Capítulo 2 - hug
Durante todo o percurso até a casa de Tory e Demetri, Robby tentava pensar em como faria dali em diante. Com Mia dormindo profundamente em seus braços, permitiu-se derramar algumas lágrimas e soltar alguns soluços baixos como um meio de tentar aliviar sua dor. Sentia-se desolado, perdido, triste e frustrado.
Sentiu seu celular único pertence que lhe restou,vibrar em seu bolso e preferiu ignorar por hora, não estava com cabeça para atender ligações, mesmo sabendo quem estaria do outro lado da linha. Sabia que poderia contar com seus amigos e seus pais adotivos, porém não queria se sentir um fardo. A noite estava fria, soluçou mais alto ainda por não ter lhe restado nem uma única peça de roupa quente para Mia sequer.
[...]
Chegou ao prédio dos amigos e nem precisou se apresentar para o porteiro, Robby já era um velho conhecido do homem de meia idade. Maneou a cabeça por educação e desejou boa noite, caminhando diretamente para o elevador. Esperou pacientemente o cubículo de metal se abrir e se dirigiu para dentro. Apertou o andar correspondente ao apartamento deles e suspirou alto, segurando a vontade de chorar.
O Keene trabalhou muito para poder comprar seu apartamento, mobiliá-lo, ter conforto e dar conforto a sua filha. Fazia poucos dias que havia quitado seu imóvel e estava radiante com isso, seria mais uma conquista.
Mas e agora? Como faria?
Havia perdido tudo.
Tudo o que conquistou com muito trabalho duro se perdeu em meio a chamas que ele não fazia a mínima ideia de onde surgira. Teria sorte se seu carro estivesse intacto, seria um meio de conseguir dinheiro de uma forma rápida para alugar.
O elevador chegou ao andar que lhe foi indicado, o de olhos verdes ajeitou Mia em seus braços e seguiu para ao apartamento em questão, tocando suavemente a campainha. Apertou uma, duas, três, quatro vezes e nada de nenhum deles atender. Sentiu-se preocupado, pois raramente Tory saía de sua casa - a loira alta curtia muito mais o conforto de sua cama do que as pessoas do mundo. Decidiu pegar seu totalmente ignorado celular que estava sendo por si, notando inúmeras chamadas e mensagens de seus amigos. Mal abriu o aplicativo de mensagens e o celular vibrou com uma chamada de Anthony Larusso.
- Oi, doidinho.
- Robby, onde você está? Está tudo bem? Você se machucou? Mia se machucou? o Larusso disparou a perguntar aflito do outro lado da linha.
Estamos bem eu... Bem... Só perdi tudo. Crispou os lábios engolindo o choro, não queria parecer um fracassado, mesmo sendo um agora. -
Onde você está? Robbynho, eu sinto muito por
isso, ficamos desolados quando vimos a notícia na TV.
- Estou no apartamento dos DemeTory. Na verdade, irei falar com eles para ver se eu posso ficar aqui uns dias até eu conseguir me organizar novamente.
- Sabe que pode contar conosco, não é? Venha morar aqui por uns tempos... O que acha?
O Keene ponderou a responder.
Eu não sei, Anthony, eu tenho muitas coisas para colocar no lugar ainda, principalmente minha cabeça. Mas obrigado.
Amanhã irei com o Kenny aí. Vamos comprar algumas coisas para vocês e eu não aceito não como resposta. - O baixinho queria chorar; mais uma vez teria que depender da ajuda de seus amigos e familiares e ele, de fato, não queria isso; porém, não tinha escolha, era aceitar ou aceitar.
Ficou em silêncio tentando não embargar a voz.
- Robby, não chore e nem sinta vergonha, essas coisas, infelizmente, acontecem e todos estão sujeitos a passar por isso.-
Respirou fundo pela
milésima vez naquele dia.
Vai ser ótimo ver vocês
amanhã.
- Te amamos, Robby, dê um beijo na Mia.
- Também te amo, doidinho, pode deixar. - Encerrou a chamada.
Robert não tinha vergonha de receber ajuda ele só não queria atrapalhar a vida das pessoas a su volta.
