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━ ♡ : 19 Chᥲρtᥱr.

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Sᥙᥒ&Mooᥒ hᥲs tᥕo dᥲddιᥱs¡!

Cᥲρίtᥙᥣo 19↶

¡! Pᥲρᥲιmᥲmᥲ̃ᥱ
ᥒᥲ̃o sᥱ ᥲmᥲm  !¡


ฅ^•ﻌ•^ฅ
⛈️
·◞◟·

Para Moonbin a noite estava calma e silenciosa, o garoto permaneceu deitado no chão ainda imerso em seus pensamentos mais profundos, compartilhando de seu próprio silêncio enquanto a sua mente parecia estar uma completa bagunça, mas não, infelizmente ele não estava preso em mais um de seus sonhos enigmáticos que nem ele mesmo sabia desvendar.

No relógio já batiam às duas e meia da manhã, um horário que o próprio nunca havia ousado permanecer acordado, mas por conta de suas preocupações, Han Moonbin, o garoto de ouro, estava jogado no meio da escura sala de estar. O lugar era iluminado pela fraca luz da lua filtrada pelas cortinas finas de chiffon e mesmo que pouco visível, ele ainda sim prestava atenção em seu teto, onde um reflexo de uma luz amarela que se mexia de um lado para o outro tirava a sua atenção.

Mas o silêncio e o barulho doloroso de sua mente desapareceram quando o garoto ouviu o som da porta principal ser aberta. Moonbin apenas ergueu a sua cabeça tentando observar quem diabos estava tentando entrar em sua casa às duas da madrugada e assim que a maçaneta se virou ele descobriu, era o seu padrasto, mas era estranho, não pareceu ser o Lee Minho de sempre.

Moonbin nunca ousou questionar e interrogar o seu querido padrasto, ele sempre se mostrou companheiro e apoiou os seus trejeitos, costumes e temperamentos pouco compreendidos por outros, era fácil, Minho sempre foi doce, sorria muito, esbanjava sorrisos, piadas, risadas e um belo charme que cegava a todos. Mas aquele que fechou a porta, falando ao celular, não pareceu ser o cara de sempre.

Lee não estava com uma expressão muito boa, sua voz era rude e as palavras que ele usava ao responder a chamada o assustava, mas após Lee perceber a presença de alguém na sala, ele desligou o celular, respirou fundo dando alguns passos até a área aberta da sala de estar e observou o seu filho deitado que novamente prestava atenção no teto sem graça de sua sala.

A expressão irritada, que Moonbin tinha se assustado, sumiu do rosto de seu padrasto, que agora, parecia estar surpreso.

Minho vagou o seu olhar pelos cantos da sala tentando ver se mais alguém estava acordado e não, apenas o seu filho mais velho estava ali, o que o preocupou um pouco já que o garoto sempre foi pontual com o seu horário de descanso.

━ Moonbin? - Lee encostou a pontinha de seu pé levemente no braço do garoto que desviou o seu olhar para o mais velho. ━ Tá maluco garoto, o que você está fazendo? - O perguntou se abaixando para conferir se o garoto estava bem de saúde. Infelizmente o seu padrasto estava pensando no pior, por um segundo inconsciente ele achou que o jovem estava começando a ter mais uma das suas crises asmáticas, mas ele estava calmo, muito calmo. ━ Esse chão tá frio, não era pra você estar dormindo?

Mas, observando o padrasto preocupado, ele tentou o acalmar. ━ Eu gosto do chão. - Ele não mentiu, Moonbin sempre preferiu sentar e deitar no chão, a sua coluna se aliviava daquele modo, era confortável. ━ Eu só estou pensando um pouco. - E ele não havia terminado os seus longos minutos de meditação, mas ao perceber a preocupação de seu querido pai, ele ergueu a sua cabeça pegando o seu celular que estava ao seu lado e suspirou alto o comunicando.━ Me desculpe, eu vou para a minha cama.

Mas Minho pegou em seu braço soltando um sorriso sereno.━ Não precisa ir, vem, eu te faço companhia. - O comunicou e deitou ao seu lado sentindo um desconforto inimaginável. Minho estava exausto, havia trabalhado por horas em algo que o tirou sangue e suor e depois disso ainda teimou em dirigir até a sua casa sozinho, sendo que o trajeto de seu trabalho até a sua residência era de uma hora e dez minutos, o mínimo que ele merecia era um lugar confortável para se deitar, mas mesmo assim o agiota não se importava, a presença do seu filho era mais importante.

