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━ ♡ : 22 Chᥲρtᥱr.

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Sᥙᥒ&Mooᥒ hᥲs tᥕo dᥲddιᥱs¡!

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¡! Sᥱr ᥙm ᥲdoᥣᥱsᥴᥱᥒtᥱ ᥒᥲ̃o
tᥱ fᥲz sᥱr ᥲᥙtomᥲtιᥴᥲmᥱᥒtᥱ bᥙrro !¡


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Vamos começar com uma observação um tanto quanto óbvio. O quarto do filho mais velho, o grande gênio certinho, Han Moonbin não pareceu ser o quarto de um adolescente.

Não que todos os adolescentes fossem iguais, era impossível, nenhum adolescente podia ser comparado com outro qualquer, todos tinham uma base de criação, estilos, obsessões e manias completamente diferentes uma da outra, assim como adultos e crianças. 

Mas Moonbin não pareceu ter uma obsessão certa, ou melhor, visível. 

As cores das paredes do quarto do adolescente eram todas cinzas, na parede em frente a porta apenas havia um quadro sobre a tabela periódica, um outro quadro que explicava sobre átomos e apenas dois posters, que ficavam um em cima do outro, atrás de sua porta, um deles era sobre um filme, ou série de uma mulher segurando algo brilhante e o outro era um homem careca, ele não soube quem eram, mas achava tal atitude do garoto estranha.

Foi fácil perceber que o mesmo não parecia se interessar tanto pelos estudos, ele nem ao menos aparentava ser estudioso, e bem, Han Moonbin era muito novo, era óbvio que o garoto ainda não havia estudado química e física, que são matérias dificilmente compreendidas pelos jovens. 

Junho já foi um adolescente, matemática era um saco, física um terror em sua vida e a química era o seu pânico noturno, provavelmente o garoto também pensava o mesmo.

Mas o seu palpite foi errado. 

Han Moonbin era obcecado por química e física, sendo que desde muito pequeno ele teve facilidade com números e quando começou a escola, ele descobriu uma paixão quase que obsessiva com contas e fórmulas. Sim, ele não era um gênio, sua dificuldade sempre foi com letras, pareciam que elas flutuavam em meio as páginas e sempre que escrevia algo ele trocava as palavras, mas após anos de estudo forçado vindo de sua mãe, que não admitia um filho "burro" ele se livrou desse atraso. 

A tabela periódica realmente servia de enfeite, Moonbin a sabia de cabeça e o quadro sobre átomos era algo que ele havia ganhado de um amigo especial. Moonbin como qualquer outro adolescente tinha preferências de como deixar e enfeitar o seu quarto e ele gostava de o deixar limpo, sem muita informação, até porque o mesmo não suportava bagunça e acumulação.

O pôster ele havia ganho de Minho, o seu padastro, que achou interessante o presentear com um filme do agrado de seu filho. O grande papel, cujo mostrava uma mulher era sobre as promoções de radioactive, um filme sobre a majestosa Marie Curie, que em vida foi uma física e química que conduziu pesquisas pioneiras sobre radioatividade. Moonbin sinceramente era fã da história de uma química tão excelente como a tal, já que mesmo sendo mulher, o que naquela época dificultava as coisas, ela havia ganho o prêmio nobel por sua descoberta sobre a existência dos elementos rádio e polônio.

Já o careca de seu outro poster era mais um "gênio". Steve Jobs era nada mais do que inventor, empresário e um magnata americano no setor da informática. O homem que modificou toda uma história e uma tecnologia apenas com uma visão, enriquecer. Sim, enriquecendo, um dos inventores mais inteligentes e relevantes de todos os tempos conseguiu revolucionar por volta de seis indústrias, sendo elas as de computadores pessoais, filmes de animação, música, telefones, tablets e publicações digitais. 

Moonbin os tinha em exposição por conta da admiração, ele um dia seria um gênio também.

Suas paredes cinzas não eram tristes, também não trazia desconforto algum, cinza claro e preto grafite eram as suas cores favoritas e todos os livros empilhados em volta de seu quarto não estavam em tal posição por desinteresse, ele apenas achava mais fácil os organizar de tal maneira, pois os organizar em prateleiras ocuparia quase todo o espaço da seu quarto e os empilhar em uma grande torre de livros o poupava espaço, afinal, Moonbin não era um colecionador ou acumulador, ele comprava os livros, os usava para fins estudantis ou recreativos e após desfrutar do conteúdo ele trocava, vendia ou na maioria das vezes, os doava.