Encarou o celular em suas mãos e buscou pelo
contato da Nichols e antes que pudesse iniciar a chamada, avistou a cabeleira loira da amiga saindo do elevador a fora.
- Robby! Tory correu até o mais baixo." Por que não atendeu minhas ligações? Você esta bem? Mia está bem? - Pousou as mãos nos joelhos havia corrido mais do que era acostumada quando o porteiro lhe interfonou informando que o Keene estava alí. Era nítida sua preocupação com o rapaz.
Estamos bem o rapaz respondeu de maneira triste. - Por que está cansado?
-Eu fui atrás de vocês... Bem, vamos entrar. Sacou as chaves e destrancou a porta, dando passagem para que Robby entrasse primeiro. A coloque no quarto de hospedes, eu já deixei arrumado para vocês.
Robby assentiu e levou mia até o quarto que estava devidamente organizado, até
estranhou o fato daquela organização toda afinal seus amigos não eram muito conhecidos por manter a casa arrumada.
Pousou a garotinha que dormia profundamente em seu ombro agarrada ao urso de pelúcia - na cama e a cobriu, deixando um selar singelo em sua testa. Saiu do cômodo dirigindo-se até a cozinha, onde Tory preparava um café. Mesmo que já se considerasse de casa, ele se sentia um intruso, então sentou-se à mesa em silêncio, observando sua amiga. - Robby, eu sinto muito. Como tudo aconteceu? - perguntou enquanto organizava alguns petiscos para comerem.
- Eu não sei, Tory. Eu fui levar a Mia ao parque e quando voltamos só deu tempo de almoçarmos. Senti um cheiro de fumaça e em um piscar de olhos o quarto dela já estava incendiado. Eu perdi tudo caramba. Droga! exclamou, irritado, com os olhos marejados. - Eu não sei como irei me reerguer agora, eu acabei de quitar o apartamento. Lágrimas grossas e teimosas desciam por seu rosto. Me sinto um nada! Como irei mandar Mia à escola sendo que nem uma
peça de roupa sobrou? Tudo se perdeu, tudo! - bufou em meio ao choro.
A loira alta se aproximou e lhe deu um abraço apertado e reconfortante, mesmo não sendo de seu feitio.
Você ficará aqui pelo tempo que precisar não adianta reclamar ou recusar ouviu?
Mas a gente precisa perguntar ao Dem - Robby levantou a questão.
A gente sabe que ele vai concordar e mesmo no caso dele não aceitar a gente sabia que eu chutaria ele até ele dizer sim - a mulher com as palavras acabou fazendo ele rir em meio ao choro, então Robby assentiu, ainda nos braços do amigo. Sei que voce vai pensar que irá me atrapalhar, mas saiba que não é verdade, seu irmão e o marido virão amanhã e nós vamos te ajudar a resolver essa situação. Eu realmente sinto muito por isso, eu sei o quanto você trabalhou para conquistar seu lar, mas lembre-se de que você nunca estará sozinho. E isso era a mais pura verdade; ele jamais estaria sozinho.
Como soube? - o baixinho perguntou, se desfazendo do abraço.
Saíu na TV. Aliás, estão falando sem para sobre isso. Anthony me ligou e perguntou se eu sabia de você ou se eu sabia sobre o que estava acontecendo Você sabe que no final de semana eu deito na cama com o propósito de me fundir com ela. - Riu soprado - fazendo Robby rir também. Aí eu disse que estava dormindo e ele me pediu pra ligar a TV e ver.
O noticiário. Foi então que eu vi a reportagem do incêndio no seu prédio. Não sabe como o fogo começou? Aliás, como você se machucou?
- Ainda não, eu não sei de nada, na verdade. Me machuquei quando voltei para o apartamento para tentar pegar o Brown.
- Robert, você é louco? Poderia ter morrido foi repreendido por Tory, que esta enchendo a xícara com café quente. - Você não pensou na Mia?
Robby sorveu o líquido escuro e amargo, amava café a qualquer circunstância.