Moonbin o cutucou. ━ Você deve estar cansado, não precisa.

Minho sorriu e negou com a cabeça soltando aquele riso baixo enquanto bocejava observando o que tinha de tão interessante em um teto comum. ━ Eu sou da noite, pode ficar tranquilo. - Deu alguns tapinhas na coxa do garoto e logo fechou os seus olhos.━ Já pode voltar a pensar, se quiser me contar algo, eu vou estar aqui como eu sempre estarei.

Mas aquela miserável dúvida o pegou novamente, o jovem Han nunca soube se podia mesmo confiar em seu mais novo padrasto mesmo ainda tendo dessa dúvida, ele se sentia culpado por não saber o que fazer, se ele confiava, se ele podia o amar ou o ver como um pai.

Mas sinceramente, o pobre garoto não sabia mesmo o que fazer sobre os seus próprios sentimentos, Han Jisung também não era o seu pai biológico, mas ele o considerava como um pai.

Lee também tinha o direito de ser tratado como um pai.

Moonbin não podia escolher muito, ele não tinha um pai, apenas dois padrastos e agora, nenhuma mãe, futuramente nem uma família ele poderia ter, ele tinha medo, as coisas mudam muito rápido de rumo e ele demorava a se acostumar com mudanças.

Mas ele tentou desabafar, pelo menos um pouco e mesmo que ele já soubesse que para esse problema, Minho não poderia fazer nada, ele se sentia um pouco melhor de apenas o avisar sobre o que aconteceu.

━ O papai bebeu hoje. - O confessou tentando procurar melhores palavras para descrever o que havia acontecido no período em que Lee esteve fora, mas era difícil desabafar enquanto, em sua garganta, um nó de choro estava muito bem formado. ━ Ele bebeu muito e eu senti uma coisa estranha, meu coração doeu e eu fiquei com muita vontade de chorar. - Suas mãos foram direto ao seu peito que se apertou por se lembrar do olhar vazio de seu pai, que sempre carregava um lindo sorriso no rosto. ━ O meu pai nunca gostou de beber, ele sempre achou o gosto amargo demais. - Moonbin o lembrava, Jisung sempre teve um paladar infantil e o seu filho se lembrava muito bem disso. ━ Ele não é o mesmo pai que eu conheço, eu acho que ele vai mudar pra sempre.

E realmente, Minho não pôde fazer nada, ele claramente estava preocupado com tudo que havia acontecido.

━ Moonbin, às vezes a gente passa por alguns momentos da vida que ficamos desse jeito, estranhos, meio tristes e o seu pai está passando por um momento desse, eu não vou te tratar como uma criança, você não gosta, então eu posso te contar. - Lee decidiu não olhá-lo, ele respeitou o seu espaço pessoal e o advertiu calmamente. ━ Seu pai estava perdido na vida, a única coisa que o coloca em foco é você e a sua irmã, com vocês ele tem um motivo para comer, beber, dormir, acordar, conversar e ser feliz, eu cheguei depois, quero muito que um dia eu também seja o motivo da felicidade dele, mas infelizmente é apenas vocês agora e isso preocupa a todos nós. - Sorriu de ladinho o encarando de relance. ━ Eu sempre quis ter uma família e eu também não estou disposto a perder vocês. - Seu olhar se desviou ao teto. Agora, quem estava com vontade de desabar em lágrimas era o seu querido padrasto.

Minho havia conquistado o que sempre quis, uma família, mas ao mesmo tempo ele pareceu estar perdendo tempo com todo aquele teatro, ele apenas queria alguém para amar e ser amado, mas Jisung não tinha cabeça para o amor, não na situação que ele se encontrava e os seus sonhados filhos pareciam estar escapando de suas mãos, já que em qualquer mero deslize as probabilidades dos dois serem entregues ao governo eram gigantescas.

Mas tudo bem, Minho sempre dava um jeito.

━ Isso me assusta. - Moonbin sussurrou enquanto delicadamente pousava a sua mão sobre a mão de seu padrasto, ele apenas tentou buscar um pouco de apoio, algo que infelizmente o garoto nunca se sentiu no direito de ter.

E Minho buscou o consolar.

Descontraído riu, amigável sorriu e após cortar o contato físico com o seu filho, ele pousou a sua mão na barriga do garoto e esperou mais uma vez o silêncio se estabelecer. ━ Tá tudo bem ficar assustado. - Deu alguns tapinhas em sua barriga e logo terminou voltando a observá-lo. ━ Eu também estou assustado, mas é normal, somos humanos querido, temos o direito de ter medo, dor e infelicidade, assim como temos o direito de sermos felizes.

