava cansado de estar em uma situação como aquelas, ele precisava sair "dali" o mais rápido possível, mas como já dito: a sua força não era muita.
Mas ao contrário do Papai Minho, a jovem Youngsun não estava disposta a desistir tão fácil e pegou novamente no rosto de Minho o apertando forte e o encarando o mais sério que conseguiu. ━ Papai, eu te amo. - Comentava alto arrumando os seus joelhos sobre a barriga de seu pai, mas ela se frustrou mais uma vez. ━ A Sunsun fica chateada assim. - Seu biquinho se formou e com os olhinhos brilhando de chateação ela apertou mais as bochechas
Mesmo com o respirador, Minho sentiu o ar lhe faltar e uma dor fodida em sua barriga, Youngsun estava ajoelhada em si e pensando bem, a sua filha não era lá considerada uma das mais leves de toda a Coreia. Mas... espere.
Minho sentiu dor.
Porra, ele sentiu e mesmo que ele estivesse com dificuldades de pensar sobre aquela dor, ele tentava se forçar a abrir os seus olhos, se mexer, Minho se obrigou a reagir de alguma forma. Ele se esforçava para sair do seu estado de coma, lutando contra a escuridão que o envolvia.
Mas um impulso de energia percorreu todo o seu corpo, como se uma corrente elétrica o tivesse atingido, mas não era o querer de ficar bem que estava o motivando, era aquela maldita dor da joelhada que a sua filha estava lhe dando. Minho sentiu seus músculos se contraindo e seus olhos começaram a piscar, tentando se acostumar com a luz ao seu redor, seu corpo reagia, mas a sua visão estava turva demais para ele conseguir ver o rostinho de sua amada querida. Ele acordou, mas a sua voz não saiu, ele tentou, mas não conseguiu, o que não foi necessário pois com muito esforço ele conseguiu, com muita dificuldade levantar o que pescoço. ━ Ssssh. - Ele tentou a chamar, os avisar, mas a sua voz novamente não saiu.
Já Youngsun se paralisou, ainda com as mãos nas bochechas ela bateu na cara do maior vendo se era real e gritou assustada. ━ IRMÃOZÃO, PAPAI MIN ACORDOU. - A garota, atordoada com a notícia se virou para o irmão que ainda estava sentado, mas a olhava sem entender muito, Moonbin não a entendeu, ele pensou que era apenas mais uma das brincadeiras da pequena garotinha, mas o seu rosto não pareceu estar com tanta graça assim. ━ Irmãozão, vem logo!. - Youngsun gritou para chamar a sua atenção e conseguiu.
Moonbin soube bem que a garota era apaixonada demais por ele, ela nunca o olharia daquela forma amedrontadora, pois bem, ele soube. Algo estava errado. Seu corpo se levantou o mais rápido do recomendado, sentiu uma leve tontura e ele se apoiou no sofá erguendo o seu rosto para observar de longe o rosto do padrasto que agora estava com os olhos abertos.
Ele não acreditou, eram raras as vezes que o seu cérebro não funcionava com total rapidez, mas sim, ele demorou a perceber e quando percebeu, falou a primeira coisa que havia lhe chegado aos lábios.
━ Merda... puta merda... - Moonbin se aproximou com as pernas bambas e assim que teve a certeza que sim, finalmente Lee Minho havia acordado, seu livro caiu no chão e assim ele correu para fora gritando alto tentando chamar os médicos ou o próprio Pai, Minho o ouviu, o desespero estava em sua voz, mas ele novamente não conseguiu fazer nada.
Seu corpo não funcionava, ele não se sentia bem, era como se todos os seus músculos estivessem dormentes.
Mas Youngsun não ficou como o seu irmão, em total desespero, a garota teve como sempre, os seus princípios maldosos, ela engatinhou mais uma vez se arrumando em cima da barriga de seu padrasto, cruzou as suas pernas como um indiozinho e suspirou baixinho o falando com peso. ━ Papai, você quase morreu, fizeram dodói em você e você ficou um ano e meio desacordado, agora eu sou uma mulher feita e o Moonbin já terminou a faculdade, o papai se casou com uma estrangeira e eles estão esperando um filho que vai chamar cristovão. - Ela concordou calmamente mostrando a sua tristeza falsa, mas a cabeça de Minho estava tão confusa que ele realmente acreditava que o seu maldito, sim, seu maldito marido, havia se ajuntado com outra mulher. ━ Eu falei para ele te esperar, Cristóvão é um nome feio. - Mas pensando bem Jisung nunca daria o nome de seu filho de Cristóvão, ele felizmente percebeu a mentira.
