11. love is a wild thing, mother
roi ❤️ que saudade de vocês aaaa. espero que estejam bem, que a semana tenha sido boa
bem, eu tenho 2 avisos:
- esse capítulo é um pouco grandinho mas é dividido em várias cenas
- tem algumas partes mais sentimentais (talvez tristes? não sei, é sensível), mas tem partes leves também
músicas (em ordem de aparição): Love is a Will Thing / Mother (ambas da Kacey Musgraves) / Breathless (que já apareceu antes mas dessa vez é a versão de The Corrs mesmo kkkk)
me avisem se houver qualquer erro ortográfico! 💕
boa leitura ❤️
...
Amanda costumava cantar para Catra antes de irem dormir.
A mãe sempre gostou de um pouco de música clássica e tocava demais no piano com a filha, mas também adorava o violão e músicas country calmas. Além de Slow Burn, sua favorita, ela vivia cantando "Love is a Wild Thing".
Ela até chorava às vezes de saudade de alguém nunca chegou a conhecer.
Running like a river trying to find the ocean (correndo como um rio tentando encontrar o oceano)
Flowers in the concrete (flores no concreto)
Climbing over fences, blooming in the shadows (escalando cercas, florescendo nas sombras)
Places that you can't see (lugares que você não pode ver)
Coming through the melody when the night bird sings (vindo através da melodia quando o pássaro da noite canta)
Love is a wild thing (o amor é uma coisa selvagem)
— A sua voz é tão bonita — Catra disse depois do Amanda cantarolar.
— Prefiro a sua. E sou mais desafinada. Você tem um talento natural, minha gatinha.
Amanda apertou o nariz da filha de brincadeira. Catra observou a mãe com carinho. Sua pele escura assim como o cabelo encaracolado, dentes brancos num sorriso perfeito, a marca de nascença no pescoço, olhos castanhos... ela era perfeita.
— Um dia eu vou compôr uma música pra você — a filha disse.
— Jura? Eu vou adorar.
— É. Aí eu canto pra você antes de dormir. A gente alterna.
Amanda riu e abraçou a filha, uma investida para fazer cócegas nela. Catra riu até a barriga doer e os olhos lacrimejarem. A mãe era brincalhona com ela. Por fora era meio fechada com as pessoas, na maioria das vezes uma mulher infeliz, mas não quando estava com Cat. Elas se amavam e eram melhores amigas, o porto seguro de ambas.
Por um bom tempo Catra pensou que na verdade sua alma gêmea devia ter sido Amanda. Elas eram tão conectadas que pareciam uma só. E além disso, quando a mulher faleceu, uma parte de Catra também se foi.
Então Catra tocava porque era o único jeito de conversar com Amanda.
...
Catra piscou para afastar as lágrimas. Ela estava sentada na recepção do lado de fora da sala de música esperando a aula de Scorpia terminar. Suspirou e afastou esse sentimento. Se ficava parada por um tempo as memórias voltavam.
Ela levantou da cadeira e espiou pela fresta da porta lá dentro. Era jazz. Scorpia tocava animada o ritmo agitado e Cat sorriu. Todo mundo era tão talentoso e quando os instrumentos se juntavam para fazer a música completa certa magia pairava no ar.
Dois minutos depois a aula encerrou e alunos saíram conversando e carregando os instrumentos. Catra ficou encostada na parede esperando a amiga, mas preferiu entrar na sala.
— Hey — ela chamou Scorpia. Ficou com as mãos nos bolsos meio tímida porque a professora estava lá. — Quer almoçar e ir pro ensaio depois?
— Eu topo — Scorpia disse animada. — Só preciso arrumar umas coisinhas. Ah, professora Huntara, essa é minha amiga Catra.
— Desculpe atrapalhar.
Huntara dispensou com a mão e um sorriso amigável. Estava vestindo um casaco e arrumando partituras na pasta.
— Sem problemas. Fiquem à vontade.
Scorpia sorriu e se levantou da bateria, guardou as banquetas numa bolsinha e pegou diversos papéis de partituras espalhados. Catra andou observando a sala pequena e bateu o olho no piano. Passou os dedos levemente nas teclas.
— Você toca? — Huntara perguntou.
Catra engoliu seco. Ela pensava que a mulher teria a personalidade como o professor de "Whiplash" ou coisa do tipo apenas de olhar o tamanho dela. Mas o tom de voz e semblante revelavam curiosidade e simpatia.
— Não jazz. Não é meu estilo.
— Muita gente ama ou odeia — Huntara riu e se aproximou. — Já te vi pelo prédio de música. O que mais toca?
— Guitarra e violão. Mas eu também faço aula de música clássica e toco piano.
