Capítulo 07
Diário de missão (dia 13)
Aqui é a segunda tenente Hanna Perova, já se passaram 13 dias que eu e o meu caça T-024 caímos nesse mundo. Minha perna está completamente curada a alguns dias, em dias eu digo os intervalos de tempo em que eu durmo e acordo, o céu vermelho quase não muda, por minhas observações e o marco de tempo que eu mesma defini, a menor lua levam três dias para sumir do céu, e mais cinco para aparecer novamente. A maior demorou dez dias para sumir e ainda não voltou. O sistema de emergência que montei ainda na terra deu bons resultados, achei que não poderia utilizar o gerador com os painéis solares por causa da ausência de um astro dominante como o sol, até avistar um ponto de luz nascendo junto com a volta da menor lua. As condições que a vida aqui surgiu, e sua ligação com a terra são fascinantes mesmo que eu ainda não entenda tudo. Estou focando a maior parte do meu tempo no conserto do caça, mas continuo me vendo cada vez mais envolvida com as criaturas que encontrei e as histórias que Mina, a humana que veio parar aqui vinte e quatro anos antes de mim e possui uma relação com o líder da raça Nefellim, Vadric Ascian. Eles são fascinantes, é fácil enxergar tantas semelhanças com nossa história humana.
Eu continuo me aproximando também da híbrida Liliwen, ela ainda é jovem e por conta da mistura sofre em silêncio por conta da rejeição de vários jovens da espécie, imagino se essa mistura de espécies também causa infertilidade assim como as mulas e burros. Parte de mim espera que não, aos meus olhos humanos ela é muito bonita e (...)
– O que está fazendo?
Esticando seus membros Veres conseguia entrar no T-024, mesmo se tivesse os chifres não poderia ficar de pé ali dentro, a visão de sua entrada é de um predador que acertou em cheio emboscando uma presa. Encurvado, com os chifres raspando no teto metálico, sua mão segurando nas laterais e ao teto para deslizar pela porta.
– Por que a porta é tão pequena?
– Porque foi feita para apenas um único humano passar.
– Mas você também precisa se abaixar para entrar. – Ele sorriu. Assustador.
– Eu sou o piloto, e eu consigo passar sem dificuldade, para que outro motivo a porta seria maior?
Hanna já tinha reparado, mesmo que os outros não aparentavam tanto quanto Liliwen serem híbridos, ainda tinham suas modificações. Veera além do cabelo loiro, possui uma diferença de postura em relação aos outros Nefellim, seus olhos são maiores e cílios mais cheios, além de ter nascido com um desvio de septo. Tudo isso já estava relato no diário, junto com uma das características que faziam os gêmeos serem únicos: sua capacidade muscular. Os Nefellim possuem peles muito rígidas, como verdadeiros escudos naturais, seus músculos são naturalmente muito mais rígidos. Já Zeros e Veres, a desenvoltura dos movimentos de cada um são muito mais elásticos, a capacidade de impulso parece muito maior.
Se esticando, o enorme Nefellim passou pela portinha se impulsionando para o lado de Hanna.
– Hanna. – Ele disse seu nome, parecia ter um enorme fascínio em repetir sempre que possível.
– Eu estou escrevendo no diário, sobre as luas enquanto o gerador está carregando.
– Você comeu?
Suas bochechas esquentaram com a pergunta, desde aquele dia tinha se tornado um hábito um dos dois, ou os dois virem praticamente obrigar que coma.
– Como as barrinhas.
– Essas barrinhas não são comida de verdade, você mesma disse.
– Você não deveria estar ajudando nos preparativos do evento que vai acontecer?
– Eu preferi muito mais vim ver você!
Nesse momento o rabo dele se enrroscou subindo por sua perna, por cima da calça.
– A Cabine é pequena para você.
Não era exatamente verdade, a cabine estava com o paraquedas empilhado e uma mesa improvisada com todas as ferramentas e peças em manutenção, se não fosse essa bagunça, não estaria tão apertado.
– Parece perfeito para mim.
Ele se esticou deitando ao seu lado, com o rosto encostado em seu ombro para observar o caderno.
– Aqui dentro é quentinho comparado a lá fora, eu gosto. – Ele disse mexendo nas páginas.
Hanna olhou para o teto, estava se acostumando ainda a falta de senso de proximidade dos dois. A única lâmpada funcionando dentro do caça era improvisada, e as vezes falhava pela falta de energia do gerador a luz solar.
– Deixa eu consertar isso.
Ela se levantou para mexer de novo na gambiarra de fios.
– Droga, vou acender uma vela de novo.
Assim que acendeu de novo, ela se esticou para ver o que tinha de errado com os fios.
– O que aconteceu?
– Não sei, deve ser outro problema no gerador. Amanhã eu vejo isso.
– Ainda vai demorar muito para terminar de consertar?
– Acho que em alguns dias eu terminaria, se não fosse o problema do gerador.
– Entendo...
Ela se sentou de novo, a vela ficou na mesa, no silêncio um suspirou saiu de seus lábios. O rabo voltou a se enrolar em sua perna, se esfregando mais, apertando mais. Seus olhos se viraram para o macho ao seu lado, os dois olhos estavam vidrados nos seus, deitados no paraquedas. A má iluminação deixava a pele roxa dele mais suave, a mão encostou em seu cabelo. Hanna sempre teve o cabelo escuro e castanho, sem muita definição por ter passado os últimos vários anos preso no topo de sua cabeça, por ter crescido puxado as marcas das voltar, da presilha e o simples costume fazia com que fosse incômodo deixar solto.
– bonita... – Eles disse com aqueles olhos de cachorrinho.
A diferença de Veres e Zeros maior são suas personalidades, mas de maneira sutil. No geral suas posturas, são a mesma, mas Veres costuma agir como um gato preto, mais sarcástico com um sorriso atrevido, sempre chegando por trás. Zeros esta mais para um gato cinza, irônico fingindo tentar esconder seu sorriso, sempre fazendo questão de aparecer bem na sua frente. Mas aquele olhar, se agarrar em seu braços ou pernas, ambos tinham aquele mesmo olhar. Fingindo não ser ameaçadores, como se Hanna tivesse uma chance de fugir.
– Vamos indo? Tem apenas algumas horas para o evento. Quero tirar o preto dos meus dedos.
Ela empurrou o rabo de sua perna amarrando o cabelo de novo, com um sopro a vela se apagou.
– Espera, eu queria...
– Você também precisa estar bonito. Sua irmã vai apresentar um possível companheiro hoje, não é? Nos vemos mais tarde.
O que quer que fosse, o senso de urgência de fugir estava alto. passando pelas pernas dele, Hanna escapou pela abertura do piloto, enquanto Veres continuou deitado dentro do caça, incapaz de ir atrás ou terminar o que queria falar de uma vez. Dez dias tinham se passado desde que ela tinha aparecido no castelo, ele tinha certeza, mas não era bem vindo a dizer isso mesmo que tudo dependesse daquilo.
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