13. sober
roi ❤️
mds que saudade de vocês! como foi a semana? tudo bem?
vcs acreditam que eu quase PERDI esse capítulo? meu deus o negócio quase apagou e eu morri por tipo dois minutos até arrumar de novo. o wattpad me odeia = fatos (ainda bem q eu tinha salvo em outro lugar)
enfim, esse capítulo é uma continuação do anterior! (aquele que vcs choraram pra caramba, sorry) (vou ter que pagar o tratamento psicológico de muita gente 👁👄👁)
músicas: blow - ed sheeran, misery - michigander (MÚSICA BOA DO CARAMBA), sober - lorde, sober - demi lovato (vcs vão entender)
não esqueçam de votar e ler as notas finais. boa leitura! ❤️
let's go lesbians
...
Depois de apresentar "Slow Burn", Catra precisou ir para a sala atrás do palco e chorar tudo o que tinha de lágrimas. A Ohio seguiu-a, e o quarteto ficou em silêncio o tempo necessário.
— Eu tô muito orgulhosa de você — Scorpia disse sorrindo. Catra deixou a cabeça descansar no ombro dela.
— Obrigada — Catra fungou. Ia precisar maquiagem escura borrada. — Como vocês sabiam tocar a porra da música?
— Legal, né? — Lonnie respondeu. — Eu falei pra todo mundo aprender caso você precisasse de ajuda no palco. Ensaiamos alguns dias sozinhos.
— Foi incrível. Obrigada mesmo — Catra sorriu para todos. — Lonnie, você deveria cantar mais sozinha.
— Concordo. Inclusive — Double Trouble continuou — quero incluir pop country na nossa setlist.
O resto da banda sorriu, afirmando que aquilo não ia dar certo. Quem sabe um dia.
— Agora pronto — elu resmungou. — Se eu digo "vamos variar e tocar um forró, um brega funk, sei lá" vocês ficam rindo e eu nunca vejo graça.
— A única coisa que vamos tocar hoje é rock — Catra disse com determinação. Ela olhou as horas no celular. — Ok, talvez um pouquinho de pop rock pra Perfuma. Vou só retocar minha maquiagem e voltamos.
Scorpia sentiu um frio na barriga. Não estavam brincando quando falaram da serenata — Double Trouble pensou melhor e achou que deveriam dedicar uma música primeiro e só depois Scorpia pediria Perfuma em namoro.
— Você tá bem pra tocar? — elu perguntou à Cat antes de ela sair pela porta que levava ao banheiro.
— Me sinto ótima — respondeu ainda meio rouca pelo choro. — E mesmo se não estivesse tenho uma guitarra me esperando que quase vendi minha alma pra comprar. Então, é, eu vou tocar.
Catra sorriu para os amigos. Ela estava bem de verdade.
...
Ok, então Hordak ficou meio assustado no quão rápido as pessoas dentro daquela casa de show mudaram de uma hora para a outra.
Ele estava sentado ao lado de Entrapta, perto de Adora e os amigos dela, quando viram a apresentação solo de Catra — foi incrível — até o final. A latina até apareceu a alguns minutos depois para cumprimentar todos e dizer que estava bem, já com a maquiagem retocada com o delineado de gatinho destacado.
Ela até riu quando viu que Hordak pintou o cabelo de azul. Riu de verdade.
Catra e Scorpia saíram um instante para cumprimentar a professora Huntara. A mulher havia acabado de chegar e estava empolgada. Catra até ficou tímida na frente dela. Era ótimo ter mais alguém que apreciava sua música, especialmente uma professora.
Então bastaram alguns minutos. Os amigos e famílias que bebiam sumiram e abriram lugar para um monte de gente de várias idades, todos com pelo menos um item de roupa preto, crianças e até idosos.
A Ohio tinha um público bom.
Hordak pressionou os lábios numa linha fina. Começou a se sentir deslocado em meio àquelas pessoas. (Ele viu Adora: cabelo loiro amarrado num rabo de cavalo, vestido vermelho, jaqueta... Certo. Ele não estava tão destacado como ela) (toda vez que ele via a química de Adora e Catra pensava que era uma fanfic da Taylor Swift e Avril Lavigne que deu certo).
— Ei, eles já vão começar — Entrapta cutucou-o. Hordak acordou dos pensamentos e ela sorriu divertida. — Tava pensando em quê?
— Foi mal. Eu fiquei absorvendo o momento.
Entrapta assentiu e deu de ombros. Era tão fácil ficar ao lado dela. A garota tinha muito em comum com ele, gostava de conversar muito ou simplesmente ficar em silêncio. Ela uma vez até perguntou se ele se incomodava com seu jeito (ela tinha autismo e havia dito tudo sobre), mas Hordak garantiu que gostava dela de todos os modos e de quem ela era. (Era verdade).
Eles esperaram a banda subir no palco. A multidão foi para a frente do palco. Catra parecia totalmente recuperada, quase como outra pessoa cantando "Blow", acompanhando na guitarra balançando o corpo fazendo caras e bocas. Todos lá em cima brilhavam, e até Lonnie cantou mais que o de costume, fazia solos incríveis na guitarra e sorria. Double Trouble fechava os olhos e se deixava levar pela música, e Scorpia era o tipo de baterista explosiva. Hordak pensou que ela iria quebrar o instrumento.
— Hordak — alguém chamou-o. Ele olhou para Adora. A loira estava com feição preocupada. — O que ele tá fazendo aqui?
Ele precisou procurar bem. Havia muita gente empolgada e junta num lugar só.
Bem na hora que a banda iria começar "Misery" (uma música incrível a voz de Catra, por sinal), as pessoas relaxaram mais e Hordak encontrou justamente quem ele precisava, mas não queria ver.
Prime.
— Essa música é dedicada a uma pessoa muito especial — Double Trouble falou ao microfone sorrindo. Elu e o restante da banda olharam diretamente para o grupo. — Perfuma, essa é pra você.
A loira ficou corada no mesmo instante. Ela sorriu doce para Scorpia. Todos exclamaram surpresos para ela, menos Hordak e Adora, que olhavam para o outro lado do cômodo.
A música era totalmente imersiva. Adora até perdeu o foco de Prime e voltou-se para assistir a alma gêmea cantando com paixão, olhos fechados, iluminada apenas por refletores.
A Ohio tinha literalmente toda a luz para eles. Os únicos outros pontos mais claros ficavam no bar, exatamente onde Prime se encontrava próximo. Era quase como se ele quisesse ser visto.
Você poderia me contar o que está pensando? Porque acho que sinto o mesmo
Porque você deixou meus joelhos tremendo, então pegue meu coração e parta-o em dois
Hordak sentiu uma angústia no peito quando Prime encarou-o e acenou com a cabeça para o lado de fora.
Olhou para a banda. Catra parecia não ter notado ele ali. Hordak disse "depois", mas sem emitir som. Prime assentiu.
— "Tudo o que eu quero é você" — Catra cantava de olhos fechados.
Hordak tentou ficar calmo com a voz dela. Arregalou os olhos quando se deu conta e a ficha caiu:
Ele era um idiota.
Catra estava sóbria. Viva. Sendo incrível. E ele era um idiota (parabéns!)
Lembrou-se de ameaçar Catra caso ela fizesse besteira. Quando ele se drogava ficava tão agressivo e apático com as pessoas. Um imbecil do caralho, solitário e desesperado. Como pôde fazer tudo aquilo com Catra? Ele realmente precisava se redimir depois de tudo o que fez. Desde as ameaças até as vezes que Catra confiou nele. Ela viu esperança em Hordak que nem ele mesmo via antes.
Incrível como você pensa mais quando está sóbrio. Era como se uma névoa tivesse saído de sua visão para revelar tudo.
Pelo menos ele estava tentando. Um passo de cada vez.
— Vai falar com ele? — Adora perguntou de modo que só ele pudesse escutar. Hordak assentiu. Ela estava doida para dar outro soco em Prime se fosse necessário. — Ok. Tenta não foder as coisas.
— Não vou.
Adora apertou o ombro dele como um aviso: "acho bom que sim ou eu mesma acabo com os dois". Ela se distanciou dele ainda com o maxilar cerrado.
Hordak tocou nos bolsos da calça e dentro da jaqueta. Tinha algumas coisas que podiam deixar Prime afastado.
— Ei, você tá legal? — Entrapta perguntou inclinando o corpo para falar em seu ouvido ao vê-lo mexendo nos bolsos como se tivesse perdido algo. Na verdade só estava desesperado. Nada demais.
— Vou ficar — ele deu um sorriso amarelo e respondeu próximo à ela. — Ei, eu que devia estar perguntando se você tá bem. Aqui tem muita gente e barulho.
Entrapta sorriu brincalhona. Ele sentiu as bochechas corando, e a música de fundo não ajudava no nervosismo. Estava alto, o som vibrava em seu peito. "Misery" era linda e triste, sentimental, e Hordak sabia que era para Perfuma, mas algo dentro de si o mandava acreditar que era para Entrapta.
"Tudo o que eu quero é você..."
Ela afastou o cabelo roxo de modo que ele pudesse ver suas orelhas.
— Tampões de ouvido — Hordak sorriu de canto. — Esperta.
— São tão eficientes. Eu uso em todos os shows, mas ainda não aguento ficar no meio da multidão por muito tempo. Acabo sempre sentada no canto.
Entrapta observava os amigos no palco com brilho nos olhos. Mesmo com as dificuldades ainda comparecia aos ensaios e apresentações. Hordak sentiu orgulho e vontade de ser mais como ela. Aquilo era amizade de verdade.
— Eu te levo de volta pro campus se quiser. Basta pedir — ele disse. Entrapta dispensou com a mão.
— Eu estou bem. Mas obrigada — ela apertou de leve o braço dele. Hordak assentiu.
Ele esperou o restante do show. A Ohio tocou mais músicas como Fleetwood Mac, Heart, The Pretty Reckless e assim por diante. Hordak ficou beliscando a comida, assistindo e tentando não surtar.
No final do show a única coisa que o deixou melhor foi a banda tocando "Ohio", Catra se soltando mesmo já quase sem voz e sorriso de Entrapta ao assistir tudo.
...
— Ok, diz logo o que você quer — Hordak falou.
Estava deserto do lado de fora. Hordak deu um jeito de fingir que ia ao banheiro e seguiu Prime até os fundos. A rua era iluminada, mas não tinha uma alma viva. O único som era do vento frio de outono e seus passos.
— Eu não quero brigar — Prime disse. Hordak manteve uma distância segura. — Já levei muitos socos das suas amigas nos últimos meses.
— "Amigas" no plural? Tá falando da Adora também? — um sorriso surgiu nos lábios de Hordak. — Essa eu não tava sabendo.
— Halloween. A Catra me ameaçou, e a outra também, que veio sozinha e meteu a mão na minha cara. Mas não é isso que eu quero falar. Me dá logo o que me deve — Prime grunhiu.
Hordak suspirou cansado. Cansado daquela merda toda. Ele viu que Prime o olhava estranho.
Hordak fez um barulho que veio do fundo da garganta e esvaziou os bolsos. Até que tinha muita coisa. Ficou bem pertinho de Prime e viu como ele estremeceu quando entregou tudo, batendo no peito dele.
— Eu não sei porque você continua dizendo que eu te devo dinheiro e drogas como se a gente tivesse naquela música da Rihanna, sabe? — Hordak sorriu com malícia, apertando o que tinha contra o peito de Prime. — Pelas minhas contas eu nunca te devi tanto assim, e olha que sou bom de cálculo. Pega essas coisas e me deixa em paz.
Prime bufou no rosto dele e desviou o olhar. Hordak sorriu mais ainda. Aquilo era um pânico?
Hordak disse baixo e com a voz rouca:
— Não é sobre dinheiro. É sobre mim — Hordak arregalou os olhos lentamente. Prime deixou os lábios numa linha fina.
— Cala a boca.
Prime pegou o que queria e guardou nos bolsos. Quase não coube tudo. Hordak observou-o.
— Eu posso até ser pan, mas não pra você, Prime — Hordak debochou. Prime ficou vermelho de raiva. — Não costumo ficar com gente mais babaca que eu.
— Eu não... — Prime grunhiu e deixou a mão fechada em um punho. — Foda-se. Tô indo embora.
Prime deu meia volta. Hordak disse mais alto:
— Um dia você vai achar sua alma gêmea que vai te amar do mesmo jeito que ama seu dinheiro. Mas essa pessoa não sou eu — Prime parou e caminhar e virou de volta. Hordak pensou que ele iria dar um soco nele, mas o cara parou e escutou. — Se você for um cara legal e não um escroto, sabe.
Prime baixou o olhar. Hordak levantou um pouco da camiseta para mostrar a marca de alma gêmea: um losango em pé, localizada em uma costela.
— Olha só. Não é você. Agora pode me deixar em paz e as minhas amigas.
Prime respirou fundo aos observar a marca. Ficou estático por dez segundos e saiu, levando consigo dinheiro, erva e pílulas.
Quando viu que ele estava longe o suficiente, Hordak respirou fundo, grato por ter tirado esse peso das costas. Passou a mão nos cabelos e olhou para o céu.
— Hey — Catra chamou-o. Ela estava lá observando da porta, silenciosa como um gato. Chegou mais perto de Hordak com um sorrisinho maroto, mãos nos bolsos e o salto do sapato fazendo barulho no chão de cimento. — Eu vi o que você fez.
— Não vou nem ganhar um parabéns? — Hordak ergueu uma sobrancelha. Estava cansado, mas ainda sabia ser sarcástico.
Catra bateu uma palma. Só uma.
— Parabéns por não fazer mais que a sua obrigação e não ser um filho da puta.
— Obrigado — ele fez uma reverência. — Cara, ele era insistente. Ainda bem que acabou. Eu tô tentando melhorar de verdade.
Cat sorriu de leve e olhou toda a extensão da rua. Ficou com um calafrio.
— Ele disse que você ameaçou ele — Hordak continuou. Era confortável estar com Catra. Relembrava alguns meses antes de quando tudo o que faziam era conversar à noite e olhar ao redor caso viesse alguém suspeito.
— Claro que sim. Verbalmente — Catra deu de ombros.
Hordak viu que ela estava suada, quase sem voz e com a maquiagem borrada. Mesmo assim a garota tinha um sorriso no rosto.
— E a sua namorada também deu um soco nele.
Catra engoliu seco. Primeiro um choque, depois a boca se abriu. Ela gaguejou:
— A Adora fez o quê? Espera, ela não é... nós não... Eu... Que dia foi isso?
— No Halloween. Tá brava?
Catra passou a língua pelos lábios, balançando a cabeça sem acreditar no que o garoto disse. Ela riu, totalmente espontânea.
— Não. Ela é incrível!
Hordak riu também. Tinha que concordar que Adora era determinada e faria qualquer coisa por Catra. Desde o dia que a latina teve a overdose, ele viu como Adora era preocupada e mandona — e as duas nem estavam juntas ainda.
Catra e Hordak ficaram parados, mãos nos bolsos, apenas sentindo a brisa passar entre eles. Foi reconfortante.
— O que a gente faz agora? — ela perguntou. Hordak deu de ombros.
— Sei lá. Tá a fim de um milkshake? A Entrapta conhece um lugar ótimo.
Catra riu balançando a cabeça.
— Eu topo. Mas tava falando sobre depois de tudo, tipo... aprender a viver sem se drogar de novo. Será que a gente consegue ser amigos sem isso?
Catra abaixou a cabeça sem jeito. Hordak pensou um instante.
— Me lembrei daquela música da Lorde, "Sober" (Sóbrios)? Sabe qual é?
A garota de canto. Ainda com a voz rouca conseguiu cantar baixinho:
— "Rei e rainha do fim de semana. Não há pílula que possa afetar nosso ímpeto..." — ela suspirou. — "Mas o que vamos fazer quando estivermos sóbrios?".
Hordak teve que apertar os olhos quando outro vento frio passou. Catra fungou e arrumou o cabelo sem jeito.
— Se eu acreditasse em destino diria que ele vai arrumar as coisas — disse ela, erguendo uma sobrancelha. — Mas não acredito. Então vamos ter que esperar e continuar vivendo né?
Ele deu um sorrisinho.
— Vivendo cada dia como se fosse o último?
Catra suspirou de novo, ponderando aquela frase que dizia como um mantra. Ela ainda não tinha mudado de ideia. Era algo forte demais para falar, mas era certo porque...
— Se tem uma coisa que eu aprendi é que a vida passa num sopro — ela se perdeu o um segundo ao lembrar de Amanda e de sua própria o overdose. — Talvez eu não viva mais pensando nos dias que ainda restam. Vou só viver.
Hordak sorriu para ela. Catra retribuiu.
— Vou voltar lá pra dentro — disse ela, apontando para o local. Adora provavelmente estava esperando-a. — A minha patroa é exigente, sabe?
Hordak riu e as bochechas de Catra coraram quando ela lembrou que ainda precisava estabelecer com Adora o que elas eram. Talvez alma gêmea já fosse o suficiente.
Ele acompanhou a garota, mal acreditando que estava rindo de verdade com Catra. Uma amiga.
— Ah, e eu vou querer o seu carro semana que vem pro feriado — Cat riu sem graça e deu um soquinho no ombro dele. Hordak revirou os olhos.
— Ok.
— Legal, cara — ela soltou uma risadinha animada.
Hordak soube mesmo que Catra estava mudando quando ela começou a saltitar pelo corredor de felicidade até estar nos braços de Adora.
"Sober" ficou na cabeça dele o resto da noite como tivesse mergulhado num poço sem fim, escuro, e a única coisa audível era a canção.
...
Uma semana depois
No sábado de manhã, Catra e Adora acordaram cedo para a viagem até a casa da loira. Ambas saíram dos dormitórios ao mesmo tempo e pararam no corredor, encarando-se. Catra bocejou e Adora riu olhando ela de cima a baixo:
— Bom dia — Adora disse animada.
— Dia.
— Você vai tomar café de pijama?
Catra suspirou. Ainda estava com um short de tecido leve, chinelos, cabelo espetado de todos os ângulos possíveis e uma camiseta escrita "Whenever I'm sad, I stop being sad and be awesome instead" (Sempre que estou triste, paro de ficar triste e fico incrível).
— São seis da manhã, Adora. Você me obrigou a isso — ela apontou um dedo, acusando-a. Adora deu de ombros.
— Se a gente sair logo dá pra chegar antes do almoço e ainda ir na praia.
Adora estava ansiosa (de um jeito bom) para chegar em casa. Tinha saudade das tias, do mar, o cheiro da maré, o vento balançando seus fios loiros... Aquilo era seu lar. Ela levantou cedo, tomou um banho e se trocou.
— Cadê a Sparkles?
— Aqui — Glimmer disse com a voz arrastada. Ela estava com o cabelo rosa úmido e roupas já para a viagem. — E não me chama assim de novo.
Catra riu um pouquinho. Glimmer usava brincos em formato de estrela, maquiagem com brilho e cabelo rosa exatamente como um personagem de My Little Pony da vida real. Óbvio que ela ainda ia chamar a garota daquele jeito.
— Simbora tomar café — continuou Catra, andando na frente como um zumbi.
Adora sorriu e arrumou a postura. Bow disse que já estava esperando as garotas na cantina da universidade. Elas caminharam até lá, sendo que só Adora parecia ter tomado dois energéticos, e estava quase saltitando de alegria. O campus estava vazio (porque tudo bem acordar cedo para viajar no feriado, mas ninguém era maluco de acordar tão cedo assim).
Quando chegaram no refeitório apenas Bow estava em uma das mesas. Braços cruzados contra o peito, corpo afundado na cadeira, cabeça inclinada para trás e óculos escuros.
Catra deu uma gargalhada rouca que o fez despertar. Glimmer tentou esconder o sorriso com o susto dele.
— Bom dia só pra quem acordou antes da tia da cantina — ele disse se espreguiçando. — Literalmente. Encontrei a Gertrudes no caminho e ela ainda tá preparando a comida.
Catra bufou.
— Tá de brincadeira? Adora, isso é sua culpa. Vai tomar no cu.
— Você tava cochilando? — Adora ignorou a alma gêmea e perguntou a Bow. Ele assentiu. Todos se sentaram na mesa.
— É sábado — ele enfatizou. Catra pousou a cabeça sobre a madeira e fechou os olhos. — Como você tá tão incrível a essa hora da manhã?
— Acordei às cinco, fiz uma corridinha e tomei banho — Adora sorriu. Ainda não conseguia saber de Bow estava de olhos fechados ou abertos. Catra deu uma risadinha.
— Às vezes fico me perguntando como que a gente combina — Cat bocejou de novo.
Adora apenas sorriu e fez carinho na cabeça dela. Aquilo a fez dormir por cinco minutos até acordar com o cheiro de café.
Adora preferiu beber suco. Bow ficou puxando papo com a tia Gertrudes sobre o café, e Catra e Glimmer despertaram mais a cada segundo. A surfista batia o pé, animada, apenas querendo terminar de comer para arrumar as malas.
O grupo estava saindo do prédio da cantina quando deram de cara com Kyle, Rogelio e Lonnie. Eles também iam viajar cedo de carro até a casa da garota. Kyle abriu a mochila e entregou um envelope para Catra.
— São as fotos que eu tirei no Halloween. Fiz algumas cópias pra vocês... só um presentinho — ele disse vermelho. Catra tirou as fotos do envelope. — Bom feriado!
Kyle quase saiu andando, mas Catra puxou-o pela camiseta.
— Espera aí, cara, essas fotos são muito boas — a latina sorriu. Adora e os outros fizeram um círculo para olhar, e Cat passava as fotos uma de cada vez, olhando atentamente. — Pensou em colocar no portfólio do curso? São muito boas mesmo.
— Obrigado — Kyle coçou a nuca. Rogelio deu um tapinha leve no ombro dele em conforto.
Catra estranhou de início, porque ela não costumava tirar fotos sorrindo. Haviam fotos com a banda fazendo poses sérias ou engraçadas, fotos com os amigos de Adora, e até o grupão inteiro.
Ela pegou uma foto dela e de Adora (uma de várias) e sorriu de leve. Adora tinha um braço ao redor de seus ombros e Cat inclinava a cabeça de leve para o lado a fim de ficarem com os rostos bem próximos.
Droga. Catra não queria ficar longe de Adora. Primeiro o feriado, depois aulas e aí no ano seguinte como seria?
— Obrigada, Kyle — ela disse para o garoto e abraçou-o rapidamente.
— Catra expressando seus sentimentos na nossa frente? Você mudou mesmo — Lonnie sorriu. Catra revirou os olhos e abraçou a amiga. — É um elogio. Estou feliz que você está sendo mais aberta com a gente.
Catra assentiu de leve. Os grupos se separaram indo em direções opostas, todos se despedindo e desejando um bom feriado.
Adora entrelaçou os dedos com o da alma gêmea enquanto olhava para a foto.
— Eu gosto dessa.
Adora sorriu para Catra. Um calorzinho bom no coração surgiu em ambas.
— Eu também.
Adora mandou todos se encontrarem em uma hora. Catra foi correndo tomar banho e quando voltou ao dormitório Entrapta já estava acordada.
— Caramba, você tá voltando de algum lugar ou acordou cedo mesmo? — perguntou ela enquanto mexia no celular.
— Tá se achando engraçada né, Entrapta? — Cat respondeu irônica e abriu a mala, jogando tudo de roupas que precisaria para um fim de semana. — Você vai viajar?
— Nah. Minha casa é longe demais. Double Trouble me chamou pra um jantar na fraternidade. Eu, elu, Scorpia, Perfuma e Hordak.
— Legal — ela disse e percebeu que falou sério. Ela não sentiu raiva de Hordak. Era um passo.
Catra sorriu sozinha quando lembrou de onde estava no ano anterior, ainda no primeiro período da universidade. A Ohio fez um jantar só de comidas que pediram pela internet e passaram a noite no dormitório de Lonnie e Scorpia. O grupo não era tão unido na época, então uma noite com música, comida e bebida rendeu uma conexão mais forte.
Cat acordou no dia seguinte com uma dor de cabeça do caralho e uma ressaca que nunca esqueceu. Havia conhecido Hordak a poucos meses, e ela tinha coragem de se aventurar mais e mais.
Foi uma época boa, muito boa, apesar de Catra não recordar de todos os detalhes com clareza, ela lembrava das sensações, das risadas e da curiosidade incessante.
Ela piscou e encarou a mala já pronta em cima da cama. Um ano depois estava ali indo passar o feriado na casa da sua alma gêmea. Se tivessem dito aquilo para ela antes Catra teria dado um sorriso sarcástico.
— Cadê o Hordak? Vamos precisar do carro dele e eu quero a chave — ela disse à Entrapta, movendo apenas a cabeça para encarar a colega de quarto.
— Vou dizer pra ele encontrar a gente no estacionamento ou seja lá o lugar que o carro dele foi parar — Entrapta digitou no celular. Catra sorriu e revirou os olhos enquanto fechava a mala.
— "A gente"?
— Eu vou com você desejar boa viagem — Entrapta levantou-se. — E DT, Scorpia e Perfuma.
O coração de Catra se aqueceu.
— Eu fiz uma coisa pra você! — Entrapta falou animada e deu uma voltinha no quarto até abrir a gaveta da cabeceira.
Ela tirou um papel circular do tamanho menor que a palma da mão e escondeu rapidamente atrás de si. Catra engoliu seco.
— Antes de você ir, eu pensei que você deixou eu ficar com alguns origamis, aí lembrei que no início do semestre a gente foi se comunicando aos poucos. Você deixou eu entrar no grupinho da banda, virou minha amiga, não me achou estranha, se preocupou comigo quando o Hordak apareceu, quis me proteger...
— Acredite, eu que devia te agradecer por ter me aguentado. E por ter cuidado de mim depois da overdose.
Elas sorriram uma para a outra. Entrapta continuou:
— Pois é. E eu também estava ouvindo aquela música da Demi Lovato que me faz chorar toda vez, então lembrei de você. Desculpa por isso, aliás.
— Caramba, eu sei qual você tá falando — Cat disse. Aquela música era uma facada no coração desde que Amanda morreu e ela começou a beber. "Mamãe, desculpe. Eu não estou mais sóbria". Catra só queria esquecer daquela dor.
Catra se sentia tão sozinha e culpada. Ela só queria a mãe de volta e algo para se agarrar ou esquecer. Ficava tão triste por não conseguir parar, chorava sozinha, e virava um ciclo vicioso e depressivo. Ela murmurava para o céu "desculpe, desculpe", porque o de quer que Amanda estivesse ela estaria decepcionada.
Era desesperador.
Sem saída.
— Enfim, continua.
— Eu quis fazer algo pra você. Não é grande coisa, mas acho que é significativo.
Catra sorriu devagar e arregalou os olhos bicolores com divertimento.
Entrapta estendeu a palma da mão. O papel na verdade era adesivo impresso em uma cor dourada como uma medalha. Também tinha escrito "trinta dias".
Catra pegou delicada e encarou o adesivo com dedos tremendo. Ela sentiu a barriga encolher de nervosismo e apertou os lábios.
— Eu acho que fazem mais de trinta dias, pelos meus cálculos — Entrapta disse. — Então como você já está...
— Sóbria.
Entrapta sorriu.
— É. Eu só queria te dar algo pra se lembrar dessa vitória — ela deu de ombros. — Não é uma medalha de verdade, mas o que vale é a intenção.
— Essa... — Catra gaguejou. Nem havia reparado que já fazia um mês desde que não bebia ou se drogava. Sua visão ficou embaçada pelas lágrimas. — Essa é a coisa mais legal que alguém já fez pra mim. Obrigada.
Catra cobriu a boca e apertou os olhos. Ela chorou silenciosamente. Entrapta deu um passo a frente e abraçou a amiga de leve, o que surpreendeu Cat porque ela não gostava muito de contato físico.
Entrapta deu tapinhas na cabeça dela e sorriu. Catra sorriu também e disse:
— Eu vou ser uma amiga melhor.
— Eu também. Um passo de cada vez.
Catra secou as lágrimas. Ela pegou o violão, guardou na capa e grudou o adesivo ali. Era melhor deixar à vista.
Primeiro trinta horas, depois trinta dias, e assim por diante. Catra fez essa promessa para si mesma.
Ela pegou a mala e o violão. Deixaria a guitarra no dormitório mesmo, mas o violão era bom levar consigo caso desse vontade de tocar.
Ambas saíram do dormitório e caminharam até a rua perto da biblioteca onde o carro de Hordak estava estacionado, Adora, Bow e Glimmer chegando logo depois.
Scorpia, Perfuma, Hordak e DT chegaram correndo para se despedirem do grupo. Todos com cara de que haviam acabado de acordar. Era fofo ver aqueles rostinhos inchados e olhos apertados.
— Espera — Bow parou de repente e olhou o veículo. O grupo se virou para ele. — Adora, a gente vai de carro? Eu jurava que você tinha um caminhão.
Todos riram (Catra principalmente), e Adora apenas mandou o dedo do meio para ele.
Catra encarou Perfuma e Scorpia de mãos dadas e sorriu.
— Eu sabia que a música ia funcionar — Double Trouble disse em seu ouvido. Catra cutucou elu na barriga. — Tô pensando em virar casamenteire de almas gêmeas e depois postar os casais no Tik Tok. Você e Adora vão ser as primeiras.
— Por favor não! — Catra arregalou os olhos e elu gargalhou.
Double Trouble começou a correr dela. Era uma visão bem engraçada delu com shorts de estampa de dinossauro correndo pelo gramado e pedindo "socorro, Luísa Mell!" enquanto a garota gritava ameaças de morte.
— Aqui, cuida bem do meu carro — Hordak jogou as chaves para Adora, e a loira pegou no ar lançando-lhe um olhar ameaçador e convencido. Hordak deu um passo para trás. — Não quero ver nenhum arranhão quando voltar.
— Desculpe, era pra devolver? — Adora disse irônica com a mão no peito. Hordak ergueu a sobrancelha e ela riu. — Fala sério, eu já dirigi ele na pressa uma vez, lembra? Sem arranhões.
Hordak abriu o porta malas e Adora carregou as malas sem dificuldade. De longe Catra conseguiu pegar DT, ambos rolando na grama. Scorpia gritava para tomarem cuidado, e Entrapta filmava no celular.
— Não deixa a Cat colocar os pés no painel — Hordak disse baixo e em alerta.
— Cara, relaxa — Adora disse calma. Olhou para a alma gêmea, que com certeza tinha escutado, e ambas piscaram uma para a outra.
Catra abraçou Scorpia com força. A amiga quase ergueu-a do chão. Double Trouble deu um beijo em todos, Perfuma também, e Hordak apenas deu um soquinho com a mão.
— Boa viagem — Scorpia disse — eu te ligo no jantar.
— Ok — Catra riu para ela.
— Aproveitem a praia para meditar — Perfuma uniu as mãos. — E mandem fotos.
Adora ficou mais animada para voltar para casa. Todos se despediram uma última vez. Glimmer, Bow, Adora e Catra entraram no carro, a loira no volante. Ela respirou fundo e deu partida. Os amigos acenaram animados.
Finalmente um pouco de tranquilidade.
...
hola muchaches
parabéns, hordak, por não fazer mais que a obrigação kkkkkkk ai ai eu passo o paninho sim gente. me esforcei pra tentar fazer ele evoluir
e sim, eu fiz ele ser pansexual ✨ heteros na fic? claro q n meu amor
(pelo amor de grayskull me digam q vcs entenderam a piada do caminhão kkkkkkkk eu fiquei pensando nisso e rindo sozinha a semana toda)
quero saber a opinião de vcs aaaaa esse capítulo n é um dos meus favoritos mas achei necessário
a entrapta é tudo pra mim meu deus, que perfeita 😭😭❤️❤️ achei lindo todas as partes que ela aparece nesse capítulo
vocês jurando que ia ser triste por causa da música da Demi e na verdade foi fofo kkkkk amoh — aliás se eu não tivesse escutado as músicas citadas nesse capítulo eu nem teria escrito ele. a ideia veio de última hora tmb
to tão orgulhosa da cat 😭❤️🥺🙏🏼😔✨🤧🥰❤️
SCORFUMA MERECE AMOR SIM AAAAAA
e vamos concordar que se ê DT existisse elu seria tik tokker. pra mim já é canon kkkkkkkk
agora a fic vai pra última parte/ arco que se passa lá na casa da adora no feriado. vão ser vários capítulos lá, e são bem importantes, fofos, engraçados, talvez com algumas lágrimas mas se não tivesse nem era livro meu, certo? vocês vão gostar 💖
pergunta: que música vocês gostariam de ouvir numa viagem de carro?
segunda-feira vcs vão ver esse rolê 🥰😎✌🏼
acho que n tenho mais nada pra dizer kk. vejo vocês semana que vem. bom fim de semana! bebam água, assinem petições, strem em the aces (a vocalista tem a voz q eu imagino a Catra cantando além da AJ) durmam direitinho, lavem as mãos, usem máscara se saírem de casa e se cuidem! 💕
beijão 💕
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