— Ela tem uma voz de hipnotizar — Scorpia falou e a garota corou.
— Uma musicista completa, então. Você também tem muito talento, Scorpia. Não é a toa que é a baterista principal — Huntara sorriu para as duas. — Vai fazer parte da orquestra?
Catra deu de ombros.
— Ainda estou pensando. Só quero fazer música.
Huntara assentiu. Admirava quem tinha ambições. Catra não sabia bem qual seria seu futuro, se seria uma musicista profissional ou daria aulas, ou se continuaria com a banda, mas tinha certeza que nasceu para a música. Quanto mais pudesse se libertar, ela faria.
Se Adora estivesse ali diria alguma besteira do tipo "o destino vai resolver". Foda-se essa merda.
— Nossa banda vai fazer uma apresentação daqui a mais ou menos duas semanas — Scorpia disse à Huntara. — Se a senhora gosta de um pouco de rock, talvez uma noite mais folk, seria ótimo vê-la.
Catra pressionou os lábios. A Ohio faria uma apresentação na noite do rock e Cat ainda abriria com algumas músicas. Só ela, o microfone e o violão (talvez um teclado também). Só isso a deixava animada e ansiosamente desesperada.
Huntara assentiu sorrindo.
— Vou gostar muito. É bom pra tirar o jazz da cabeça e conhecer coisas novas. Próxima aula você me passa os detalhes — disse a mulher. — Até mais!
Elas esperaram Huntara sair da sala. Catra ergueu uma sobrancelha para Scorpia.
— Amada? Você chamou ela.
— Ela é tão incrível com os alunos e gosta de ensinar. Acho que se você a conhecesse teria um pouco mais de motivação! — Scorpia agitou Catra pelos ombros e deu um beijo em sua testa. — Sem falar que a gente é muito foda e quanto mais gente assistir, melhor.
Catra revirou os olhos e suspirou. Ok, seria legal uma profissional assistindo.
— Eu ainda tenho praticar umas músicas pra quando for cantar sozinha.
— Anda compondo?
— Tentando. Vou tocar tipo dois covers. — Catra sentou no banquinho do piano. — Ainda não consegui uma perfeita. Tenho prontas, mas quero uma nova... Uma que não fala só da mamãe.
As duas se encararam. Scorpia colocou a mão no ombro dela em apoio, e só aquilo foi o suficiente.
— É bom escrever sobre ela pra liberar um pouco a dor.
Catra suspirou.
— Depende do meu dia, se tá bom ou ruim, sei lá. Antes a bebida ajudava, mas agora eu vivo me coçando e revirando minha cabeça, ela não some — Catra disse com raiva e passou a mão no cabelo, frustrada, e fechou os olhos. — Estar sóbria é uma merda.
— É saudável! — Scorpia disse sorrindo. Catra riu. — Não vou mentir, tô adorando essa sua fase. A banda toda, na verdade.
Catra voltou a olhar para Scorpia.
— Jura?
— É. Sua voz tá melhorando, os ensaios são mais animados, você parece mais saudável fisicamente... — Scorpia deu de ombros e sorriu. Catra assentiu sorrindo.
— É difícil abandonar. Eu penso nisso, tenho vontade de voltar, de correr, dormir, gritar, transar... Tudo vem de uma vez.
Catra e Adora sentiam a abstinência: enjoo, um pouco de tontura, fadiga... Catra sentia dor e jurava ter alucinações de vez em quando. Pelo menos nem tudo afetava Adora. Se a loira tivesse mais ansiedade que o normal Cat não saberia o que fazer. As duas conversavam o tempo todo por mensagem para saber como estavam lidando com tudo.
Ah, é. Catra bebia água o tempo todo. Muita.
— Você vai se acostumar — Scorpia incentivou. Catra ficou feliz por estar conseguindo. — O que andou compondo sobre sua mãe?
Catra olhou o piano e disse que não era muito e nem iria performar. Foi só algo que sei vontade de fazer.
Apertou as teclas levemente e cantou:
Cheia de empatia, estou sentindo tudo
O peso do mundo nos meus ombros
Espero que minhas lágrimas não te assustem
Elas estão apenas saindo
É a música em mim e todas as cores
Queria que não vivêssemos, gostaria que não vivêssemos tão longe uma da outra
Eu só estou sentada aqui pensando sobre o tempo que está escorregando
E sentindo falta da minha mãe, mãe
E ela provavelmente está sentada lá
Pensando sobre o tempo que está escorregando
E sentindo falta da mãe dela, mãe
...
— Lonnie, eu quero te pedir um favor — Catra disse quando se encontraram no auditório. A garota estava afinando a guitarra.
