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4 | Corrida frustrante & Segredos prazerosos

— Olha só, um personagem misterioso aparecendo convenientemente do nada! — Jimin exclamou enquanto virava-se para encarar a voz. — Não podia esperar por melhor.

Dengo, por outro lado, olhou assombrado, a mão apoiada no peito para tentar recuperar o susto que levou. Jimin gargalhou ao observá-lo e mais ainda ao olhar a nova companhia. Estava amando aquele mundo, tudo era muito engraçado.

A terceira voz pertencia a um velho. E o velho pertencia àquele mundo, só que mais ou menos. As roupas eram todas coloridas, das cores do arco-íris e muito provavelmente comestíveis, e ele utilizava uma bengala doce para apoiar-se e um chapéu de alcaçuz.

Seria um NPC esperado se seu rosto não fosse o estereótipo de um redneck. Idoso, claro, porque NPC de jogos tinham que ser velhinhos. Tinha um pedaço de trigo na boca e Jimin começou a refletir se teriam que dirigir um trator. A proposta de sair dirigindo com algo daquele tamanho pareceu tentadora.

— Isso quer dizer que você quer correr? — o velho respondeu confuso, não estava no seu repertório de falas.

— Sim! — Jimin teve que tomar a iniciativa novamente já que Dengo ainda estava recuperando-se da aparição repentina. — Quais são as regras do jogo?

— Entra em um dos carros... — Apontou o começo da pista, onde magicamente apareceram alguns carros coloridos. — E ganha.

— Bem simples. Nada mais? — Jimin perguntou.

— Parece pouco? — o velho respondeu.

— Claro que não. Eu e o meu dengo aqui vamos participar, não é? — Segurou o braço do outro, que apenas meneou a cabeça em concordância, ainda um pouco confuso com o ritmo das coisas.

Caminharam até os carros que apareceram, o velho indo logo atrás. Para a tristeza de Jimin, eram carrinhos de corrida pequenos, das cores do arco íris e com rodas de biscoito recheado, não tratores, mas achava que ia sobreviver. Ao acomodar-se no banco de jujuba do carro, percebeu que ele só tinha os pedais do acelerador e do freio. Aquilo seria engraçado.

Dengo, no carro ao lado, não parecia nem um pouco animado com a competição e Jimin, que esperava que ele fosse competitivo por ser fácil de irritar, murchou um pouco. Os outros carros desapareceram e o feiticeiro ficou ainda mais desanimado, achando que ia, no mínimo, ter que competir contra alguns NPCs do jogo. Aquilo estava fácil demais.

O velho deu largada apertando o gatilho de uma pistola estranha e colorida que atirou um bombom bem na cabeça do Dengo, que resmungou enquanto dava a partida no carro bem depois de Jimin, que já ria de sua cara lá na frente. A sorte era que a pista estava vazia, ou com certeza teria atropelado alguém por causa da distração.

Dengo nunca tinha dirigido na vida, então não saberia opinar muito bem, porém Jimin já tinha e estava achando a tração da pista e do carro feitos de doce muito estranha. Esperava não morrer se capotasse apenas. Pelo menos o ventinho da alta velocidade era maneiro, apesar de todo o lugar ter um cheiro tão açucarado que era enjoativo.

O feiticeiro passou pela linha de chegada primeiro e freiou, esperando seu Dengo aparecer também. Quando ele também concluiu a corrida, parando seu carro ao lado do outro, ficaram em silêncio, olhando ao redor.

— Era pra alguma coisa acontecer? — Dengo perguntou.

— Se era eu não sei, mas que eu tinha esperanças, sim. — Jimin cruzou os braços e torceu o nariz, desgostoso. — Não acredito que os filmes em mundos de jogos mentiram pra mim.

— Talvez você tenha assistido os errados.

— E você lá tem alguma ideia melhor? — retrucou e o homem maior ficou calado, comicamente espremido no pequeno carro de corrida de doces. — Vamos tentar de novo, tenta ganhar de mim dessa vez.

— Ok.

Gritaram que queriam apostar corrida novamente e, magicamente, eles e seus carros apareceram novamente na linha de largada e o velho mirou a pistola com o bombom mais uma vez no Dengo. Felizmente, dessa vez estava mais preparado e aquilo não atrasou sua largada.

