Cap. 2: Mal pressentimento
As aulas acabaram, finalmente. Saí da sala andando lentamente, não estava com pressa, hoje o dia foi agitado demais, preciso de tranquilidade.
Quem sou eu para pedir isso?
Gargalho com o pensamento, andava distraído até que Hideki apareceu
ㅡ Estava te procurando.
ㅡ Já me encontrou.
ㅡ Falei com a Michelle agora pouco
ㅡ Ah! Parabéns pelo seu grandíssimo feito ㅡ falo sarcasticamente, aplaudindo em seguida.
ㅡ Você é muito engraçado. ㅡ Ele revira os olhos
ㅡ Vamos jogar basquete hoje? ㅡ Mudo de assunto.
ㅡ Hoje eu vou passar cara, tenho que fazer umas coisas com meu irmão. ㅡ Senti uma pontada na cabeça após o ouvir mas ignorei.
ㅡVocê está bem? Parece meio incomodado com alguma coisa.
ㅡ Relaxa, é só uma dor de cabeça. ㅡ desvio meu olhar para o carro prata estacionado do outro lado da rua com um homem alto, branco, de cabelos ruivos iguais aos meus. Estava encostado em sua lateral com as mãos escondidas nos bolsos e o olhar fixo em mim ㅡPai? ㅡ Me despeço rapidamente de Hideki e corro em direção a ele e lhe dou um abraço rápido. ㅡNão estava viajando?
ㅡ Cheguei agora, ia para casa mas acabei parando para te esperar.
ㅡ Valeu mesmo... pai. ㅡ reviro os olhos fazendo ele gargalhar.
ㅡ Vamos jogar basquete hoje? ㅡ sua pergunta me surpreende ㅡ Eu topo.
Chegamos em casa e de repente minha visão ficou turva e minha cabeça começou a doer fortemente. Eu não escutava absolutamente nada. Grunhi com a sensação, pressionando a cabeça com as mãos. Meu pai correu e segurou meu corpo - que já não estava sob meu controle - , antes que ele tombasse no chão da sala, gesticulando algo que eu não podia compreender. Depois disso eu apaguei.
Escuridão, foi o que pairou em minha visão assim que eu acordei. Meus sentidos foram voltando e eu finalmente tinha o controle do meu corpo. Me levantei de onde quer que eu estava deitado e tateei a parede em busca de um interruptor. Nada. Não havia interruptores, nem iluminação, eu estava na mais densa escuridão. Acabei desprendendo minhas mãos da parede e passei a caminhar com os braços esticados para ver se conseguia tocar em mais alguma coisa.
Andei por dez segundos, até que ouvi
um som súbito e ensurdecedor ecoar pelo lugar rapidamente. Uma porta. Uma porta se fechou bruscamente atrás de mim, fazendo os ferrolhos enferrujados rangerem em protesto. Senti um arrepio na espinha, eu não havia sequer tocado em alguma coisa, como aquilo foi se fechar com tanto impacto?
De repente, sombras e vultos começaram a aparecer em minha frente. Eram borrões que ficavam mais assustadores a cada momento, andei sem direção rapidamente, até que esbarrei em algo pegajoso e grudento na altura da minha barriga e o que pareciam ser cabelos que chegavam em meus joelhos, várias coisas minúsculas começaram a cair em minha perna e se movimentar na mesma. fiquei intrigado. De repente, as luzes se acenderam com num passe de mágica e eu senti meu estômago revirar com a figura a minha frente.
Uma mulher ali, pendurada de cabeça para baixo. Seu corpo estava em decomposição e dos buracos onde deveriam estar seus olhos escorria o líquido negro, assim como larvas e mais larvas que a consumiam, seu cabelo estava cheio delas. Eram tantas que caiam em minha perna aos montes. Saí correndo dali sem hesitar e as luzes voltaram a se apagar. Eu começei a tropeçar em corpos, muitos corpos que não paravam de parecer, fiquei desesperado. Acabei tropeçando e caindo numa poça de sangue - Merda! - praguejei alto. Meu corpo ficou empapado, me levantei e comecei a correr sem parar e sem direção numa escuridão impenetrável.
Depois de correr muito, parei para descansar e senti uma mão segurar minha perna, chutei aquilo bruscamente - seja lá o que for - em reflexo e de repente vi Hideki e aquela patricinha, eles estavam... esquartejados, somente a cabeça pendurada na parede e as várias partes de seus corpos passaram a me perseguir, foi quando comecei a correr novamente e ouvi uma voz perturbadora sussurrar em minha mente
VOCÊ É MEU!
Acordei com um solavanco, buscava
ar. Não conseguia respirar e suava frio, Meus batimentos estavam descompassados e eu estava ofegante. Minha visão estava turva e aos poucos voltou ao normal , eu estava num quarto com as paredes brancas e agora deitado numa maca.
Maldição!
Eu encarei o lugar, havia um vaso em cima de uma mesa do lado da maca e este guardava gentilmente uma flor de plástico vermelha, bonita até, além de uma janela aberta por onde uma brisa confortante passava e tomava o lugar.
A porta se fechou, silenciosa, me fazendo mirar em sua direção, era um médico amigo de meu pai quem entrou, ele sorriu ao me ver.
ㅡ Que bom que acordou Adray
ㅡ O que houve comigo?
ㅡ Estamos fazendo uns exames para descobrir.
ㅡ Não vou ter que ficar aqui a noite toda Vou?
ㅡNão sei dizer, isso depende dos exames.
ㅡ Droga! Eu não posso ficar aqui a noite toda. Me pergunto quem em sã consciência gostaria de ficar num lugar assim?
ㅡ Alguém que, em sã consciência, não queria bater as botas tão novo. - Diz ele encarando-me.
Uma enfermeira entrou na sala e falou algo no ouvido do médico, ela parecia alterada - Se você me dá licença eu tenho que sair por um instante - e lá se foi ele. Observo o teto entediado. Ficar aqui não é uma opção.
ㅡ Que susto você nos deu garoto.
ㅡ Pelo menos você já está melhor! ㅡ Minha mãe acaricia meu rosto, sorrio forçado. Queria realmente que fosse verdade, não sei porque, mas uma sensação horrível tomou conta de mim depois daquele sonho perturbador, estou com um mau pressentimento.
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