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━ ♡ : 25 Chᥲρtᥱr.

Sᥙᥒ&Mooᥒ hᥲs tᥕo dᥲddιᥱs¡!

↷Cᥲρίtᥙᥣo 25↶

¡! O qᥙᥱ dιᥲbos
ᥱ́ ᥙmᥲ fᥲmίᥣιᥲ? !¡


ฅ^•ﻌ•^ฅ

·◞◟·

O hospital iluminado, vazio e silencioso era assustador para toda a família Han. Ficar ali, na sala de visitas, sem saber ao certo o que de fato aconteceria era sufocante. Para acalmar seus filhos, que se recusaram a ir para casa com a babá, Jisung os fez prometer que eles não arriscariam tirar os seus fones de ouvido, aquilo os evitaria ouvir possíveis más notícias. Juntos, eles tentavam afogar os medos e a angústia com o som alto dos seus aparelhos digitais. 

Youngsun, já exausta após um dia cheio de atividades escolares e esportivas, havia caído no sono profundo, mas em seus fones uma série de gritos e monstros grunindo ainda a impediam de acordar pelos barulhos dos passos que o seu pai dava, seu nervosismo não passava de modo algum. Moonbin, por outro lado, estava em silêncio com seus headphones desligados, lendo sobre a taxa de divórcio e os seus mais comuns motivos. 

Jisung, ainda tentando lidar com o estresse frustrante de ter que esperar por respostas estava andando de um lado para o outro, mas mesmo com a sua confusa mente sem funcionamento, ele percebeu que o doutor que estava cuidando do caso de seu marido estava se aproximando com uma expressão calma, mas mesmo percebendo a serenidade alheia, ele não conseguia se manter em paz.

E com um sorriso, ele disse. ━ Senhor Han, posso lhe assegurar que agora o nosso paciente Lee Minho está em uma zona segura. - O médico Kim enfiou as suas mãos nos bolsos de seu jaleco e logo deu um longo suspiro ao se lembrar da real situação. ━ Mas como eu já lhe informei antes, um sangramento intracraniano é perigoso e como ele ainda não acordou do possível coma, eu não consigo te assegurar que ele vá realmente ficar totalmente ileso, nesses casos é normal o paciente sair com algumas sequelas por conta do sangramento e como já dito antes, encontramos uma grande pressão da região intracraniana de seu marido, o que é estranho pois eu realmente não sei bem se isso é causado pela pancada que ele levou na cabeça.

Sua voz saiu trêmula pelo medo. ━ Você acabou de falar que ele está em uma … - Mas Jisung não terminou, ele precisou se sentar por um minuto e observou os seus filhos, que estavam sentados em cadeiras mais distantes.

O médico, com uma expressão amigável, porém ainda profissional, sentou-se ao lado de Jisung e deu leves batidinhas em seu ombro tentando acalmá-lo. ━ Mas ele está, para alguém que quase morreu por uma hemorragia cerebral, ele está bem. - A verdade pôde parecer dura demais, mas era o certo a se fazer, Minho poderia não sobreviver, não por levar um tiro em seu braço, mas sim pela maldita pancada em sua cabeça, ela quase o levou a morte e o profissional de saúde teve que deixar bem claro ao “responsável legal” do seu paciente. ━ Mas novamente eu te digo, isso requer tempo, não sabemos ao certo como ele vai agir quando acordar e…nem ao menos se ele vai acordar.

━ Tudo bem, eu entendo. - Jisung apenas o respondeu por educação, a sua cabeça se manteve vazia, seu corpo pareceu pesado, e suas mãos tremiam freneticamente, o ar lhe foi escapando aos poucos, mas ele se lembrou, aquela não era a hora e nem o lugar para demonstrar algum tipo de fraqueza, pela primeira vez ele percebeu que aquele momento era apenas voltado ao seu marido Minho. ━ É, por favor me deixe a par de tudo, eu preciso saber sobre qualquer notícia, sendo ela boa ou… - Mas Jisung foi interrompido pelo médico. 

━ Pode ficar tranquilo senhor Han, o seu marido ainda não acordou, mas já enviamos ele ao leito particular cujo o senhor nos pediu. - Ele se levantou e observou lentamente o seu relógio e logo pegou o seu celular pois em disparada um alarme começou a tocar, o seu horário de descanso havia acabado de começar. ━ A situação não é uma das melhores, mas eu prometo ao senhor que faremos de tudo para ajudar o senhor Lee. - Novamente, um sorriso seguro foi colocado em seus lábios, o Doutor Kim terminou se despedindo e logo se virou apertando os seus passos para não perder sequer um minuto de descanso. 

Mas ao contrário do Doutor, Jisung não teve tempo para descansar, ele estava exausto e mesmo que Minho não estivesse mais entre a vida e a morte, a sua preocupação sobre a sua melhora ainda atordoava a sua mente. Minho, mesmo reanimado, não acordava de modo algum, ele podia não acordar e aquilo assustava Han. 

Mas o medo de Jisung não era o verdadeiro ponto obscuro em meio às mil preocupações de Jisung, o que ele se enfurecia e se preocupava de fato era com aquele policial folgado que rondava os corredores do hospital a espera de notícias sobre Lee Minho e não, não era como se tal ação fosse aflorada de um motivo nobre, o policial apenas estava o esperando acordar para lhe dar voz de prisão pois, de alguma forma, agressão é crime, mesmo que a agressão fosse resultado da auto defesa de uma vítima. 

Jisung estava cegamente irritado com aquele policial e passou a cogitar a ideia de matá-lo e diante do dia mais traumatizante de toda a sua vida, Jisung sentia que, se o policial tentasse prender Lee, ele não se controlaria. Jisung cerrava os punhos com força, tentando conter a fúria que crescia dentro de si. A exaustão psicológica que ele sentia apenas piorava a sua raiva e realmente, ela lhe subiu o temperamento quando observou o oficial da lei se aproximar com um maldito e irritante sorrisinho falso em seus lábios, ele provavelmente queria notícias de Minho, mas Jisung não pareceu disposto em o informar. 