Ganhou a corrida do Jimin, mas novamente nada aconteceu e os dois bufaram frustrados. Tentaram mais uma vez, tentando cruzar a linha de chegada ao mesmo tempo, esperando alguma lição de moral do destino sobre trabalharem juntos, porém, novamente nada aconteceu.

Aí acharam que o problema poderia ser estarem competindo sozinhos e convidaram primeiro o velho redneck e depois fizeram este até mesmo teletransportar o soldado ursinho azul — muito irritado, diga-se de passagem — para competir também. A ideia parecia promissora, mas também mesmo depois de perderem e ganharem dos seres daquele lugar estranho em todas as combinações de probabilidade possíveis, nada aconteceu.

Nada.

Derrotados, abandonaram a pista de corrida — ouvindo xingamentos do General Ursinho — e andaram a ermo até encontrar em uma casinha de doces, que acharam apropriada para um descanso. Entraram nela esperando encontrar algum tipo de bruxa má, porém esta não apareceu. O lugar estava completamente vazio.

Jimin olhou a casa. Exceto o que parecia um banheiro — como era feito o saneamento de um mundo de doces? Parecia pouco salubre e eles magicamente não sentiram fome, sede, nem vontade de botar nada pra fora até então —, toda a casa possuía um único aposento. A sala com um sofá de doce, uma cozinha que parecia muito pouco funcional por tudo ser contruído de gelatina e um espaço com uma cama de solteiro estavam todas ao alcance da visão.

O feiticeiro mergulhou na cama, suspirando de satisfação. Obviamente, transformou o suspiro em uma espécie de gemido para provocar o Dengo, porém o outro estava ficando mais vacinado contra suas investidas. Pescou seu isqueiro no bolso da calça de vinil, acendendo-o.

— Cuidado pra não derreter a casa... — Dengo avisou enquanto acomodava-se no sofá da casa misteriosa. Uma parte dele queria continuar andando por aí até achar uma solução, mas estava cansado. Definitivamente, muito cansado.

— Fica quieto, respeite a conversa dos outros! — Jimin resmungou, os olhos ainda atentos e fixos nas chamas. Daquela vez, seu pai tinha falado algo que poderia ajudá-lo a sair dali e deu um sorriso largo e malicioso. Era uma boa ideia e fazia um certo sentido se considerassem a lógica pouco consistente de todos os acontecimentos. A questão era se conseguiria colocar o maior desafio que teve em prática. — Obrigado, papai, te amo!

— Seu pai é um isqueiro? — Dengo perguntou confuso.

— Bonito ele, né? Um Zippo de alta qualidade, por isso que eu nasci lindo assim, puxei ele.

— Isso é ironia, não é?

— O que você acha? — Jimin deu uma risadinha, fechando a tampa do isqueiro e levantando o olhar sempre astuto para o Dengo, que engoliu em seco. Cada vez mais assustava-se com a influência que o outro tinha sobre ele.

— Eu comecei a parar de duvidar de você, então só espero a hora que você quiser falar alguma coisa.

— E você acreditaria no que eu falasse?

— Esse é outro problema, né... difícil dizer. Acho que só estou existindo, pra variar.

Jimin levantou uma sobrancelha com o comentário e aproveitou a brecha que achou ter enxergado para pular para fora da cama e caminhar com elegância até o sofá. Acomodou-se confortavelmente de frente no colo do Dengo, que engoliu em seco.

Encarou profundamente os olhos dele antes de levantar a mão pequena e começar a contornar a sobrancelha arqueada com o polegar, escorregando pela madíbula até o queixo. Fez com que ele olhasse para cima, em sua direção. Dengo corou e Jimin sorriu mais ainda.

— Sou um feiticeiro, filho de Loki — explicou. — E aí, parece crível o suficiente?

Dengo apenas assentiu fracamente com a cabeça, como se estivesse preso no olhar grudado ao seu. Aquilo tudo parecia muito hipnotizante para ele. Feiticeiro. Fazia sentido, sentia-se preso em um feitiço.

— Consigo ler e controlar as chamas... — sussurrou, acariciando o rosto alheio com cuidado. Dengo arregalou os olhos quando a voz tornou-se subitamente feminina. Agora, tinha uma bela mulher no colo, que lhe deu um sorriso sacana entre os lábios pintados de vermelho que atestou que aquele ainda era Jimin. Só Jimin conseguia dar um sorriso daqueles. — Me metamorfosear também, no que eu quiser. Uma mulher, égua, mosca, pássaro... qualquer coisa. Mas sinceramente, eu gosto muito de conquistar as coisas com meu próprio rostinho, você não acha que sou bom nisso?

