18. strangers (epílogo)
roi ❤️ BOA NOITE, BOM DIA
caras eu não to bem kkkk sério. esse é o último e parar de postar e escrever vai ser difícil de aceitar 😔😭
MAS a notícia boa é: lembram que eu disse que ia ser médio? kkkkk acabou que ficou enorme. amaram?
antes de mais nada quero agradecer a beansw por ter feito esses desenhos lindos e mandado pra mim (podem dar biscoito)
não esqueçam de deixar logo uma estrelinha pra me apoiar ❤️🥺 e leiam as notas finais por favor!
músicas citadas: hit the back - king princess, maybe you're the reason - the japanese house, STRANGERS - SIGRID (😭❤️)
agora sim vamos de choro
boa leitura!
...
(quase) 1 mês depois, 23 de dezembro
— Bom dia, colega de quarto! Já está terminando de fazer as malas? — Entrapta perguntou animada assim que entrou no dormitório. Catra estava em sua cama dobrando todas as roupas e enfiando na mala de qualquer jeito. A garota de cabelo roxo respirou fundo e sorriu. — Sente esse cheiro? Ah, eu amo o Natal! Você gosta?
— Tá um frio do caralho — foi tudo o que a latina respondeu.
Entrapta estalou a língua.
— Não era a resposta que eu esperava, mas deu pra entender o recado.
Catra deu um sorrisinho para a amiga. Ela só precisava guardar aquilo e estaria tudo pronto para ir embora. Não é que não gostasse do Natal — ela amava —, era apenas o frio e saudades da mãe.
Amanda costumava cantar e tocar canções natalinas no piano toda véspera de feriado, depois do jantar. Apenas as duas sozinhas na sala, como sempre foi.
Aquele seria seu quarto Natal sem Amanda.
Mas pelo menos não seria ruim como os outros. Nos últimos anos, Catra e sua tia passaram o feriado juntas em alguma festa — Cat sempre isolada. Com exceção de um, lembrou ela, no ano anterior, quando Scorpia a chamou para o jantar. A garota aceitou, assim como sua tia.
E naquele ano a mulher também aceitou Catra passar o feriado com a alma gêmea. Ela já tinha alguém especial, já era uma adulta, e sua tia não queria ter tanta responsabilidade assim, então por que não? Cata ficaria com Adora até as aulas voltarem no comecinho de janeiro.
— Estranho ver esse quarto sem nossas coisas — ela disse quando parou na porta ao lado de Entrapta. Ambas examinando o cômodo agora vazio de seus pertences. Catra continuou sarcástica: — Olha só, dá até pra ver o chão.
— Incrível. Eu nem sabia que tinha uma cabeceira — Entrapta brincou e Catra a empurrou de leve. Ela suspirou. — Será que ano que vem vamos ser colegas de quarto de novo nesse mesmo lugar?
— Claro que sim. Não é uma troca definitiva. São só duas semanas de pausa. Logo vamos estar aqui de novo, igual em Harry Potter — Catra sorriu para ela. — Vamos. O pessoal deve estar esperando.
Entrapta fechou a porta depois de ambas darem uma última olhada para o cômodo.
Do outro lado do corredor, no dormitório de Adora e Glimmer, ambas também encararam o local vazio com saudade nos olhos.
— Tchauzinho, quarto — Glimmer acenou e pegou suas malas. — Até ano que vem.
— Até mais — Adora disse, mas não sabia se iria voltar.
Ela estava com saudade do lugar e suas lembranças boas na universidade. Não estava tão triste assim.
Na verdade, não sentiu remorso algum.
Ela fechou a porta. Teve que procurar bem a amiga e seu cabelo rosa no meio de tantas outras pessoas saindo por aí apressadas com malas e caixas. Mas conseguiu ver Glimmer e seguiu-a. Ambas caminharam até o lado de fora do alojamento e pararam na calçada do campus. Carros diversos circulavam pelas ruas e alunos vestidos já com gorros e suéteres exclamavam, ansiosos para saírem dali e depois do semanas de provas finais estressantes. Finalmente um pouco de descanso.
O grupinho de Adora e Catra estava reunido em um bolinho de gente. A loira avistou a alma gêmea tirando fotos com os amigos, e Kyle aproveitando tudo com sua câmera. As duas encontraram olhares e sorriram.
— Bom dia — Adora disse amigável para todos — Ainda bem que estão aqui. Eu queria abraçar todo mundo.
— Claro que íamos esperar você — Kyle disse. — Ano que vem vai ser diferente. Vamos sentir saudade.
— E a gente vai dividir o Uber pro aeroporto — Bow falou enquanto mexia no celular. Aquele comentário rendeu um pisão no pé por parte de Glimmer.