━ Pa…uhm…Ti..olha Minho, eu tô com me… - Mas, infelizmente Moonbin não tinha confiança o suficiente naquele homem, não ainda e mesmo tentando, o seu desabafo não saiu, era pessoal, íntimo demais e mesmo que seu coração o mostrasse que desabafar com Minho era o certo, ele apenas mudou de assunto, bufou alto e bagunçou os seus cabelinhos apontando para os seus joelhos cheios de band aid.━ Eu machuquei meu joelho hoje. - E ali tocou por cima do curativo, sendo tal região dolorosa de se tocar.

Minho se preocupou. ━ Deixa eu ver? - Lee se levantou, colocou os seus dois joelhos no chão ficando de frente para o garoto que se ergueu lentinho observando os curativos, Moonbin não era um garoto descuidado para machucar os seus dois joelhos de tal forma, mas pareceu que ele havia caído feio no chão.

Mas antes mesmo de seu padrasto o perguntar o que havia acontecido de fato, o garoto se assustou ao ver as mãos do mais velho, que estavam mais lesionadas que os raladinhos de seu joelho.━ A sua mão, meu Deus. - Comentou alto, ela estava completamente machucada, o garoto apontou chocado a observando melhor.

O machucado estava feio, a vermelhidão em volta dos machucados abertos junto ao inchaço e uma mancha roxa, meio esverdeada deixava o machucado mais assustador ainda para o garoto, era a primeira vez que ele havia visto tantos machucados assim.

Mas para Minho era normal, não era a primeira e nem a última vez que ele se machucava da mesma forma e sim, ele já havia se acostumado com a dor, mas aquela sensação pulsante e pontadas agudas que deixavam as suas mãos com um formigamento estranho ainda o irritava um pouco.

Mas com tamanha normalidade ele mentiu, não tinha necessidade alguma do garoto saber sobre o seu verdadeiro trabalho, não agora, não em um momento como aquele. ━ Machuquei no carro. - Piscou delicado passando os seus dedinhos pelos band aid's que o garoto havia colocado em seus joelhos raladinhos. ━ A porta bateu na minha mão, doeu, ai ai.

Mas o silêncio do garoto voltou à tona, ele soltava um longo suspiro decepcionado enquanto prestava mais atenção na mão de seu padrasto. ━ Não me trate como uma criança, eu tenho quase quatorze anos e eu não sou burro. - Moonbin se ofendeu por perceber que a mentira de Minho foi muito mal contada, ele já o conhecia o suficiente para saber quando ele estava ou não mentindo, mas ele soube que era apenas para o proteger, afinal, não era normal o seu padrasto chegar com as mãos naquele estado, então algum motivo ele teve. ━ Espere um pouco, não saia daí e não tente se quebrar mais. - Murmurou se levantando com dificuldade pela dor sentida em suas pernas e caminhou até o pequeno armarinho de canto que ficava embaixo de um vaso de flores e pegou uma caixinha de primeiro socorros.

O garoto se sentou como um índio, abriu a caixinha e ali tirou um remedinho cujo minho não havia reconhecido, Moonbin o olhou de relance e sem dizer nada, apenas fez um gesto para o mesmo respirar fundo e logo aplicou algumas gotas em seu machucado aberto, aquilo ardia fodidamente, maldito remédio.

Minho fechou os seus olhos por segundos, já que havia sido pego de surpresa, mas assim que abriu novamente os seus olhos se chocou ao ver a calmaria do garoto, que após guardar o remédio, agora abria um pacotinho de gaze e com ajuda de um soro fisiológico limpava todas as partes abertas, tudo isso em completo silêncio e calmaria. Minho quis o agradecer, mas ele, após um dia estressante de trabalho, quis se sentir em paz e tal cena de seu querido filho o ajudando lhe transmitia da mais pura paz.

━ Acabou o normal. - Han se referia aos band aid's, mas ele não se importou e começou a colar todos os curativos rosas da hello kitty que estavam na caixa, eram de sua irmã, mas ele não se importou de usá-lo em seu padastro e Minho mesmo parecia não se importar, já que ao olhar para cima, Moonbin presenciou algo que para ele era diário, o mais velho estava sorrindo todo bobinho com a situação. ━ Que cara é essa? - Perguntou baixinho terminando de tampar todos os locais abertos e fechou a sua caixa de primeiros socorros.

