Coração, porque teimas em ser assim?
Amar quem não te ama,
Guardar quem não te quer,
Viver repetidamente.

Sinto falta da sua boca,
Do seu cheiro,
Do teu riso,
De você inteiro,

Esse rosto que um dia foi meu,
Que um dia era dono meu do coração,
Foi embora sem pestanejar,
Nem ao menos considerar.

Ele se foi, minha querida,
Nos deixou e esqueceu,
Temos que superar isso,
Enfrentar a dura jornada,
De se ver feliz sem o seu toque,
A tua harmonia,
E o seu amor.

Ele se foi, talvez para longe.
Talvez para a Ásia,
Ou para a Europa,
Talvez para a Espanha, que era seu sonho desde menino;
Ou para a Inglaterra, que agora homem adulto lhe abria os braços como uma velha conhecida.

Talvez para os braços de outra,
Talvez para os braços do mundo.
Talvez ele a beije como me beijavas no começo,
Ou apenas durma com ela por sentir falta do prazer.

Talvez tenha me abandonado por eu te medo.
Medo de viver,
De errar,
De aprender.

De cair,
Levantar,
Continuar,
Reconstruir.

E era esse o seu mais profundo desejo,
Uma pessoa completa;
E não um meio procurando seus cacos em meio à escuridão.