Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo IV

Jeon Jungkook 

A sensação gostosa de estar extremamente confortável em algum lugar era um sentimento estranho para Jungkook, que vivia sendo arrastado para longe de sua zona de conforto, mas que experimentava aquela experiência pela primeira vez. Podia sentir uma respiração leve bater contra seus cabelos e um braço preguiçoso sobre sua cintura, foi naquele momento que notou que seu braço esquerdo estava abraçado a alguém, a confusão durou pouco, pois ao respirar fundo o cheiro de café adentrou suas narinas e deixou bem claro quem era seu travesseiro. Quando abriu os olhos notou que estava apoiado contra o peito de alfa, ele ainda permanecia adormecido e ao se afastar minimamente notou que estava deitado sobre o braço dele, enquanto era abraçado e o abraçava de volta, pela posição que estavam era óbvio que Jungkook o agarrou durante a noite. Pois tinha o hábito de abraçar seus travesseiros enquanto dormia.

Seu pai lhe dizia que seu hábito era comum, como um ômega, Jungkook gostava de aninhar, mas sem ter um alfa para compartilhar os feromônios dele, fazia um ninho com as próprias cobertas para encontrar conforto. Entendeu o sentido das palavras de seu pai no momento em que abriu os olhos e percebeu que mesmo quando estava com o corpo colado ao de Taehyung, não queria se afastar, era extremamente confortável onde estava e o cheiro de café deixava tudo melhor. Levantou a cabeça para que pudesse observar melhor o rosto do alfa e surpreendeu-se ao encontrá-lo imerso no mais profundo sono, notou ao estar tão perto que seus cílios eram longos e bonitos, não havia sequer uma manchinha em sua pele — fora o pequeno corte do dia anterior — ele tinha uma pintinha na pontinha do nariz e aquilo o fez sorrir. Taehyung tinha uma beleza selvagem ao mesmo tempo que era extremamente adorável, era angelical de uma maneira que o fazia questionar se ele era mesmo real.

Passou um tempo admirando cada detalhe de seu rosto, sequer notou o tempo passar enquanto memorizava cada traço, mas em algum momento, os olhos castanhos de Taehyung encontraram os seus. Aquilo fez milhares de borboletas voarem em seu estômago, observá-lo tão de perto, ao mesmo tempo que era analisado tão minuciosamente quanto, o trazia um sentimento estranho de pertencimento, pois havia sido pego enquanto o observava dormir, mas não estava nem um pouco envergonhado por isso. O alfa pareceu memorizar cada pedacinho de seu rosto, assim como havia feito com ele, até que um sorriso surgiu em seus lábios, a mão de Taehyung, que antes descansava sobre suas costas, traçaram o caminho até duas bochechas. Porém hesitou antes de tocá-lo e o encarou, como se pedisse sua permissão, Jungkook ao notar aquilo se inclinou minimamente até sua mão e deu-lhe permissão para tocá-lo, o sorriso do alfa aumentou e ele retirou uma pequena mecha de cabelo que estava sobre seus olhos.

— O que eu fiz para merecer tamanha dádiva de acordar ao seu lado? — Taehyung perguntou e Jungkook só conseguiu pensar no quão injusta era a vida, pois como odiar um homem que sequer bafo tinha?

— Bom dia — foi o que conseguiu responder, pois ao notar o quão próximo estavam, seu coração se descompassou e sentiu o sangue se concentrar em suas bochechas.

— Bom dia — Taehyung respondeu com um sorriso. Ele acariciava seu rosto com delicadeza, como se Jungkook fosse de porcelana, seus olhos ainda estavam fixados aos seus como se esperasse que fosse afastá-lo, mas ele não sentia necessidade de se afastar de seu toque.

E não se afastou.

— Há quanto tempo está desperto? — Taehyung perguntou.

— Poucos minutos…

— Estava me observando dormir? — Perguntou com um sorriso ainda maior e Jungkook desviou o olhar, pois a vergonha não deixou que mantivessem o contato visual. — Você pode reservar um tempo de sua rotina para mim hoje?

— Por que? — Perguntou ao levantar o olhar novamente.

— Quero conhecê-lo melhor, quero que me conheça e que aproveitemos juntos as diversões das quais você foi privado — explicou e Jungkook sentiu seu peito inflar em alegria ao ouvir suas palavras. — Está pronto para cavalgar comigo?

— Sim! Vamos agora? — Perguntou e preparou-se para levantar, porém Taehyung o segurou pelo braço e riu ao puxá-lo para ficar sobre seu peito novamente.

— Calma, precisamos fazer nosso desjejum — disse ao rir de sua afobação.

— É que eu estou animado, minha mãe não deixa que eu pratique equitação, fiz isso somente com meu pai, há muitos anos — explicou com um sorriso no rosto.

— O que mais sua mãe não lhe permite fazer? — A sobrancelha de Taehyung se franziu e sua expressão ficou um pouco mais séria.

— Hm... — Jungkook abaixou a cabeça pensativo, pois eram muitas coisas que era impedido de fazer. — Equitação, esgrima, jogos e outros passatempos de alfas.