Dengo assentiu com a cabeça prontamente, sentindo-se patético por aquilo.

— É um dengo mesmo... — Jimin beijou sua bochecha, voltando à sua forma masculina novamente. Não que esta fosse exatamente máscula também; tal habilidade lhe ensinara a ser apaixonado por vários elementos de suas várias formas, que adotava para serem suas. Ambíguo, porém apenas se quem olhasse tivesse uma definição excessiva das duas faces da moeda. — Você não deveria me olhar nos olhos assim, posso manipulá-lo desse jeito.

— Foi isso que você fez logo antes de sermos transportados para cá? — sussurrou, enchendo-se de compreensão aos poucos. — Fiquei com muita vontade de te contar meu nome.

— Sim, quase consegui, mas fui interrompido por este pequeno detalhe que estamos vivendo. — Riu. — Mas vou descobrir de outras maneiras, não irei te manipular, fique tranquilo.

— Por quê?

— O quê?

— Você não me manipula e descobre de uma vez? Com o seu poder, você poderia ter descoberto desde o começo da conversa.

— Porque não é divertido desse jeito. — Jimin gargalhou antes de inclinar-se e roçar os lábios nos alheios. Dengo suspirou, excitado e frustrado por logo perder o toque e pelo olhar provocador nas orbes do outro. — Agora temos tempo de sobra... e eu quero que você implore para que eu te chame pelo nome, porque não consegue mais resistir. Não consegue mais ficar quieto em não saber como ele soa na minha voz, como eu provo ele na minha língua.

— Você soa muito confiante sobre isso.

— E você bastante excitado comigo — devolveu, Dengo corou.

— Você não tá me manipulando agora mesmo?

— Com meus poderes, não. — Jimin saiu do colo dele, sentando-se displicentemente ao seu lado no sofá. Dengo não poderia negar que o calor e o peso do corpo do outro no seu foi bom. — Com minha lábia... quem sabe? Mas pense bem, revelei tudo que você queria saber sem ter nada em troca, isso não parece injusto?

— E você quer que eu te ofereça meu nome?

— E tem algo mais a oferecer que eu não saiba? — Serpenteou os dedos curtos e delicados pela camisa branca dele, em uma carícia provocadora. Mesmo assim, Dengo não afastou-se, o que lhe causou mais um sorriso.

— Sou do futuro. Não tem nada que queira saber sobre ele?

— Não, não ligo para ele, sinceramente. No máximo eu estou ligando para você, mas você é minha pequena exceção, meu dengo.

— Então para você meu nome é mais importante do que o futuro da humanidade? — Dengo riu, incrédulo.

— Claro. Com seu nome, eu posso te chamar bem gostosinho, meu dengo... — murmurou, inclinando-se na direção do pescoço do Dengo, apenas para excitá-lo com seu hálito antes de afastar-se com um risinho. — Também posso contar as nossas... hm... peripécias para meu amigo. Detesto contar histórias em que os personagens não têm nomes. Pra mim é mais importante contar sobre o passado como forma de repaginá-lo no presente, é a parte que temos contato direto do Wyrd. As Nornir tecerão o Örlög de qualquer forma, então vou me preocupar só quando ele chegar, só pra quando ele for presente e eu tiver algo a contar sobre ele.

— Quê?

— As Nornir são três mulheres que tecem o que normalmente é chamado de destino. De forma simplificada, eu simplesmente disse que não vejo muito sentido em pensar no futuro, se a parte que temos acesso do tempo é o passado e o presente. E considero que contar histórias sobre estes, enquanto estão acontecendo, é o que os torna reais e faz com que se propaguem através do tempo.

— Então você é um contador de histórias? — Dengo prendeu o riso com a palavra "destino". Ele estava lá mudando, com as próprias mãos, este tão chamado destino antes de ser interrompido por Jimin.

— Pra quem quiser ouvir... mas me defino mais como catalizador de emoções. Amo perturbar, principalmente quem está calmo. Acho que faz bem sentir raiva, irritação, estranheza, nojo, desejo, encantamento e diversão de vez em quando. Só estou fazendo o favor de dar um motivo para que elas sejam sentidas. Você não acha um desperdício não se emocionar?

