Pedido de desculpas? Suspeito
POV MAX - QUARTA FEIRA
── Esse tipo de comportamento é inadmissível aqui na escola, e vocês sabem muito bem disso! ── Escobar, o diretor da escola, começou com o mesmo discurso de sempre.
Não era e nem seria a primeira ou última vez que nós brigávamos, e sentados de frente para o diretor eu fingia ouvir e prestar atenção no que ele dizia.
Erick estava ao meu lado com uma cara de mais morte do que provavelmente a própria morte teria. Ele segurava um saco de gelo sobre seu olho esquerdo, que foi aonde eu o soquei. Era isso, acabávamos sempre no mesmo lugar e na mesma situação, na diretoria e com um saco de gelo.
Eu queria que fosse diferente? Claro que sim. Mas Erick tornava tudo tão impossível.
Blá, blá, blá e mais blá eu ouvi sair da boca do diretor, isso até ele dizer qual era o nosso castigo.
── Eu não vou organizar sala de música nenhuma. ── o riquinho resmungou antes que eu pudesse protestar.
── Se não quiserem que eu ligue para os pais de vocês é exatamente isso que irão fazer. ── vi seu rosto estremecer e quase soltei um sorriso com a nova informação.
O playboy tinha medo do papai.
Por muito pouco não soltei uma gargalhada.
Apesar que eu também não gostava muito daquela idéia. Normalmente nós fazíamos atividades extras para os professores, como uma redação, um resumo sobre o que aprendemos em aula, ou sobre determinado assunto que eles pediam. Uma vez chegamos a organizar a biblioteca juntos, mas acontece que a sala tinha mais de um andar e o ex cão, quer dizer, o ex professor John não dá mais aula aqui, graças a Deus.
Ele nos fiscalizava a todo momento, era uma tortura.
Não brigávamos? Claro que não, nem chegávamos a nos aproximar.
── Eu ainda te mato. ── Erick me olhou com ódio enquanto saíamos da sala da diretoria após concordarmos em ficarmos até mais tarde arrumando não só a sala de música como também a sala do treinador, isso após o surto do riquinho mimado.
── Tenta sorte. ── exibi um sorriso debochado em sua direção e puxei o celular do bolso.
A V L💥
Eu: Mais um castigo.
Puta💜: Droga! Perdi o barraco.
Namorada da puta💛: Arruma seu cabelo, amor. Tá parecendo que acabou de fazer um sexo selvagem.
Puta💜: Mas foi exatamente isso que eu acabei de fazer😏
Quis vomitar.
Namorada da puta💛: Mas as pessoas não precisam ficar sabendo disso, baby.
Puta💜: 😭😭
Namorada da puta💛: Qual foi o castigo dessa vez, M?
Eu: Arrumar a sala de música e a sala do treinador😴
Puta💜: Escobar acha que vocês dois são faxineiros? Pelo amor da coruja celestial.
Namorada da puta💛: Vai começar...
Puta💜: A coruja celestial é real!!!
Eu: É claro que é, Mi.
O psicólogo disse pra não contrariar.
Puta💜: Espero que a coruja celestial pegue vocês. E depois devolva porque não consigo viver sem meus trouxinhas.
Bufei um sorriso.
💜💛🍨💜💛🍨💜💛🍨💜💛🍨💜💛🍨💜💛
── Sala do treinador!
── Sala de música!
── Sala do treinador!
── Sala de música!
── Sala do... Tá bom, não vamos chegar a lugar nenhum com essa discussão. ── pela primeira vez na vida tive que concordar com ele.
As aulas já tinham acabado e ainda estávamos na sala de aula discutindo sobre qual sala íamos começar primeiro. Eu queria a sala de música por ser maior e já a eliminar-mos logo de primeira, mas era óbvio que Erick tinha que discordar de mim.
O soco que dei hoje mais cedo nele não tinha deixado nada além de uma marca avermelhada que futuramente poderia se tornar roxa ou desaparecer completamente.
── Pedra, papel e tesoura? ── sujeri.
── Certo.
Eu venci, é óbvio.
A escola estava longe de estar totalmente vazia, ainda tinha alguns professores, os gestores, o próprio diretor, a coordenadora pedagógica e o resto dos funcionários como secretários, inspetores e auxiliares de limpeza.
Davina, a minha professora favorita que da aula de português, redação e inglês ficou encarregada de nos supervisionar, mas acabou que ela foi chamada pela coordenadora pedagógica e nos deixou sozinhos.
── Perto da porta.
── Perto da armário. ── tudo outra vez.