- Foi pensando nela que eu fiz isso. Mas eu não consegui pegar o urso. - Passou a encarar o nada e, automaticamente, lembrou-se do bombeiro bonito que além de salvar sua vida, salvou o ursinho de pelúcia de sua filha. Na verdade, o Keene não parou um segundo de pensar na tragédia e no homem de sorriso delicioso que conhecera. Não sabia o porquê de pensar em alguém que viu somente uma vez na vida por mais de cinco minutos. Resolveu ignorar o pensamento, afinal estava afetado pela tragédia e talvez - só talvez -, o ato heróico do rapaz de salvar um mero urso de pelúcia o tivesse impressionado.
- Robby? Robert Keene? Terra chamando! - a loira passou suas mãos em frente ao rosto do rapaz, despertando-o de seu pequeno transe. bem cara? - Está tudo bem cara?
- Está. Sorriu amarelo.
- Sei... Eu perguntei como ela está com o urso, já que você não conseguiu "salvá-lo" questionou, fazendo aspas com as mãos.
- Ah, um bombeiro o pegou e levou pra ela. Ele me viu indo para o apartamento e perguntou o que eu estava fazendo, então eu contei e antes disso me machuquei. Ele viu meu estado, me colocou para fora e buscou o urso. Eu nem sabia que ele iria se arriscar a ir até lá para pegá-lo; afinal, é só um brinquedo bobo. Deu de ombros.
Realmente, o de olhos verdes não fazia ideia do porquê aquele bombeiro ter se arriscado por um simples ursinho de pelúcia. Resolveu não se importar com isso, bombeiros são conhecidos como heróis e aquele homem tinha uma expressão de que gostava de crianças, talvez tivesse filhos e por isso se importou com o brinquedo. Porém se incomodou com o fato de não ter agradecido devidamente aquele homem por ter se arriscado, Robert mais do que ninguém sabia o quanto o brinquedo era importante para sua filha e sabia também que se não fosse por ele, ela certamente estaria chorando até agora sentindo falta do urso.
- Bombeiros são legais Tory comentou. Que bom que ele salvou o Brown, senão a Mia iria dar show para dormir - ditou, divertido, fazendo o pai da menina rir.
- Eu já sei o que vou fazer, Tory.
O rapaz sorveu mais de seu café e mordiscou um biscoito mudando de assunto. Tenho o seguro do apartamento, acho que meu carro não foi afetado tenho uma quantia no banco e posso pedir empréstimo também. Acho que será suficiente para conseguir arrumar algum cantinho para mim e minha filha.
Keene... - a loira lhe lançou um olhar ameaçador.
Você não precisa fazer tudo às pressas. E se seu seguro não cobrir ou for insuficiente? Você precisa do seu carro, o seu trabalho é longe e a escola de Mia também. Faça a coisas com calma, enquanto não sair o resultado da perícia você não poderá acionar o seguro mesmo e além do mais, vai ser legal ter vocês aqui comigo.
Robby estendeu o braço e colocou sua mão na testa da amiga, como se estivesse verificando a temperatura. Tory revirou os olhos e Robert gargalhou sincero pela primeira vez depois da tragédia.
Que bicho te mordeu? Acho que você está com febre garota- provocou.
Vai se foder, a loira resmungou, levemente irritada, fazendo o de olhos verdes rir mais ainda, sentia falta do lado azedo da amiga. A Nichols era deveras humana e amorosa, mas seu humor ranzinza era o que cativava as pessoas.
Os amigos conversaram por mais algum tempo, Robby se dispôs a lavar a louça que sujaram e após o feito, mesmo com a loira dizendo para ele deixar para que o Dem lavasse quando ele chegasse de viagem, cada um seguiu para seu quarto.
O rapaz tomou um banho rápido e vestiu as roupas que pegou do guarda-roupa do amigo que estava ausente alí , não estava muito a vontade com isso, mas sabia que o amigo não iria reclamar, sentiu-se engraçado, pois era mais encorpado que o Dem e mais baixo também, ocasionando numa calça muito longa e a camisa de mangas meio apertada no peito e nos braços.
Deitou-se ao lado de sua filha, que não moveu um músculo sequer, permitiu-se relaxar e logo caiu no sono.