— Isso não se chama controle emocional? — devolveu, mordendo os lábios.

— Ah, existe isso... Eu, sinceramente, acho que emoções são indomáveis, no máximo conseguimos controlar o que fazemos depois que sentimos elas. Estarão lá, de qualquer forma. Mesmo que você acalme-se e mude de opinião, a emoção ainda foi sentida, sem qualquer tipo de julgamento prévio nosso. Acho ter emoções muito interessante, muito humano. Me irrita profundamente quem tenta abafar e negar elas.

— Não sabia que você era do tipo que se irritava, não parece.

— Cada um tem seu jeito de expressar emoções, eu acho. — Jimin riu. — Mas vamos ser sinceros... Sou apenas um estudante de física que gosta de encher o saco dos outros, não um psicólogo ou qualquer coisa assim.

— E mesmo estudando física você não gosta do futuro?

— Não entendi a correlação. — Jimin deu de ombros. — Minha especialidade é Astrofísica, eu estudo para caralho o passado. Sabe as estrelas que brilham no céu da Terra? É o brilho que esse astro emitiu há um tempão, porque demora muito para a luz chegar até a Terra. A gente literalmente observa o passado dessa estrela.

— É um bom ponto.

— Sempre tenho vários deles. — Jimin riu, confiante. Dengo suspirou, cruzando os braços e olhando para cima, pensativo.

— Posso te contar sobre minha parte da história no seu presente. Com isso, a história pro seu amigo fica mais completa.

— Agora parece que você está falando minha língua, meu dengo... — Jimin levou os dedos ao peito dele, dedilhando até a bochecha e acariciando-a logo depois. Adorava ver que o outro, tão relutante à princípio, já nem tentava afastar mais, apesar de viver uma falha tentativa de manter a expressão firme. — O que fez você virar um stalker, hein?

— Eu não sou stalker! — resmungou e Jimin caiu no riso, quase com saudades daquilo. — Aquela menina ali era minha mãe.

Mommy issues? — Jimin provocou.

— Não, não, só queria afastar ela do meu pai, a combinação deles não é boa... — tentou explicar, mordendo os lábios.

— Ele vira um marido agressivo depois? — Jimin perguntou preocupado, mas o Dengo apenas negou com a cabeça. — Abandonou vocês? Traiu sua mãe?

— Não... não é nenhum problema da sua época. Estou falando da combinação genética deles — respondeu. Dessa vez foi Jimin que ficou confuso e, sendo sincero, Dengo até sentiu um pouco de satisfação em ver aquele cara implicante não ter respostas.

— Combinação genética... é você, não é? Filho deles.

— Isso.

— Você estava tentando não nascer, meu dengo? — Jimin compreendeu a problemática mais rápido que Dengo esperava, segurando o queixo deste e forçando ele a olhá-lo. — Qual o sentido de um homem gostoso desses não nascer?

— Não é nada demais, para ser sincero. — Dengo deu de ombros. — É só que eu sou geneticamente inferior ao resto da população, então não sou um indivíduo com muito espaço na sociedade.

— Que merda de futuro é esse?

— Só o futuro. — Desvencilhou seu rosto dos dedos de Jimin e voltou a apoiar as costas no sofá, olhando para frente. — Existe tecnologia para manipulação genética dos fetos enquanto ainda estão em desenvolvimento no útero. Por questões éticas, é proibido, mas quem tem dinheiro consegue dar um jeito de fazer. Quem não tem, depende de que a genética dos pais funcione bem junto.

— Mas manipula o feto pra quê? Cuspir fogo? — Jimin resmungou. — Do jeito que você tá falando parece que eles são imbatíveis.

— Para ser mais saudável, mais inteligente, mais focado, mais forte e por aí vai... — Dengo enumerou. — São imbatíveis mesmo no mercado de trabalho. Na verdade, em tudo. Que tipo de empregador vai preferir alguém que trabalhe menos por menos tempo de vida? É meio óbvio.

— Você parece bem saudável, inteligente e forte pra mim... Focado é outra história porque dá pra desviar sua atenção bem fácil te chamando de stalker ou de meu dengo — Jimin tentou provocar, mas Dengo não riu e nem irritou-se. Apenas continuava melancólico. Droga, de todas as emoções, a que Jimin menos sabia manipular era a tristeza.

— Ah, pra você eu pareço. Pros padrões do seu tempo acho que sou tudo isso mesmo, é só que a régua do meu é bem alta. As pessoas são muito mais saudáveis, inteligentes e fortes. — Deu de ombros novamente. — Acho que meus pais sofreriam menos se cada um deles tivesse um filho mais acima da média sem manipulação genética direta. Pra isso, eles precisam gerar com pessoas diferentes.

— E aí você veio tentar separar seus pais pra eles transarem com pessoas diferentes?

— Gerarem filhos, para ser mais específico.

— Que acontece quando se transa com aparelhos reprodutores diferentes.

— Talvez, o termo "transar" não é muito usado no meu tempo. A gente só se engaja em relacionamentos sexuais para gerar mais pessoas.

— Vocês não transam por prazer?

— Não.

— Caralho, por isso que você é chato assim, aposto que é tudo tesão reprimido — resmungou uma nova provocação, mas novamente Dengo não reagiu. — Mas sério, como isso dá certo? Nunca vi nenhum tipo de repressão sexual dar certo de verdade, e olha que a Igreja luta há anos pra isso.

— Tem supressores de libido misturados na maior parte da água que a gente tem acesso — explicou. — Isso nos deixa com mais tempo para produzir.

— Que merda... — Nem Jimin tinha alguma coisa esperta pra falar sobre aquilo. Mas também explicava muito bem a inexperiência do Dengo em todos os seus toques. Aquilo era meio deprimente. — Essa festa virou enterro...

— Desculpa, não achei que fosse ser tão chocante pra você. Pessoas desesperadas como eu voltando ao passado para tentar criar crianças melhores geneticamente é razoavelmente comum. Tem agência de serviços pra isso, o meu dispositivo é alugado, já que nenhuma pessoa normal tem condições de comprar um.

— E você realmente acha que tá tudo certo impedir o amor de duas pessoas? Dos seus pais?

— Não é como se eles fossem incapazes de "amar" outras pessoas. — Jungkook deu de ombros. — E você não viu como eles sofrem por essa escolha depois...

— E você não liga de apagar sua consciência? — Jimin acreditava em reencarnação, mas mesmo assim... aquilo não parecia certo.

— Por que ligaria? Ela não serve pra muita coisa.

— Ela tá conversando comigo.

— Várias pessoas podem conversar. Não sou especial por isso. As coisas que nos diferenciam são muito claras, atributos genéticos.

— E a subjetividade de cada ser?

— É subjetivo. Não serve de muita coisa.

— Vou ter que inventar outra história pra contar pro meu amigo, essa aqui tá deprimente demais! — reclamou.

— Tudo bem, boa sorte.

— Não era essa a resposta que eu queria de você... — Jimin resmungou e cruzou os braços. De forma quase inédita, não tinha nada de esperto ou engraçadinho para falar e aquilo lhe deixava frustrado. Ficou quieto, tentando pensar em algo.

Dengo olhou o homem ao seu lado, engolindo em seco. Sentia muitas coisas e não sabia muito bem o que era, porém, imaginava o que era. Fazia tempo que não estava mais em seu tempo e, consequentemente, não bebia de sua água.

— Jimin... — chamou.

— Oi?

— Você- — disse, antes de ser interrompido por um espirro. Tampou a boca com as mãos, assustado com aquilo e, assim que a afastou, encontrou um belo marshmallow repousando bem no centro dela.

Jimin arregalou os olhos e encarou o doce na mão do outro, confuso com o que tinha acontecido.

— Vocês no futuro aprendem a fazer truques de mágica na escola?

— Não... — Dengo estava tão embasbacado quanto. Jogou o marshmallow longe, era tudo doce naquele lugar mesmo, diferença não faria.

— Hm... E o que você ia dizer?

Dengo espirrou mais uma vez. E um marshmallow apareceu na sua mão mais uma vez. Jimin caiu no riso.

— Ó, meus deuses! Você está espirrando marshmallows ou é impressão minha?

— Também tô tentando entender o que está acontecendo... — Dengo gemeu frustrado. Seu nariz ardia. — Por que isso aconteceria?

— Como se a gente soubesse a resposta de alguma coisa nesse lugar doido. — Jimin deu de ombros, parecendo incrivelmente despreocupado mesmo na situação no mínimo adversa. — E o que você estava tentando falar, meu dengo?

E ele espirrou mais um marshmallow. Revoltado, insistiu no que queria falar e, como consequência, teve uma crise de espirros. Jimin observou tudo encantado e curioso, o bom humor finalmente de volta depois daquela conversa depressiva de antes.

Buscou seu isqueiro do bolso e encarou as chamas por um momento, caindo na gargalhada mais uma vez. Dengo, ao seu lado, continuava espirrando, e um pequeno monte de marshmallows ia surgindo no chão. Ao fechar seu Zippo e enfiá-lo no bolso, segurou o ombro do Dengo, impedindo que ele espirrasse mais.

— Você queria me pedir um beijo, é? — perguntou. — Responde com sim ou não, vamos ver se esses espirros param.

— Sim... — Dengo resmungou com um biquinho formando-se nos lábios.

— Só pra aplicarmos o método científico aqui pra testar minha hipótese. Tenta falar alguma outra coisa pra mim, tipo um elogio, ou que tá doido de vontade de ser deflorado por mim depois de longos anos de repressão.

Dengo espirrou novamente.

— Juro que não tentei falar nada sobre ser deflorado. — Dengo resmungou depois de livrar-se do novo marshmallow.

— Uhum... E nunca pensei que acharia bonitinho ver um cara todo metido a badboy gerar uma pilha de marshmallows pelo nariz — Jimin comentou ao observar impressionado a quantidade de doces que o outro tinha espirrado. — Olha só... Não faço a mínima ideia do que levaria esse mundo a te impedir de apreciar minha beleza e pedir coisas pra mim, mas vou te ensinar uma coisinha, meu dengo.

— O quê?

— Que esse tipo de coisa não precisa ser expressa e nem pedida com palavras, vem cá.

Dengo encarou o outro meio temeroso, mas aproximou-se pelo sofá que nem foi pedido. Jimin segurou uma das mãos dele e apoiou no próprio rosto. Dengo prendeu a respiração em tocar a pele quente e Jimin sorriu.

— Confesso que eu amaria te ouvir pedindo com todas as palavras por um beijo, meu dengo — Jimin sussurrou enquanto segurava os ombros dele e os inclinava em sua direção. — Mas se você me tocar dessa forma, chegar pertinho e me olhar bem, eu vou entender.

Jimin enroscou seus dedos tatuados entre os fios longos do outro. Dengo respirou fundo e acariciou a bochecha alheia um pouco inseguro, tentando trazer o rosto dele para mais perto.

Aprovando aquele tipo de iniciativa, Jimin resolveu facilitar pro lado dele e iniciou de vez o beijo, aprovando os lábios inexperientes, porém curiosos entre os seus. Queria destruir a repressão artificial incutida naquele homem por todo aquele tempo como dinamite. Queria atordoá-lo, como se um trovão retumbasse em seu corpo e um relâmpago eletrizasse a pele.

— Se quiser falar que eu sou lindo, só precisa me olhar como se eu fosse, me beijar com esse pensamento no peito... — sussurrou sensualmente, mordiscando os lábios dele. — Suspire por mim e para mim, arrisque tocar meu corpo... O que acha?

Dengo respondeu com um novo beijo afoito e profundo, que fez Jimin rir. Ah, seu ego estava prestes a explodir de tão inflado ao ver aquele homem tão resmungão necessitar tanto de seu corpo e de seus toques daquele jeito. Como era irritante, porém não injusto, devolveria aquela intensidade na mesma proporção.

Ensinou ao Dengo — e no momento adoraria ter o nome dele para chamá-lo — tudo que poderia em uma noite. Como chamar-lhe, como mostrar sem falar, como deixar os toques gostosos, o caminho que a tinta das tatuagens fazia por toda sua pele e como gostava mais. Assumiu várias formas também, como uma maneira de compensar a falta de experiência do outro, dando-lhe mil noites em uma.

Dengo falou silenciosamente, apenas com o olhar, o quanto achava linda cada uma das formas, dos rostos e das vivências que estava experimentando. Nunca diria aquilo em voz alta, nem ao menos tentaria expressar de alguma outra forma, mas sabia que o que mais encantava-lhe em tudo era ser Jimin lá dentro de cada uma de suas faces. Se algum dia achou aquele lado provocativo dele irritante, mal lembrava mais.

E ali, no meio de uma confusão de respiração, lábios e pele, firmaram uma espécie de trégua estranha regada de desejo.

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