Estávamos custindo sobre aonde ficaria o piano, já que o diretor deixou bem claro que a professora queria mudar esse instrumento musical. Tiramos novamente pedra, papel e tesoura e ele ganhou, fazendo o piano ficar perto do armário.
── "You walked into the room.
And now my heart has been stolen." (Você entrou na sala. E agora meu coração foi roubado.) ── cantarolei lembrando da música do James Arthur enquanto arrumava o armário, que estava uma bagunça.
Eu já tinha arrumado alguns instrumentos que estavam praticamente empilhados um sobre o outro e a enorme prateleira do outro lado da sala, enquanto isso eu não fazia a mínima idéia do que Erick estava ou não fazendo, eu tinha concordado que quanto mais rápido eu fizer tudo mais rápido eu poderia ir embora e parar de respirar seu cheiro tão forte e perfeito.
── You took me back in time to when I was unbroken.
Now you're all I want. (Você me levou de volta no tempo quando eu estava inteiro
Agora você é tudo que eu quero.)
── Você canta bem. ── o armário não estava lá as mil maravilhas mas eu fiz o meu melhor. Fechei a porta do mesmo assim que terminei e a voz de Erick escoou pelo local.
Que ironia isso. Armário, eu, Erick.
── Sei fazer mais coisas do que imagina. ── disse rudemente sem me virar para ele, eu brincava com um detalhe bobo do meu moletom com os dedos.
── Aposto que sim. ── quis dizer "Pode parar de falar agora?" mas antes que eu pudesse verbalizar meu pensamento o playboy voltou a falar. ── Olha enquanto estivermos nessas situações não precisamos nos odiar. ── me virei para ele, com uma careta de zoação e um riso quase solto.
── Você tá louco né? ── o folgado estava sentado em uma das cadeiras.
── Sei que parece impossível, mas se nos esforçarmos talvez conseguiremos. ── ele falava com uma serenidade que me espantava.
Quando é que deixamos a parte do "Eu ainda te mato" pro "Não precisamos nos odiar"
── E do que ia adiantar? Você já disse isso antes e sempre falhou. Em um dia ficamos em paz e em outro você me trata feito lixo de novo. ── cuspi minhas palavras com ódio.
As vezes eu odiava o quanto Erick era diferente. As vezes ele era generoso, brincalhão, até mesmo engraçado, ele ria e se abria sem problemas, dividia seus pensamentos e gostos e dava sorrisos mais que apaixonantes. Esse Erick era como um raio de luz em uma tempestade.
Mas em outras vezes, na maioria das vezes, ele era sempre o mesmo grosso, babaca e insuportável do dia a dia. Já esse Erick era como a neblina no meio da escuridão.
Como eu me apaixonei por ele? Nem eu mesmo sabia.
Ele desviou os olhos dos meus, não aguentando me encarar.
── Você é bem confuso, garoto. ── disse me afastando, começando a arrumar as cadeiras como se fosse a coisa mais interessante do mundo.
── Eu não sou confuso. ── ele protestou depois de uns... Dez minutos?
── Certo. ── resolvi apenas concordar antes que começássemos a brigar.
── Eu não brigo sozinho. ── ele disse depois de um tempo, voltando ao assunto da "futura paz"
── Você é que sempre começa, eu só entro na onda porque não tenho sangue de barata.
── Será que você não entende nada, Max? ── uni minhas sobrancelhas, erguendo o olhar até o seu rosto vendo uma carranca de raiva e exaustão.
── O que teria pra entender? Você é só um playboy querendo chamar atenção.
── É isso que você pensa de mim? ── bufei, era óbvio que ele não pararia de falar tão cedo. Me joguei em uma das cadeiras de frente pra ele.
Se ele ao menos soubesse o que eu penso dele... Ou melhor, o que eu sonho e sinto.
Contra todo o meu orgulho eu acabei deixando meus olhos caírem sobre seus lábios. Acabei molhando os meus quando percebi que não conseguia mais desviar minha atenção dali.
── Max! ── ele bateu as palmas me assustando.
── O que foi, porra? ── pisquei compulsivamente.
── Isso é alguma tática para me ignorar? ── que? Mas de que porra ele estava falando?
── Hãm? ── franzi o cenho.
── Você não me respondeu. ── qual era mesmo a pergunta? ── É isso que você acha que eu sou? Um playboy fazendo birra? ── ele parecia magoado...?
── Por que quer saber o que eu penso ou deixo de pensar de você? ── desviei da pergunta, cruzando os braços.
── Porque você é... ── ele se interrompeu.
── Eu sou o que? ── inclinei meu corpo para frente, curioso e instigado sobre o que ele ia falar.
── Insuportável, você é insuportável. ── se levantou bruscamente da cadeira, como se tivesse erguido os muros ao seu redor outra vez.
Mas a pergunta é, por que ele tinha os abaixado?
── Falou o suportável né? ── me arrastei para fora da cadeira.
── Por que você não vai se fuder? ── "porque quem eu quero fuder é você."
Ou ser fudido, ter o pau dele na minha bunda não era algo que eu recusaria.
── Por que não vai você em? Precisa ter um orgasmo muito bom pra deixar de ser tão imbecil desse jeito.
── Isso é um con... ── a luz acabou antes que ele pudesse terminar sua frase.
As janelas estavam fechadas cobertas pelas persianas, a porta estava fechada e a única luz era a que tinha acabado de acabar. Minha visão era basicamente tudo preto, tirando algumas frestas da persiana, que não deixava tudo tecnicamente escuro.
Me assustei um pouco quando ouvi um barulho que provavelmente era Erick que tinha feito, mas fiquei perplexo quando senti suas mãos agarrarem meu braço, me apertando.
── O que foi, Erick? Por que está me segurando desse jeito?
── P-Porque... É... Porque... ── demorei uns cinco segundos pra entender o que estava acontecendo.
── Você tem medo do escuro. ── não foi uma pergunta.
── Eu não tenho medo do escuro! ── claro, claro.
── Tudo bem então, eu vou lá na diretoria pra saber da falta de energia e você fica aqui. ── provoquei só pra ele admitir.
── Não! Quer dizer... E-Eu acho melhor ficarmos juntos e esperar a energia voltar. ── era pecado querer rir um pouquinho?
── Vou te zuar tanto por isso. ── disse exibindo um sorriso, mesmo que ele não pudesse ver.
── Cale a boca. ── apertou meu braço, como se tivesse algum direito de exigir algo. Que folgado.
Tirei suas mãos de meu braço e evitei seu toque assim que ele tentou se agarrar de novo a mim.
── Max! Não tem graça. ── raramente ele falava o meu nome. É claro que em meus sonhos era um fato constante, mas na vida real era bem diferente.
── É sério, Max. ── choramingou quase me fazendo desistir da brincadeira. ── P-Por favor, vem pra cá. ── achei maldade com ele assim que percebi que aquilo realmente não tinha a menor graça, dado que sua voz parecia chorosa.
Voltei para perto dele e suas mãos agarraram meu braço, tanto que até senti suas unhas, mas pouco me importei. O toque com alguém parecia algo essencial para Erick naquele momento, como se ele chorasse instantaneamente assim que perdesse aquela forma de apoio. Eu não poderia zuar ele por causa de algo tão íntimo.
A fragrância de Erick me envolveu mais uma vez, fazendo tudo ficar ainda mais difícil de resistir a ele. Naquele momento um sentimento estranho me tomou, eu queria cuidar dele, cuidar para que não tivesse mais medo do escuro, ou melhor, se tivesse que pelo menos fosse a mim que ele se agarraria sem medo de ser julgado ou zombado.
Tudo que eu mais queria naquele momento era vê-lo, afagar suas bochechas e encarar seus olhos dóceis.
── Por favor não faz mais isso. ── ouvir Erick falando com aquela voz tão frágil e meiga me fazia questionar se eu estava mesmo acordado. Será que a terra ainda era redonda?
Aquele Erick não merecia uma resposta rude ou debochada de minha parte.
── Tudo bem. ── em um momento de rompante toquei seu cabelo, fiquei surpreso por ele não me afastar, me xingar ou qualquer coisa do tipo, na verdade ele apenas encostou a cabeça em meu peito e suponho que tenha fechado os olhos.
Como se tivesse esquecido o que estávamos fazendo ou quem éramos.
A idéia de que ele poderia surtar a qualquer momento por estar assim comigo era uma possiblidade bem viva em minha cabeça, apesar de como ele me abraçava eu não podia esquecer que era só porquê Erick estava com medo do escuro.
Mas não era por isso que eu deixaria de aproveitar aquela situação da melhor maneira possível.
Guiei minha mão até a sua cintura, repousando ela ali antes de continuar a afagar seu cabelo. Pelo amor da coruja celestial, até seu cabelo era cheiroso!
Não soube muito bem cronometrar quanto tempo ficamos assim, sem nos mexer ou falar. Um hora? Um minuto? Um segundo?