Já o seu celular, não saia de sua mão, o garoto pareceu por um momento nervoso já que sabia bem a probabilidade daquela conversa não ser uma das melhores, mas tudo bem, ele tinha as suas 'cartas na manga' e sabendo que ele estaria seguro independente do que sairia da tal ameaçadora conversa, ele respirou fundo e tentou se manter com uma postura mais leve ao se sentar em sua poltrona. Moonbin observou calmamente o homem que vestia uma camisa preta, um jeans escuro e um casaco cinza por cima, seu rosto pareceu cansado e sinceramente, Han não simpatizou com aquele homem desde que foi obrigado a acompanhá-lo até o seu quarto ele sentiu algo ruim vindo dele.

Primeiro, o homem havia se sentado sem a sua permissão em sua cama arrumada e Moonbin odiava que invadissem algo pessoal como a sua própria cama, mas é claro, também tinha outros fatores, como a intuição do garoto, que quase nunca falhava.

Mas, não sabendo da falta de simpatia vinda do adolecente nada problemático, Junho se aconchegou na cama bagunçando os seus lençóis sem se importar muito com a desorganização que acabará de fazer e se irritou por um breve momento ao observá-lo, Moonbin não tinha um olhar cativante e inocente como outras crianças e sim, ele era um adolescente, que provavelmente já estava aprendendo sobre coisas ruins e como o nosso mundo é cheio de privilégios e imperfeições, mas mesmo assim ele se impressionou, era frio, calculista. Um olhar que pareceu o analisar por inteiro. 

E ele esteve certo,
Moonbin estava o analisando.

Mas o assistente social tentou quebrar o clima silencioso. ━ Eu achei bem engraçado, Sun e Moon. Tipo sol e lua, seus pais eram hippies? - Ele riu baixo de modo engraçado, mas o mais novo não achou sentido algum na pergunta. Provavelmente era uma piada, mas ele não soube reconhecer.

Han negou com a cabeça e colocou o seu celular em seu colo, ele pareceu nervoso, às vezes teimava em olhar para os lados e ligava e desligava a tela de seu celular, mas a sua preocupação sumiu ao respondê-lo de forma simples, lhe dando um sorriso puro.  ━ Não, a minha mãe colocou o meu nome como homenagem ao meu falecido tio, ele se acidentou e acabou morrendo de forma precoce, minha mãe ficou bem mal, ele era a única família que ela tinha, enfim, eu não gosto, mas não devo criticar o luto dela. 

O assistente social abriu minimamente a sua boca e suspirou baixo, o garoto havia conseguido deixar o clima pesado em menos de dois minutos, era um novo record.

━ Depois de um ano que ele faleceu, eu nasci e ela achou certo o colocar, minha mãe não era uma hippie, apenas perdeu alguém importante na vida dela. - Respirou fundo cruzando os seus braços olhando novamente a tela apagada de seu computador e prestou atenção em um pontinho vermelho acima da tela, ao lado de sua câmera e logo desviou o seu olhar para o assistente. ━ Já a Youngsun foi o meu Pai Jisung que escolheu, eu não sei bem porquê, mas tanto faz, combina com ela. 

Jisung gostava do nome de seus filhos, eles tinham a personalidade do sol e da lua. Mas sendo bem sincero, ele nunca havia planejado fazer tal conjunto, apenas achava bonito o nome "Youngsun" pois o achava elegante e sério, ele já imaginava o futuro promissor da garota, mesmo antes dela nascer, ele acreditava que um nome elegante, sem entonação fofa ou significados estranhos levaria a garota ao sucesso.

Moonbin também tinha um nome especial, seu significado era bonito e Jisung achava que o seu querido filho combinava bem com o seu nome. Era um nome forte, porém não tão viril, e mesmo não sendo engraçado, era interessante notar que Moonbin tinha pelo menos uma característica marcante. 

Sua personalidade era similar a personalidade da lua, por exemplo, ele transmitia paz, cuidado e mesmo que com poucas palavras, quando motivado, ele fazia qualquer um o admirar. Sem contar da sua curiosidade e inteligência que eram sutis e pouco esnobadas.

Moonbin era, no mínimo, uma criança extraordinária, mas isso não importava, não para Junho.