Na verdade, Hordak iria viajar no próprio carro sozinho até sua casa (ele estava ali parado encostado no veículo), Glimmer iria esperar sua mãe de carro, e Catra e Adora iriam pegar um ônibus até a casa da loira.
— É minha mãe logo ali — Glimmer disse e soltou um suspiro ao ver um carro prateado enorme chegando — acho que isso é um tchau.
A primeira que ela abraçou foi Adora, bem apertado, já com saudades da melhor amiga. Glimmer quase chorou ali, porque seria tudo tão diferente, mas estava feliz por ela. Ela deu um beijinho na bochecha dela, e depois se despediu dos outros com um "feliz Natal" adiantado.
Quando ela guardou tudo no porta-malas e Ângela entrou no carro (ela acenou para todos com um sorriso), Glimmer deu meia volta e correu até Bow para abraçá-lo outra vez, mais forte, e depois eles se beijaram. Um beijo longo e bom. Ela ficou corada, depois beijou-o na bochecha e disse "tchau", tímida, e entrou no carro.
Todos esperaram o carro sair de vista para surtar com Bow. Ele verificou a pulsação para garantir que estava vivo. Ele estava. Adora deu tapinhas nas costas dele, e Bow ficou vermelho. Aquele beijo foi diferente de outros. Era sua alma gêmea. Foi totalmente gratificante e certo.
A Ohio dividiu um carro, e no outro iriam Kyle, Rogelio, Entrapta e Hawk. Todos se despediram com muito amor, principalmente Catra, que sorriu o tempo inteiro.
— Eu sinto que você vai mudar muito mais daqui pra frente, amiga — Scorpia disse em seu ouvido enquanto se abraçaram— para melhor. Estou orgulhosa.
— Obrigada — Cat sorriu sincera. — Sou muito grata por você ser minha amiga. Eu não digo isso muito, mas te amo. Feliz Navidad.
— Também te amo — Scorpia conteve as lágrimas.
Elas se abraçaram rindo quando Scorpia ergueu-a do chão.
— Vou te mandar mensagem o tempo inteiro — Bow falou e beijou Adora na bochecha. — Você é minha melhor amiga. Pra sempre.
Adora sorriu e apertou mais o amigo, porque não sabia quando o veria de novo.
— Melhores amigos pra sempre — ela disse ainda no abraço.
Bow não queria ficar longe dela, mas precisou ir para o carro. Ele acenou assim que entrou, e Adora quase derramou algumas lágrimas.
Lonnie prometeu praticar mais o canto (ela estava muito empolgada para aquilo), Kyle se permitiu ser abraçado por Cat e Adora, e Rogelio deu apenas um aperto de mão. Hawk fez cumprimentos engraçados, e Entrapta abraçou as garotas bem rápido.
— Até ano que vem — ela disse. Depois abraçou Hordak rapidinho também, e ele sorriu. Não estava surpreso. Na verdade ficou tranquilo. Ele beijou rapidamente a testa de Entrapta e a garota saiu tranquila como se aquilo não fosse nada demais.
Os carros saíram do campus, e depois que todos foram embora, restaram apenas ele, Cat e Adora.
— Você costuma beijar ela no rosto? — Cat ergueu a sobrancelha.
— Ela me autorizou — Hordak sorriu de lado.
Catra revirou os olhos e eles se cumprimentaram com um soquinho.
— Vê se se comporta enquanto estiver longe.
— Você também, gatinha.
Catra puxou a mão dele para Hordak encará-la de perto.
— Me chama assim de novo e eu te mando tomar...
— Sem palavrão ou agressões! É Natal, Cat!
Ele desejou um bom feriado e cumprimentou Adora, e saiu rapidamente para o carro. Melhor ir logo embora antes que Catra o perseguisse ameaçando atirar a guitarra na cabeça dele.
Hordak saiu do campus com "Good Love" tocando alto. Aquela música ficou tocando na mente de Catra repetidamente enquanto Adora chamava um carro para levá-las até a rodoviária.
— Acho que é nossa hora — Adora disse segurando sua mão quando esperavam. — Está pronta?
Catra sorriu para ela.
— Esperei por isso desde sempre, Dorinha. Vamos lá.
...
Catra e Adora foram tranquilas no ônibus. Não foi longa, então na primeira hora ambas conversaram pouco sobre os planos do feriado.
— Eu vou adiantar os estudos pro semestre que vem — Catra disse enquanto escolhia alguma playlist para ouvir. Adoa ergueu uma sobrancelha e a latina arregalou os olhos. — Caramba, isso nem parece eu falando.
— Verdade. Estou orgulhosa de você — Adora sorriu e a outra retribuiu. — Eu ainda não sei ao certo o que fazer. Vou esperar e descobrir. Tenho muito tempo.
— Acho que você podia ser — Catra mordeu o lábio, pensando. Adora aproveitou e pegou um dos fones de ouvido — professora? Atleta? Vendedora de pulseiras? Vendedora de origamis?
Adora revirou os olhos sorrindo. Catra descansou a cabeça no ombro dela enquanto escutavam suas bandas favoritas, e logo a garota adormeceu.
A loira estava acostumada a acordar cedo e fazer aquele trajeto, e como não demoraria tanto tempo preferiu ficar acordada, observar a paisagem e garantir que Catra não saísse do lugar.
Então ela só ouviu música e pensou no futuro, analisando todas as possibilidades. O destino era algo certo, e iria traçar seu caminho, mas ao mesmo tempo era imprevisível. Adora não sabia se aquilo era bom ou ruim.
Só bastava esperar.
Um tempo depois, logo antes do almoço, elas chegaram na rodoviária e Hope estava lá para buscá-las. A mulher ajudou com as malas (menos o violão e guitarra de Catra. Ninguém tocava naqueles bebês), e perguntou como foi a viagem, o trânsito, e tudo mais.
Conversar com Hope era fácil. Ela fazia aquelas perguntas genéricas, mas não era porque não tinha nada para dizer, e sim porque se importava. Ela ouvia, falava o que precisava, e depois perguntava mais. Catra notou que Adora havia puxado um pouco daquele jeito maduro e empático dela.
Assim que chegaram na casa de Adora, Catra olhou de novo para a parte da praia próxima. Ainda era a mesma. Aquela sensação de conforto ainda preenchia seu coração. Não só isso. Parecia um lugar de outro mundo, onírico mesmo. Não podia acreditar que ficaria ali.
Então ela olhou a decoração...
— Eu pensei que vocês gostavam de Natal, mas isso — Catra teve que estender o braço inteiro para fazer um círculo no ar e apontar para a casa. Ela não sabia se estava apavorada ou impressionada. — Isso é... Eu não sei. Grande.
— Exagerado? — Adora fez um bico e balançou a cabeça. — Não me culpe. Todos os anos é assim. A Mara é meio doida. Precisa ver no Halloween.
Ambas pararam lado a lado, admirando a decoração. Muitas luzes, muitas mesmo — como se precisasse sinalizar para o Papai Noel que elas moravam ali para ele não esquecer de passar lá — renas de brinquedo em meio à neve falsa (onde elas moravam não nevava, mas fazia feio mesmo assim), guirlandas nas portas de janelas, e tudo o que alguém meio obcecado com o Natal tinha direito de ter.
Hope abriu a porta e mandou-as entrar. Catra ficou com medo de Mara ter um boneco de tamanho real do Papai Noel que canta e dança, mas por sorte não tinha.
Por dentro estava tão decorado quanto por fora. Pelo menos parecia mais organizado. Elas sentiram o cheiro de comida e ouviram um CD especial de canções natalinas do Michael Bublé — sinceramente, a voz dele era o Natal.
Catra suspirou enquanto olhava tudo sem acreditar. Devia ter desconfiado que Mara era bem empolgada. Adora teve de quem puxar.
A mulher estava na cozinha, com um avental temático e tudo. Ela se aproximou com aqueles olhos azuis familiares e um sorriso caloroso.
— Que bom ter você de volta com a gente, meu bem — ela disse para Catra enquanto abraçava-a. — Vai ser muito divertido.
— Vai mesmo — Adora falou por elas. Catra abraçou mais a mulher. Era bom ter aquela figura materna por perto. Ela sabia que Mara sentia o mesmo e cuidaria dela.
Catra olhou Adora, e as duas se comunicaram ali. Foi como se suas marcas nos ombros ficassem mais quentes, próximas igual imãs, dizendo que o laço estava cada vez mais forte.
Porque ambas se sentiram em casa.
O resto do dia passou rápido demais. Catra acabou dormindo de novo depois do almoço e Adora ficou desenhando por horas em seu caderno até ficar cansada de olhar para aquilo e achar uma porcaria (coisa de desenhista mesmo).
E quando Cat acordou, ambas guardaram suas coisas nos quartos — a latina ficaria no quarto de hóspedes —, o que foi meio estranho. Primeiro porque Adora estaria fazendo aquilo uma última vez, e ela percebeu que não tinha onde guardar as coisas que normalmente usava na universidade, tipo papéis que colava nas paredes. Ela enfiou tudo dentro do guarda-roupa.
Segundo, porque Catra percebeu que tudo o que tinha era o suficiente. Ela sobreviva com poucas coisas. E arrumando tudo em gavetas e cômoda, acabou pensando onde estaria morando em três anos. Iria ficar com Adora naquela casa? Com a tia? Iria viajar sem parar? Aquilo a apavorou.
Já que a água do mar estava muito gelada, Mara chamou todas para assistir "Esqueceram de Mim" e outros filmes natalinos que passavam na televisão. As quatro ficaram no sofá o resto da noite, conversando, vendo os filmes e comendo doces.
Catra sentiu falta daquela sensação de tranquilidade e aconchego familiar. Ela realmente precisava daquilo.
...
24 de dezembro (véspera de Natal)
Adora acordou com um som horrível vindo do lado de fora do quarto.
Ela esfregou os olhos e fez uma careta. O cabelo loiro estava todo bagunçado, e ela se apoiou nos cotovelos, ainda meio lerda.
— Jingle bells swing and jingle bells ring! — era Mara cantando alto para toda a vizinhança escutar. Era lamentável. Adora teve que cobrir os ouvidos. Ninguém merece a tortura de acordar com barulho.
— Por que tem um peru gritando no corredor? — Catra perguntou em meio às cobertas.
Adora revirou os olhos e procurou a garota. Ela tirou um lençol da cabeça de Catra, e a latina resmungou.
— Ei! Tá claro demais aqui!
— Bom dia também — Adora falou sarcástica.
— Snowing and blowing up bushels of fun! — Mara continuava berrando. Ela provavelmente estava limpando a casa e dançando ali mesmo. — Now the jingle hop has begun!
Catra se espreguiçou e abraçou Adora por cima dos lençóis. Elas bocejaram ao mesmo tempo.
— Que horas são?
— Quase nove — Adora disse ao ver no celular.
— Ainda é madrugada então. Vamos voltar a dormir e acordar depois do meio-dia.
Adora sorriu. Ela teve a leve impressão que Catra iria aproveitar os dias de folga apenas para dormir.
Escutaram batidinhas na porta. Catra imediatamente se escondeu nos lençóis, e Adora também cobriu o corpo, deixando apenas a cabeça visível, e Mara abriu a porta. A mulher estava com uma bandana na cabeça e um sorriso cheio de energia.
— Bom dia, meninas — ela disse e Adora abriu a boca para responder uma desculpa qualquer. — Cat, eu sei que você está aí.
— Droga — ela grunhiu e apenas ergueu uma mão para acenar. — Bom dia também.
— Só queria acordar vocês e pedir pra você não esquecer de arrumar o quarto, querida — ela disse à sobrinha. — O dia vai ser cheio, vamos limpar a casa e cozinhar, ok?
— Ok... — Adora limpou a garganta. Ela estava corada. — Precisa ser agora?
— Não, não, não — Mara falou rapidamente balançando a cabeça e dispensou com a mão. — Prefiro não saber se vocês estão com roupa aí embaixo.
(Elas não estavam).
— Tá bom, tia. Já já a gente desce.
Mara fechou a porta. Adora soltou o ar que estava segurando e Catra apareceu de novo com um sorrisinho malicioso.
— Será que elas escutaram a gente ontem?
Adora pegou um travesseiro e jogou na cara dela. Catra gargalhou.
— Você é impossível. E persuasiva também.
Catra sorriu mais. Adora não se conteve e fez o mesmo. A latina abraçou o corpo nu de Adora e a beijou na bochecha.
— Vamos logo. O dia vai ser longo — Adora bagunçou os fios castanhos de Cat e saiu da cama. Ela procurou suas roupas espalhadas no chão para vestir até pelo menos o trajeto do banheiro. Quando se virou para Cat, a garota olhava para ela. Adora ficou corada. — Que foi?
Catra deu um sorrisinho para si mesma, pensando que estar ali era um sonho. Ela visou a marca no ombro dela.
Nada daquilo era um sonho. Era real.
— Você é perfeita — ela sussurrou, como se Adora disse um segredo só dela.
Adora sorriu confiante.
— Você é mais perfeita ainda — ela falava sério.
A loira se vestiu rápido e saiu do quarto. Catra ficou ali mais alguns minutos curtindo a preguiça e o colchão macio. Ela fechou os olhos, mas não podia dormir. Suspirou e sentiu o cheiro de Adora nos travesseiros. Ela estava tão feliz — e não era só pelo sexo — por que passou a noite dormindo como um anjo. Quis que todos os dias fossem daquele jeito, e seriam nas próximas semanas.
Então Catra aproveitaria o máximo de tempo com a alma gêmea.
Pelo resto da manhã, Adora ficou ajudando Mara na sala e cozinha, e Hope e Catra ficaram com os quartos e as compras. A loira e a tia fizeram o almoço e adiantaram o jantar — tinha que ser tudo perfeito para a vovó Rizzo — e Adora ainda fez uma limpeza geral no andar de baixo.
Ela subiu as escadas para buscar qualquer roupa suja que achasse nos quartos, e então escutou Catra cantando no quarto de hóspedes.