— Passatempos de alfas? — Perguntou confuso e Jungkook assentiu. — Então o que faz em seu tempo livre?

— Ajudo a cuidar do rebanho, a cuidar do casarão, faço comida, limpo... Ah e ajudo minha mãe com as compras de vez em quando.

— Somente tarefas domésticas? — O vinco em sua sobrancelha aumentou. — Onde está a diversão nisso? 

— Eu sou um ômega Taehyung, essas são todas as coisas que eu preciso aprender para ser um bom esposo. Eu cresci e fui criado para satisfazer meu alfa, não há necessidade de aprender nada além do necessário se não usarei para o casamento — respondeu com amargor, pois foi aquilo que ouviu sair da boca de sua mãe a vida inteira.

— Que besteira! Eu também fui criado para tratá-lo como um rei, pois eu fui escolhido para cortejá-lo — Jungkook o encarou, pois ele dizia como se o casamento arranjado fosse um presente. — Mas nunca me privaram da diversão.

— Taehyung posso lhe fazer uma pergunta íntima? — Perguntou sem conseguir conter a curiosidade.

— Quantas quiser.

— Você já... Já se envolveu com outros ômegas? — Apesar de parecer uma pergunta feita com base em ciúmes, simplesmente era uma curiosidade misturada com insegurança.

— Não vou mentir para você — Taehyung fechou os olhos e suspirou frustrado. — Já tive relações com um ômega, mas apenas durante meus cios, nunca tive qualquer envolvimento romântico.

— Eu nunca…

— Eu sei — Taehyung acariciou seus cabelos com delicadeza. — Seu pai me contou que sua mãe não queria que sua honra fosse manchada, por isso teve que aguentar seus cios sozinhos, mas os meus são…

— São...?

— Digamos que eu sofro muito se eu não tiver um parceiro, por isso desde meu primeiro cio meu pai traz um ômega para que eu... Bem, desconte toda a excitação do meu lobo — pela primeira vez desde que o conheceu, Taehyung demonstrou estar envergonhado. — Por ser um lúpus, sou dominado pelos instintos do meu lobo, por isso acabo sofrendo um pouco mais que os alfas normais se eu não tiver um parceiro.

— Como é seu cio? Os meus são fortes e quase insuportáveis, Heesun sempre me dá ervas para dormir e só me acorda para comer, tudo para que eu possa aguentar as dores sem sofrer muito — explicou e Taehyung assentiu.

— Sim, meu cio é como o seu, sinto muitas dores e minha libido fica extremamente alta, meu lobo irá atrás de qualquer ômega que estiver próximo a ele para copular. Por ser um lúpus, meu lobo quer uma ninhada de filhotes, ele quer uma matilha só dele — respondeu sem encará-lo, ainda envergonhado por expor algo tão íntimo. — Me envergonha dizer isso, mas minha família encontrou um ômega estéril para que meu lobo possa copular, mas sem a possibilidade de gerar filhotes.

— Ele aceitou ser usado dessa forma? — Perguntou ao sentir-se ofendido, o usavam como um receptáculo de esperma.

— Sim, conversei com ele sobre isso, ele disse que não se importava, pois graças ao que recebia da minha família, poderia ajudar os irmãos. Ele se tornou um grande amigo e confidente, espero que encontre um alfa que o valorize — Taehyung explicou e Jungkook assentiu.

— Você pretende manter sua relação com ele… Após o casamento? — Sabia que não tinha direito de cobrar nada, visto que era um casamento arranjado, mas a ideia de dormir ao lado de um alfa, que corria para os braços de outro durante a noite não lhe agradava.

— Nunca! Minha lealdade a você é incondicional, jamais trarei tal decepção a você, a sua família e a minha mãe, que me criou tão bem. Eu sou um alfa, é meu dever ser fiel ao ômega que me escolheu como esposo — Taehyung olhava em seus olhos de maneira séria, mas um sorriso logo surgiu em seus lábios. — De qualquer forma, meu lobo jamais aceitaria se deitar com outro agora que encontrou seu par destinado.

— E o ômega que lhe faz companhia nos cios? Será descartado? — Perguntou uma expressão entristecida. Ele seria usado e descartado quando não tivesse mais utilidade?

— Como havia lhe dito anteriormente, ele se tornou um grande amigo, por isso espero que não se ofenda, mas espero poder continuar a ajudar sua família, mesmo sem termos contato — Taehyung disse com a voz calma e um olhar delicado, como se temesse sua resposta. — Não terei qualquer tipo de relação com ele, porém sem a ajuda da minha família ele passará fome… Ele vem de uma família humilde e cuida dos irmãos, pois ele é o único provedor. Eu quero ajudá-lo até que consiga um parceiro, que lhe ofereça um dote e estabilidade.

— Eu ficaria bastante decepcionado caso decidisse se desfazer dele como uma ferramenta sem utilidade, mas se essas são as suas intenções, certamente não me importaria, pelo contrário, se puder, gostaria de ajudá-lo também — respondeu com um sorriso e o os olhos de Taehyung pareceram brilhar ainda mais.