━ Moonbin… - O padrasto piscou lentamente antes mesmo de saber ao certo o que falar para o seu garoto, mas como um desabafo ele disse. ━ Você é o melhor filho que alguém poderia ter, eu te amo. - Mas diferente do que o outro pensou, o garoto não teve uma reação muito calorosa, já que apenas se levantou e guardou a caixinha onde era o seu devido lugar.

Na realidade Moonbin não sabia muito bem o que era amor, ele tinha a decência de saber que o seu pai o amava e que ele sentia algum sentimento pela sua família, mas saber ao certo o que é o amor era complicado para o garoto que nunca conseguiu lidar muito bem com os seus sentimentos. ━ O que isso quer dizer?

━ Que você sabe fazer um curativo legal, você deveria ser enfermeiro. - Falou sincero, sim, Minho sabia bem que o garoto ainda não tinha certeza alguma sobre o que ele queria ou não ser como crescer e ele próprio, após conhecer a tamanha inteligência de seu filho ele percebeu que Moonbin podia ser o que ele quisesse sem esforços alguns.

No fundo Minho ia se achar o melhor pai do mundo se o seu filho se tornasse médico ou enfermeiro, na sua família não tinha ninguém com essas profissões e ele mesmo não teve a oportunidade de estudar já que após o seu ensino médio ser concluído, ele teve que arcar com as responsabilidades do nome Lee.

Não era como se um sonho fosse depositado em seu filho, mas Minho imaginava que o futuro do jovem e brilhante garoto ia ser no mínimo grande.

Mas Moonbin, mesmo odiando e ignorando assuntos ligados ao seu futuro, já tinha uma resposta bem afiada na língua. ━ Não, eu odeio hospitais. - Ele tentou o lembrar, achou melhor já deixar claro para o seu padrasto que ele nunca faria nada relacionado a saúde, já que postos de saúde e hospitais o faziam lembrar de sua falecida mãe. ━ Mas eu te prometo, quando você ficar velhinho, eu vou cuidar de você e do meu Pai. - O avisou sincero lhe dando tapinhas nos ombros como um certo consolo.

━ Eu nunca vou ficar velho. - Minho riu ao se levantar.

━ Se o senhor continuar assim, não mesmo. - O garoto ousou sorrir para o padastro que apenas negou meio brincalhão com a cabeça e seguiu o seu caminho até as escadas.

Após se despedir de Moonbin, que quis permanecer no chão da sala, Minho decidiu ir para o seu quarto e finalmente descansar após o seu cansativo dia, com passos pesados e arrastados, ele subia as escadas tomando cuidado para não fazer barulho e acordar a sua pequena filha Youngsun que sempre teve um sono leve.

Ao girar a maçaneta da porta, entrou em seu quarto, cujo ambiente era desvalorizado pelo simples escuro, sendo que apenas uma luz azul, saindo de sua janela iluminava alguns pontos do quarto.

Lee percebeu que Han estava ali, o esperando, sentado na pontinha da cama segurando uma garrafa de whisky enquanto observava o céu escuro e pouco azul que a noite o mostrava. Minho soube que ele não ia descansar tão cedo, então assim que fechou a porta, a trancou logo em seguida,  de modo silencioso se aproximou do marido,  que até aquele momento estava calado, ainda fixo no céu sem graça e sem estrelas que ele acompanhava pela janela.

Minho sentiu, antes de tudo, um cheiro forte de whisky que conseguia ser pior do que o seu cheiro de cerveja e cigarros, ele relevou, Jisung estava mal. Depois percebeu a melancólia nos olhos do seu amado, que parecia estar desnorteado de tanto pensar e beber, com carinho Lee encostou a sua mão sobre o ombro do Han e falou baixinho para não o assustar. ━ Querido?

Os olhos vermelhos, cansados e de profunda tristeza se perderam ao olhar para baixo, a bebida havia afrouxado a sua linha de raciocínio, o que trouxe à tona memórias dolorosas que ele preferiria esquecer.

Jisung, com os seus olhos vazios e perdidos, desviou o seu olhar da janela e olhou nos olhos preocupados de Minho, mas, por vergonha, seu olhar caiu novamente até a garrafa de whisky que estava já pela metade. ━ Minho, meu amor, eu nem percebi que você tinha chegado, eu estava olhando essa noite linda. - Sua voz saiu embolada, mas ainda sim doce, mesmo embriagado, ele tentou não preocupar o seu querido marido. ━ Quer? - Ergueu a garrafa com um belo sorriso nos lábios. ━ Eu não te conheço, você é um estranho que dorme comigo, então eu não sei se você gosta ou não de beber.