Adora sorriu e andou nas pontas dos pés, e olhou de relance para o quarto. Cat usava fones de ouvido e arrumava tudo. O lugar ainda estava uma bagunça, mas ela nem ligava. Cantava alto (sem saber) e rodopiava dançando "Hit The Back".
— E ela ainda diz que "não dança" — Adora resmungou brincalhona enquanto assistia a cena. Por sorte Cat não escutou-a.
Catra cantava como se estivesse em um de seus shows. Ela ficava muito melhor com a banda, mas era indiscutível que sozinha já brilhava bastante. Ela sabia dançar no ritmo da música, e até fechava os olhos às vezes. Adora não podia deixar de pensar no quão incrível seria o futuro dela. Catra poderia ser o que ela quisesse se corresse atrás. Ela até poderia ser uma cantora profissional, fazendo shows por aí.
Aquele pensamento fez Adora sorrir, e logo um frio na barriga surgiu. Se Cat fosse seguir seus sonhos, será que ela estaria inserida também? Adora talvez estivesse ocupada com os seus próprios.
— Ei! — Catra disse alto quando a viu e jogou uma camiseta em Adora. A loira tirou do rosto e a latina mostrou a língua. — Tá aí faz quanto tempo?
Catra estava vermelha de vergonha. Mas mesmo assim, feliz. As duas sentiram a mesma coisa.
— O suficiente — Adora atirou de volta a camiseta — gosto de te ouvir cantar.
— Sei... — Cat ainda estava vermelha. Adora apenas sorriu e foi na direção do quarto de Mara e Hope.
Ela pegou o cesto de roupa suja no banheiro, e quando passou pela parede do corredor, viu uma foto só de Randor e Marlenna. A lembrança deixou-a insegura, como se eles estivessem olhando para ela e todas as decisões que havia tomado.
Adora hesitou, e ainda fazia aquilo demais todas as vezes que pensava em suas escolhas. Ela queria ter seguido o que eles queriam, e queria participar do futuro de Catra onde quer que a garota fosse, mas era impossível. Não tinha como saber o que aconteceria dali para frente.
Por isso Adora escolheu seguir seu coração. O destino seria deixado de lado por enquanto.
— Desculpem, mamãe e papai — ela disse olhando para a foto. — Eu estou fazendo isso por mim.
Então Adora respirou fundo e saiu.
...
— Se você está assustada, não fique — Adora disse para Catra e abraçou-a por trás. A latina estava se olhando no espelho e vendo se o terninho preto (que ganhou de presente da Ohio) estava bom.
Catra sorriu e balançou a cabeça. As duas estavam combinando. Adora repetiu a roupa que usou na Ação de Graças.
— Não é isso. Eu só queria que a mamãe estivesse aqui pra me ver assim — ela deu um sorriso torto. Adora se afundou em seus cabelos e abraçou mais apertado. — E conhecer vocês.
— Eu sinto que conheço ela, sabia? Quando você fala dela sinto algo familiar — Adora sussurrou.
Catra virou o corpo para ficar frente a frente com ela, olhando-a com as pupilas agitadas.
— Eu entendo.
Adora sorriu e ficou curiosa.
— Vocês gostavam de passar o Natal juntas? — perguntou, segurando as mãos de Cat. Ela assentiu.
— A gente fazia doces, ela tocava piano, eu gostava de compor músicas na frente da lareira, e depois de meia-noite da véspera ficávamos assistindo algum filme até uma das duas dormir — Catra riu com a lembrança. — Depois que ela se foi as coisas mudaram tanto. Os feriados não são mais a mesma coisa.
Adora sentia a mesma coisa em relação aos pais. Ela lembrava de escrever cartas ao papai Noel e seu pai ir deixar no correio de verdade para provar que era real, e de ter sempre um presente escondido embaixo da cama, depois, de manhã, sua mãe tirava fotos da filha ainda com os cabelos loiros bagunçados e alguns dentes faltando.
— Eu não posso prometer que esses momentos vão voltar, mas podemos fazer tradições novas — Adora beijou a mão da alma gêmea — juntas.
Catra aceitou ser guiada por Adora para fora do quarto. Ela sorriu, meio triste e meio feliz.
— Juntas.
O jantar foi algo bem simples, e a vovó Rizzo chegou animada para o feriado, contando histórias de outros anos e que se lembrava, tudo isso enquanto comiam.
Adora estava radiante, e embora a velhinha ainda confundisse os nomes dela com Mara, a loira não se incomodou nem um pouco, querendo cada vez mais histórias.
Catra pensou que ficaria enjoada daquelas mesmas músicas tocando o dia inteiro pela casa, mas Rizzo amava, então manteve a boca fechada.