— Obrigado — agradeceu e Jungkook apenas sorriu, mas não conseguiu tirar as informações que ouviu de sua cabeça. Por isso decidiu sanar todas as suas dúvidas de uma vez, sem rodeios, ele era seu futuro esposo afinal.

Precisava saber com quem iria dividir sua vida.

— Seu cio está próximo? — Jungkook perguntou ao sentir as bochechas arderem novamente. Mas Taehyung negou. 

— Ele virá alguns meses após nosso casamento — respondeu e Jungkook assentiu. — Mas, se ainda assim lhe assustar a ideia de dividir a cama comigo após isso, pedirei que me mediquem para que eu adormeça durante o cio.

— Mesmo se sentir dor?

— Mesmo assim, pois não quero lhe trazer memórias ruins, se não estiver pronto, entenderei e suportarei até que esteja — explicou com um sorriso gentil e Jungkook sentiu seu coração acelerar novamente.

— Tudo bem… — Respondeu o que pôde, pois com seu coração descompassado daquela maneira, temia que dissesse alguma coisa embaraçosa.

— Vamos tomar café, eu vou levá-lo para montar assim que terminar seu desjejum — disse ao se levantar e ajudá-lo a fazer o mesmo.

Aquilo fez a felicidade invadir seu interior como uma flecha, Jungkook sorriu grande e se levantou às pressas, Taehyung riu de sua afobação e caminhou até a porta, o alfa saiu para se vestir em outro quarto, enquanto ele corria até o guarda para escolher uma roupa. Escolheu novamente um conjunto confortável para passar o dia, escolheu uma calça preta que não restringisse seus movimentos, com um tecido mais firme e elástico, pois era o mais próximo que tinha de uma calça para equitação e uma camisa branca. Estava tão animado que sequer notou que havia se sentado na penteadeira para passar uma colônia, mas sorriu ao ver seu reflexo, iria cavalgar pela primeira vez, não se importou de arrumar para o alfa que o faria experimentar um pouco da liberdade, por isso hidratou seus lábios com uma pomada amanteigada e arrumou seus cabelos.

Assim que calçou suas botas — novas e guardadas para um momento importante como aquele — desceu quase saltitante até o andar debaixo, onde sabia que todos estavam prontos para tomar a primeira refeição do dia. Quando chegou até a cozinha, ajudou Heesun a organizar as coisas para levar até a mesa e contou sobre o que faria com o alfa naquele dia, ela pareceu bastante contente com seu entusiasmo e o incentivou a aproveitar ao máximo a oportunidade. Por isso sequer se importou de servir a mesa, normalmente faria aquilo com a expressão fechada, pois odiava ter de servir aos outros primeiro, como se fosse apenas um servo e não o futuro Marquês daquela mansão. Quando todos chegaram para tomar café, seu pai lhe cumprimentou com um beijo no topo da cabeça e Taehyung sorriu em sua direção, como se não tivesse acordado a seu lado há poucos minutos.

Quando terminou de servir a todos, seu pai pediu para que ele se sentasse para comer, Soohyun era o único que esperava que ele terminasse de servir para que pudessem comer juntos, enquanto sua mãe, já apreciava seu chá enquanto lia o jornal da cidade. Quando caminhou até a cadeira para sentar-se notou que Taehyung se levantou, para que se sentasse junto a ele em gesto extremamente educado e cortês, o que o fez sorrir em direção ao alfa antes dos dois se sentarem juntos. Soohyun e Taehyung conversavam como se fossem amigos há anos, enquanto Sunye sequer se virava na direção dos alfas, apenas tirou a atenção do jornal quando uma das serventes trouxe um bule de chá quente e o colocou diante dela. Com um sorriso de orelha a orelha, Sunye ofereceu o chá a Taehyung, que aceitou educadamente, seria uma cena comum, mas o olhar de Heesun para o chá o deixou confuso, pois a beta encarava a cena com o cenho franzido enquanto organizava a mesa.

— É chá de canela? — Soohyun perguntou ao sentir o cheiro forte vindo do bule e Jungkook respirou fundo, realmente estava forte para aquele aroma estar tão intenso. — Nunca provei este chá, posso experimentar?

— Pedi especialmente que uma de nossas serventes trouxesse do mercado, são caras e importadas, deixe que nosso convidado aproveite meu amor, prometo que comprarei mais para você em uma próxima oportunidade — Sunye respondeu com um sorriso e Soohyun assentiu.

— Então aproveite Taehyung — seu pai disse com um sorriso cortês e o alfa assentiu, mas pareceu um pouco incomodado com o cheiro forte da canela. Ao notar o olhar sorridente de sua mãe e o desconfiado de Heesun, Jungkook soube:

Algo estava errado.

