Uma nota musical triste
A música é minha, diz o maestro.
Ele é quem controla a sinfonia,
define os arranjos e
a doce melodia.
Doce, às vezes vermelha bruta como
um tijolo na janela do vizinho.
Às vezes tem o gosto do tilintar
do vento no enfeite da varanda.
Também é fria como o cheiro
daquela noite de chuva sem luz.
Ele manda, os músicos obedecem.
Ai de quem não.
Junta-se os violinos, as flautas, o violoncelo.
A plateia assiste.
Muda, vestida com as melhores roupas.
Ouvidos atentos, apreciação.
A expectativa de um sentimento.
Mas ninguém vê o maestro.
De costas, sorriso no rosto senil.
Ora, é ele o guia.
Privilégio. Grave, agudo.
O pulsar inconstante da constância do som.
Na última fileira, as lágrimas mescladas
de sorrisos no rosto de quem viu
a tristeza lilás no som salgado
de agosto.
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19/07/2017
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