Elas terminaram o jantar e ficaram na sala conversando, até que outra música começou, uma versão lenta e romântica até, de "It's Beginning to look a lot like Christmas" e Mara ficou animada.
— Vamos dançar, amor — ela disse doce para Hope. A mulher dispensou tímida e educada. Mara não desistiu. — Por favor. Você ama essa música.
Hope deu uma olhada em Adora e Catra, perguntando apenas com aquele gesto se elas ficariam bem assistindo aquilo. Ambas acenaram a cabeça como um "vai lá". Rizzo cantarolou a música e falou para elas dançarem logo.
Mara, assim como a sobrinha, era quem sempre chamava para a dança mas não tinha jeito para aquilo. Mesmo assim, Adora, Catra e Rizzo admiraram o casal dançando lentamente abraçadas no meio da sala. Elas pareciam tão calmas e apaixonadas — o que era verdade. O amor não havia sumido de modo algum.
Vendo aquilo, as garotas tiveram esperança.
— Por que vocês duas não dançam também? — a senhora perguntou e apontou.
Elas se olharam com divertimento. Pela primeira vez ambas perguntaram ao mesmo tempo se a outra aceitaria, e riram.
Catra puxou Adora, não acreditando que estava fazendo aquilo, e passou uma das mãos pela cintura e a outra segurou a mão. Adora deixou ser guiada.
Elas balançaram, bem lentamente, ao ritmo na música, abraçadas. Era como se o mundo parasse e restasse apenas as duas. Adora fechou os olhos e sentiu os fios de cabelo da garota acariciando sua bochecha. Catra segurou delicadamente a cintura de Adora e respirou fundo um instante, e logo depois cantou bem baixinho a canção só para elas.
Adora sorriu ao ouvir e aproveitou a voz dela. Ela segurou mais forte a mão de Cat. Ambas eram peças perfeitas e sincronizadas rodando pela sala.
Houve um momento que a música não era mais audível. Adora só reconhecia porque Catra cantava, mas ela sentiu-se em outro mundo. Ambas, dançando, agarraram-se sendo suas âncoras e fugiram de todos os problemas e inseguranças.
...
Mara ficou ansiosa demais com os presentes porque queria mostrar para a avó, então ela subiu rapidamente e desceu com embrulhos para todas.
— Eu e Hope fizemos — ela disse olhando para a esposa logo depois. — Ela que sugeriu.
Adora já sabia o que era. Suéteres de tricô.
Rizzo assentiu feliz ao ver o próprio de cor roxa com um desenho natalino e deu um abraço na neta. O de Adora era vermelho de detalhes brancos, e um "A" costurado também. Ela amou aquilo.
Catra ficou vermelha quando viu o seu.
Adora segurou a risada e deu uma olhada.
— É a coisa mais fofa que eu já vi — ela disse com a voz manhosa. Parecia que corações saltitavam de seus olhos.
— A ideia foi minha — Hope falou orgulhosa, e Adora ficou grata pela tia estar tão leve e aceitando sua alma gêmea, sua vida, e tudo.
— É lindo — Catra sorriu sincera. Era um vermelho escuro, e o desenho era de a cabeça de um gato muito fofo. — Obrigada.
Ela ficou sem graça por não poder dar algo de presente, mas Mara logo disse que era de coração e essas coisas materiais não importavam.
— Vamos nos trocar e experimentar logo!
Cat não queria tirar o terno maravilhoso, mas aceitou a proposta. Elas colocaram calças e os suéteres, e ficaram perfeitos. Eram quentinhos e confortáveis.
Adora ficou ouvindo as tias conversando com Rizzo, e Catra olhou o celular porque os amigos mandavam mensagens toda hora desejando um bom feriado e fotos de como estavam. Ela deu uma gargalhada quando viu Double Trouble de chapéu vermelho, barba falsa branca e uma saia, avisando que iria passar na casa de cada um para "deixar um presente".
Era fofo ver todas as mensagens de todos com as famílias ou sozinhos. Adora e Catra já sentiam falta.
— Vamos mandar uma — Adora disse e puxou Cat para mais perto.
Catra nem queria, mas se aninhou na garota e sorriu tímida, encostando a cabeça no ombro de Adora. Ela tirou a foto e mandou feliz da vida.
Uma hora depois, Rizzo teve que ir para casa. A senhora se despediu com beijinhos nas bochechas e Hope a levaria para casa. Mara (que estava com preguiça de arrumar a bagunça) e as garotas ficaram apenas ouvindo música na sala.
— Eu não quero muito nesse Natal. Só tem uma coisa que eu preciso — Catra cantou baixinho e rouca a música da Mariah Carey, enquanto beijava Adora no rosto. — Eu não me importo com os presentes que estão embaixo da árvore de Natal — mais um beijo na bochecha. Adora sorriu e puxou-a para mais perto. Catra continuou murmurando. — Eu só quero você pra mim, mais do que você jamais poderia imaginar... — ela tirou uma mecha de cabelo rebelde do rosto da alma gêmea e depositou um beijo pouco acima da sobrancelha. — Faça o meu desejo se realizar... — mais e mais beijos rápidos no nariz, nos lábios, nas maçãs do rosto. — Tudo que eu quero de Natal é você.
Adora sorriu com tanto carinho, e beijou Catra de volta.
Mara suspirou.
— As luzes devem estar lindas lá fora — Mara disse sorrindo para elas. — Vendo da praia dá pra enxergar os pontinhos das decorações de outras casas. Vocês deviam ir lá.
— Mas a senhora vai arrumar tudo sozinha? — Adora disse.
— Primeiramente, não me chame de "senhora" — Mara apontou e elas sorriram. — E segundo, tudo bem. Vocês merecem um tempinho romântico. Só não fiquem muito tempo lá fora.
Catra tremeu adiantado do frio, mas ela concordou. Então ela e Adora saíram de casa.
...
— É realmente bonito vendo daqui — Adora arregalou os olhos e viu os pontinhos coloridos de pisca-pisca distantes. — Parece até que estamos pertinho das estrelas.
Catra estremeceu com uma brisa gelada que veio do mar. Ele estava agitado, alto e quase próximo delas. A garota olhou as luzes também e ficou admirada com aquilo. Segurou firme a mão de Adora.
Elas começaram a caminhar pela praia em silêncio, mas Cat era o tipo de pessoa que gostava de música até quando escovava os dentes, então levou o celular e colocou no volume mais alto.
Adora olhava as conchinhas na areia, mexia um pouco com os pés e depois devolvia. Ela já tinha demais daquilo. E Catra rodopiada pela praia, cantando baixo e olhando a alma gêmea.
— Já escutou alguma música e se sentiu em outro mundo? — a latina disse e Adora olhou para ela. Cat fechou os olhos um instante e outra fez o mesmo, apenas escutando "Maybe You're the Reason". — É isso aqui.
Adora concordou. Aquela música tinha algo diferente. Podia ser a guitarra, ou a voz, mas algo nela não parecia ser comum o suficiente para estar naquele mundo. Uma euforia momentânea atingiu-a no peito, e Catra sentiu a mesma coisa.
— Tudo mudou, não foi? — Adora perguntou em voz baixa. Catra abriu os olhos bicolores e ficou inexpressiva. A loira disse aquilo em um tom triste e nostálgico.
— E vai continuar mudando. Mas isso não é ruim.
Catra falou tranquila e abraçou Adora de lado. Elas ficaram caminhando daquele jeito devagar.
— Sei disso, mas... — Adora mordeu o lábio. — É que antes tudo tinha um caminho só e propósito. E esses dias eu fiquei pensando no que eu vou fazer e não tenho mais a menor ideia — ela riu nervosa.
Ela pensou nas sugestões de Catra: ser professora? Ela poderia tentar. Até ser atleta parecia uma boa.
Só era difícil escolher.
Adora sentiu como se estivesse vendada, no escuro, e várias escadas ao seu redor, onde ela pudesse apenas escolher uma. Ela ficou apavorada.
Mas pelo menos soube que estava livre, e não havia satisfação maior que aquilo.
— Eu tenho certeza que você vai fazer coisas incríveis — Catra disse séria. Ela sorriu para Adora, que retribuiu. — Acredito em você de verdade, Dorinha. E se ficar com medo tem vários amigos que vão estar lá para ajudar, inclusive eu. Mesmo que a gente esteja a alguns quilômetros de distância.
Adora sentiu borboletas no estômago. Um novo começo. Uma batalha nova.
— E você também vai ser grande. Acho que tem tantas possibilidades te chamando — os olhos azuis de Adora brilharam com a Lua e Catra ficou feliz, tão feliz por tudo. A loira inclinou a cabeça levemente para trás e visou o céu.
Mesmo separadas elas ficariam juntas. O destino (acreditando nele ou não) sempre daria um jeito de juntá-las.
As coisas não estavam resolvidas totalmente para nenhuma delas. Era algo que deveriam descobrir sozinhas. Tudo está sempre em constante mudança: as estações, os desejos, paixões e ambições, até o Sol e a Lua não eram constantes. Um ciclo infinito de oportunidades e incertezas.
E Catra e Adora ficariam bem. Ajudaram uma a outra durante esses meses e continuariam assim.
Ambas caminharam pela praia conversando e sorrindo, os corpos leves e esperançosos.
Então, outra música começou a tocar, uma batida eletrônica calma de início que tocava o peito, e elas cantaram juntas:
— Just like in the movies... It starts to rain and we...