— Claro, o que foi? — ela sorriu com aqueles lindos olhos claros arregalados.
Catra entregou uma partitura para ela meio nervosa.
— Essa vai ser a última música que eu vou tocar na apresentação solo, mas não sei se consigo fazer sozinha — Catra coçou a nuca e Lonnie olhou. — Tem só cinco acordes. Se você puder me acompanhar no violão e na voz seria muito bom.
— "Slow Burn". Ok. Eu consigo aprender até lá — Lonnie assentiu. — Você tem certeza que consegue cantar essa música?
Catra engoliu seco. Sabia cantar e tocar de trás pra frente. Apenas lhe faltava coragem. Qualquer coisinha lembrava de Amanda, então se ela travasse na hora de tocar e cantar na frente de tanta gente ao menos Lonnie poderia ajudá-la.
— Eu preciso fazer isso.
Precisava para se libertar. Deixar sua mãe ir. Deixar todas as drogas irem embora, as lágrimas, o medo...
Lonnie encarou a amiga por dois segundos e sorriu em compreensão.
— Vai dar tudo certo.
...
Adora estava tentando estudar, mas não conseguia. Ela estava ansiosa e enjoada por conta da abstinência de Catra, e também por conta da própria ansiedade que por si só já era horrível.
Ela olhou para a janela, já era noite, e ainda estava sentada na escrivaninha tentando se manter focada nos livros. Ela escutava a rádio nos fones de ouvido, e era bom para se acalmar, mas a única coisa que Adora conseguia pensar era:
— Eu odeio isso. Odeio. Odeio — resmungou e apertou a mão contra a testa.
Glimmer virou o corpo na cadeira do lado oposto do quarto.
— O que houve?
Adora suspirou. Sentiu o rosto ficar quente e as mãos tremerem.
— Eu não gosto daqui — falou baixinho.
Glimmer levantou e abraçou a amiga. Adora fechou os olhos, se recusando a olhar para os livros e aquela coisa estúpida.
Detestava ter que passar por aquilo sendo que não era sua paixão. Aquilo estava matando ela.
Se permitiu ficar brava com os pais. Estava fazendo aquilo por eles, pelas tias, mas não por ela. Era horrível.
O que será que seus pais diriam se ela quisesse outra coisa além da universidade? Eles ficariam irritados e a obrigariam a continuar ou simplesmente a entenderiam? Adora se perguntava isso todos os dias. Não se lembrava deles, de suas vozes, e muito pouco da personalidade deles para dizer.
— Isso é estupidez. Eu tô fazendo uma coisa pra agradar gente que nem tá mais aqui e pra me convencer de que vou ter um futuro — Adora disse baixo, uma lágrima escorria pela sua bochecha. Ela acariciou a mão de Glimmer.
— Fala com a sua tia. Ela vai entender.
Lembrou-se da praia e da sensação da prancha colada ao corpo quando surfava. Ela se sentia tão viva.
Glimmer beijou o topo da cabeça de Adora e voltou para a mesa. Adora respirou fundo e pegou o celular para ligar para Mara e chorar por minutos.
Então uma música nova tocou na rádio. Adora soltou uma exclamação de empolgação e mandou mensagem para a alma gêmea.
Adora: VoCê TÁ ToCaNDO BREATHLESS?????
Ela enxugou outras lágrimas que saíam. Aquilo podia ser um sinal, talvez. Lembrou-se da mãe cantando aquela música animada e sorriu.
Cat: achei que fosse te animar
Adora: vc sentiu que eu tô meio pra baixo né?
Cat: sim. é minha culpa?
Adora: NÃO! Juro que depois te explico
Cat: essa música é péssima :p
Adora: só vc que acha, srta chloe price
A loira sorriu e aproveitou a música. Serviu para animá-la mais. Era uma vibe tão para cima e divertida que Adora não resistiu a cantar desafinada. Glimmer ria com ela sem ter ideia do que estava acontecendo.
Adora lembrava pouco de sua cidade natal. Ficava tão distante da praia, o que era triste. Ainda se sentia culpada por pensar que o destino tivesse aquele propósito de fazê-la amar o surfe mas em consequência deixou seus pais irem embora...
Ela tinha flashes de sua antiga vida com eles. Muitas idas ao parque, lembrava de algumas comidas que o pai sabia fazer, da mãe brincando com ela no quintal, eles assistindo filmes, e de resto nada tão marcante. Se fechasse os olhos lembrava até da sensação dos abraços e dos cheiros deles.
A música terminou e Adora acabou ligando para Cat.
— Hey.
— Oi. Como você tá se sentindo?
— Como o Loki em "Vingadores" depois do Hulk bater ele no chão várias vezes, mas multiplica por cinco — Catra disse grunhindo. — E você?