Mas não conseguiu focar naquilo por muito tempo, pois Taehyung estava muito empolgado com a tarde que teriam juntos e contou seus planos a Soohyun, que abriu um sorriso enorme e o encarou, como se buscasse sinais de hesitação em seu rosto, mas Jungkook apenas abriu um sorriso pequeno em sua direção. Mas o olhar de sua mãe para Taehyung não era muito bom, principalmente ao ouvir que o levaria para cavalgar e praticar esgrima, aquilo fez seu sorriso vacilar, seu pai parecia radiante ao ver o sorriso que deu como resposta, já Sunye o encarava com repreensão, como se não tivesse o direito de querer se divertir. Abaixou a cabeça, estava cansado de viver daquela maneira, finalmente teria a chance de respirar livremente por algumas horas, por isso tomou uma decisão: mesmo que inicialmente a ideia de um casamento não lhe agradasse, se Taehyung o levasse para longe dali, aceitaria com prazer.

Notou que provavelmente estava cabisbaixo, pois Heesun lhe deu batidinhas nas costas quando passou por ele, ao levantar o olhar a beta abriu um sorriso gentil que o contagiou na hora, mas notou o sorriso dela se desfazer ao olhar em outra direção. Sua governanta se curvou e saiu em direção a cozinha, ao direcionar o olhar para sua mãe novamente, percebeu que ela revirou os olhos antes de voltar a ler o jornal e ignorar a conversa de Taehyung com seu pai. Sunye odiava Heesun, pelo fato de Jungkook ser muito mais apegado a beta do que a própria mãe, mas como não seria? Sua mãe o tratava com um objeto, uma jóia cara que devia ser constantemente polida e exibida, sua governanta o tratava como um filho. Sunye já tentou — muitas vezes — se desfazer de Heesun, como mandá-la embora quando era pequeno, mas o acesso de choro que Jungkook teve ao vê-la arrumar as malas foi o suficiente para Soohyun não permitir sua ida.

Seu pai sabia o que Heesun representava para ele.

Quando todos terminaram o café da manhã após muitas conversas calorosas e planos, Taehyung levantou-se da cadeira e ofereceu a mão para Jungkook, ao chamá-lo para cavalgar. Sequer se importou se pareceu empolgado demais ou sua hipocrisia ao simplesmente segurar a mão do alfa após dizer que não queria se casar com ele, aquele detalhe já havia se tornado insignificante o suficiente para sua cabeça ignorar. Quando chegaram aos estábulos Taehyung o ensinou a como colocar a sela nas costas de Kiara, o ensinou a afivelar e checar se estava tudo devidamente preso para evitar quedas, além de ensiná-lo a montar e como conduzi-la sem causar qualquer desconforto a égua. Jungkook estava radiante enquanto estava montado em Kiara, o sorriso em seu rosto denunciava sua felicidade e seguiu as instruções do alfa com atenção enquanto segurava as rédeas. Deu algumas voltas com Taehyung ao lado de Kiara, apenas para evitar que algo acontecesse.

Quando julgou que Jungkook havia aprendido o suficiente, Taehyung pegou um segundo cavalo e passou a dar instruções montado no cavalo, enquanto cavalgavam juntos. Kiara obedecia seus comandos sem qualquer resistência, apenas trotavam pelo descampado quando Jungkook sentiu-se mais seguro, abriu um sorriso grande a Taehyung, que retribuiu seu sorriso com uma alegria quase palpável. Quando o alfa percebeu que ele estava mais confiante, pediu para que ele segurasse as rédeas com mais firmeza e desse um leve tranco com os pés, para fazer Kiara correr, tudo de maneira leve para evitar que a égua corresse demais. Taehyung ensinou como fazer e o cavalo que ele estava passou a correr em uma velocidade maior que antes — apesar de não muito veloz —, então Jungkook fez o mesmo, porém não soube moderar a força e por estar um pouco nervoso e acabou por dar um tranco forte demais, o que fez Kiara disparar. 

Ele gritou quando viu a égua correr de maneira rápida, ele segurava as rédeas com força e inclinou-se para frente para evitar qualquer queda, mas seu coração disparou no peito enquanto via a crina de Kiara voar por conta da velocidade em que estavam. Ouviu Taehyung o chamar, ele fez sons com a boca enquanto instruía seu cavalo a tentar alcançar Kiara, que ainda disparava com fervor, quando o alcançou, o alfa pediu para ele puxar novamente as rédeas. Mas antes que ele conseguisse dizer qualquer coisa novamente, Jungkook já havia puxado com força às rédeas, Kiara parou de repente, o que quase o derrubou, ela se ergueu sobre as patas traseiras quando estavam parados e relinchou. Jungkook se desesperou e tentou segurar-se nas rédeas quando sentiu que seu equilíbrio se foi, mas não adiantou muito e seu corpo foi em direção ao chão.

— Jungkook! — Taehyung parou seu cavalo também e desceu às pressas. Ele correu em sua direção com uma expressão preocupada e se abaixou quando o alcançou. — Você está bem? Se machucou? — O ômega queria responder, mas não conseguiu fazer de imediato, pois teve uma crise de riso intensa.

— Não — respondeu entre o riso, o que pareceu aliviar Taehyung. — Eu sou péssimo em montaria.

