03 | Brisa
— Pode deixar que eu falo com ela, prima. – Taehyung interviu.
— mas ela ta com uma boa proposta...
— você realmente quer que um negocio de família vire uma franquia de fast food? – ele falou sussurrado. – porque é exatamente isso que vai acontecer.
— admito que ver nossa massa artesanal sendo substituída por algo industrial vai me cortar o coração... – ela suspirou. – é parte cultural da nossa família que imigrou da Coreia do Sul.
— exatamente, o dinheiro não é tudo nessa vida. – ele falou. – temos que preservar a nossa tradição.
— bom, então eu vou pegar algo pra vocês beberem.
— sim, por favor. – ele pigarreou. – porque a conversa vai ser longa.
Pelo pouco de interação que tiveram antes, Taehyung já imaginava que não seria nada fácil convencer Joohyun de desistir da compra. Não apenas porque ela tinha dinheiro o suficiente, mas também por ele não ter sido a pessoa mais simpática possível no dia anterior.
Alguns clientes ricaços do hotel odiavam ser contrariados. Não era raro Taehyung ter que apaziguar cenas de estrelismo. Ele suspirou fundo, rezando para que não fosse o protagonista de mais e não descontar nele a sua decepção de horas atrás.
— Que coincidencia boa encontrar a senhorita aqui, joohyun. – ele se curvou. – posso me sentar pra fazer companhia?
— claro que sim. – ela falou. – eu realmente fiquei admirada em saber que esse restaurante era da sua família.
— ah, a Haerin já te contou? – ele fuzilou a morena, que entrou com duas tequilas na bandeja. – falou mal de mim também?
— não, ela foi muito gentil. – joohyun assentiu.
— aqui, é por conta da casa também. – a garçonete ignorou seu primo e apenas se dirigiu a Joohyun.
— ao contrario do primo. – ela olhou profundamente nos olhos do moreno enquanto tomava um gole do drink.
— não me leve a mal, Bae... – ele engoliu seco. – eu apenas sou uma pessoa estreitamente profissional.
— e agora você não está sendo?
— Não, eu estou fora do meu local de trabalho. – Ele seu um meio sorriso. – e gostaria de mostrar que sou tao gentil quanto as outras pessoas de minha família.
— como?
— se me permitir, posso apresentar um pouco a parte da ilha... – ele falou. – posso ser seu guia turístico.
— hum, eu aceito. – ela sorriu. – mas só depois que eu falar com o dono do lugar..
— meu tio não é uma pessoa muito sociável...
— ah, então você puxou a ele, é? – ela riu.
— Em partes. – ele riu sem graça. – acredito que puxei mais o lado profissional dele, porque ele odeia deixar a cozinha.
— ai, sério?
— claro que sim. – ele olhou de relance pra Haerin e levantou o tom de voz. – ele gosta de ficar na cozinha até o final do expediente.
— poxa, não tenho todo esse tempo pra falar com ele... – ela suspirou. – ainda mais quando alguém se oferece pra ser um guia turístico, é melhor aproveitar.
— claro, estou ao seu dispor! – ele sorriu.
— tem como esperar eu terminar meu prato?
— claro! – ele falou. – também vou pedir alguma coisa pra comer e logo vamos.
Joohyun sorriu e terminou seu marcarrão com um sorriso no rosto Taehyung odiava admitir, mas aquele era um sorriso muito bonito.
[...]
O clima estava agradável naquela noite. As estrelas do céu pareciam mais iluminadas do que o de Tóquio, por ter menos iluminação artificial dos prédios interferindo na paisagem. A brisa da orla da praia refrescava o clima levemente quente e úmido.
— sabia que eu entrei na lanchonete da sua família pra pedir recomendações do que fazer também? – ela puxou assunto enquanto caminhavam.
— acho corajoso de sua parte viajar sozinha, sem guia nem nada.
— deveria ser um direito de todo mundo ir e vir sem preocupação. – ela falou de modo tranquilo. – mas eu só me arrisquei a vir porque falo inglês.
— é verdade, faz muito tempo que eu não ouvia um inglês com sotaque sul-coreano. – ele riu. – me lembrou dos tempos em que eu e minha família mudamos pra cá.
— Caramba! A família inteira se mudou?
— sim, meus avós se apaixonaram pelo lugar. – ele falou. – e como eles trabalhavam com macarrão, a maior barreira foi a língua e não o emprego em si.
— que bom que os havaianos aceitaram bem o estilo ramen... – ela riu. – porque quando eu viajo pra praia, fico com vontade de comer pratos mais leves.
— é, foi por isso que o nosso restaurante adaptou a receita tradicional. – ele falou. – e tanto os nativos quanto os turistas gostaram.
— é muito bom sim, devo admitir. – ela sorriu. – um dos Ramens mais gostosos que comi na vida.
— não me leve a mal, porque sei que você é dona de uma rede de fast food... – ele pigarreou. – mas comida caseira é bem melhor.
— ah, nisso eu concordo. – ela falou. – mas quando se mora sozinha e quase não se tem tempo pra cozinhar, se torna inevitável.
— não me diga que você se alimenta de fast food todo dia? – ele parou de súbito. — achei que você fosse milionária o suficiente pra comprar as coisas mais caras.
— A questão nem é tanto o dinheiro em si... – ela também parou. Não conseguiu completar a frase, porque apesar dela ter dinheiro, nunca considerou em gastar muito com comidas caras e orgânicas ou até mesmo um cozinheiro particular. De fato, joohyun tinha perdido a importância na refeição, tinha parado de se cuidar, desde que sua mãe partira.
— ah, desculpe. – ele falou ao perceber que ela tinha mudado de expressão. – sei que nem sempre comida cara é sinônimo de saúde...
— não, você tem razão. – ela suspirou. – faz um tempo que eu só me preocupo com o trabalho e esqueço de cuidar de mim mesma.
— Ah, então você é uma workaholic?
— basicamente, sim. – Bae estalou a língua no céu da boca, um pouco tímida.. – tentei fazer essa viagem pra tentar me desconectar do trabalho, mas não consigo!
— acho que a melhor maneira de relaxar não é pensar tanto no futuro. – Aconselhou. – não pense em investimentos, essas coisas e só aproveite o momento.
— é uma frase bem clichê, senhor Taehyung. – ela riu. – mas pode ser que funcione.
— é claro que vai funcionar, porque eu sou um ótimo guia turístico. – ele falou. – vou fazer você se esquecer de investimentos, dinheiro...
— ótimo, então pra onde o senhor guia vai me levar?
— não prefere saber no local? – ele riu. – já ta desistindo sobre o que eu disse de viver o momento?
— acontece que eu sou ansiosa! – ela argumentou. – e estou pensando no momento que vem a seguir.
— Tá certo... – ele relaxou por um momento. – vou te levar pra um luau, com cantores nativos.
— parece com algo que eu poderia achar facilmente.
— acontece que não é uma festa qualquer. – ele pigarreou. – como estamos em época de lua cheia, é um luau tradicional.
— então a palavra luau vem realmente da palavra lua! – ela pareceu interessada. – é muito óbvio, mas nunca tinha parado pra associar!
— as pessoas banalizaram o significado de luau, e hoje em dia não usam mais pra saudar a lua.
— tudo isso pra ganhar dinheiro. – Bae pareceu incomodada. Como se refletisse sobre algo.
— exatamente... mas como esse é um luau de acesso restrito e você vai poder conhecer os pescadores, os artistas daqui... – Taehyung sentiu a brisa tocando seus cabelos. – é tudo bem simples, mas muito bem feito.
— pois é exatamente isso que eu quero. – ela sorriu.
— ótimo, então venha por aqui. – ele fez um gesto para que ela o acompanhasse por dentro a mata densa. Mesmo de longe, era possível ver alguns feixes de luzes, além de um batuque ritmado de tambores.
E o coração de Joohyun se acelerou junto com o som, completamente ansiosa com o que estaria por vir.
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