Lee o entendeu e pacífico se aproximou. ━ Você está se sentindo bem? - Minho o perguntou, não, Jisung não estava nada bem, mas Minho apenas não soube o que fazer ou perguntar.

Han se levantou meio zonzo, a garrafa acabou caindo no chão e sujou todo o seu tapete felpudo, mas ele não se importou, apenas deu alguns passos até a sua janela e ali ele apoiou os seus ombros observando a sua rua vazia, escura e silenciosa.

━ Eu tô bem, só estou pensando na vida, no caso, pela primeira vez em muito tempo, eu tô pensando apenas na minha vida. - Desabafou excitado com a ideia de ter o direito de pensar um pouco em si mesmo, mas, ao perceber que aquilo que estava em sua cabeça desde o começo daquele mês fazia sentido, ele se frustrou. ━ Cara, eu não tenho propósito nenhum na minha vida. - Jisung riu ao observar Minho que se calou no intuito de ouvi-lo. ━ Tipo, eu nasci, fui abandonado pelo meu pai, minha mãe trocava de homem toda semana e quando eu consegui um padrasto permanente ele me batia, eu contei isso pra você, né? - Os olhos brilhantes do jovem Han apareceram. ━ Eu não sei o que é viver, eu só aprendi a sobreviver e isso é cansativo.

Minho se frustrou por não saber como ajudá-lo, era algo muito pessoal para ele apenas o consolar ou ignorar, então ele decidiu apenas escutá-lo, até porque apenas desabafar às vezes podia o ajudar, mas aquilo pareceu incomodar Minho, que em silêncio tirava um isqueiro e a sua caixinha de cigarros de seu bolso. ━ Sim.

Mas o sorriso brilhante, junto ao olhar exausto de Han permaneciam junto com as palavras e informações obscuras que Lee apenas sabia por cima.

━ Sabe, meu padrasto me batia e quando não batia ele me obrigava a transar com ele. - Os olhos de Jisung se desviaram da rua vazia e se fixaram em Minho que não teve nenhum tipo de reação, ele apenas tragou o cigarro e observou algumas árvores de sua rua. ━ E eu me acostumei com isso, mas eu tinha idade do Moonbin e eu não gostava daquilo.- Han cambaleou para trás, mas antes mesmo de cair, ele pegou a garrafa de whisky no chão, mesmo que uma parte do líquido houvesse se derramado no chão ele se alegrou ao ver que ainda havia lhe restado algumas boas goladas na garrafa. ━ Eu achava melhor apanhar até não levantar do que ter que fazer o que ele pedia, tirar a roupa e dar para aquele cara doía tanto, eu acho que meu corpo era tipo muito pequeno para aquele tipo de coisa, eu não gostava mesmo, ele me machucava tanto que eu fugi de casa e me enfiei na casa da única pessoa que cuidava de mim, e mesmo sendo só a chefe da minha mãe, a minha ex mulher era muito boa, mas depois ela só começou a fazer as mesmas coisas que aquele homem, como se fosse a minha obrigação.

Jisung não gostava, mas tinha se acostumado.

Minho continuou calado, mas ele sentiu, seu coração estava batendo mais forte, o seu corpo se paralisou e mesmo que lutando para se manter calmo, um choque percorreu por todo o seu corpo, porra, por todos os deuses, ele tentou se manter calmo, tentou ser a merda do marido dos sonhos, o calmo e companheiro marido que o seu amado Jisung sempre quis, mas Lee simplesmente não sabia muito bem como fazer isso. Seu sonho era caçar cada puto que fez da vida de seu marido ruim e os esfaquear até a morte, mas não era como se Han concordasse com tais atos.

Jisung tocou no rosto de seu marido e delicado se aproximou mais do outro que permanecia calado. Han não conseguiu o decifrar, o Lee não teve reação alguma ao seu desabafo e aquilo o irritou, ele não estava a procura de um marido calado, ele queria ser protegido e consolado, mas infelizmente nem ao menos isso estava em sua consciência embriagada.

