James Anderson
"Seria uma noite bonita, se a gente não corresse o risco de morrer a qualquer momento" James pensou, observando os outros dormindo (incluindo Matthew, que ainda estava inconsciente. Seu corpo, antes meio esverdeado, retornava à cor normal).
Fran fumava ao seu lado e ele se sentiu incomodado com a fumaça, mas preferiu não falar.
- E aí, vai dizer agora o que você é? - ela insistiu. Ele riu.
- Não é nada demais. Eu só sou um garoto brigão.
- Você não deve ser só isso.
- Como assim?
- Ah, sei lá, deve ter outra coisa.
- Hum... Acho que não. Mas diz aí: que você tá achando de tudo isso?
- Uma puta maluquice.
- É, eu também. Mas acho que já esperava por isso. Essa cidade é artificial demais pra abrigar pessoas verdadeiras como nós. Por isso que procuram nos aniquilar.
- Uau, essa palavra é forte demais. E talvez não seja nada pessoal. Você viu o que a Max leu. Parece que tudo tem haver com uma profecia maluca, sei lá.
- E você acredita nisso?
- Não acreditava até vê-la desaparecer do nada.
Ele balançou a cabeça, concordando e os dois imergiram num silêncio desconfortável pelo restante da noite.
"Eles dormem como se nada de estranho os aguardasse" James pensou, sentindo os olhos começarem a pesar. Ele não havia ido dormir por falta de sono. Ele preferiu ficar acordado por que tinha medo de fechar os olhos.
Entrementes, Fran compartilhava do mesmo sentimento com ele.
Sem nenhum Sol para nascer, a noite deu lugar à claridade do segundo dia deles no Submundo, onde mais coisas inesperadas os esperavam.
- Pessoal - Fran cutucou Lily com o pé, que abriu os olhos na mesma hora. - hora de acordar.
- Deixa de ser idiota! - reclamou a garota recém acordada.
- Podem ir levantando - disse, ignorando Lily.
Quando todos, incluindo o recém recuperado Matthew, ficaram de pé e apagaram a última chama de fogo existente, exatamente o que havia acontecido no dia anterior tornou a acontecer: tudo ficou escuro e começou a girar descontroladamente, fazendo, dessa vez, todos desabarem no chão.
James sentiu vontade de vomitar quando tudo parou de girar e restou apenas um leve tremor que foi desaparecendo aos poucos.
Quando se recuperaram, perceberam algo que os deixaram assustados: estavam de volta ao submundo.
Não, aquilo não era o submundo. As paredes eram parecidas e os archotes tremulavam da mesma forma, mas o corredor em que estavam era muito mais estreito e, ao olharem para cima, tudo o que viam era uma cinzenta névoa assustadora.
Eles se ajudaram a levantar e antes que pudessem se perguntar onde diabos estavam, a voz robótica tornou a surgir do nada, deixando-os ainda mais assustados com o que poderia vir asseguir.
- Parece que tem um a menos não é mesmo? Interessante...
- O que vocês fizeram com a Max? - gritou Dave, nervoso. James pôs a mão em seu ombro para que se acalma-se.
- Tenha calma. Se tudo der certo, vocês a verão novamente. Mas não falaremos sobre isso agora. Bom, vamos direto ao ponto: esse é seu segundo desafio. Vocês estão num labirinto e precisam achar uma saída de volta ao Submundo.
- E se não quisermos voltar? - berrou Lily, perguntando para o nada.
A voz robótica fez um som que lembrou vagamente uma risada cruel.
- Vocês vão querer voltar, acreditem.
- E qual o objetivo de tudo isso? - foi a vez do Alan perguntar.
- Vocês já sabem sobre a profecia, o que significa que têm consciência de que nada disso é em vão. Vocês estão sendo testados e isso é tudo o que eu posso dizer. No labirinto, vocês encontrarão uma pista. Isto é, se encontrarem.
- Que pista? - quis saber James. Silêncio. Ela já havia ido e agora eles precisam descobrir uma maneira de sair dali.
- E agora? - falou, pela primeira vez depois de tanto tempo, um Matthew ainda meio esverdeado. - o que vamos fazer?
- Procurar por uma saída.
- Eu vou na frente - se ofereceu. - Não quero que vocês achem que eu sou medroso e trapaceiro o tempo todo.
- Não achamos isso - falou Alan.
Lily riu sarcasticamente.
- Fale por você.
Como havia pedido, Matthew passou na frente de todos eles e os guiou pelo labirinto.
James estava logo atrás de Fran e à frente de Alan e ele tocava levemente os dedos na parede enquanto caminhava. "Como ela é alta" se pegou pensando. Mas, apesar de ser bastante alta, ela não era mais que ele. "Como se isso fizesse alguma diferença. Provavelmente estaremos todos mortos antes do anoitecer".
Um rugido mais alto e assustador que o do dia anterior o fez achar que aquele seu pensamento macabro estava certíssimo.
- O que foi isso? - perguntou Matthew, parando e olhando para trás.
- Eu não sei, mas nunca desejei tanto ser comido por um leão.
- Isso é um leão? - dava pra sentir o tom trêmulo na voz de Matthew.
Alan riu, como costumava fazer quando estava prestes de dizer algo desesperador.
- Esse rugido faz um leão parecer o Garfield numa segunda-feira.
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