Han Youngsun quase matou o seu padrasto do coração, Minho quase enfartou.
Ele abriu a sua boca e tentou falar, mas a sua voz pareceu não querer sair de modo algum. Minho tentou, tentou e por fim ele conseguiu.━ F... filha... - Sua garganta estava seca, devasta pela sensação que a ardência e respiração áspera o fazia sentir, Minho não conseguia, sua voz pareceu não querer sair. Mas ele tentou falar, tentou falar com mais esforço, um esforço que colocou o seu desconforto à tona. ━ Filha...
E a garotinha sorriu animada, realmente, a pequena ainda não entendia o quão grave era a situação que Minho estava. Na realidade ela está animada, pois achava que naquele dia o seu papai amado ia voltar pra casa e assistir vários filmes com ela, mas não Minho, após acordar não estava com o corpo tão saudável como a mesma achava. ━ Fala papai. - Fez questão de dar um breve carinho em seus cabelos, sua animação pareceu não sair de seu corpo, era incrível como o sorriso de uma criança inocente parecia contagiar qualquer um.
Lee tentou erguer um de seus braços para adverti-la, mas pareceu que mil pesos estavam o prendendo na cama hospitalar e mesmo que tudo estivesse dando errado naquele momento, ele sorriu, com dificuldade por ter a sensação terrível e dolorosa de sua cabeça explodir com tamanha dor, era nauseante, como se ela fosse e voltasse deliberadamente. ━ Sai de cima da barriga do papai, eu tô sem ar. - Com muito esforço Minho conseguiu confessar, mas a sensação de ter uma bola de espinhos em sua garganta o pegou.
O alívio de não ter mais um grande peso em sua de seu corpo o deixou respirar melhor, mesmo assim, o respirador que estava em suas narinas o deixava incomodado, o seu corpo inútil ainda o irritava, ele queria sair dali o mais rápido possível e completar a porra de seu desejo mais profundo: Tomar um café. Tomar um maldito café, antes que ele simplesmente perca a sua vida. Mas pareceu difícil, impossível naquele momento.
Porra, como aquele simples homem desejava uma xícara de café preto.
Com dificuldade Minho conseguiu mover a sua cabeça de um lado para o outro, ele tentava se manter acordado, mas, como um sonho, ele presenciou um estranho vulto na porta e assim que se manteve a olhar ele percebeu, era o seu amado Han Jisung, o homem que havia assinado os seus papéis de divórcio sem nem ao menos pensar duas vezes. ━ Você acordou. - Jisung estava ali parado, trêmulo e com um olhar que nem ao menos Minho conseguiu decifrar, a sua aparência também não pareceu ser uma das melhores. Ele estava diferente, olheiras perceptíveis, um olhar caído, nada acolhedor, roupas bagunçadas, amassadas e confortáveis, cabelos bagunçados e uma aura um tanto quanto sombria, tediosa, sem qualquer pingo de animação. Han Jisung estava acabado, ele havia se acabado em uma semana por algo idiota como: a possível morte de seu ex-marido.
Minho não conseguiu falar. Han Jisung foi puxado para trás pelos enfermeiro e médicos que entraram na sala às pressas, realmente, Minho havia acordado, finalmente.
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A noite já havia chegado e com isso, com o apoio das poucas pessoas que Jisung tinha contato, os seus filhos estavam sendo vigiados por Seungmin, o seu querido amigo, que além de ter passado para ver como o marido do amigo estava, tentou tirar um pouco as crianças daquele ambiente e as levou para comer fora. Porém Jisung, mesmo fraco e faminto permaneceu ali, ao lado de Minho que passou por horas cansativas de check-up, exames tão minuciosos e completos que ele mesmo sentiu um pouco de preocupação ao ver o Lee tão exposto e atarefado, seu corpo não estava bom, ele deveria descansar.
Mas não se enganem, nada mudou. O silêncio e a enorme barreira do relacionamento dos dois ainda estava ali, juntos ao medo e frustração que ambos sentiam.
Mas com coragem o Han iniciou uma conversa, mas não estava sendo fácil, seu coração estava apertado, a sua preocupação estava nas alturas,ele nem ao menos apoio teve, o querido se sentia exposto, mas o pior sentimento foi a culpa. Minho poderia não ter se machucado, se ele estivesse por perto talvez ele conseguisse o proteger.━ Você quase morreu. - Sua voz estava instável, mas ele ousou comentar o tal fato. ━ Eu não estou exagerando, a pancada foi tão forte que te induziu há um coma, queri...olha Minho, você pode ter sequelas ainda e... - Jisung não o deixou descansar e desabafou deixando com que as suas lágrimas finas saíssem silenciosamente.
Mas Minho, ainda confuso pelos acontecimentos e irritado por não conseguir saber ao certo sobre o motivo pelas lágrimas alheias, respirou fundo e o respondeu calmo. ━ Eu não entendo o motivo, você parece estar preocupado, mas antes você me disse que não se importava, que viveria melhor sem mim. - Sua garganta pareceu estar melhor, em partes, a dor, a respiração áspera e a maldita sensação de queimação na região haviam sumido após algumas horas, mas ele estava fraco, seu corpo estava fraco e mesmo assim a sua boca continuava seca, tão seca a ponto de sua voz se tornar pouco ouvida pelo seu ex marido. ━ Não tinha necessidade perder tempo com uma pessoa como eu.
Mas Jisung não compartilhava das mesmas intenções, ele não quis mais se afastar, ele sabia que não era seguro. Seus olhos fundos e avermelhados pelas horas de choro e sono perdidos se ergueram até os olhos baixos e sedados de Minho que não demonstrava nada além de incerteza e cansaço. ━ Estar ao seu lado nunca é perder tempo. - Murmurou baixo pegando uma das garrafinhas de água e bebeu um pouco de seu líquido. ━ Você não falava comigo, mas eu sentia você, eles me falaram que você não ia acordar, mas eu sabia que você ia acordar e...
Jisung se calou, mesmo com o silêncio, ele entendeu aquele simples olhar vindo de Minho. Eram poucas ás vezes que o Lee se calava daquela forma, ele nunca havia se privado de expressar os seus sentimentos, mas ele tentava pensar antes de ousar soltar sequer uma palavra, mesmo que a sua cabeça latejasse de dor, mesmo com a indisposição e confusão por sair de um sono longo e perigoso, mesmo que acabasse de sair de sua experiência de quase morte...
Mesmo que passasse por tudo novamente ele tentou ser sincero, a sua inconsequência já havia o cansado e o destruído o suficiente.
Seus olhos cansados se desviaram para as suas próprias mãos. ━ Não mente pra mim. - Era um pedido sincero, puro, tão puro e desesperado que Minho quase o implorou, ele não aceitava ser mais enganado, desiludido por quem ele amava. ━ Já basta a dor que eu sinto em todo o meu corpo e mente, me poupe de ter mais uma vez o coração partido. - E com uma certa frustração ele passou seus dedos nas costas de sua mão esquerda onde estava o scalp para o soro, cujo ele tomava naquele momento, tinha apenas uma pequena fita micropore recém colocada. Ele odiava agulhas, seu ódio a agulhas era intenso, e a irritante coceira que surgia após cada perfuração o incomodava tanto que o fez, por um momento, usar de sua força para pressionar a agulha sobre a sua pele, ele tentava aliviar o desconforto, mas nada pareceu estar ao seu alcance em tal momento, Minho estava incomodado. ━ Você não quer ser o meu marido, nem ao menos quer me amar, então você não precisa fingir que se importa. - Terminou tentando puxar a fita micropore, que era a única coisa que realmente segurava o scalp na veia do jovem ex marido.
Mas com insistência ele negou e por se incomodar com o ato não tão pensado do marido, Jisung pousou delicadamente uma das duas mãos em cima da sua e observou brevemente o chão. ━ Você quer se divorciar, você me veio com papéis e me disse para assinar, eu não queria isso. - Sua mão tocou os seus próprios lábios, novamente Han havia se alterado, a sua voz saiu mais alta do que ele mesmo queria, o seu nervosismo estragava a sua oportunidade de agir com calma. ━ Me perdoa, eu não queria, mas você me pediu o divórcio e como eu estava irritado acabei fazendo algo que me arrependi amargamente e que te fez quase morrer...
Ele se impressionou com a insistência de Jisung, mas se mostrou sincero. Minho estava cansado de agir como se não precisasse se preocupar com o futuro, era cansativo agir como um idiota, como se ele não se sentisse mal com tudo o que estava acontecendo em sua volta. Sua voz era baixinha, falha, mostrava uma fraqueza que nem ele mesmo sabia que era capaz de demonstrar, mas ele se esforçou e desabafou com toda a sinceridade que conseguiu reunir.
━ É claro, você me machucou, eu não quero ficar com alguém que me machuca, se fosse só com palavras eu até entenderia, você ainda tem problemas, eu sempre te daria o meu perdão, com dor no coração, mas o meu perdão seria sincero por saber que você está passando por um processo de cura, pessoas erram quando estão machucadas, mas você me arranhou, me pegou com força, me puxou e empurrou e não foi apenas uma vez, mas em vários momentos e eu não gostei disso, eu não quero passar por isso, naquela noite que você estava bêbado, aquilo me deixou assustado, você me marcou, me ameaçou, me tratou como um lixo, doeu muito... - Falou baixinho virando o seu rosto para o outro lado, era frustrante. ━ Eu sei quem eu sou, que tipo de trabalho eu tenho e o que eu posso fazer com a minha força, mas dentro de casa eu quero me sentir seguro Jisung, e eu acho que você também. - Minho ousou o observar, mas ele já não conseguia mais segurar as suas lágrimas, infelizmente o temido Lee Minho não era lá tão assustador como as pessoas pensavam. ━ Eu não quero ser maltratado e machucado por alguém que eu ame. - Fechou brevemente os seus olhos sentindo um breve incômodo em sua nuca, era uma dor desconfortável demais para ele ignorar. ━ Já basta ser temido e evitado nas ruas, eu sei que eu sou uma pessoa ruim e você me lembrar isso e me tratar dessa forma só me...
Minho não gostava.
Na realidade era bem difícil encontrar algo que o acastanhado desgostava, já que ele sempre foi muito flexível sobre tudo em sua vida, mas era óbvio que ele ainda sim tinha seus gostos e desgostos. Um agiota temido em gayang que não se importava de machucar quem atrapalhasse os seus negócios, um filhinho de papai e mamãe que sempre teve tudo o que quis em suas mãos, um mau caráter que já havia tirado a vida de pessoas.
Realmente, ninguém conseguiu imaginar que uma pessoa daquele ''porte'' tinha um desejo simples, pacato e nada fácil: Minho apenas quis ter uma família, pessoas com quem ele pudesse contar nos dias de sua saúde e nas noites de suas doenças, mas era difícil ser feliz perto de pessoas que não estavam interessadas em seus sonhos, ele sentiu que Jisung, a cada comentário malicioso, que a cada briga e estranhamento se tornava o que ele antes odiava, um cônjuge abusivo. Lee sabia que não era culpa de Han, sua cabeça estava uma bagunça, seus pensamentos o enlouqueceram e os problemas se acumulavam gradativamente, um atrás do outro.
Ele apenas precisou descontar a sua frustração em algo, mas infelizmente esse "algo" havia sido Minho.
Mas ao contrário de Jisung, Lee Minho nunca esteve disposto a sofrer por alguém, ele sabia bem que não precisava se humilhar pelo amor de outra pessoa e que um relacionamento saudável, que é a chave de uma próspera família nunca se conforma com violência, mentira e frieza.
Lee até pensou em apaziguar a situação para ficar perto das crianças, mas sinceramente, ninguém em sã consciência ia se sentir bem ao expor duas crianças em um ambiente que já não estava mais saudável. Era um erro continuar com o que já estava fadado ao fracasso.
Foi a verdade de Lee, talvez até seja a verdade de Han, mas com toda a certeza desse mundo, não era o ideal. Acima de tudo casais brigam, se machucam e se reconciliam, eles são humanos, humanos cometem erros e sempre será assim até o final de suas curtas vidas, mas ao contrário de muitos casais, eles realmente se gostavam e cometiam mais erros por contas daqueles pensamentos bloqueados por frustrações e traumas.
Eles só precisavam conversar, não um, mas os dois precisavam de um tempo para pensar bem sobre tudo o que lhes rondava, era um vida perfeita, em um bairro perfeito junto de duas crianças, que as seus olhos, eram perfeitas, eles tinham tudo, menos coragem e compreensão o suficiente para seguir o melhor caminho.
Mas Minho nem sequer pensou em escolhas, ele soube que para eles apenas teve uma direção, a separação. E aquela sua certeza mexeu tanto com o seu emocional que o seu coração se apertou mais, era como se todas as suas fraquezas e inseguranças estivessem vindo à tona de uma vez só e ele se lembrou de todas as vezes em que se sentiu desamparado, de todas as vezes em que a vida lhe pareceu difícil demais para suportar sozinho. Foi ridículo agir como uma pessoa fraca, mas sinceramente...
Minho nunca foi uma pessoa muito forte, mesmo sendo um adulto ele ainda era aquele garotinho que chorava para a sua mãe lhe fazer chocolate quente com pedacinhos de biscoitos, ele ainda era aquele adolescente que após ver o seu tio ser morto, se trancou no quarto por uma semana e se privou de comer e beber água por achar que o tal assassinato era apenas por sua culpa, o que era verdade, porra. Minho ainda era o mesmo homem que implorou para o irmão não o abandonar e foi o mesmo homem que chorava por horas apenas para ser lembrado que não, ele nunca poderia ter filhos, ter uma família. Minho não demonstrava ser daquele modo , ele se escondia de Jisung, pois sempre achou que o seu escolhido iria amar mais um poço de alegria e positividade.
Ele sempre escondeu muito bem que foi apenas um garoto chorão e sensível, que mesmo tentando seguir aquilo que lhe favorecia, ainda sim não se privou de ter sentimentos. Minho ainda era o garoto solitário que queria uma família, um idiota buscando por amor, que necessitava de carinho.
Jisung podia ver a dor estampada no rosto de Lee, a angústia que pesava em seu coração, e isso o fascinava e ao mesmo tempo o assustava, Han nunca o viu tão vulnerável e mesmo que soubesse de uma pequena porcentagem do passado sombrio do seu marido, ele achou que nunca seria possível o ver tão cabisbaixo.
E aquele foi o seu mérito, era a sua culpa.
Ainda com os olhos fechados, Lee parecia reviver alguns pensamentos difíceis, como se lutasse constantemente com a sua própria decisão, ele estava confuso, frustrado e agora, com uma percentagem ignorante de medo, ele nem ao menos teve para onde correr. Jisung, sem saber exatamente o que fazer, se aproximou e segurou suas mãos, mas Minho o recusou colocando suas ambas mãos em seu rosto, assim o seu marido não o veria mais chorar.
Jisung respeitou a sua decisão e não comentou nada sobre a ação, mas é bom lembrar, ele se chateou, ele se sentiu culpado, impotente e burro, mais uma vez o seu marido precisou e ele não estava ali para o acolher da devida forma.
Lee Minho, passava uma imagem de homem positivo e ele realmente sempre foi uma pessoa que nunca deixou as coisas ruins da vida o chatear, mas ainda sim, como um ser humano qualquer, ele também teve o direito de se frustrar, de chorar e errar. Suas bochechas ardiam, possivelmente era a vergonha lhe atingindo, Minho odiava chorar. ━ Não olhe. - O pediu baixinho ainda tampando o seu rosto.
Jisung abaixou a sua cabeça, ele não ousou o observar mais. Era o desejo de Lee. ━ Eu não vou olhar.
Minho ainda se escondia atrás de suas mãos, ele mesmo não conseguia controlar o seu próprio choro, era desesperador. ━Me deixa um pouco, eu me sinto frustrado, me sinto um monstro. - Se confessou. Minho colocou uma de suas mãos em seu coração, ele sentiu doer, era assustador. ━ Olha Jisung, a gente tentou fazer tudo de uma só vez, mas nunca vai dar certo assim. - E essa foi a verdade, eles podiam tentar e tentar, mas um relacionamento construído por duas pessoas machucadas e incomunicáveis não funcionava. ━ As crianças não merecem isso, a gente não merece isso.
Jisung estava ali, parado enquanto apenas o observava com a certeza que naquele momento, ele não podia interferir no desabafo de Minho, ele precisava daquele momento. ━ Eu...por favor me perdoe... - Han se engasgou com um nó que lhe veio na garganta e tossiu desviando o seu olhar para os seus próprios pés. Ele tentava não olhar, assim como foi feito o pedido de Lee.
E o Lee percebeu que com respeito o seu marido se manteve de cabeça baixa, Jisung era gentil do seu próprio jeitinho, já que incomodado com a conversa, ele podia muito bem não o respeitar. ━ É difícil perdoar quem já te machucou. - Comentou baixo tentando limpar as suas lágrimas. Minho pensou que já estava na hora de parar de chorar, mas era difícil, ele pareceu estar mais sensível do que o habitual. ━ Eu também te machuquei. - Minho o lembrou baixinho.
E Jisung o entendeu, eles tiveram uma boa chance e a desgastaram com orgulho, frustração e ódio. ━ Eu entendi. - Jisung, ainda chateado com o desabafo, se levantou, pegou alguns papéis em sua pasta, uma caneta que estava largada na mesa e andou cabisbaixo até o marido.━ Aqui está. - Han o avisou, colocou com delicadeza os papéis do seu divórcio na frente de Minho e o explicou simples. ━ Esses são os papéis do nosso divórcio, como já sabe eu já assinei no dia que você se machucou, então só falta você... - A última parte não foi ouvida pelo paciente, mas ele ousou sorrir, era falso, mas pelo menos ele tentou quebrar o clima desagradável. ━ Tudo bem.
ESPEREM ANSIOSOS PELA SEGUNDA
PARTE DESSE CAPÍTULO!
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