Estava cansado, ou melhor, exausto, mas já que
teria que aprender a lidar com a sua nova e real situação. Dormir no momento era o melhor a se fazer.
[...]
O dia amanheceu mais rápido do que queriam. Mia despertou alegre como sempre, pulando em cima de seu pai - que gostaria de dormir mais um pouco.
- Mia, me deixe dormir mais um pouquinho - resmungou, ignorando a presença da mais nova, que já estava em seu abdômen.
Papai, você dorme demais, onde estamos?- perguntou, um pouco confusa por não reconhecer o quarto.
- Na casa dos... Robby foi interrompido pelo grito da mais nova que o fez despertar de uma vez.
Tio Dem! - a garotinha berrou a plenos pulmões quando avistou o mais alto abrir a porta do quarto, correndo até os braços do mais velho.
Mia, não grita! O Keene a repreendeu totalmente em vão.
Deixe-a gritar - o Dem ditou, rindo com criança em seus braços. Me desculpe por entrar sem avisar.
A casa é sua, Dem. Não tem problema- o mais baixo respondeu em meio a um bocejo longo, sentando-se na cama.
- Estava com saudades, tio. - Mia apertou as bochechas branquinhas de Demetri que sorriu de forma doce. Ao contrário da Tory o Dem era bem mais carinhoso apesar de aleatório, era nítida sua paixão pela garotinha.
Eu também, minha princesa! Selou o topo de sua cabeça. Mas agora você não ficará com saudades de mim, você irá morar aqui por uns tempos. - Mia deu mais um grito de felicidade pela notícia que acabara de receber e o Keene respirou fundo por invadir o espaço pessoal do amigo. - Ah, Robby, desfaça essa cara! Até a Mia gostou da ideia. Não é, princesa? Perguntou fazendo a menina assentir freneticamente.
- Me desculpe, Dem.Tem certeza que está tudo bem? Eu não quero incomodar você e a Tory, é tudo muito novo.
Sei lá, não me sinto bem tirando a privacidade de vocês. Demetri lhe lançou um olhar chateado.
- O bom de ficar aqui é que com a Mia fazendo fofurices a gente vai ter uma Tory com um humor melhor.
O mais baixo tentou dissipar o clima, já que seu mal era falar demais. Já andei vendo até o preço de um videogame novo.
- Ah! Negativo, Keene! Você e o vara pau não vão me enlouquecer com jogos não rebateu, rindo a loira que estava na porta do quarto com a cara amassada de sono e o cabelo meio para cima.
- Por que não? A casa também é minha agora.
- Só não te mando para a casa do cara...baralho - corrigiu-se.
Por causa da Mia. - Robby riu
- Eu já estou na casa do baralho - ditou, rindo fazendo eles rirem junto
Tia Tory! - A menina e exclamou e pulou no colo da alta a fazendo pegar no colo.
- O que é "casa do baralho"? - Mia perguntou tentando participar da conversa dos dois adultos.
Ahn... uma casa de cartas- Tory respondeu, fazendo-a amiga ficar mais confusa. É só um modo de desejar boas vindas, Mia. - O pai alí no recinto não sabia qual dos dois amigos era pior em consertar as coisas..
Robby a olhou com uma expressão de "O que você está dizendo", fazendo-o mudar de assunto.
Vamos preparar o café? Logo os outros tios
estarão aqui.
- Escove os dentes primeiro, Mia! - O Keene advertiu, porém se lembrou que não tinha mais nada!! Droga! Esqueci que ela não tem mais... Nada.
Robby se sentiu frágil, nem mesmo uma escova de dentes ele tinha para filha, o coração dele vacilou os braços começaram a tremer
Assim como os lábios, e os olhos encheram de lágrimas.
Calma, o Dem sempre compra escovas a mais, elas estão no armário do banheiro.Quer escovar comigo Mia? Perguntou a mulher, e a menina deu a mão para ela.
Escove também tio Dem, você tem bafo de onça, - A loira fez a menina rir e a tirou do quarto, sinalizando para o mais alto.