Ele fez questão de deixar o ambiente pesado, abriu o caderno de anotações e retirou uma caneta de seu blazer cinza. ━ Tá legal, bem Moonbin, você é um pouco mais velho que a sua irmã, então eu creio que seus pais tenham te contado o que está acontecendo né. - O perguntou sem rodeios.

Mas, simples ele negou verdadeiro. ━ Não, eles me poupam de estresse, mas eu sei, vocês não falam baixo, deu para escutar a conversa toda do corredor. - Apontou para a sua porta e voltou a respondê-lo com certa falta de interesse. ━ Eu só quero saber, porque isso é necessário? Está na cara que isso não é uma caso de maus tratos, eles nunca me machucaram.

Mas, aos poucos Junho começava a mostrar a sua verdadeira intenção. Moonbin pareceu perceber e ele agradeceu Minho por todos os seus conselhos. Agora ele conseguiu enxergar algo que antes ele não conseguia, a maldade humana.

━ Você parece ser um garoto inteligente, então eu vou abrir o jogo. - O observou de cima para baixo. ━ Denunciaram o seu papaizinho, mais de uma vez, primeiro teve uma visita onde verificaram a sua casa e agora vamos verificar como vão vocês, crianças. - Murmurou a última parte anotando algo em seu caderno de notas. ━ Enfim, como se sente nesse momento?

Mas, surpreso pela forma que o outro se expressava, ele ousou sorrir. ━ Depois de você ter jogado na minha cara que meus pais podem perder a minha guarda, eu estou bem nervoso. - Negou simples completando calmamente. ━ Mas pode me perguntar tudo o que quiser, não é como se eu tivesse algo para esconder do governo.

━ Não seja assim. Vamos conversar. - Afinou a sua voz tentando ganhar da sua confiança e logo o perguntou, mais uma vez, sem filtro.━ Onde está o seu pai verdadeiro? 

━ O meu pai é o Jisung. - Moonbin comentou baixo, mas ainda sim com um tom de voz firme. Desse fato, ele não teve dúvida alguma.

━ O seu pai verdadeiro. - O específico esperando uma resposta diferente, ele estava curioso, mas convenhamos, isso não condizia com as perguntas planejadas pelo assistente social. Junho estava sendo inconveniente e imoral, mas ele sabia que aquelas perguntas não eram apropriadas para serem feitas a um jovem garoto. Sua profissão não aprovava esse tipo de questionamento e conduta.

Mas o silêncio de Moonbin foi perceptível, o garoto era calmo, calmo até demais, porém ele retornou com o fato, não querendo prolongar o assunto, ele o informou calmamente, enquanto digitava algo em seu celular ainda desinteressado com a conversa. ━ Ele está nos meus registros, ele é o meu pai, a lei pelo menos fala isso. - Concordou com a cabeça lentamente tentando manter a sua própria paz interior.

Moonbin nunca foi movido pela raiva ou pela frustração, ele tentava ao máximo não perturbar de sua própria paz, mas naquele momento ele percebeu estar passando por uma verdadeira prova de resiliência.

Mas o adulto pareceu querer o irritar de alguma forma, eram poucas as coisas que o irritavam e por deus, aquele assistente social conseguiu achar o assunto proibido na vida do jovem adolescente, ele nunca odiou ninguém, mas o jovem Han odiava o seu pai biológico, aquele assunto era como um veneno em seus dias já ruins. Ele odiava sequer pensar em seu pai biológico e na sua irmã gêmea, eles não tinham contato algum e nunca teriam tal contato. Moonbin era filho de Jisung e ia morrer sendo filho do homem que o criou.

━ Sua mãe alterou o seu documento a pouco tempo, antes dela morrer sabe, e não tinha nada antes, seu registro paterno não tinha nadinha … - Junho não conseguiu terminar a sua própria fala.

Moonbin não estava familiarizado com o seu próprio humor azedo, nunca havia interrompido um adulto, mas ele se sentiu no direito de ser, apenas uma vez, mal educado. ━  Você é um funcionário público, não acredita no que a lei diz? A paternidade é paternidade, mesmo que seja apenas no papel. - Sua voz continuou firme, mas, por pensar que ele ainda não havia o entendido, continuou. ━ É auto explicativo, minha mãe não registrou o meu pai biológico, eu não o conheci, cresci acreditando que o Jisung é o meu pai e sinceramente, isso não mudou, eu sou filho dele, vocês adultos mesmo que falam que pai é quem cria. - Sorriu sugestivo e comentou mais baixo. ━ Bem, na falta de um, eu tenho dois agora.

━ Mas e se o seu pai… - Novamente, Junho foi interrompido por Moonbin.

Sua voz se alterou, mas em momento algum ele se mostrou mal educado. ━Senhor, me desculpe interromper, mas o meu pai é o Jisung, já aquele que abandonou a mim e a minha mãe, ele não é nada, eu não tenho contato algum e nem os meus documentos mostram o nome dele. Pode ir pra próxima pergunta, essa conversa me parece bem  inconveniente. 

Junho o achou ousado, mas em anos de profissão ele já havia lidado com muitas outras crianças ruins, mal educadas e malucas, um garoto engomado, metido a inteligente não lhe impressionava de nada. ━ O que você faz de bom no seu dia a dia?

━ Eu costumo estudar. - O respondeu e desviou o seu olhar para a tela de seu celular. Ele havia recebido novas mensagens. 

━ Tirando a sua obrigação garoto, hobbie, eu falo de hobbies. - Aquela conversa lhe pareceu tão sem graça, que os seus olhos se reviraram automaticamente.

━ Eu gosto de estudar, não é uma obrigação para mim. - O respondeu como se a sua resposta fosse óbvia. ━ Eu gosto de ciências, aprendi por conta própria física e química, sou o melhor aluno da escola e eu estou começando a gostar de mecânica, meu… - Pensou um pouco e logo percebeu, era conveniente, em um momento delicado como aquele expor que Minho era o melhor padrasto de todos os tempos.━ Eu e o meu Pai Minho estamos consertando um carro juntos, ele também quer me forçar a aprender Taekwondo, mas eu não tô afim, pagar uma mensalidade absurda para apanhar de gente que sabe lutar, uhm.

━ Ele está te incentivando a arrumar um carro? - O perguntou mais uma vez rindo baixo ao observar o garoto. Moonbin não parecia conseguir distinguir o que era uma chave de fenda e uma colher, era engraçado pensar que um menino delicado daqueles tentava arrumar um carro com o seu padrasto viadinho. 

Sim, viadinho. Para Junho, aquele homem de cabelos castanhos e voz suave, Lee Minho, não passava de um viadinho nojento que tentava alimentar um sonho frustrado de construir uma família perfeita que, cá entre nós, não os pertence. 

Eles não eram seus filhos de sangue, eram dois estranhos tentando criar dois estranhos, os laços de sangue eram fortes, mas aquela encenação 'toda quebra padrões' não era nada para o assistente social. 

Moonbin concordou com a sua cabeça fechando os seus olhos por alguns segundos. ━ Sim, é como construir um foguete ou jogar bola com o seu pai. Mas o Minho gosta de carros e luta, então ele está tentando me passar essa paixão. - Moonbin odiava violência e sujar as suas mãos, mas era legal estar perto de Lee Minho sem toda aquela pressão, seu padrasto parecia gostar que o explicar coisas novas e Moonbin se interessou em o ter como professor. ━ Eu não gosto de sujar as mãos, mas é legal ver ele me explicando algo, isso me anima e eu gosto bastante de ver como os motores elétricos funcionam. 

━ E você se dá bem com ele? - O perguntou se aproximando do garoto, antes sentado, agora Junho estava agachado, perto do garoto que permaneceu sentado. ━ Estamos em um ambiente seguro e como homem, você pode me dizer, eles já fizeram algo com você? - O mais velho pousou uma de suas mãos na coxa do menor e a acariciou para o mostrar apoio. ━ Você sabe, gente como eles tendem a ter alguns retardos mentais e podem acabar machucando pessoas pequenas como você. 

Moonbin não teve reação, o que diabos aquele preconceituoso estava insinuando? 

Tanto faz, ele soube bem o que aquele sujeito insinuou e Han Moonbin adorou o ouvir. Ele havia conseguido o passe para a sua primeira maldade.

O garoto se encolheu se mostrando desconfortável e o afastou com as mãos. ━ Por favor, não toque em mim, eu fico desconfortável. - E assim que observou o homem erguer as suas mãos, ele se recompôs e continuou. ━ Isso foi homofóbico, meus pais me ensinaram bastante sobre isso.

Era mentira. Han e Lee nunca haviam comentado sobre todo o preconceito que a sociedade jogava em cima de pessoas não padronizadas, eles sempre o privavam de conhecer o mal da sociedade, mas ele havia aprendido bastante com os seus amigos da escola, eles conversavam bastante sobre isso já que a sua melhor amiga namorava um garoto, mas já havia namorado algumas garotas e que o seu melhor amigo era abertamente homossexual e abertamente louco e apaixonado por Moonbin, que estava interessado mesmo era nos estudos. 

Adolescente tinham a mente mais aberta, era bom se expressar sem ódio e muito preconceito.

Moonbin continuava. ━ A convivência de todo mundo nessa casa ficou melhor depois que o Minho se casou com o meu pai. - O pequeno Han ainda não conseguia confiar completamente em Lee, mas ele não mentia sobre o ambiente ter ficado mais confortável após a sua chegada. ━ Meu pai está feliz, minha irmã está feliz e eu estou feliz, eu ainda não entendo o que é tudo isso, é só procurar, somos uma família normal e se você pensar, bem melhor que muitas por aí. 

━ Melhor que muitas? Claro. - Junho riu alto, como se fosse uma piada, mas ele logo engoliu a graça que estava em seus lábios ao observar o garoto que o observava sério. 

E o silêncio novamente o pegou. Moonbin tinha o terrível hábito de ser apático, verdadeiro, ele tinha dificuldades em ser alguém diferente apenas pelo bem estar alheio. 

Mas após um longo suspiro ele comentou, contando nos dedos. ━ Meu pai não me bateu, temos muito dinheiro, meus pais tem negócios de sucesso, a minha irmã é saudável, o Minho é um ótimo padrasto, comemos juntos todos os dias, assistimos filmes juntos, eles nunca gritaram comigo ou me destratam e eu nunca os ouvi discutindo sobre nada, na verdade eu já acordei várias vezes na noite ouvindo as risadas deles que gostam de ficar até tarde conversando na sala. Isso não é saudável o suficiente? 

Essa era uma verdade, tirando a noite anterior, Moonbin nunca havia os ouvido em uma discussão séria, para ele, os seus pais se amavam. 

E com dificuldade ele se manteve educado, em tal altura do campeonato, Moonbin já havia teorizado que tudo não passava de pura inveja. O assistente social parecia ser infeliz e não usava anel algum em seus dedos, provavelmente ele não havia achado ninguém bonito como os seus pais, podia ser inveja, ou apenas a boa e velha falta de conhecimento, pessoas preconceituosas eram burras. Era um fato.

━ Olhe, eu tenho treze anos, meu plano de saúde é bom, minhas notas são incríveis, tenho uma relação familiar ótima, sim, a minha mãe morreu, mas o meu pai até começou a pagar psicólogo para a minha irmã e para mim, o Minho é carinhoso e mais uma vez, ele é rico, assim como o meu pai, então não temos problemas financeiros. O único problema que eu passo às vezes, é que eu sou asmático, mas eu me cuido e isso nunca me atrapalhou muito. - Ele quase se esqueceu, mas logo lembrou o assistente. ━ Eu já ia me esquecendo, eu também sou órfão de mãe, mas sinceramente, ela faleceu, sim, mas eu consegui me despedir e ela nunca foi uma mãe tão ruim, ela era…exigente, mas nunca foi ruim para mim. - Deu os ombros, mas ao sentir o seu celular vibrar, ele colocou a sua atenção na sua tela. ━ Não é como se eu sofresse. Que tipo de abuso eu sofreria em uma família dessas?

Moonbin dizia a verdade, a sua verdade. Ele nunca havia sofrido em toda a sua vida e mesmo que fosse muito pressionado por sua mãe, que sempre foi rígida sobre educação, estudos e vestimentas, ele não sofria qualquer tipo de violência e com a sua morte, mesmo passando pelo luto e a dor inexplicável de perder uma mãe, ele se contentou com a idéia de ter se despedido quando teve chance. 

E mesmo sem uma mãe, o garoto ainda tinha o amor de seu pai, que sempre se esforçava para lhe dar atenção, amor e carinho. Moonbin tinha a vida perfeita, até o seu padrasto, que não era obrigado a amá-lo, buscava demonstrar afeto e interesse em tudo que o garoto fazia, claro, sempre o tirando do sério e fazendo algumas piadinhas que envolviam a sua falta de personalidade. 

Mas, o outro não demonstrou interesse algum no que o garoto falava, era apenas uma desculpa idiota para ele se gabar de o quão rico os seus dois papais viados eram e o quão inteligente e insuportável ele pareceu ser, tudo isso por causa da sua mãe pedófila e felizmente morta. É, já era hora de Hwang Junho mostrar as suas verdadeiras intenções.

━ Garoto, os seus pais não te obrigaram a te falar isso? Esse povo é meio vitimista, não te falaram para agir assim? - O perguntou mais alto, eles estavam sozinhos no quarto, ele não precisou se conter e não se conteve em falar mais algo e de forma mais rude.

Mas o jovem desfrutava de sua arma mais odiada pelos que queriam perturbar a sua paz, além de sua resiliência, calma e paz, o seu silêncio era usado em muitos casos.

Sim, o silêncio.

Em algumas ocasiões pode trazer paz, em outras, tempestades, mas naquele caso envolvendo Han Moonbin, era um costume bem marcante em seu dia a dia, o garoto não costumava agir por impulso e não seria em tal hora que ele quebraria o seu próprio paradigma. 

O seu silêncio nunca o trouxe dor, irritabilidade ou o simples vazio, pelo contrário, o seu silêncio mostrava que os seus pensamentos estavam em uma complicada transmissão de informações em sua atividade mental, era muita informação, muita coisa para se falar, para se ouvir e para observar. Moonbin achava seguro, prestar atenção nos detalhes.

Afinal, ele não queria estragar tudo, ir para um orfanato ou se separar de sua querida irmã por causa de um desconhecido mal intencionado.

Mas, ele pareceu confuso, coçou o topo de sua cabeça e abaixou o tom, ele pareceu leve, inocente, sim, inocente até demais.

━ É uma visita surpresa, não sabíamos que vocês…- E ele entendeu que as suas suposições eram verdadeiras, aquele homem não estava disposto a ajudá-lo em seu problema judicial, na verdade Junho estava interessado em os atrapalhar em tudo. ━ Você não gosta dos meus pais, ah. - Concordou lento com a sua cabeça e riu baixinho ao se sentir frustrado novamente, as pessoas odiavam mesmo casais homoafetivos e Moonbin infelizmente estava percebendo tal fato aos poucos. ━ Isso explica muita coisa e eu devo dizer… - Ele tentou, mas o outro homem o interrompeu.

Junho fez um gesto negando as acusações do garoto e o respondeu. ━ Tem vários modos deles te prepararem para esse momento, eu espero qualquer coisa de gente como eles.

O observou soberbo, como se soubesse sobre toda a vida do jovem e não, Junho estava completamente errado sobre tudo, mas ao mesmo tempo graciosamente certo sobre apenas uma coisa : Eles fariam de tudo para conseguir o que desejavam.

Moonbin se levantou, deixou o seu celular em cima do assento e o perguntou simples, com o seu tom calmo e sereno. ━ Como eles? Você conhece os meus pais? - Ele já sabia da resposta, mas ousou perguntar.

━ Não. - Seco, o mais velho arriscou observar mais uma vez o garoto que havia se levantado, pronto para finalizar a conversa. ━ Mas eu sei como esse pessoal age e fala, você deve saber, vitimistas demais pro governo, sujos demais para a igreja, perfeitos demais para os vizinhos, vivem alegres, são sempre alto astral e super militantes, porém dentro de casa eles têm a porra de uma vida infeliz, eles parecem infelizes e garoto, você também não é feliz sendo filho de… - Junho já estava começando a ficar irritado com aquele horrível costume de Moonbin, que já havia o interrompido diversas vezes. 

Sua mão fez um gesto para que o outro parasse de falar e por irônias, o assistente social parou. ━ Você se perdeu legal no personagem, eu até pensei que você ia ser legal. Enfim, não querendo ser grosso, mas já sendo. - Moonbin observou o homem que se levantava e deu alguns passos para trás, apenas para se sentir mais seguro, ele odiava estar na companhia de pessoas estranhas. ━ Não é porque você é um ser atrasado que acha que mais de oito bilhões de pessoas em todo o nosso planeta vão amar e se relacionar de uma forma padronizada e misógina, que realmente vai acontecer assim. Esse pessoal que você fala aí não passam de seres humanos normais, inteligentes, que fazem parte da nossa sociedade, não temos diferenças algumas e quem você ama ou o que você sente não te faz mais ou menos humano. - Mas, seus olhos o mediram de baixo para cima de forma incrédula. ━ Esse ódio deveria estar no passado, estamos nos anos dois mil, cadê o avanço?

Moonbin o esperou responder, mas ele se incomodava tanto com o olhar irritado presente no rosto assustador do homem ignorante, que por mais que ele desejasse continuar com a conversa, ele decidiu se afastar. Era mais seguro.

━ Tá legal, quer saber, eu tô desconfortável para caramba. - Moonbin tentou se afastar mais do homem que pareceu irritado com todo o seu discurso, mas antes mesmo de conseguir, Junho agarrou fortemente o seu pulso e o puxou para perto. ━ Ei, você tá me assustando, parece até um psicopata, credo. - Comentou calmamente, a ação realmente o assustou, mas nada que o garoto já não tivesse imaginado.

━ muleque. - Junho tentou se acalmar, mas ele se irritava mais a cada vez que o garoto tentava se soltar de sua mão.

━ Me solta, por favor. - O pediu, Moonbin soube que teria chances de uma coisa ruim acontecer, mas ele não havia planejado se colocar em perigo, ele apenas desejava que o homem o mostrasse as suas verdadeiras intuições sobre o seu caso e saísse logo de seu quarto, mas toda a conversa pareceu se desviar do seu principal assunto. ━ Isso machuca… - O confessou algo tentando o soltar, mas ele, por outro lado soube que o mais velho não poderia o machucar fisicamente por conta dos policiais que estavam na sua sala de estar.  ━ Cara, o que você pensa que está fazendo? Violência infantil é crime. - O informou mais alto, naquele ponto, ele estava irritado, pronto para gritar por ajuda, mas sabia que aquilo não iria resolver de nada, então ele passou pelo perigo. ━ Eu sou mais novo, mas eu sei o que é violência e que meus pais podem te processar. - Comentou sugestivo, seus olhos se fixaram nos do homem, que por algum motivo não falou mais nada ━ Não vai me soltar? 

━ Escuta bem. - Apertando mais o pulso delicado do jovem garoto, ele se abaixou e o olhou, ainda com um sorriso malicioso, mas agora com uma expressão brincalhona e sarcástica. ━ Eu apenas vejo um garoto cansado, que respira constantemente pela aprovação da mamãe morta, do papai viado e agora do padastro afeminado, suas mãos tem calos horríveis de tanto escrever, enquanto você falava comigo, as suas pernas tremiam de ansiedade, os seus olhos tem colorações arroxeadas pelo tempo que você passa acordado e convenhamos, você se culpa por ser um estorvo na vida do seu pai, todo mundo sabe que se você não fosse doente, ele ficaria muito melhor. 

━ Isso não é verdade, eu não sou doente. - Se justificou mais alto, ele pareceu estar irritado, mas era algo falso, Moonbin já havia se acostumado com as pessoas o chamando de garoto doente ou coitado por conta das suas crises asmáticas. 

E com um sorriso genuíno em seus lábios, o homem desceu mais uma vez o seu nível e se esqueceu, era apenas um garoto, um jovem adolescente, mas ele parecia não se importar com as suas grosserias. ━ Sem contar que você é a porra de um autista sem tratamento algum. 

Mas, em vez de se ofender, Han apenas se calou arregalando os olhos, sua boca se abriu minimamente e observou Junho de cima abaixo incrédulo com o comentário. ━ Cara, qual é o seu problema? - O seu silêncio após a pergunta frustrou o adulto, ele pode negar, pode se irritar, mas Moonbin apenas não teve o que dizer.

Mas ele não se incomodou mais com o silêncio, ele percebeu que as suas palavras haviam o afetado de alguma forma e assim continuou, agora com ameaças. ━ E sim, é uma pena saber que um garoto tão inteligente como você foi forçado a estudar até adoecer, você mesmo me falou Moonbin, eu juro que vou te ajudar. - Colocou uma de suas mãos no peito e bateu no ombro do menor soltando uma risada baixinha. ━ A pressão que você sofre vai se acabar, garoto.

━ Cuidado com as suas palavras. - O garoto o lembrou. 

━ Isso é uma ameaça? - O perguntou irritado. ━ Dois viadinhos como os seus pais conseguiram criar um mini selvagem. Tá pensando que é um gangster agora? 

━ Eu não sou selvagem, pelo contrário… - Moonbin respirou fundo e o observou calmamente enquanto o explicava o mais verdadeiro possível. ━ Eu costumo ser bem calmo e observador a ponto de te avisar, não seja ruim, a ruindade volta para ti. - Seus lábios receberam uma pequena mordida pela ansiedade que o atingiu, mas ele tentou novamente se conter e terminou. ━ É algo como o karma, eu sou budista, então eu acredito que as nossas vidas tem um ciclo, algo como receber o que um dia você distribuiu e senhor, evite ser ruim, pois a maldade sempre retorna para o malfeitor, se você age com maldade, o universo irá lhe presentear com a podridão humana e eu sei, você não vai levar um garoto de treze anos a sério, mas pense bem. - Moonbin o alertou.

━ Garoto. - O homem esperou, o observou com calma, mas não se conteve, riu alto negando freneticamente com a cabeça. ━ Você é chato pra caralho, nem seus pais te aguentam 'se é doido' que bando de bobagem. - Reclamou batendo levemente nos ombros do menor que o encarava silêncioso. ━ Mas fica tranquilo, o universo e todas essas bobeiras aí vão me agradecer de te tirar de uma casa com dois viados. 

O garoto não se irritou, apenas o observou se sentindo culpado pelo o que acabou de pensar sobre o homem e concordou com a cabeça. ━ Tá legal, faça.  - Moonbin ergueu as suas mãos com educação e mostrou a saída.━ Ah, me desculpe desde já. - Se desculpou curvando minimamente a sua cabeça e observou o homem pegar o seu caderninho e se mover até a saída de seu quarto com um belo sorriso no rosto, mas ao abrir a porta, Moonbin o lembrou. ━ E senhor. Você deveria parar com esse seu pré conceito já imposto que toda criança ou adolescente é meio burro ou manipulável, eu reconheço que eu não pago contas, e não tenho problemas de adultos, mas isso não me faz incapaz de saber quando agir ou como eu devo me portar em uma situação delicada como essa.

E o garoto observou o homem, que permanecia com o mesmo sorriso malicioso desenhado em seus lábios, como se o seu comentário não passasse da porcaria de um conselho irrelevante, de pouca importância.

Para Junho, Moonbin era apenas um adolescente com pouco a oferecer, ele era jovem, apenas a porra de um pirralho metido a inteligente, que tinha um conceito muito didático sobre a vida. Junho, o homem mais velho, não se dignou a responder as baboseiras do pirralho, ele simplesmente saiu do quarto, deixando Moonbin ali, sozinho.

Mas a solidão não o atingiu, nem ao mesmo a soberba alheia o deixou desanimado. Na realidade, após ele ouvir o som da porta se fechando ele sorriu, algo raro em seus dias e colocou as mãos na boca sentindo que o seu dia estava ganho. 

━ Cara, o Minho é um gênio, ele sabia… ele sempre sabe. - Sussurrou desviando o seu olhar para o seu notebook aberto que ainda permanecia com um pontinho de luz vermelha perto da câmera e se aproximou um pouco mais fazendo um "ok" com as mãos e logo apontou para a câmera. ━ Mil perdões, mas eu tô cansado de todo mundo passando por cima da minha família. 

Moonbin pareceu ser um gênio. Sua mente brilhante encontrava soluções rápidas para qualquer problema que ele ousava enfrentar e em horas atrás, enquanto Minho o alertava de o quão ruim adultos podiam ser, ele pensou em como era impossível ele se defender de alguém com mais idade, afinal, ninguém levava adolescentes a sério.

Mas era óbvio que do seu ponto de vista, não querendo ser prejudicado, ele se pôs a pensar em uma solução que o deixou mais seguro naquela maldita visita.

Primeiro o garoto precisou de dois notebooks, um que pertencia a ele, que sempre ficava em seu quarto e outro que o seu pai usava para financias, Moonbin tinha encontrado uma maneira de estender a comunicação de forma discreta, desligando a luz de seu notebook após começar uma chamada de vídeo compartilhada com o notebook do seu pai, que se encontrava na sala de estar, conectado por um cabo HDMI.

A televisão estava desligada, seus pais não sabiam da sua ideia, mas ele estava calmo, tudo pareceu dar certo, afinal, ele havia mandado mensagens ao seu padastro Minho, um dos poucos adulto que pareceu o levar a sério.

Continua na parte dois.

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