Deveria ter esperado por mais instruções antes de simplesmente puxar as rédeas, por isso riu de si mesmo, imaginou o quão idiota a cena deve ter parecido aos olhos do alfa e não conseguiu conter a risada. Depois de analisá-lo cuidadosamente Taehyung se deixou levar e acabou por rir junto a ele, os dois riram por bastante tempo, até suas barrigas doerem e suas bochechas ficarem igualmente doloridas. O alfa o ajudou a se levantar e juntos foram montados em apenas um cavalo, Taehyung levava Kiara pela rédea, lado a lado com o cavalo ao qual havia escolhido. Jungkook abraçava a cintura do alfa ainda com um sorriso no rosto, enquanto o cavalo trotava até a mansão novamente, seus pensamentos foram tomados por alguns instantes sobre os dois. Taehyung era diferente dos outros alfas que tentavam fazer dele uma conquista para expô-lo aos outros aristocratas, ele era atencioso, protetor e o respeitou, ficou feliz por pelo menos o alfa que se casaria se importava o suficiente para tratá-lo como um ser humano e não como mais um ômega.

Seu maior temor era que o alfa que o desposasse o tomasse à força. Sentiu-se sortudo, pois aquela era a realidade da maioria dos ômegas que chegavam na maioridade, mas não seria a sua.

Quando voltaram, o alfa tratou de averiguar novamente se Jungkook não havia se ferido, o analisou de cima a baixo a procura de qualquer mínimo arranhão e ao constatar que não havia nenhum abriu um sorriso enorme. Taehyung e ele contaram a Soohyun sobre como havia sido a primeira experiência de Jungkook na equitação e riram com a história da queda, Sunye apenas ouviu quieta e só encarou o filho com repreensão ao ouvir sobre a última parte. Os dias se passaram dessa forma, a cada dia os dois ficavam mais juntos, mas próximos e a cada dia Jungkook se encantava ainda mais por Taehyung, ele era de alguma maneira um suspiro de alívio em sua realidade sufocante. Junto com o passar dos dias veio também a aproximação do casamento, este que Jungkook já não achava de todo ruim, no tempo que passaram juntos, o alfa o ensinou o básico da esgrima, jogos e tudo o que sua mãe o proibiu de praticar.

Depois de uma noite inteira de jogos e apostas, Jungkook estava deitado ao lado de Taehyung sobre os lençóis de sua cama, com a horrível sensação de que não deveria se levantar, já havia amanhecido há um tempo e sequer sabia em qual momento haviam ido para cama de tão exausto que estava. Jungkook foi o primeiro a se levantar e caminhar para o banheiro, precisava ajudar Heesun com o café da manhã e para isso precisava ao menos estar desperto, por isso lavou o rosto, higienizou sua boca e em seguida saiu do banheiro, pronto para descer e ajudar com o desjejum. Após descer as escadas caminhou até a cozinha, ele foi recebido pela beta com um beijo na testa e um sorriso, Heesun nunca teve filhos, mas havia adotado Jungkook como um. Notou que a maioria dos preparativos para o café já estavam prontos, viu uma bandeja sobre a bancada, por isso apenas caminhou até onde estava um bule e algumas torradas.

O cheiro forte de canela irradiava daquele bule, nos últimos dias Jungkook sentiu tanto aquele cheiro que o deixava um pouco enjoado.

— Não deixe o duque Kim tomar esse chá — Heesun segurou seu braço quando virou-se para levar a bandeja até a mesa. Jungkook franziu o cenho e a encarou.

— Por que? — Perguntou em estado de confusão com a inesperada seriedade de Heesun.

— Esse não é um chá comum, a canela não tem bons efeitos em espécies lupinas, principalmente nas com o lobo tão presente como a de vocês — a beta explicou e Jungkook ficou ainda mais confuso.

— O que quer dizer? O que esse chá faz? — Perguntou preocupado com o tom de sua voz, pois ela parecia realmente apreensiva. Mas antes que ela pudesse responder, Sunye adentrou a cozinha.

— Dizem que causa uma leve sonolência, nada demais — sua mãe respondeu ao se colocar a seu lado, ela encarava Heesun diretamente, que abaixou a cabeça e se curvou assim que estavam frente a frente. — Mas não é nada mais que um mito, não se preocupe, leve a bandeja até a mesa e sente-se, seu pai já está desperto, faça companhia a ele, eu irei cuidar do restante dos preparativos.

— Mas… — Iria questionar ao ver o olhar desgostoso de Heesun, mas sua mãe apenas o encarou com um sorriso sem qualquer traço de simpatia.

— Vá — ela ordenou e Jungkook não pôde fazer nada além de obedecê-la, seu título de marquesa se aplicava até mesmo a ele, seu filho, não poderia questioná-la nem se quisesse. Ele não tinha voz naquela casa.