- Vem cá amorzinho - Demetri puxou o menor pelo braço e fez ele pousar a cabeça em seu peito.
O mais alto tinha um carinho enorme pelo mais baixo. E sem dúvida reconhecia o quão difícil devia ser pra um pai não ter nem uma escova de dentes para a filha.
- Obrigado, Dem.
- Não por isso. Agora movimenta essa bundona daí porque já já seu irmão e seu cunhado estarão aqui.
Não são nem dez horas da manhã! exclamou em um resmungo.
- Você não conhece o Anthony? Capaz que ele chegue aqui sem um minuto de atraso. Levanta! ditou por fim, saindo do quarto, deixando Robby revirando os olhos para trás.
[...]
Robby foi a contragosto, realizou sua higiene matinal junto de sua filha e saíram do quarto, rumando para a cozinha a fim de ajudar o de cabelos esverdeados a preparar o café.
- Irei até a padaria comprar pães, Robby você poderia passar o café? perguntou Dem, enquanto terminava de encher a chaleira de água. aí na geladeira, tem frutas e cereais e outras coisas se a Tory não comeu tudo.
Frutas não se guardam na geladeira o Keene repreendeu o amigo, que torceu o nariz. - E que outras coisas mais tem aqui?
- Você tem mãos e olhos, procure e não me irrite logo cedo, Robby. Tory afagou os cabelos da garotinha que observava tudo.
Estava com saudade desse mau humor sabia, você melosa demais é estranho provocou. -o mais baixo
- Vai se foder, Keene. Demetri que já estava de saída novamente abriu a porta e deu um olhar reprovador a loira que foi replicado por Robby,agora haveria uma criança em casa, as coisas precisariam mudar.
- Não repita isso, Mia, é palavra feia. - Tropeçou nos próprios pés, arrancando uma gargalhada da mais nova e dos adultos, que balançavam a cabeça em total negação. Tory pegou a bolsa e decidiu que iria sair com Dem.
[...]
Logo os donos do apartamento haviam deixado pai e filha a sós, Robby por um momento sentiu-se como se ainda estivesse em seu antigo apartamento. Mia assistia tv agarrada ao seu urso de pelúcia enquanto que estava um pouco chamuscadocomia as frutas que seu pai havia lhe entregado, o café já estava pronto e a mesa posta com as xícaras, talheres e demais alimentos para completar a refeição matinal, faltando, de fato, somente os pães. O rapaz estava satisfeito com a mesa que organizou, olhou no relógio e faltava poucos minutos para às oito da manhã. Suspirou pesado, logo seu irmão estaria ali e ele se sentiria extremamente envergonhado, mesmo sem necessidade.
[...]
A porta foi aberta por Demetri, sendo seguido por Anthony, Kenny e Tory. Mia deu um pulo junto de um grito animado, correndo para os braços dos tios.
- Tio Ant, tio Kenny, que saudades! - a garotinha
gritava, como sempre, animada.
Agora você nem liga mais para mim, né? Garota ingrata - Demetri ditou com um bico nos lábios, fazendo-a sair do abraço dos outros e ir em sua direção.
- Você está muito carente, tio Dem. Quando o tio Shawn volta? - perguntou fazendo com que todos a olhassem incrédulos.
Robby segurou uma risada, enquanto Demetri mantinha os cenhos franzidos em confusão. Todos sabiam que Shawn não tinha previsão de retornar para o país, então o mais alto não entendeu propósito da pergunta.
Alô! Será que alguém pode responder?
esbravejou.
- Não faço ideia de quando ele volta, mas por que você está perguntando para mim e não para o Kenny que é irmão dele?
Oras, tio Dem, você gosta dele ué. - Demetri engasgou e por pouco não derrubou a sacola com os pães que ainda segurava. - Calma, tio. A garotinha riu. - Todo mundo sabe que você gosta dele e se ele estivesse aqui você não estaria tão carente assim. - Soltou uma risada fofa, deixando-o com as bochechas
rubras.
Robby e Tory caíram na gargalhada, enquanto Anthony balançava a cabeça em negação também rindo, já Kenny sorria sem graça.