━ Eu fico chateado quando você fala da minha ex mulher, eu não gostava de estar com ela, mas ela não me machucava tanto e era legal comigo e eu a conhecia. - Ele sorriu positivo, infelizmente o jovem bêbado nunca conseguiu ver o quão errado era o seu relacionamento com a falecida Lee Jooyeon, às vezes, inconscientemente ele se pegava comparando o seu atual casamento com o seu casamento anterior e ele percebia o quão bem a sua falecida mulher havia o feito. ━ Eu comia bem e não tinha que ficar a noite inteira acordado esperando que alguém entrasse no meu quarto e fizesse coisas comigo enquanto colocava alguma coisa na minha boca para eu não gritar.

Era perturbador em como Jisung falava tais coisas horríveis com total naturalidade, Minho não o aguentava ouvir mais, porém ele foi forte, se controlava para ser um bom ouvinte e ignorava o fato do mais novo falar todas aquelas atrocidades com um sorriso no rosto.

Mas, em meio a tantos sorrisos falsos, um sorriso verdadeiro surgiu. ━ E ela também tinha o Moonbin. - Lee pode, por um breve reflexo, observar os olhos do seu querido marido bêbado brilharem, não era segredo de ninguém que Jisung era apaixonado por seu enteado, Han Moonbin. ━ Você tinha que ter o conhecido naquela época, ele era um garotinho tão fofo e ele tinha uma mecha do cabelinho dele que ficava pra cima, como se fosse uma anteninha. - Comentou com um sorriso puro no rosto, não deixando de gesticular animado com as mãos. ━ Mas é isso, eu vivi toda a minha vida sendo usado pelos outros, sabia que eu nunca fui feliz? Nunca tive a famosa felicidade em minha vida. - O perguntou ainda usando de seu brilhante sorriso e respirou fundo o tirando do rosto ao dar mais algumas goladas na garrafa. ━ De verdade mesmo, eu nunca me senti bem, todo mundo sempre fez o que bem entendia comigo e eu sempre tive que concordar.

Todos, menos Minho, o mais novo soube que era uma grande mentira, havia pessoas boas em sua vida, assim como os seus amigos e o seu marido, mas naquele momento, ele apenas conseguia se frustrar cada vez mais ao perceber que a felicidade era quase inalcançável.

Mais uma vez ele ergueu o seu rosto apontando para o maridinho, sua confissão não pareceu ter tanto peso, mas as suas palavras, assim que absorvidas, eram como agulhas no coração não tão frágil de seu marido, que tentava ouvi-lo com tamanha compreensão.

━ Eu nunca reclamei de passar fome quando criança, de ser maltratado, abusado, ser manipulado, me casar sem eu de fato amar ou ter que lidar com a morte da mãe dos meus filhos, eu nunca reclamei de nada. -  Han sentiu as suas próprias palavras atravessarem seu peito. Por um instante um silêncio doloroso pairou no ar. Então com voz trêmula ele continuou, ainda baixo. ━ Eu não tive escolha sobre a minha vida e futuro e eu não reclamei, desculpe por tudo Minho, mas eu nunca reclamei sobre nada vindo dela. Ela me deixou duas crianças para cuidar, eu estava sozinho e eu segui conformado com tudo porque eu não podia simplesmente fugir.

Minho o compreendeu, mas em vez de responder o desabafo com palavras, ele apenas concordou lento com a cabeça sabendo que Jisung estava longe de terminar.

Bagunçou seus cabelos tentando colocar todas as suas ideias em ordem e apontou mais uma vez para o marido, que permaneceu calado, aquilo o irritava. ━ Mas agora, eu só quero fazer a porcaria do meu papel como pai, eu só não quero que os meus filhos passem pela dor horrível que eu passei, porque eu sei bem, eles não vão conseguir viver bem sem uma boa atenção, se eles forem separados então… - Ouviu-se primeiro o som de uma moto passando pela rua, aquilo o tirou do foco, mas após um longo suspiro, Jisung terminou. ━ Eu queria mesmo era a minha família de volta, sem todo esse…

━ Eu acho que você deveria…- Minho não conseguiu terminar o que quis tanto falar, seu marido tampou a sua boca com uma das mãos o impedindo de terminar o conselho.

Jisung não podia admitir, nem ao menos sequer pensar em imaginar os seus filhos sendo separados.

Apenas uma lágrima solitária escorreu pelo rosto de Han, que logo a limpou por não achar certo chorar em um momento como aquele, mas a sua voz mole e arrastada o deixou terminar, o pai piscou algumas vezes desnorteado pela sua falta de equilíbrio e fechou os olhos tentando conter a tontura.