Mesmo a contragosto, olhou uma última vez para a beta, que mantinha o semblante sério em seu rosto ao vê-lo partir, pôde ouvir assim que saiu sua mãe gritar com Heesun, a ouviu dizer para não se meter nos assuntos de sua família, pois ela era apenas uma criada. Jungkook apertou a bandeja com mais força, estava cansado daquilo, sabia que sua mãe era enciumada com a beta, pois assim como Heesun o tratava como um filho, Jungkook a via como uma figura materna, coisa que Sunye não estava disposta a ser. Simplesmente cansou de ver sua mãe tratá-la como um animal pelo simples fato de ter sua afeição, pois se ela realmente se importasse com seus sentimentos, não o trataria como um objeto a ser leiloado por um valor superfaturado. Jungkook ainda com a bandeja em mãos voltou para a cozinha e viu sua mãe subjugar Heesun, ela apontava o dedo diante do rosto da beta, que apenas permanecia de cabeça baixa, por isso caminhou — ainda com a bandeja em mãos — e se colocou na frente de Heesun.

— Por que está coagindo ela? — Perguntou e Sunye arregalou os olhos.

— Eu mandei você ir fazer companhia ao seu pai! — Ela respondeu com um tom ríspido, quase soou como uma ameaça.

— E eu perguntei o porquê de você estar coagindo ela, o que ela fez de errado? — Perguntou novamente e sua mãe o encarou incrédula.

— A maneira como eu disciplino as criadas não lhe diz respeito, Jungkook! — Sua voz soou extremamente alta. — Agora saia!

— Não — respondeu e aquilo deixou sua mãe vermelha de raiva. Heesun tocou em seus ombros.

— Jungkook não precisa… — A beta pediu, mas ele não virou-se para encará-la, permaneceu com os olhos fixos em sua mãe.

— Não? — Sunye perguntou boquiaberta e riu sem humor. — Está vendo? É por isso! Ela está jogando tudo o que eu lhe ensinei no lixo, eu lhe ensinei…

— A ser um objeto — Jungkook a interrompeu. — Me ensinou a ser um mero corpo bonito para ser um receptáculo para o filho de alguém rico o suficiente para me comprar, me ensinou a me calar e abaixar a cabeça, me ensinou a ser um troféu a ser exposto. — Disse sem pausas, o que pegou Sunye de surpresa. — Enquanto você era a minha leiloeira, Heesun foi a minha mãe!

Jungkook sequer teve tempo de assimilar o que houve, apenas de um momento para outro foi ouvido um som estalado e alto da palma de Sunye contra seu rosto. A bandeja que estava em suas mãos foi para o chão e destruiu o bule e as louças de cerâmica, aquilo espalhou os cacos por todo lugar da cozinha e fez todos os outros criados pararem de trabalhar. Sentiu sua bochecha arder de maneira imediata, o tapa fora tão forte a ponto de deixá-lo zonzo, tanto que quase perdeu o equilíbrio, só não cambaleou porque Heesun o segurou, mas a força usada por sua mãe não havia sido medida, Sunye queria que ele sentisse o máximo de dor que ela poderia lhe infringir. Quando voltou a seus sentidos, Jungkook sentiu as lágrimas se acumularem em torno de seus olhos e virou o rosto para que pudesse encarar sua mãe, ela lhe encarava com as bochechas vermelhas e as narinas dilatadas, ela era a face esculpida do ódio, aquilo só lhe doeu ainda mais. 

A porta da cozinha foi aberta de maneira abrupta e seu pai entrou no cômodo com uma expressão banhada em preocupação, mas estava tão enraivecido e envergonhado que apenas caminhou a passos pesados para fora da cozinha sem dar ouvidos aos chamados de ninguém, queria sumir daquele lugar, ir para o mais longe que seus pés aguentassem caminhar. Havia um lugar próximo ao descampado que era seu porto seguro, onde havia uma nascente entre as árvores, escondida pela mata, o lugar beirava os limites das terras de seu pai. Sempre que sua casa ficava sufocante demais, ele corria até a nascente e observava a água cair por entre as pedras, pois observar a água cair sempre na mesma proporção era uma constância bem-vinda em sua vida, porque estava cansado das constância impostas por sua mãe. Caminhou por um tempo até adentrar a mata que ficava atrás do estábulo, seguiu por uma trilha mata adentro até que estava à beira do riacho, onde a água da nascente corria.

Foi somente quando parou diante daquela vista que sempre lhe trazia paz, que notou que as lágrimas quentes já molhavam suas bochechas. 

(...)

Estava há um bom tempo imerso nos próprios pensamentos quando ouviu passos, Jungkook que estava encolhido sobre uma das pedras, virou o pescoço para encarar a pessoa que perturbava seu sossego, mas relaxou ao ver Taehyung caminhar até ele calmamente. Voltou a encarar a correnteza e abraçou suas pernas com mais força, estranhamente a presença do alfa junto a ele não o incomodava, pelo contrário, lhe trouxe uma sensação cômoda de conforto. Taehyung sentou-se ao seu lado na pedra e permaneceu em silêncio, implicitamente respeitou seu desejo de apenas ouvir o calmante som da água que corria pelo riacho até desaparecer por entre a mata. Imaginou que ele provavelmente sabia o que havia acontecido apesar de ter desperto depois do ocorrido, talvez seu pai havia o mandado para lá para confortá-lo, pois não tinha como Taehyung saber a localização daquele lugar.