━ Ei. - Jisung disse com um tom amargo em sua voz. ━ Não. - Han não o deixou abrir a boca, ele apenas o parou colocando o seu indicador em direção ao rosto do policial que parou para o observar sem o entender bem. ━ Eu não quero saber, eu vou fazer um escândalo dentro desse hospital se você sequer me perguntar do meu marido de novo, ele não fez nada de errado e você sabe disso. - Han se aproximou o respondendo alto, o que incomodou o oficial que apenas se pôs a sorrir. 

O mais alto, dono de uma boa massa muscular suspirou fundo. ━ Senhor Han, ele quebrou o maxilar de um dos assaltantes e… -  O policial Lee Gikwang o lembrou calmamente enquanto terminava de observar uma mensagem em seu celular.

Jisung não soube o que o responder, ele estava prestes a convidar o policial a se retirar do hospital, claro, a força, mas ele não pôde fazer isso, infelizmente o oficial estava quase certo, Lee havia agredido alguém, ele havia cometido um crime. ━ E eu com isso? - Jisung tentou respirar fundo, mas sua cabeça permaneceu latejando pera irritabilidade que ia e voltava, pareceu que um bumbo estava batendo e batendo freneticamente em seu cérebro, aquela sensação o deixava com uma tontura nauseante. ━ Ele foi se proteger de algo que vocês, os tais oficiais da lei deveriam ter resolvido, agora você tá falando que o meu marido vai responder por agressão e tentativa de homicídio? Me poupe.- Jisung falava em alto e bom tom, mas o choro estava entalado em sua garganta. 

E guardando o seu celular, ele negou frenético. ━ Eu não estou falando que eu concordo, mas temos que cumprir com a lei e o seu marido… - O policial Lee tentou o explicar, mas foi interrompido por Jisung que se aproximou mais de seu rosto.

Jisung desviou o seu olhar até as suas duas crianças e logo voltou a observá-lo. ━ O meu marido tá na cama de um hospital, ele está inconsciente, também teve a porcaria de um sangramento intracraniano e uma convulsão por causa disso, ele não acorda de jeito nenhum, sem contar que ele levou um tiro no braço e eu não consigo saber se ele vai ou não recuperar os movimentos do braço porque a bala atingiu os nervosos dele, isso se ele acordar. - Seu dedo foi em direção ao rosto do policial, Han não pensou em seus próprios atos, ele quis gritar, mas a única coisa que ele fez foi chorar, sem demonstrar fraqueza alguma, as lágrimas de seu rosto caiam levemente e enquanto a sua expressão cansada e irritada se formava mais uma vez em seu rosto.  ━ Eu posso perder meu marido, mas vocês estão preocupados em prender a vítima de um assalto? Uma vítima! - Sua voz se alterou mais que o planejado.

━ Mas senhor Han, mesmo… - A voz calma e despreocupada do policial foi interrompida pelo marido da vítima que sinalizava para o outro se calar e funcionou.

Jisung estava prestes a ligar para o seu advogado, ele já estava irritado o bastante com aqueles policiais incompetentes que agora teimavam em prender Minho, que não estava lá em condições de ser preso. ━ E o que a Lei tá fazendo? - Han o perguntou calmamente observando a sala de espera que estava praticamente vazia, já era tarde, suas crianças tinham que ir pra casa.━ E como que a lei vai reparar o medo que os meus filhos estão sentindo de quase perder um pai? 

Seu sorriso apareceu. ━ Estamos salvando vidas. - A voz do policial se alterou pela raiva passageira que o afetava.

Porém Jisung não se importou, ele estava pouco de fodendo se havia ofendido ou não aquele policial. ━ Mas a do meu marido não conta? - Jisung o perguntou sério enquanto o observava minuciosamente, ele não pareceu estar preocupado com o trabalho. ━ Eu não quero saber, chegue perto do quarto do Lee Minho e eu te processo por perseguição e abuso de autoridade, é o meu direito como cidadão. - Jisung o olhou mais uma vez e verificou se os seus filhos estavam ou não prestando atenção na conversa. ━ Eu não quero ser chato, mas que fique claro, aqueles vagabundos invadiram o meu restaurante, colocaram meus funcionários e clientes em perigo e por cima atiraram no meu marido, eles quase o mataram. Já o Minho se defendeu, foi apenas isso. - O explicou mais uma vez e tornou a dizer. ━ E outra, fico chocado que você não tenha pensado nisso, ele apenas se defendeu, foi apenas alguns tapas.

O policial se pôs em silêncio, realmente, era difícil de acreditar que Minho apenas havia dado uns tapinhas inocentes no terrível ladrão já que o mesmo perdeu um olho, que foi esmagado pelas pancadas, mas claro, o oficial se esqueceu desse mínimo detalhe. ━ O assaltante está na emergência, o seu maxilar foi… - Sua voz tornou a soar irritada. 

Mas outro oficial se aproximou, sem uniforme e apenas com o seu distintivo pendurado em seu pescoço, Jinki apareceu lhe dando tapinhas nas costas. ━ Policial Yountae, vamos deixar isso para outro momento, foi apenas defesa pessoal, quem nunca exagerou na hora da raiva?. - O policial Lee sorriu se despedindo de seu colega que apenas se virou e andou irritado até a saída. Jinki abraçou Jisung que ainda pareceu estar abalado com a situação, mas ao contrário de muitos que ele havia conversado hoje, o dócil oficial da lei tentou suavizar as preocupações alheias. ━ Se acalme, eu não vou deixar ninguém prender os meus vizinhos favoritos, esqueceu? - Soltou uma risada gostosa, juntou as mãos alheias e as beijou como uma mania estranha e afetuosa que ele apenas tinha com os seus amigos mais queridos. 