Se fodeu, tio Dem - Kenny provocou, levando um tapa certeiro em seu ombro. doeu resmungou. - Ai, amor,
- Era 'pra doer mesmo, tenha modos. Mia está aqui, não pode sair falando palavrão desse jeito Anthony o repreendeu.
- Tio Kenny e tio Anthony. atenção ao dois. - - A garotinha voltou sua atenção aos dois, esqueci de dar boas vindas a vocês. Bem vindos a casa do baralho - ditou divertida e, consequentemente, inocente.
Casa do baralho? Anthony fez uma expressão confusa mas logo se lembrou o que realmente aquilo queria dizer. Mia não fale uma coisa dessas. - Lançou um olhar ameaçador para Robby, que apenas fingia não saber de nada e para Dem que estava ainda perplexo demais com o que tinha ouvido minutos atrás. Vocês estão falando palavrão perto dela. Não faz nem 24 horas que ela está aqui e ela já aprendeu o que não deveria.
- Dem tratou de se livrar da culpa. - Foi culpa da Tory- Todos eles falavam, sim, muitas besteiras palavrões, mas nunca na presença de Mia, que tinha o dom de aprender palavras como um papagaio. - Desculpe,não fale mais isso princesa, Tory pediu e a menina assentiu, animada por ter a presença dos seus queridos tios ali consigo.
Robby caminhou até seu irmão e seu cunhado, recebendo abraços calorosos de ambos. Bastou Anthony o olhar para entender que, por dentro, Robby estava destruído. O clima para o café da manhã estava animado e por hora decidiu ainda não tocar no assunto da tragédia, sabia que estragaria a atmosfera. Sendo assim deixaria a conversa para mais tarde.
[...]
Todos comeram enquanto conversavam sobre assuntos diversos. Robby percebeu quando seu irmão pediu discretamente para que Kenny, Dem e Tory inventassem um passeio com Mia; assim poderiam conversar.
Bom, quem quer ir ao parque? - Kenny perguntou animado e Demetri respondeu um "eu" na mesma empolgação, como um meio de fazer a mais nova se empolgar também.
Eu não quero sair - surpreendendo a todos. Mia ditou tristonha,
Robert estranhou a fala da mais nova - que amava passeios. Não importa para onde a chamassem, Mia não se recusava a sair.
- Por que não, filha? Você ama o parque perguntou, levantando-se da mesa e caminhando até ela.
- Ontem nós fomos no parque e quando voltamos a nossa casa pegou fogo. sentiu uma apunhalada no peito. Não quero sair hoje pra depois perder a casa de novo.
- Mia... Robby a abraçou. - Foi um acidente o que aconteceu, não é porque fomos ao parque. Infelizmente, nosso prédio pegou fogo porque... sentiu-se perdido na tentativa de explicar que o fato de terem ido ao parque não tinha ligação com o incêndio que fez com que perdessem tudo.
Meu amor. Anthony se ajoelhou perante os dois. O fogo lá no apartamento foi um acidente, essas coisas podem acontecer, infelizmente.
- Sério? - perguntou, arregalando os olhos.
- Sim. Lembra quando o tio fala para você não mexer com fogo? A garotinha assentiu. - É por isso. Acidentes acontecem.
Então foi uma criança que botou fogo em
tudo?
Anthony riu soprado.
Não, meu anjo. Ninguém sabe de onde veio, mas, de qualquer forma, fogo é perigoso e aquilo aconteceu porque tinha que acontecer. Você ainda é nova para entender. Acariciou a bochecha cheinha dela. - Você pode ir para o parque tranquilamente e quando voltar estará tudo do mesmo jeitinho que está agora, ok? Selou sua testa.Vai passear, sussurrou, vai passear,aproveita a boa vontade dos seus tios, disse lançando-lhe uma piscadela.
A garotinha assentiu e foi em direção ao quarto,mas voltou rapidamente com o mesmo semblante de antes.
-Eu Eu não tenho mais roupas - choramingou.
Robby, observando a cena, se prontificou falar: - Nós ainda não fomos as compras. Porém antes de continuar, foi interrompido por Kenny.