━ O Moonbin é difícil, ele é reservado, meio inocente e tem alguns problemas com comunicação e adaptação, você não vai entendê-lo, ninguém o entende, mas eu consigo cuidar dele. - Jisung soube bem o do porque de seu querido filho ter alguns problemas recorrentes aos seus próprios sentimentos e personalidade, mas ele resolveu não compartilhar com o seu marido, não naquele momento. ━ E a Youngsun… as pessoas não compreendem o quão boa ela é, eles vão querer mudá-la e eu não posso deixar isso acontecer. - Concordou com a cabeça abrindo os seus olhos, agora sim, Youngsun era uma garota que Minho provavelmente entenderia, eles tinham quase a mesma personalidade. ━ Eu não sou um bom pai, mas eu não quero que a minha filha seja infeliz, eu não quero o meu filho sofrendo nas mãos de algum desconhecido.

Mais uma vez, o Lee escolheu permanecer no silêncio, ainda tragando mais da nicotina em seu cigarro, apenas aquilo o acalmava.

━ Pare de fumar, me responda, qualquer coisa. - Jisung se irritou, alterado pela bebida alcoólica, ele avançou em Minho pegando o cigarro de sua boca e o amassando com a mão. O Han não sentiu, pois estava embriagado, totalmente dopado pelo álcool em seu corpo, mas a brasa que queimava na ponta do cigarro havia queimado a palma de sua mão. ━ Fala alguma coisa, seu idiota.

Minho se chocou ao ver o seu marido amassar o cigarro e por um reflexo mal calculado junto do estresse que havia passado por todo o seu maldito dia, Lee o puxou grudando uma de suas mãos na gola da camisa de Jisung, enquanto a outra apertava o seu pulso.━ Porra Jisung. - Falou alto, mas com força o obrigou a abrir a sua mão, que assim que aberta, recebeu um tapa, para que o cigarro, que havia o queimado, saisse de uma vez de sua mão.

Jisung não reagiu, apenas o observou com um sorriso aberto, ainda chocado com a reação inesperada de Minho. Até porque, há meses atrás ele havia prometido nunca o machucar, mas na primeira falta de paciência, Jisung já havia saído com o pulso dolorido após um ato repentino de violência.

━ Ei, vai me machucar também? Assim como todo mundo, né. - Jisung riu mais uma vez passando delicadamente as suas mãos pelo rosto de Minho que desviou o olhar irritado e arrependido pelo seu ato. ━ Maridinho mal. - Lhe deu alguns tapinhas nas bochechas se aproximando mais de seu rosto, embriagado, o Han achou toda a situação cômica.━ Ah, não, você também gosta de bater, eu esqueci, vem, me bate enquanto eu te… - Não terminou a frase, suas mãos percorreram do rosto do mais velho, até a sua cintura. ━ Pode bater, pode ser na cara, eu sei que você também quer fazer isso, você já deve ter se cansado de mim, afinal, você só se casou mesmo porque não podia ter filhos, que burrice, agora você tem que lidar com todas essas merdas e o pior, tem que lidar comigo.

Sua visão pareceu falhar e os seus olhos se encheram de lágrimas, Minho não entendeu o porquê que aquelas palavras haviam o machucado tanto, mas no fundo ele deveria saber de suas próprias verdades. E sim, aquela era a verdade, mesmo que às vezes os dois se esquecessem do verdadeiro propósito, ambos apenas estavam juntos por conflitos de interesses.

Jisung não amava Minho, ele nunca o amou de fato, nem ao menos uma escolha sobre o casamento ele teve, mas ele não pode negar que o mais velho havia o conquistado de alguma forma, eles se davam bem, conviviam em harmonia e estavam passando por todas as provas da vida como uma verdadeira família, Jisung tinha em quem se apoiar e era bom, mas amá-lo era diferente, amar uma pessoa cujo ele nem ao menos conhecia bem era quase impossível.

E Minho amava a vida que tinha, finalmente ele havia conquistado o que sempre quis, uma família. Como já dito uma vez, Minho tinha azoospermia, uma condição que lhe dava a ausência total de espermatozoides no sêmen ejaculado, aquilo o impossibilitava de ter o que desde muito pequeno ele sempre quis, filhos.

E mesmo pensando em adoção, entre outras resoluções, Minho ainda lidava com a porcaria do fato de que, ele não queria que em um futuro próximo, os seus filhos sofressem com uma vida como a dele, não, Minho nunca foi triste, mas ele infelizmente, desde muito pequeno, teve que aprender a se defender e ter uma certa malícia com a vida. Porra, ele apenas queria ter uma boa família, mas pareceu que aquilo era impossível.

Ainda mais com o passado de Han, que parece nunca de fato ter o superado, não que seja fácil, nem ao menos ele mesmo conseguia o compreender 100%.

━ Eu…- Minho tentou se explicar, observando a marca avermelhada no pulso de Jisung. ━ Jisung, para com isso, por favor. - A sua voz saiu trêmula, pareceu, por um momento, que algo estava entalado em sua garganta, era estranho e amedrontador, ele nunca havia se sentido assim.

Mas, diferente de Minho, Jisung já estava acostumado com tudo aquilo, para ele era apenas um dia ruim, um machucado e mais uma frustração, novamente, ele achou cômico, pois após machucá-lo, Lee ousou o olhar de forma entristecida. Han não o entendia.

━ Mas olha, se você deseja, pode me machucar o quanto quiser, é só me prometer uma coisa. - Seu olhar se fixou nos olhos arrependidos de Lee que tentava lidar com a situação. ━ Não deixe ninguém tocar neles, você é um bandido mesmo, uma pessoa ruim, faz qualquer merda, se quiser pode machucar quantas pessoas você quiser, mas não deixe que eles saiam de perto da gente, eu não quero que os meus filhos…

Mas Minho respirou fundo, e o virou, Jisung cambaleou zonzo com a ação do outro que apenas o guiou contra a sua vontade até o banheiro. ━ Para de falar merda, vamos tomar banho, você já passou dos limites. - Minho, após entrar no banheiro ligou o chuveiro e o regulou para o modo mais gelado possível e deu dois passos para trás observando por um tempo o Han que estava ainda meio zonzo e apenas o puxou e o empurrou para dentro do box tampando a sua boca para o impossibilitar de gritar pelo frio.━ Senta aí, sem escândalo. - Minho mandou calmamente, enquanto o observava ainda irritado. ━ Você nasceu para me testar mesmo, mas hoje você estrapolou todos os seus limites, então cala a porra da boca e tenta ficar sóbrio de novo, que eu não te aguento mais bêbado. - Lee segurou no box de vidro observando fixo Han completamente enxarcado e trêmulo pela água gélida que caia sobre o seu corpo.

━ Você não deveria tratar alguém que te ama assim, esqueceu que eu sou o seu maridinho?  - Jisung fez um biquinho delicado enquanto segurava a mão de seu marido, que antes tampava a sua boca.

━ Eu queria que fosse verdade. - Minho murmurou quase inaudível ao olhá-lo por um breve momento.

━ Eu te amo mesmo, agora Minho… - Han tentou, mas mesmo erguendo os seus braços, ele não conseguiu alcançar Lee, que deu dois passos para trás em silêncio.

━Não ama, é a bebida, mas tudo bem. - Confessou se virando, Lee caminhou até a pia e logo molhou o seu rosto com a água corrente dali. ━ Eu queria mesmo ter uma boa família, filhos pra criar, alguém para me amar e ser amado, mas eu não posso ser egoísta, primeiro vamos consertar o seu problema e depois…

Mas uma risada sincera e gostosa vinda do Han o chocou. ━ E você acha mesmo que ainda vamos ter uma? - Seus lábios roxinhos e trêmulos formaram um belo sorriso maldoso. ━ Nunca vamos ser algo, nunca vamos ser felizes. - Cantarolou tentando se erguer, mas ao pisar falso, escorregou e caiu mais uma vez de bunda no chão frio e molhado. ━ Você é um idiota por achar isso.

Minho, silencioso, se aproximou novamente do box e se assustou com a pequena queda do marido, infelizmente, Lee se preocupou mais uma vez com o Han.

━ Eu sou um idiota, mas pelo menos eu sou verdadeiro. - Minho respondeu desabotuando a camisa encharcada de seu marido. ━ Mas que se dane, faça o que quiser com a sua vida, após tudo isso passar, eu não acho que será possível sermos felizes mesmo. - Confessou sincero. ━ E eu não vou mais insistir, mas eu vou cumprir com a minha parte do acordo, não acho que os seus filhos mereçam ser separados ou tirados de você, então eu farei isso apenas por eles e depois, eu prometo que eu faço o que você sempre quis, eu assino os papéis do divórcio.


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