— Meu pai o mandou vir? — Perguntou baixinho e encarou Taehyung, que virou-se em sua direção. O cheiro dele estava mais forte, ele parecia um tanto corado e ofegante, imaginou que havia corrido até lá para encontrá-lo.

— Na verdade não, eu quis vir encontrá-lo, seu pai apenas me deu as direções, espero que minha iniciativa não tenha lhe deixado incomodado — respondeu de maneira calma e Jungkook negou.

— Não incomodou — respondeu e virou-se para frente novamente. — Meu pai me trouxe aqui quando era pequeno, contou que foi aqui que ele se declarou a minha mãe.

— Então tem um significado para você.

— Sim, pois foi aqui que minha mãe se entregou ao meu pai pela primeira vez, e meses depois eu fui concebido.

— É uma linda história — Taehyung respondeu e admirou a paisagem.

— Sim... — Jungkook abaixou a cabeça. — Imagino como seria se na noite em que minha mãe se entregou estivesse chovendo e sem estrelas, será que mesmo assim eu seria concebido?

— O que quer dizer? — Taehyung perguntou e voltou a encará-lo.

— Se naquela noite estrelada o céu estivesse encoberto, será que mesmo assim eu teria esse malfadado destino que é a minha existência?

— Espero que sim, imagine o quão triste teria sido uma realidade sem você nela — respondeu com uma calmaria invejável. — Saber da sua existência trouxe um propósito a minha, então por favor, não diga coisas tão tristes.

Aquilo fez o coração de Jungkook acelerar novamente.

— Taehyung posso lhe contar um segredo? — Perguntou ao sentir suas bochechas arderem.

— Certamente.

— Gosto de vir aqui quando me sinto inseguro, pois me ajuda a pensar e colocar minha cabeça em ordem novamente — respondeu enquanto olhava distraidamente para o riacho.

— O que está lhe deixando inseguro?

— Fora meus desacertos com minha mãe? — Riu sem humor e depois encarou Taehyung novamente. — Nós.

— Nós? — Taehyung piscou confuso.

— Eu estou me apaixonando por você Taehyung — decidiu ser franco com os próprios sentimentos e virou-se para encarar o alfa, que o encarava com um brilho encantador nos olhos.

— Isso é bom não é...?

— Eu não sei… — Voltou a encarar a água. — Você é inteligente, bonito, protetor e muito gentil, mas...

— Mas...?

— Ainda é um alfa. 

— Sente medo de mim? — Ele perguntou.

— Tenho medo do que sua subespécie representa — o encarou novamente e viu o momento em que um vinco surgiu na testa de Taehyung. — Tenho medo de me entregar, de me doar completamente e ser apenas palavras doces, mas vazias, não quero ser mais um ômega que ruiu nas garras de um alfa.

— Eu entendo completamente o seu medo, mas juro que eu não sou esse tipo de alfa, farei o necessário para te provar isso — ele respondeu com convicção. — Se me aceitar, deixarei que me marque como seu alfa. — Aquilo fez Jungkook arregalar os olhos, pois normalmente os alfas não gostavam de serem marcados por seus cônjuges.

— Promete? — Levantou seu mindinho em direção a Taehyung sorriu antes de entrelaçar seus dedos.

— Eu prometo. 

— Você é estranho sabia? — Riu e encarou o alfa. Seu coração ainda estava disparado, sequer estranhou que a pele de Taehyung estava extremamente quente.

— Sou? — Perguntou com o cenho franzido em confusão.

— Sim, é — respondeu sem conseguir conter o sorriso.

— Por que?

 — Todos os alfas que vieram até mim dariam tudo para estar em seu lugar, para me ter em seus braços… — Explicou e desviou o olhar para o riacho. — Mas você mal toca em mim.

— Estava ansioso por isso? — Taehyung perguntou com um sorriso imenso.

— Talvez sim — respondeu de maneira insensata, pois estava sim ansioso por provar os lábios dele novamente.

Jungkook sentiu a aproximação de Taehyung e virou o pescoço em sua direção, ele se aproximou extremamente devagar de seu rosto, como se testasse seus limites, mas não o afastou, apenas deixou que ele chegasse ainda mais próximo. Quando estavam a centímetros de distância, seus olhos se conectaram e Jungkook sentiu novamente aquele frio na barriga, queria muito provar a maciez dos lábios dele novamente, por isso não esperou que Taehyung o fizesse, pois sabia que ele iria esperar por sua iniciativa como da última vez. Jungkook colou seus lábios em um toque suave e gentil, que fez as borboletas em seu estômago voarem alvoroçadas. Era a primeira vez que tomava a iniciativa em algo, não sabia como fazer e então apenas manteve suas bocas juntas, mas Taehyung não permitiu que fizessem apenas naquilo, ele inclinou a cabeça e entreabriu seus lábios com o polegar, Jungkook com toda sua inexperiência apenas suspirou alto quando sentiu a língua do alfa invadir sua boca e entrar em contato com a sua.

Jungkook levou suas mãos até os ombros dele quando o beijo se tornou mais intenso, ele sentia as carícias de Taehyung em sua nuca e se derretia em seus braços, pois a língua dele dançava em sincronia com a sua como se fossem feitas para aquilo. Sentiu-se quente — tão quente quanto a pele febril de Taehyung —, pois a cada segundo a língua dele enrolava-se na sua, o que causou sensações diversas em seu corpo, todas extremamente prazerosas e conflitantes. As mãos de Taehyung desceram sobre seu corpo e contornaram sua cintura, onde sentiu o aperto dele e aquilo o fez se contorcer, aquilo fez algo estranho tomar sua mente, uma luxúria da qual não estava acostumado, o deixou zonzo. O cheiro do alfa estava mais forte, o beijo depois de alguns instantes tornou-se tornou afoito e Taehyung fez ainda mais pressão com seus dedos na cintura dele, o que arrancou um arfar seu junto a sensação de que estavam indo muito rápido.

— T-Taehyung... — O chamou entre o beijo quando sentiu-o tirar sua camisa de dentro da calça. — Taehyung pare.

Mas ao contrário do que pediu, Taehyung apenas voltou a beijá-lo, com ainda mais fome e necessidade do que antes, como se apenas aquilo não fosse o suficiente para aplacar sua sede. Jungkook estava sem ar, pois ele não lhe dava tempo para tomar fôlego novamente antes de ter sua boca invadida, segurou-se nos ombros do alfa, que agora adentrava os dedos por debaixo de sua camisa e aquilo despertou um sentimento que não estava ligado ao desejo ou ao prazer. O cheiro e a presença de Taehyung agora dominava completamente seu corpo e o ambiente, a insistência do alfa em tocá-lo por debaixo das vestes começou a assustá-lo. Tomado por uma sensação estranha de inquietação, Jungkook tentou se afastar novamente, ele empurrou o corpo de Taehyung para longe do seu e se assustou quando viu seus olhos vermelhos, pois ele sabia o que aquilo significava.

Não era Taehyung ali, era seu lobo.

— O que...? — Se afastou.

Taehyung estava com os olhos escarlates, um vermelho carmesim e profundo que parecia enxergar as profundezas mais obscuras de sua alma, seu olha estava vidrado no ômega, sua presença estava muito mais ameaçadora que antes e sua respiração mostrou-se completamente alterada. Quando Jungkook sentiu algo escorrer por entre suas coxas, entendeu o que estava prestes a acontecer, pois se seu corpo se preparou daquela maneira, só poderia significar que o alfa a sua frente havia entrado no cio e seu lobo estava pronto para se entregar a ele. Aquilo o fez engolir em seco e tentou se levantar para correr para longe do alfa, pois sabia que imerso pelos desejos de seu alfa no cio, Taehyung não conseguiria se controlar, mas antes que conseguisse se afastar, ele foi puxado novamente e deitado sobre a pedra. O alfa se colocou sobre seu corpo com o olhar vazio e tomado pelo desejo, ser alvo daquele olhar o fez começar a tremer e seus olhos a marejar.

— Tae... — Sua voz embargou. — Você prometeu.

~❤️~

Relato pessoal da autora:

Eu preciso confessar que fiquei bem decepcionada com muitos comentários nesse capítulo em especifico, por isso decidi fazer algo que nunca fiz aqui, que é contar uma parte muito dolorida da minha vida, que ainda hoje é difícil de me curar do trauma.

Quando eu tinha acabado de completar 18 anos eu passei por uma situação de abuso sexual, não vou entrar em detalhes, porque é exposição demais e eu não estou pronta para contar. No meu caso o ato não chegou a ser “concretizado”, mas o medo e a culpa que eu senti foram como se eu tivesse sido violada da pior maneira existente.

Eu passei ANOS da minha vida com medo de sair com meus amigos, com medo de me colocar em alguma situação minimamente parecida com aquela. Quando houve o incidente, eram mais de uma pessoa envolvida, eu fiquei com medo delas, eram parte do meu círculo, mas eu não conseguia mais me sentir segura estando no mesmo ambiente e na época, me culpei, por que eu que estava errada em não ter gostado, não é? Eu descobri depois de passar com vários profissionais que não.

Eu fiquei muito decepcionada com os comentários porque as coisas que escrevi aqui foram um espelho do que houve comigo e com muitas outras pessoas, eu juro que não entendi, qual seria a reação que estavam esperando? Não importa quão próxima a pessoa seja de você, você vai ter medo dela, as pessoas que fizeram aquilo comigo eram meus amigos, eu confiava neles e mesmo assim eu tremia só de estar perto deles. Vítimas de abuso não conseguem esquecer o que sofreram, não tem como não sentir medo, mesmo que seja alguém muito próximo.

Sabendo disso, eu espero, de verdade, que não culpem meu personagem por ser humano, principalmente depois do que houve. Isso não é um trauma fácil de lidar...
...

Esse capítulo é quase que completamente novo, como havia prometido eu fiz algumas mudanças, o que acabou por deixar a fic maior, então teremos um capítulo a mais do que a versão anterior.

A partir de agora começa a parte mais importante da fic e espero que vocês estejam prontos.

Obrigada por lerem até aqui❤️

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro