Cap. 6: Bons Sonhos
Ele chegou em casa e largou a mochila no sofá. Subiu diretamente para o recinto onde seu pior embate se fazia presente. Parou na frente da porta hesitante. Levou a mão à maçaneta mas ela se abriu antes que ele a tocasse.
ㅡ Você chegou.
ㅡ Desculpe o atraso, tive uns imprevistos ㅡ se justificou. ㅡ Como ela está?
ㅡPiorou de ontem para hoje, o estado dela está se agravando a cada dia. ㅡEle suspirou ao ouvir.
- Vou entrar.
ㅡAh! Ela passou o dia todo chamando por ele de novo. ㅡ A última frase do médico o fez suspirar novamente.
ㅡEu já estou indo, amanhã eu volto para ver como ela está.
ㅡTudo bem, duvido muito que haja mudança.
ㅡ Tenha fé meu caro. ㅡ o médico sorriu amigavelmente numa tentativa de consolo se retirando em seguida. Precisaria fazer mais que isso. O outro entrou cabisbaixo no quarto.
ㅡ Marlon? É você?
ㅡ Não, mãe não sou o papai
ㅡ Quem é você?! Eu quero o Marlon! ㅡ Ela bradou exasperada
ㅡSou eu mãe... seu filho não me reconhece? ㅡ sua voz estava pesada, os olhos vazios. Ele não choraria, afinal seu estoque de lágrimas esgotara-se a muito tempo.
ㅡSaia! Eu quero o Marlon!
ㅡ Ele já morreu sua imbecil. ㅡ Um outro rapaz apareceu na porta alterado, aparentemente não estava normal, estava com uma garrafa nas mãos.
ㅡ Marlon! Socorro! ㅡ A idosa gritava desesperada. O rapaz sóbrio abriu rápido uma gaveta e puxou uma cartela de pílulas, depositando na boca da mulher em seguida. Pouco depois ela adormeceu. Ambos os rapazes desceram para a sala.
ㅡ Por que essa velha não morre? ㅡ Disse o rapaz alterado.
ㅡPor que você voltou? ㅡO que acabara de se sentar no sofá com os braços jogados sobre as pernas e o rosto escondido neles indagou.
ㅡSenti saudades do meu irmão mais novo.
ㅡPor que você atormenta nossa vida? Consegui uma casa para você morar com aqueles idiotas, te dei dinheiro, comprei o carro... o tratamento do Alzheimer já levou todas as economias. O que mais você quer?
ㅡ Acha que eu sou idiota? ㅡ "Sim" ㅡRespondeu o outro para si mesmo. ㅡ Sei muito bem que toda a herança vai ficar com você, aquela velha patética não vai deixar um centavo para mim!
ㅡ Só temos dívidas seu imbecil. Ela gastou tudo fazendo suas vontades e tentando te tirar do vício, só temos dívidas. Você transformou a vida dela num inferno, transformou a vida da sua mãe num inferno.
ㅡ Foda-se se ela é minha mãe! Eu quero tudo que ela vai deixar.
ㅡPois leve, leve tudo. Todas as dívidas que você fez ela adquirir por sua causa. Seu drogado! ㅡ em menos de um segundo, uma faca já estava posta em seu pescoço e ele estava dominado no chão pelo outro.
ㅡ Não faça brincadeiras comigo Hideki. ㅡHideki, por sua vez, inverteu as posições e prensou o irmão contra o chão ㅡ Não faça brincadeiras comigo Adrian.
ㅡVocê não vai ter nada. ㅡDisse ele com firmeza e saiu de cima do irmão. Hideki esperou ele levantar para acariciá-lo com uma bela voadora, com todo seu amor e carinho. ㅡ Você não é o único que sabe truques aqui.
ㅡPelo visto as aulas do coroa serviram para você. ㅡAdrian levantou do chão e ficou em sua posição habitual de combate. ㅡMas, para seu azar, eu ainda sou mais forte.
ㅡ Então, prove. ㅡHideki, Também se pôs em posição e os dois avançaram com todas as forças para o meio da sala.
Exausto. Estou exausto. Ter que ouvir toda a história da Michelle e ainda arranjar disposição para conversar e "fazer as pazes" com ela me deixaram no limite, e para completar...
ㅡ Filho? - a porta se abre, mas não me dou o trabalho de olhar
ㅡO que foi pai?
ㅡVim te chamar, quero dar uma volta.
ㅡNão estou afim...
ㅡVou viajar amanhã de novo. Não jogamos, não fizemos nada juntos. Depois não reclama.
ㅡVocê vai viajar meia-noite amanhã, teremos tempo. Eu estou exausto, posso descansar por favor?
ㅡ Você que sabe. Estou lá embaixo se precisar, só para constar: sua mãe já saiu para o hospital e quem vai fazer o jantar sou eu.
Ninguém merece...
ㅡEu vou passar, não quero morrer envenenado.
ㅡEu vou pedir uma pizza então, palhaço.
OBRIGADO DEUS!
ㅡ Me acorda quando a pizza chegar. ㅡ ouço a porta se fechar. Olhei para a janela o tempo está fechado, o clima está frio, está perfeito para um cochilo.
Já eram dez da noite. O centro da cidade ainda estava movimentado alguns saiam do shopping enorme e outros ainda entravam, estava tudo normal. Ana caminhava lentamente com seu filho nos braços.
ㅡ mamãe me põe no chão, por favor... ㅡ Disse ele suplicando
ㅡ Claro meu amor. ㅡ Ela falou fazendo o garotinho descer. A criança correu para o outro lado da rua para o play ground na praça.
ㅡ Junior, Não dá mais para brincar.
ㅡ Mas mãe!
ㅡ Está tarde, temos que ir para casa, seu pai está nos esperando.
ㅡ Eu queria...
ㅡ Passamos a tarde toda no shopping. Olha que horas fomos sair. Vamos para casa mocinho, já chega por hoje. - Ela o pegou pela mão e caminhou até uma rua afastada onde estava o seu carro. Estacionou ali porque precisava entregar uns documentos num local próximo. Destravou a porta do carro e entrou, Junior entrou atrás e se espantou ao perceber que alguém estava ali dentro.
ㅡ Olá Júnior? ㅡ perguntou a pessoa com o capuz cobrindo o rosto.
ㅡ Quem é você, Como entrou aqui?! ㅡ Ana perguntou intrigada e assustada. Júnior se retraia no banco com medo, a criatura esboçou somente um sorriso psicótico.
ㅡ Saia! ㅡ Ana bradou recebendo como resposta uma gargalhada ㅡ Eu mandei você Sa... ㅡ Sua voz foi entrecortada pela faca que transpassou sua garganta. O corpo da mulher tombou para o lado direito do carro que agora era tomado por sangue. O grito de horror da criança que sucederia o assassinato foi abafado pela mão da criatura.
ㅡ SSSSH! ㅡ A criatura pôs o indicador nos lábios do garoto ㅡ Não estrague a brincadeira Júnior ㅡ ainda quero me divertir com você. ㅡ Dito isto, mostrou o outro braço, havia uma luva com garras de ferro na ponta dos dedos.
ㅡ Abra a boca Júnior... ㅡ O ser falou pausada e friamente com um sorriso sombrio.
ㅡ Mãe... Socorro. ㅡ o garoto falou soluçando, enquanto as lágrimas caiam em seu rosto
ㅡ Vamos Júnior, abra a boquinha... ㅡ A criatura sussurrou no ouvido da criança que obedeceu. ㅡ Olha o aviãozinho... ㅡ O monstro enfiou o indicador na garganta de Junior, sem piedade e o trouxe de volta, rasgando a língua da criança com as garras presentes na ponta. O garoto fez menção de gritar mas foi impedido pelo outro ser que o prendeu contra o vidro traseiro do carro sufocando-o.
- Ah! Você não tem mais graça.- Uma voz sarcástica ecoou fingindo tristeza e pirraça, acompanhada de uma cara mimada e um bico. Em seguida, o fio da mesma faca que desenhou o golpe responsável por tirar a vida de Ana, dançou pelo pescoço do garoto, fazendo os rios de sangue inundarem o carro.
A criatura saiu tranquilamente do carro, com um sorriso. Mas não satisfeito, não ainda, precisava de mais e já sabia onde ia. Mas antes...
ㅡ Bons sonhos, Júnior
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