── O que estão fazendo? ── quase saltei do lugar quando ouvi a voz de Davina se ponderar no cômodo.
Quando é que a luz tinha voltado?
Ambos nos afastamos rapidamente com os olhos predadores de Davina sobre nós. Oh meu Deus, que vergonha.
── Estávamos é... hm... ── Erick se enrolou todinho.
── Passando calor um pro outro. ── disse a primeira coisa que veio na minha cabeça. ── Ele estava com frio e eu quis ajudá-lo.
── Você a ele? ── apontou de mim para Erick, com as sobrancelhas bem levantadas.
Ela nos olhava com uma cara de quem claramente não estava acreditando na minha desculpa, afinal, era mais fácil eu deixar Erick morrer de frio do que aquece-ló.
Acabei ficando calado antes que eu pudesse falar mais alguma besteira.
── Tá bom, na próxima vez vocês pensam melhor na desculpa, pode ser que não seja uma professora tão legal quanto eu que pegue vocês assim... Passando calor um pro outro. ── ela exibiu um sorriso que só me fez querer cavar um buraco no chão e entrar.
── Já terminaram aqui? ── indicou a sala de música.
── Sim. ── respondi já que o playboy parecia não conseguir nem abrir a boca.
A sala não estava tão bagunçada, tudo que fizemos foi o básico e deu uma boa melhorada.
── Ótimo, sala do treinador agora. ── foi engraçado pra caralho ver Erick andar sem falar nada e parecendo caminhar com o rabinho entre as pernas.
Durante nossa locomoção não pude deixar de reparar em suas coxas. Ele tinha começado a malhar? Ele sempre foi um gostoso mas estava, sei lá, diferente. E também tinha aquela bunda... Porra! Que bunda! Acabei tendo que desviar meus olhos dali antes que "eu" acabasse me erguendo.
Davina ficou com nós o tempo todo enquanto arrumávamos a última sala. Ela nos informou que foi um queda de energia no bairro e que o gerador da escola estava com problemas, por isso a demora.
── Ótimo trabalho, meninos. ── Davina nos parabenizou. ── E se não quiserem continuar com os castigos acho melhor pararem de brigar. Até amanhã. ── murmurei um simples "Até" igual Erick.
Bufei assim que fechamos a porta da sala do treinador, espreguiçei meu corpo começando a pensar em tirar uma soneca quando chegasse em casa. Sem lição de casa eu poderia dormir umas três ou quatro horas.
── Você está afim de sair? ── eu tinha certeza que não íamos dizer mais nada e simplesmente ir embora, mas Erick sempre me surpreendia.
── Está me convidando pra sair? ── me encostei em uma das paredes ao lado da porta do treinador, olhando para cada traço do rosto de Erick.
── Não sei, estou? ── perguntou incerto.
── Como é que eu vou saber, Erick! ── bati o pé que nem uma criancinha, cruzando os braços sobre o peito.
── Tudo bem, trate o meu convite como um pedido de desculpas e talvez um... Recomeço? ── coçou a nuca, parecendo desconfortável.
── Será que você bateu a cabeça em algum lugar? ── zombei preocupado, começando a olhar em diversas direções de seu corpo para achar um suposto ferimento.
── Se não quer é só me dizer, não precisa ficar debochando. ── bufou, voltando a aquela sua típica expressão de "Posso te matar a qualquer hora"
── Já te disseram que você é muito estressado? ── encostei a cabeça na parede, olhando para Erick com um pequeno sorriso divertido preso nos lábios.
── Isso é um sim ou é um não, Max? ── paciência pra que né.
── É um "Você é quem vai pagar pelos sorvetes" ── dito isso eu caminhei para longe dele. ── Já aviso que eu como muito tá? ── disse sem me virar, apenas continuando andando.
── Na sorveteria "Sorvetes e Milkshakes?" às sete?
── Pode ser.
Eu nem sabia como íamos conseguir ficar na mesma presença um do outro sem brigarmos. Tudo que eu sei é que não se recusa sorvete de graça.
Espera, ele disse que esse convite é um pedido de desculpas? Suspeito.
Recomeço? Só se for pra eu enfiar minhas bolas na sua cara.
Fora isso eu estava super tranquilo em ir a um encontro com o cara que soquei hoje cedo.
O mesmo por quem eu também sou apaixonado a dois anos.
Vai ser super de boas! Eu nem estava nervoso!
Quantidade de palavras: 2.860
AVL= Apenas vivendo a vida loucamente.
Encontro, hihi💖
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