Quem disse que não? - O rapaz surgiu com uma sacola enorme. - tudo pra você, princesa!
- Olha papai, é tudo meu! - gritou, empolgada, virando a sacola no chão.
Robby não sabia de onde havia brotado aquelas coisas, suspirou frustrado e feliz ao mesmo tempo. Sentia um misto de sensações que não sabia descrever; se sentia grato por ter seus amigos - que eram mais do que isso, eram sua família - mas sentiu-se péssimo por mais uma vez ter que depender deles para seguir em frente.
- Robby. Saiu de seus devaneios quando Anthony lhe tocou o ombro esquerdo. - Não sinta vergonha, amamos vocês e somos uma família. Eu disse ontem que traria. lembra? - o mais baixo assentiu.
Tem uma sacola para você também, mas está no carro; então depois eu pego.
Obrigado, doidinho. Não sei como te recompensar por isso. - Robby ditou, sincero, observando a alegria da garotinha revirando suas novas roupas e sapatos. Mia, não bagunça - a repreendeu, mas acabou sendo repreendido por Anthony, que ria adoravelmente com a cena.
- Deixe ela curtir as coisas novas - ditou terno.
Olha, pai, que lindo esse parece com o da Barbie no filme! Mia apontou e ergueu o vestido rosa no ar, arrancando um sorriso de todos.
Por sua vez Tory puxou uma sacola e entregou a garota.
- Parecido com esse vestido? A alta perguntou a menina, que por sua vez rancou a sacola em um piscar de olhos e viu a caixa que continha uma boneca com um vestido xadrez branco e rosa parecido com o que ela tinha ganhado.
Mia ganhou deu um super grito agudo em surpresa por ter ganhado a Barbie do live-action de presente.
- De quem ela puxou esses gritos? - Dem questionou, massageando as orelhas.
Do Anthony, só pode provocando-o. Kenny comentou.
- Não tem graça, Kenny! Deu-lhe um tapa estalado em sua testa. Ela puxou a minha beleza e não os gritos.
- Qual é, você é feio, Anthony - Tory provocou. recebendo um dedo do meio. Ela é linda; você não.
Como é que é, Tory? Anthony pousou as mãos na cintura, como quando uma mãe fica brava e repreende o filho.
Uma breve discussão começou, fazendo com que Robby revirasse os olhos e fosse sentar-se no sofá. Ele sabia que ficariam um bom tempo ali naquela discussão sem pé e nem cabeça.
A cena era engraçada de se ver, Demetri e Anthony em uma discussão boba e sem fundamentos para saber com quem Mia parecia. Obviamente era tudo uma mera brincadeira; porém, Anthony sempre levava a sério o quesito beleza quando era citado, inclusive se fosse a dele falada.
Robby mais uma vez se sentiu patético por ter esse sentimento de vergonha.
Todo mundo em algum momento precisa de ajuda e sorte a dele por ter amigos tão incríveis.
Pediria desculpas depois que conseguisse organizar sua vida, pagaria centavo por centavo pelos gastos que causaria a eles, Robby era honesto às vezes até demais. Observando ao seu redor, percebeu que ter qualquer pensamento e/ou
sentimento negativo não resolveria de nada, sabia que sua família não o abandonaria e lhe daria todo o suporte necessário. Estava feliz vendo todos sorrirem e, pela primeira vez no dia, agradeceu por ter as melhores pessoas em sua vida.
E ao mesmo tempo admirava o que o irmão e Kenny tinha, e acabava passando em sua mente se teria alguém para dividir a vida da mesma maneira, as palavras de sua filha na lanchonete ecoaram de repente em sua frente, e por um momento, ele imaginou um certo bombeiro latino o abraçando pela cintura e dando um beijo na sua bochecha carinhosamente, mas ele afastou o pensamento, a final, quais seriam as chances?
Obrigado a quem leu até aqui, e obrigado pelos comentários, caso tenham gostado votem no capítulo isso me incentiva, e muito obrigado a Gabi por ter me concedido a base para essa história, bjs e até a próxima.
;)
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro