Pessoas.

Eu as vejo todos os dias, na inquietude dos meus pensamentos.
Eu as vejo quando espero o metrô,
quando caminho pelo formigueiro ambulante,
quando estão sentadas lendo outros mundos
num livro qualquer — que eu tento ler o nome.
Eu as vejo quando paradas em frente às salas de aula,
falando sobre uma prova difícil e discutindo resultados.
Quando uma risada alta me chama atenção e
me faz indagar qual seria a piada.
Eu as vejo quando alguém sorri pra mim,
aquele sorriso de "oi, bom dia".
Quando o cachorrinho decide cheirar meu pé
e o dono o puxa encabulado.
Eu as vejo quando um bebê me encara no elevador,
indeciso se chora ou se ri, diante de mim.
Quando observo alguém deitado na grama
debaixo de uma árvore. Dá uma inveja saudável,
queria ter tempo pra parar também.
Eu as vejo quando, apressada, a música preenche
meu ouvidos e coração.
Quando eu arrasto os passos, pra poder ouvir por mais tempo
o moço do violão.
Eu as vejo quando imagino se
o nome é Mariana, Giulia ou Ana.
Se são mais velhas ou mais novas do que eu,
se têm sonhos grandes ou simples,
se preferem achocolatado ou café.
Nos daríamos bem, será?
Talvez o nome seja João ou Bernardo.
Seria Paulo? Essa pessoa tem cara de Frederico.
Eu só as vejo. Imagino, penso.
Quem sabe se encontro alguém
que faça isso também.
Assim, imaginamos histórias.
Juntamos a Ana com o Frederico
pelo tempo de uma estação.
Criamos um filho chamado Joaquim,
um gato chamado Senhor Patinhas,
e um apartamento no Canadá.
A minha Ana desceu na estação Shopping,
e aquele Frederico, na Guará.
Acabou-se a história.
Vamos tentar imaginar mais um.

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25/02/2017