━ Obrigado. - Jisung observou as suas mãos juntinhas. Aquilo lhe trouxe um pouco de paz, foi confortável ficar alguns segundos sem as preocupações batendo em sua consciência e uma enorme culpa pesando em suas costas. ━ Mesmo, muito obrigado.

Mas ele negou, não deixando de sorrir em momento algum. ━ Não me agradeça, eu nunca me esqueço de como o Moonbin foi bom para a minha pequena Riwon, a amizade deles a fez se interessar pelos estudos e agora eu vejo que a minha filha deseja ter um futuro, sem contar que eu te considero um amigo, mesmo você sendo jovem demais, eu sei que eu posso contar com você. - Jinki o abraçou e lhe deu alguns tapinhas em suas costas, isso acalmou um pouco Jisung que apenas concordou, ainda calado. ━ Eu sei que o seu esposo é uma pessoa boa, ele só exagerou um pouco na defesa, pelo o que eu saiba, ele sabe um pouco sobre lutas, então ele deve só ter perdido um pouco da noção, quem nunca fez isso? . - Jinki quis ficar mais, porém ele estava envolvido em outro caso e a noite para ele só estava começando. ━ Agora eu vou indo, eu tenho assuntos a resolver e vejo que você precisa ficar um pouco sozinho. - E assim ele se despediu e apenas seguiu o seu caminho deixando o Han sozinho com os seus filhos. 

Jisung o observou ir embora, e se sentou ao lado de moonbin que ainda prestava atenção na tela de seu celular. ━ Merda, tudo isso é culpa minha. - Como em um sussurro Jisung confessou. A culpa pesava em seu peito, aquilo o sufocava cada vez mais.

━ Sim, é a sua culpa. - Moonbin o respondeu calmamente de forma tão simples e natural que acabou impressionando o Pai. O Han mais novo finalmente desviou os olhos do celular, tirou os seus headphones e olhou atentamente para Jisung, percebendo a angústia estampada em seu rosto. ━ Culpa é um peso difícil de carregar sozinho, mas sim pai, é culpa sua. - E calmamente o mais novo concordou balançando a sua cabeça.

━ Moonbin, me perdoa, eu… - Jisung sentiu, assim que as palavras de seu filho foram ouvidas, um nó se fez em seu coração, era doloroso e se tornava ainda pior pois aquela frustração de decepcionar alguém que ele amava se misturava com o medo de perder outro alguém que ele também amava.

Mas, ainda observando a tela de seu celular, agora apagada, Moonbin, pela primeira vez em toda a sua vida expôs a sua opinião sobre algo. Ele mesmo não tinha sequer um pingo de autoconfiança e coragem, mas mesmo sendo vítima da baixa autoestima, ele se dedicou ao tomar coragem e desabafou. ━ É sua culpa ficar preso a alguém que você nem ao menos amou, pois sim pai, você nunca gostou da mãe, pode até ser medo, ou respeito, eu não sei, mas você a odiava e tudo bem, pois ela também não te amava. - O Han mais jovem ligou e desligou a tela de seu celular algumas vezes, apenas para se aliviar do estresse e guardou o aparelho em seu bolso observando a expressão congelada de seu querido pai. ━ Ela fez com você o que ela bem entende e você só sabe viver assim, sendo reflexo do que ela queria que você fosse, mas ela se foi. - E com dor no coração, ele repetiu. ━ Ela se foi.

Han não gostava de se lembrar de sua esposa, não daquela forma, ele nunca se esqueceu que Lee Jooyeon foi uma pessoa com alguns problemas e dona de um temperamento terrível, mas ainda sim ele tinha respeito, ela não era de todo mal, bem. Ele nunca conseguiu a ver como uma pessoa ruim, mesmo que sim, ela fosse horrível como mãe, esposa e um ser humano em sociedade.

━ Moonbin, por favor, agora não. - Jisung murmurou abaixando a sua cabeça tentando se controlar para não começar a chorar de novo, ele não podia fazer isso na frente de seu filho. ━ Vamos ter essa conversa em casa, bem longe daqui. - Não. Longe dele querer impossibilitar o amado filho de desabafar, mas eles estavam em um hospital, amedrontados pela quase morte de um parente querido, realmente, ali não era a hora e nem o lugar certo para uma conversa como aquelas. ━ …Moonbin… isso não é hora e nem…

━A mamãe morreu. - E novamente repetiu Moonbin, sua voz estava firme, embora seu coração estivesse apertado junto a tremedeira que aparecia em suas mãos, ele teve coragem para o lembrar. ━ Você sempre me fala para eu conversar com você sobre tudo e agora que eu quero me abrir com você, eu sou rejeitado? - Embora o seu intuito não seja pressionar o seu pai, Moonbin teve que o perguntar, teve que o lembrar. Jisung sempre buscou saber o que o seu filho estava pensando, mas Moonbin nunca teve coragem de o dizer, até aquele momento. ━ Ela já morreu, para com isso deixa ela ir embora de uma vez. Dói falar em voz alta, mas ela morreu, você perdeu ela, eu perdi a minha mãe e eu odeio pensar nisso, mas eu também entendo o luto, você não foi o único que perdeu alguém e Pai, me perdoa falar sobre isso, mas você é o único que não está vivendo.

Jisung parecia estar carregando um fardo muito pesado, maior que ele e o seu filho percebia que tudo aquilo, todo aquele problema era perigoso demais para o mais velho lidar sozinho. Mas era difícil ajudar alguém que nunca quis ser ajudado. ━ Essa não é hora e nem o lugar, vamos conversar sobre isso em.. - Porém Moonbin fez algo que ele nunca havia tido coragem, ele não deixou Jisung terminar de falar e foi contra o que o seu pai havia lhe dito. 

━ É sim. Só você não vê. - Moonbin esperou e respirou fundo, levantou os seus olhos, ainda envergonhado e o encarou. ━ Você não quer viver a sua vida e tá arrastando todo mundo para isso, já deu o tempo de você superar e se você não consegue procura uma ajuda psicológica, não é saudável, as pessoas ficam doentes assim, isso é sério. 

Jisung ficou surpreso com as palavras de seu filho. Ele nunca esperou ser repreendido por Moonbin, ele sempre seguiu calado, mas a preocupação era tanta que o garoto resolveu falar, claro, era errado ele apenas expor o seu ponto de vista, mas parecia que todos se esqueciam que o novo Han era apenas um adolescente cansado, totalmente exausto de conviver com problemas que poderiam sim ser evitados.

━ Pai, a Youngsun superou e o que a ajudou foi o Minho, eu superei e o que me ajudou, além de você, foi o Minho e você sabe, seus filhos não confiam em qualquer um. - Ele se negou a mostrar fraqueza, não em seu momento, ele esperou tanto tempo para desabafar sobre o que ele observava em seus dias, que se esqueceu da tremenda dor no peito que era causada pela mistura de sua falta de ar e ansiedade diária. ━ Esses dias eu ouvi uma discussão de vocês e você falou que ele, o nosso Minho era uma má pessoa, mas é mentira, ele é uma das pessoas mais boas que eu já vi em toda a minha vida. Ele é bom, não apenas como pessoa, mas como pai, como marido, como amigo. Ele nunca te machucou papai. - Han Moonbin o lembrou. ━  Nem todos querem te machucar. 

As palavras de Moonbin atingiram em cheio o coração de Jisung. Ele sabia que seu filho estava certo, mas nem tudo era tão fácil, enfrentar os desafios não era tão simples, iniciar uma conversa com alguém que te machuca é difícil e lidar com sentimentos era confuso, sem contar que infelizmente não dependia apenas dele, Minho pareceu não estar mais interessado em manter o relacionamento, mas Lee, mesmo que errado ao desistir da relação após tantas promessas, tentou, ele tentou ser forte até o final, e mostrou uma grande paciência e compreensão diante dos erros constantes de Han. Nem todos conseguem suportar tanta pressão e falta de amor, infelizmente Minho precisava de pelo menos uma segurança, mas nem sequer migalhas lhe foram dadas. 

O garoto continuou. ━ Mas é o que o Minho me falou uma vez, ninguém amadurece de verdade, apenas nos tornamos com o tempo adultos, adultos com obrigações e você não está cumprindo a sua obrigação. - O apontou sério, era frustrante, pareceu por um momento que o seu pai não entendia que toda a sua felicidade estava em jogo.

━ Eu não estou sendo um bom pai para você? - O perguntou tentando manter a calma. ━ Me diga aonde eu errei?

━ Você não está cumprindo com a sua maior obrigação. - O lembrou, como se fosse algo óbvio. ━ A responsabilidade de lutar pela sua felicidade. E não sei se você percebe, mas a sua felicidade é a minha, é a felicidade da minha irmã. Podemos concordar que não há felicidade maior para mim e Youngsun do que ter o Minho como padrasto e você como pai. Éramos felizes, só você e ele não conseguem ver. - Ele achou bom se calar, mas ao observar o rosto de seu pai, que mesmo não achando que aquele era o lugar certo para se ter aquele tipo de conversa, ainda sim prestava atenção no filho. ━ O seu orgulho e o orgulho dele vão destruir a oportunidade de sermos felizes, não negue, pois você sabe que é verdade.

Jisung o parou e o explicou calmamente. ━ As coisas não são tão fáceis assim Moonbin. - A verdade era que Jisung enfrentava muita coisa em seu seu íntimo, medo, insegurança, estranheza, falta de amor e porra, ele tinha dificuldades em acreditar que um dia seria capaz de amar alguém como Lee Minho, o seu marido, o que era ridículo, pois se ele se conhecesse melhor entenderia que esse sentimento já estava presente em seu coração. Jisung amava Minho, mas de nada servia, pois nem ao menos ele conseguia lidar com esse sentimento. 

O garoto se sentiu atingido com o simples comentário de seu pai, isso o cansava tanto, ser taxado de burro apenas por ser jovem era irritante até para um garoto como ele. Moonbin estava cansado de ter os seus comentários desfavorecidos. 

━ E o que é fácil hoje em dia? - Moonbin percebeu que era necessário usar de sua bombinha quando sentiu a dificuldade e a dor em seu peito, o ar que lhe faltava foi recuperado. ━ Você casar com um estranho, que por venturas da vida é um criminoso? - Um longo suspiro lhe foi lançado e logo as perguntas continuaram. ━ Você dormir todos os dias na cama com um homem que você nem ao menos tem algum tipo de afeto? - O perguntou novamente, mas não se conteve e acabou soltando uma tímida risada baseada em sua indignação. ━ Não, foi se casar por meio de um contrato, apenas para mentir para a justiça e garantir a guarda de um filho que nem é seu, né? - Era difícil agir daquele modo, falar sobre algo que machuca a pessoa que ele mesmo mais amava, mas mesmo sentindo-se um completo babaca, Moonbin sabia que era importante lembrar a si mesmo do conselho de Minho, o seu padrasto havia o ensinado: Para proteger e aconselhar aqueles que amamos, qualquer ação era válida. A frustração que o pai parecia estar sentindo naquele momento era válida. Afinal, toda ação tem uma reação.  ━ Mas pensando bem parece ser mais fácil fingir amar o seu marido por conveniência, mentir para todo mundo e acabar, no final, se apaixonando por meio de uma mentira e não aceitar isso por puro medo. 

Na teoria pareceu ser fácil, mas o medo de admitir esse sentimento, admitir para o seu próprio filho que ele havia mentido descaradamente para todos foi vergonhoso.

A coragem de Moonbin foi colocada à prova naquele momento. Ver a dor estampada no rosto do seu amado pai só aumentava a gravidade da situação, mas ele sabia que precisava estar forte, que precisava expor toda a realidade, pois pareceu que para Jisung, tudo o que ele havia sofrido em sua vida era normal, que o melhor a se fazer era nunca ser de fato feliz, pois era mais fácil do que se arriscar no amor. 

Era óbvio que o jovem pai havia sido pego de surpresa, ele não acreditava que o seu querido filho, desde o começo, sabia de tudo. ━ Moonbin. - Jisung tentava o parar, mas ele não conseguia nem ao menos gritar, sua voz apenas não saia, pareceu que ela estava entalada em sua garganta, tal sensação o sufocava. 

Ver a dor estampada no rosto de seu pai lhe dava vontade de chorar, mas ele sabia que precisava ser forte, Moonbin precisou ter voz. ━ Eu não sou burro, não sou criança, por isso eu digo logo, para logo com isso pai, corre atrás da sua felicidade, pois não é sempre que ela vai estar lá. - O observou silencioso e ali permaneceu a falta de diálogo, até o Han mais novo completar. ━ Ele quase morreu, ele podia ter morrido, não perde essa chance, a gente nunca sabe como vai ser o nosso futuro, mas isso é bom, a gente vive pelo presente, então para de sofrer por antecedência, por possíveis finais. 

Mas novamente, com paciência Jisung tentou o explicar. Ao contrário de muitos pais que ignoram e desmerecem as opiniões de seus filhos, o Han tentou o ouvir, mas ele sabia bem que aquele não era o momento e nem o local para aquele tipo de conversa. Jisung conseguia ver que aquele era o momento de Moonbin desabafar, mas fazê-lo em um hospital cujo o amor de sua vida estava internado em estado grave o tirava um pouco do foco da conversa. 

━ Eu sei, mas quando você tem filhos, uma família… - Mesmo assim Jisung tentou o explicar, porém apenas recebeu um olhar silencioso de desaprovação do garoto que se sentiu frustrado. ━ Moonbin, eu tenho medo de errar, de confiar e no final isso afetar vocês, se eu não fosse pai as coisas seriam diferentes, mas eu não posso pensar apenas em mim, você consegue me entender? 

E a cabeça do garoto se moveu de um lado para o outro, ele se negou mais uma vez. ━ Não jogue a culpa nos seus filhos, medo? Medo de errar no que? - O perguntou curioso se inclinando para se aproximar um pouco mais de seu pai. 

Realmente, era a primeira vez que ele havia visto o seu filho com tanta segurança em suas palavras. ━ As pessoas podem aparentar ser boas, podem te fazer enxergar o melhor do mundo, mas no final elas nem sempre são assim. Eu não quero que vocês… - Jisung não conseguiu se expressar com palavras, era estranho não conseguir pensar com clareza, a sua opinião e as suas emoções pareciam estar congeladas, ao contrário de seu filho, que estava mais seguro de si e das suas palavras, como nunca esteve antes. 

Moonbin assentiu lentamente, compreendendo o ponto de vista de Jisung. Sim, facilmente o Han mais novo o entendeu, mas não concordou com a ideia “radical” e ao mesmo tempo segura que o seu pai tentava seguir. ━ Entendo. -Deu-lhe os ombros observando o corredor vazio e muito bem iluminado. ━ Pai, você tem medo que ele seja ruim como a minha mãe, que cuidou de você e depois te… - O garoto hesitou, ele não teve coragem de terminar o seu comentário, a única reação que lhe foi tirada foi o desespero de não saber em como explicar ao Han mais velho que sim, ele entendia o que havia de fato acontecido em sua família e como aquilo era ruim para todos, ainda mais ao patriarca da família, que visivelmente sempre foi o mais afetado. ━ Ela também não me amava, mas eu sempre tive que ser o melhor, eu sei como é se sentir usado, perdido e não amado, papai, ela também não me amou, mas isso não significa que a gente não tenha direito de confiar nas pessoas. - O apontou calmo.

━ Filho… - Ele se impressionou e ao mesmo tempo se assustou com a calmaria e simplicidade do filho, que abertamente havia lhe confessado que Lee Jooyeon o odiava, ela era a sua mãe, perceber e lidar com uma informação como aquelas era dolorosa, ainda mais para um adolescente. Mas para Moonbin pareceu não o afetar, de forma alguma, ele era o único que não parecia estar abalado. 

Moonbin era um garoto sensível, mas não se deixava abalar por qualquer fato de seu passado. Ele compreendeu desde muito novo o do porque de sua mãe o odiar tanto: Ele se parecia muito com seu pai biológico, até mesmo o seu sorriso era idêntico ao dele. Moonbin tinha lembranças nítidas do rosto de seu progenitor, pois eles eram realmente muito parecidos. Mas tudo bem, ele não conseguia se sentir mal pela falta de amor materno, nem todos os pais conhecem, se dedicam e amam os seus filhos. As pessoas romantizavam muito relacionamentos familiares, os colocando como se fosse algo obrigatório e incondicional, mas Moonbin realmente não via sentido ou significado naquilo. 

Na visão do garoto, havia uma falta de amor mútua entre pais e filhos - eles apenas se suportavam, se aturavam pois era algo “obrigatório” e errados eram eles, conviver e fingir amar alguém era extremamente masoquista, já ele apenas concordou com o fato de que a sua mãe nunca havia o amado e ele se sentiu confortável com o fato, já que seguindo a sua linha de raciocínio, o seu padrasto o amava independente dos laços sanguíneos, independente de Moonbin não ser seu filho biológico. Jisung ainda o amava cegamente como um filho. No seu ver, a família era construída através de ações e sentimentos, não apenas através de DNA ou criação. Moonbin realmente gostava dessa perspectiva, ela era sentimental, boba e até bonitinha, às vezes romantizada, mas era a perspectiva que ele conseguiu ter através de seus anos vivendo dessa experiência.

Moonbin tocou calmamente no ombro de seu pai, mas o toque logo foi deixado de lado pelo mesmo garoto, ele não se sentia à vontade tocando nas pessoas, pois sempre achou que era algo incômodo. ━ E está tudo bem, filhos não são obrigados a amar os seus pais, assim como os pais não são obrigados a amarem os seus filhos. - Seu olhar se levantou até Jisung que se assustava com tal comentário, Moonbin era sim amado, Jisung o amava verdadeiramente como um filho. ━ Eu não sei o que é exatamente o amor, mas eu sei que é algo muito intenso para surgir de algo tão vazio como apenas a “maternidade”. Mas como mãe ela podia sim ter cuidado de mim, ter me ajudado a tentar ser menos… - Moonbin novamente travou, ele tentou, mas aquilo ele não conseguiu contar ao seu pai.

━ Filho, me perdoa… - E em um sussurro o Han tentou se desculpar por ter falhado como pai.

E novamente o garoto negou usando um simples sinalzinho com a cabeça e logo tentou acalmá-lo . ━ Você foi um bom pai, eu não preciso das suas desculpas, você não errou comigo e pai, mesmo se você errar eu entendo que você, além de um pai muito jovem pro papel, você ainda é um ser humano que comete erros como qualquer outro ser. 

━ Mas eu deveria... - Jisung não completou, ele ouviu o longo suspiro de Moonbin que agora, nem ao menos se importava em olhá-lo, a sua atenção estava voltada ao chaveiro e as chaves de Minho que haviam sido pegas de seus pertences após a “troca” de tiros. 

Mas Moonbin parou de mexer no molho de chaves e prestou atenção em um dos chaveiros, era uma mini calculadora, Minho havia lhe roubado tal chaveiro e ainda por cima acabado com com a bateria de sua mini calculadora, mas pensando bem, o Han mais novo havia gostado de o ver carregando algo que era seu, era sinal que Minho se lembrava dele. ━ Você deveria mesmo parar de se proteger de coisas que já ficaram no passado. - Ele se referia ao medo de confiar nas pessoas. ━ O minho é diferente. Eu nunca precisei me esforçar para ele prestar atenção em mim e isso é legal. - Concordou sorrindo bobo ao se lembrar de como era bom só ser ele mesmo, sem toda aquela pressão de ser o melhor em tudo, Minho o admirava por ele ser ele mesmo. Era confortável. ━ Pai, só ser amado, sem precisar ser diferente ou melhor deixa a gente tão leve, é … uma sensação estranha e boa. 

━ Ele te trata bem, eu sei. - Murmurou simples e tossiu por um incômodo que sentiu em sua garganta. 

Moonbin concordou com a cabeça, era claro a afirmação de seu pai, nem ao menos era preciso se lembrar. Minho tratava a todos bem, sua irmã, seu pai, ele, independente do dia e do seu humor, Lee sempre era bom, de seu próprio jeitinho, mas ainda sim ele era bom. ━ E ele me ajudou muito, me fez perceber que adultos falam coisas ruins e que às vezes eles estão errados, e eu fico feliz pois eu vejo que eu não posso te culpar, você está errado, mas ele também está, vocês dois estão errados e eu vejo que nessa história, se um não der o braço a torcer a nossa família não vai mais ser uma família.

Moonbin respirou fundo, sentindo-se aliviado por finalmente conseguir explicar mais um pouco sobre os seus sentimentos. Era importante para ele que o seu pai entendesse o seu ponto de vista, afinal, casais brigam todos os dias, divórcio também era algo normal nos dias de hoje, uma decisão precipitada pode até ser dada como relevante, mas nunca deve ser considerado logo de cara, adultos tinham problemas, egos altamente inflados e quase sempre eram donos de um orgulho terrivelmente imoral, raramente eles tinham maturidade o suficiente para expôr os seus próprios erros. 

━ Filho, deixa eu… - Jisung quis o entender.

Moonbin o tocou levemente, mais uma vez, apenas para o seu pai prestar atenção em si e o lembrou de algo. ━ Ele é bobo de tão apaixonado, ele te ama e eu vejo que você também o ama..

Jisung sorriu, por um breve momento ele imaginou em como seria apenas ser feliz, sem mais complicações, mas ele voltou a sua realidade e se explicou para Moonbin. O mais velho não viu sentido algum em deixar o seu filho acreditar em algo que pareceu ser improvável de acontecer. ━ Isso é o que você acha filho, o papai ainda não consegue confiar tanto nele, não ainda… - Murmurou a última parte como se fosse verdade, mas sim, era apenas mais uma mentira que ele novamente repetiu, o Han tentava se contentar com esse fato falso, mas tudo não passava de seu medo constante de confiar nas pessoas, infelizmente Jisung confiava em Minho, mas ainda sim ele tinha medo do que essa confiança lhe traria futuramente.

━ Mas confiou a ponto de dormir na mesma cama, de confessar a ele todos os seus traumas e ainda o confiou aos seus filhos. - Ele buscou seriedade em suas próprias palavras. ━ Você o ama, todos conseguem ver, só você e esse seu trauma que fode tudo. - Moonbin se calou, ele não pensou em suas palavras e tal xingamento apenas saiu de sua boca pela raiva, eram poucas as vezes que tal coisa acontecia, ele citar algo que não lhe foi bem pensado. O garoto se sentiu nervoso novamente, seu coração bateu mais rápido e suas mãos tremiam um pouco pelo seu erro, ele se odiou por um momento, seu pai o olhava chocado por sua má educação, mas não o respondeu. ━ Desculpe. - Moonbin havia se alterado mais do que devia, ele não achava certo falar palavrões, inclusive, aquela havia sido a primeira vez que ele havia soltado um palavrão em voz alta. Mas, mesmo com uma culpa em seu peito, ele terminou. ━ Eu posso só estar falando besteiras, mil perdões, eu sou apenas uma criança idiota que nunca vai entender o mundo adulto mesmo. 

Mesmo que ele não acreditasse em suas próprias palavras, aquele era o estereótipo que ele carregava diariamente, Moonbin era apenas um adolescente, ele não sabia nada sobre a vida, ele nunca pôde questionar, reclamar ou contrariar. Os adultos desmerecem completamente o seu ponto de vista e provavelmente seu pai também não o ouviria com a seriedade que ele desejou, era cansativo. 

━ Na verdade eu estava chateado, meu padrasto… - Moonbin pensou, mas como ele não se especificou, ele se corrigiu. ━ Não você, o meu outro padrasto, ele está desacordado e você ainda tá pensando em descartá-lo. 

━ Han Moonbin. - Jisung o chamou a atenção, ele não achou justo, era um problema mais sério do que apenas uma briguinha idiota como o seu filho pensou.

━ Eu já pedi perdão, ignora o que eu falo, eu sempre vou ser o seu enteado sem graça que só sabe estudar e ser educado com gente que não merece, eu juro que eu só falei o que eu desejava hoje. - Moonbin carinhosamente encostava a cabeça de Youngsun no banco e logo tirou a sua blusa a dobrando, levantando a cabeça da garotinha e a pousando novamente em cima da blusa, ela merecia ter um bom descanso. ━ Ele fez muita coisa por mim, assim como você fez, eu te agradeço por tudo, te admiro, te respeito, eu faria de tudo para te ver feliz, mas o Minho fez algo que ninguém, nem você fez. - O garoto o apontou sério observando de relance a sua pequena irmã. ━ Ele me ensinou qual era o significado de família, um significado que para mim não é pesado. - Se confessou baixo.

O significado era simples, de fato, um pouco bobo. Para a família Lee, uma família cheia de criminosos envolvidos com jogos de azar, brigas organizadas, extorsão, agiotagem, prostituição, assasinato e tortura, família não significava algo sem estrutura como um conjunto de pessoas que possuem grau de parentesco ou laços afetivos, que vivem na mesma casa formando um lar. Não, não tinha sentido, até porque dentro da família Lee, um irmão poderia facilmente lhe tirar a vida por trocados. 

Para Lee Minho, o conceito de família era mais simples e menos obrigatório que o real significado da palavra, mas mesmo simples, para ele o significado que lhe foi ensinado pelos seus pais possuía um grande peso. Família representa lealdade, proteção e, acima de tudo, união. A família se apoia, se protege e ali eles encontram segurança e pertencimento, mas é claro, seus pais iam lhe encher com várias palavras bonitas, mas na prática, o que lhe foi ensinado dia após dia, o significado de ter uma família era intenso. 

Ter uma família significa nunca medir esforços para proteger e fazer daqueles que você ama felizes, seguros. O conceito de fazer de tudo por alguém ainda o assustava, mas pensando bem, quando se ama, quando se confia, se tem tudo.

━ Papai … - Murmurava Youngsun que dormia tranquilamente nas cadeiras. Moonbin congelou após ouvir a voz de sua irmã, ele já estava acostumado a lidar com a perda, com o abandono e a falta de amor, mas a ideia de que Youngsun também pudesse enfrentar essas angústias partiu seu coração em mil pedaços. Youngsun tinha um grande problema cujo ela raramente conseguia confiar em estranhos, mas Minho a ganhou de uma maneira tão rápida e pessoal que agora ele não era mais um estranho, mas sim o querido "papai da Sunnie”. Agora ele era alguém que ela confiava e amava intensamente.

Não era justo, a pequena garotinha já havia perdido a sua mãe, ela não merecia perder um pai também.

━ Se quiser me bater, pode me bater. - O garoto observou o seu pai que se levantava após o ouvir, Jisung nunca havia levantado a mão para Moonbin, ele não concordava com tal violência. ━ Se quiser me castigar, eu também não me importo. Eu sei que eu sou um filho impertinente, eu sei que eu deveria ficar em silêncio enquanto você acaba com a sua própria vida. - Moonbin tentou respirar por um momento, mas novamente o ar lhe faltou, ele teve que usar de sua bombinha, mais uma vez, aquilo o irritava. ━ Mas eu não consigo mais. - Confessou baixinho. ━ Família briga, mas nunca machuca, família tem diferenças, mas não as aponta e família não julga, não diminui e o mais importante, uma família nunca deixa o fardo para só um carregar. - Ele teve que concordar com as suas próprias palavras. ━ Uma verdadeira família deve estar lá para apoiar uns aos outros, compartilhar responsabilidades e não sobrecarregar uma única pessoa e Jisung... - Pela primeira vez em toda a sua vida, Moonbin havia chamado o seu pai pelo nome. ━ … Olhe bem, antes você não vivia, você sobrevivia em torno das suas responsabilidades. 

Jisung soube que era verdade, Moonbin olhou nos olhos de seu pai buscando por uma compreensão básica, mas só encontrou uma expressão vazia vinda do mais velho. Seu pai não conseguiu reagir, ele apenas pensava em como consertar as coisas, era frustrante pois as suas escolhas, mesmo que feitas e pensadas apenas pelo bem dos seus filhos, os afetava negativamente. Jisung sentiu como se nunca tivesse acertado em nada e se pensar bem, todas as suas escolhas realmente eram em volta de sua sobrevivência. Era cansativo.

Sim, muito, porém o pior foi perceber que o seu próprio filho, a pessoa que ele mais tentou esconder sobre o seu passado e escolhas sabia de tudo, de cada detalhe. Ele falhou, ele soube.

E Moonbin contou nos dedos. ━ Fingir que amava a mãe, trabalhar, cuidar de uma pessoa como eu, fingir que era feliz, ser um bom pai para a Youngsun, se vestir, agir e sorrir, tudo com ela queria. Era muita coisa para você fazer e eu sempre me senti culpado por saber que tudo isso, que tudo isso é culpa da minha mãe, você foi a vítima pai, … - Ele tentou mostrar qual era o problema, mas nem mesmo o garoto conseguia compreender o que era de tão errado na relação dos dois, o jovem ainda era inocente demais em algumas partes. ━ Mas por um tempo sumiu, eu vi você feliz, o Minho chegou nos dando uma aula de respeito, compreensão e felicidade, ele…ele… - Sua voz falhou, ele tentou voltar a se expressar, mas a sua garganta pareceu se fechar, suas mãos tremiam e aquele medo repentinamente voltou a atormentá-lo. 

Infelizmente Han Moonbin era apenas um adolescente de quatorze anos que merecia ter problemas de um adolescente, ele merecia ter preocupações, intrigas e interesses de um jovem normativo e ele mesmo desejava e almejava uma vida tranquila, mas a única coisa que ele recebia era aquilo, que lhe foi dado naquele dia de merda. Medo e uma sensação agoniante de incapacidade, mas ele não teve o que fazer, para todos ele apenas era uma criança, uma coisa insignificante que apenas teria valor no futuro.

━ Filho. - Jisung quis acalmá-lo, mas ele não soube como. 

Moonbin se frustrou, mais uma vez, como sempre, mas era diferente, ele estava tão confuso com os seus próprios sentimentos que se pôs a fazer algo que ele nunca havia feito na frente de alguém, ele chorou e ele estava consciente que as suas lágrimas caiam descontroladamente e por não saber o que fazer, como lidar com tal crise, ele negou a ajuda de seu pai que se pôs preocupado com a situação. ━ Para, não me pede pra parar de falar, eu só estou com coragem de falar hoje, me deixa ter raiva. - O apontou tentando limpar as lagrimas que saiam de seus olhos. 

E com calma Jisung respeitou o espaço de seu filho que ainda confuso pelos seus próprios sentimentos se afastou um pouco. ━ Tudo bem, é sério filho, isso é normal. - Tentou o acalmar e com cuidado se aproximou, primeiro, tentando não o assustar, tocou levemente em seu ombro e tirou um lenço de seda que estava em seu bolso e lhe entregou. ━ Pode falar com raiva. - Comentou baixo arriscando mais um contato, agora a sua outra mão lhe tocou no rosto, ele aproveitou para limpar uma lágrima e voltou a acalmá-lo. ━ Eu vou te ouvir, pode gritar, chorar e desabafar, vamos passar por isso juntos, nós quatro, eu te prometo. 

E com cuidado Jisung o abraçou, não muito forte, ele também quis ser abraçado e por Deus, sua vontade era agarrar e apertar o seu filho, chorar como nunca e desabafar sobre tudo o que ele tinha medo, sobre todas as suas inseguranças sobre o seu relacionamento com Minho, mas ele não pode, afinal, quem precisou de atenção, carinho e amor era o seu filho, o filho que nunca demonstrou fraqueza alguma.

━ Para com isso, me deixa em paz, eu só estou com medo, eu tenho medo de perder ele, você também tinha que ter medo pai.

Moonbin tentou o afastar, ele não queria ser visto como um garoto sensível que chorava por qualquer problema, mas ele havia se tornado um, um garoto que precisava expor seus sentimentos, ele felizmente conseguiu mostrar os seus medos, mostrar que aquilo tudo que ele estava sofrendo, que todos os bloqueios e medos do seu pai, que tudo poderia sim ser superado, mas eles precisavam de ajuda e o que mais o levava ao desespero era saber que Jisung nunca aceitou ser ajudado.

━ Eu tô com medo de ver você triste de novo. - Confessou o garoto se agarrando na camisa de seu pai, seu rosto se escondeu em meio ao peito do outro e ali ele ficou, desabando em lágrimas, em silêncio. Moonbin precisou daquilo, era um ato simples, mas ele sentia que o pai estava ali para o proteger. Jisung estava ali por ele. ━ Eu não quero perder os meus dois pais, não mais, por favor, eu não quero outra pessoa cuidando de mim, eu gosto do Minho e eu não quero que você se mate de trabalhar de novo, faz ele ficar bem, eu quero o meu pai Minho bem e eu não quero mais ficar sozinho, eu quero que tudo volte a ser como era antes, por favor, vamos voltar a ser uma família, eramos felizes, você era feliz...

Jisung ouviu, cada palavra que Moonbin disse, ele prestou atenção, ele o ouviu, sentiu o peso das suas palavras e percebeu o peso que o garoto pareceu carregar, ele se culpou, mas não demonstrou chateação alguma, ele não teve o direito, não em tal momento. O mais velho abraçou o garoto um pouco mais forte, confortando-o em seus braços e logo murmurou baixinho. ━ Vai ficar tudo bem.

Ele disse, ele prometeu que tudo ia ficar bem, mas Jisung mesmo soube que aquele simples comentário não havia sido feito apenas para confortar o garoto, ele também precisou ouvir, mesmo que dele mesmo, ele precisou de uma segurança. Tudo aquilo ia passar, futuramente eles estariam juntos em casa, rindo das situações passadas e pensando em como o passado era assustador, por Deus, Jisung quis que isso se tornasse realidade, que esse seu sonho voltasse a se tornar realidade. 

Ele ainda teve medo, um pouco pelo menos.

Amar uma pessoa era complicado, confiar em alguém era complicado e infelizmente eles haviam se conhecido de uma forma tão vazia que infelizmente o casal acabou construindo algo sem estrutura. Jisung mesmo não era capaz de se dar a alguém, de amar cegamente e viver tranquilamente com a sua paixão, não em seu estado mental e Minho precisava entender ao certo como lidar com uma família, com as críticas e às vezes com os problemas, ele não podia mais fugir, apenas cortar o mal pela raiz, os problemas familiares não eram lá tão fáceis assim.

Eles tinham que finalmente entender: Um relacionamento era uma via de mão dupla, ambos tinham que estar bem um com o outro, ambos tinham que estar dispostos a mudar e ambos tinham que se amar. Só assim o amor que ambos sentiam não seria confessado em vão. 

Mas convenhamos, não era lá tão fácil.


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