Elas se assustaram com aquilo. Adora disse rindo:
— Você conhece essa música?
— Sim! É muito boa pra não gostar — Catra riu também.
"Strangers" continuou e elas se encararam um instante, um pouco em choque e um pouco felizes por terem mais algo em comum.
A música falava de duas pessoas estranhas que pareciam ser perfeitas uma para a outra, mas na verdade não eram. Tudo era tão diferente, sem sentido e que não poderia ser real nem mesmo se tentassem.
E embora aquela música não fosse o caso delas, elas sentiram algo novo e bom. Assim como na música, Catra e Adora eram duas desconhecidas, estranhas, quando se conheceram. Pessoas totalmente opostas.
Mas tudo mudou.
Quando chegou no refrão, Catra cantou o mais alto que pôde, gritando para o céu. Adora deu risada.
— Canta também! Eu tô falando sério! — Cat disse sem fôlego.
— Por quê?
Catra deu um sorrisinho e cutucou Adora, e disse, como se fosse um segredo:
— Às vezes a gente só precisa gritar e colocar tudo para fora.
Adora sentiu frio na barriga e pegou ar.
Catra começou a correr e gritar mais e mais a música, pensando em tudo na sua vida que havia mudado, incluindo ela mesma, e o que superou. Ela sobreviveu.
Adora cantou também, de início meio tímida, porque não tinha a voz muito boa, e então gritou também. A música vibrava em seu peito, transportando-a para outro lugar, seguro, e ela se sentiu amada.
Cat parou para ver Adora fazendo aquilo, bem na hora que outra brisa forte passou por elas. Parecia um sonho.
Todas as preocupações e medos? Sumiram.
— Eu acho que somos perfeitas uma para outra, sabia? — Adora falou assim que percebeu a alma gêmea olhando.
Catra concordou com um aceno.
— Eu tenho certeza disso.
Elas dançaram pela areia, rodando e cantando. Adora às vezes chegava pertinho de Catra, e a outra sorria. As duas quase perderam as vozes, mas valeu a pena cada segundo. Adora dançava ao redor de Cat e sorria o tempo todo com ela. Era impossível ficar parada com a música porque ela era hipnotizante, e até levava amor entre elas.
Elas cantavam porque queriam segurar aquele momento de amor e leveza.
Catra e Adora dançaram em perfeita sincronia. Em um momento chegavam bem perto, e no outro distanciaram. Tudo com sorrisos. Era tão libertador e certo. Se elas tiveram dúvidas se eram feitas uma para a outra ou se não sabiam o que seria dali para frente, todo o receio foi embora de vez.
Adora tentou pegar catra pela cintura, mas a garota fugiu. Elas ficaram nesse jogo, correndo pela areia enquanto fugiam da água do mar que ia e voltava e uma da outra.
Catra tentou subir e ficar nas costas de Adora, mas a loira começou a correr e apavorou a garota. A latina correu atrás dela pela praia inteira, gritando contra o vento, mas com um sorriso no rosto que ninguém poderia tirar.
Já não se tratava de cantar, mas de se divertir e aproveitar o momento. Elas passaram o resto da noite assim, deixando tudo para trás e ficando apenas com amor e felicidade.
Catra ainda viveria cada dia como se fosse o último.
Adora continuaria acreditando que o destino iria guiá-la.
Muitas coisas ainda estavam inacabadas, mas mudaram de certo modo. Elas mudaram — antes duas estranhas, depois almas gêmeas —, e sabiam que nada iria atrapalhar dali em diante.
Adora e Catra estavam juntas, e aquilo era mais forte que qualquer coisa.
...
nem sei o que dizer 😔
o que vocês acharam??
no próximo capítulo vou deixar os agradecimentos mais completos, mas de adiantado quero dizer muito obrigada a todes vcs que acompanharam essa jornada ❤️
a cena final ficou na minha cabeça por semanas e se eu escutar essas músicas que elas ouviram na praia eu choro. muito. experimentem ouvir com atenção e fechar bem os olhos que vcs vão entender
eu particularmente amo esse final porque o natal é tudo pra mim kkkk, os personagens tem uma coisa meio fechada, e é só coisa boa sabem? me deixou super feliz
e eu não quis mostrar o futuro delas ou dos outros porque acho que essa é a graça da história. você não sabe o que pode acontecer porque tudo muda. a gente muda muito, nossas escolhas e sonhos também
ai gente sei lá eu to muito triste que acabou e muito orgulhosa de mim também
obrigada mesmo por tudo!! vocês são incríveis demais
amo vocês ❤️🥺💜💗💕💖🤧😭😔🥰✊🏼🙏🏼💙
o próximo vai ter uma despedida legal, prometo
se cuidem! beijão (e bebam água pra repor essa água perdida nas lágrimas kkkkk)
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