— Tô pensando em como vim parar nesse lugar e como vou contar pra Mara o que eu sinto.
Catra fez uma pausa. Lá na rádio, ela girou a cadeira e se arrependeu porque ficou mais enjoada.
— Só diz de uma vez. Tira o curativo rápido. Quanto antes melhor.
— Acha que pode funcionar?
Catra deu de ombros.
— Melhor fazer algo e se arrepender do que não fazer e não saber.
Sábias palavras dela. Adora sorriu e agradeceu.
— Você tá bebendo água?
— De novo a história da água?
Catra torceu o nariz. Estava fazendo xixi a cada dez minutos.
— Claro que sim — ela disse sincera. Não é como se tudo (cerveja, uísque, maconha, etc) fosse trazer Amanda de volta mesmo. Ela estava começando a se acostumar com a abstinência. — Preciso ir, Dorinha. Mais tarde a gente se vê.
Adora ficou corada e ambas encerraram a chamada. Ela encarou o celular, olhando para o contato da tia.
Ele chamou três vezes até a mulher atender. Adora quase desligou de nervosismo. Talvez tenha sido uma péssima ideia.
— Oi, Mara.
— Oi, meu amor! Como você tá? Tô com saudades.
Adora sorriu.
— Eu também.
Ficaram conversando por uns cinco minutos sobre tudo o que havia acontecido com a tia e Hope nos últimos dias, atualizações, e coisas do tipo. Adora ainda não tinha mencionado sobre Catra ou tudo em consequência porque a mulher provavelmente iria surtar sobre a overdose.
Glimmer saiu do quarto para dar privacidade. Ela apontou para o celular avisando para Adora ligar se qualquer coisa acontecesse e fechou a porta.
— Mara, eu... — Adora disse e tomou ar. A mulher escutou atentamente. — Não sei se vou conseguir passar por tudo isso.
— Você anda tomando os remédios?
— Sim, e até que funcionam, mas a ansiedade não é o único problema.
Adora pressionou a têmpora e fechou os olhos. Preferiu se deitar e explicar para a tia como estava se sentindo.
Quando Adora começou a tomar os remédios, nos primeiros meses o efeito colateral fazia efeito e foram os piores dias de sua vida. A sensação desesperadora crescia tanto que ela sentia dor em seu peito, pensava demais, chorava e comia muito, e parecia que nunca diminuiria.
Adora se sentia uma bomba prestes à explodir.
Mas então aquilo parava, simplesmente um nada acontecia e ela já não sabia dizer se estava bem ou mal. Com o tempo tudo passou e ela se acostumou, a sensação foi embora e ela viveu bem, pelo menos até entrar em Bright Moon.
Mara escutou atentamente enquanto Adora falava sem parar. Desde o início soube que seria ruim ir a um lugar só por obrigação, e que queria sim agradar os pais e a tia, estudar e ter uma formação, mas nem Adora acreditava mais naquilo. Pra quê ir numa universidade? Quem garantia que aquilo lhe daria uma carreira bem sucedida? Ela não queria aquilo.
Quase todos os dias ela saía para se exercitar e pensar. Ela era esforçada, fazia tudo sem reclamar, os trabalhos bem feitos, não faltava uma aula, não se metia em encrencas, tentava socializar mais com os amigos... Tudo o que devia ser normal.
Durante o ensino médio todos falavam sobre qual universidade ir, ficavam nervosos, mas Adora nunca sentiu isso. Ela sabia exatamente onde precisava ir: lugar nenhum. Ela queria ficar.
Mesmo assim, ela foi.
Há mais de um ano Adora sentia que estava tudo errado.
— A senhora me entende? — ela perguntou com voz rouca de tanto falar. Mara suspirou e Adora fechou os olhos novamente. — Eu estou infeliz.
Adora soube que iria começar a chorar.
— Eu não sabia que você se sentia assim — Mara disse calma.
— Devia ter dito antes. É que agora parece que o mundo ao redor está encolhendo e eu tô sendo esmagada — ela sentiu o rosto ficar vermelho e apertou contra o travesseiro. Sua respiração estava ficando descontrolada. — Me desculpa. Eu decepcionei você, a mamãe, o papai, a tia Hope...
— Você não decepcionou ninguém, meu amor! Temos muito orgulho de você e sei que seus pais também teriam se estivessem aqui!
A garota apertou os olhos e sentiu lágrimas quentes escorrerem.
— Você é a melhor sobrinha do mundo.
— E você a melhor tia.
— Não conta isso pra Hope.
Adora riu com a risada de Mara ao telefone. A mulher era tão contagiante. Ela desejou poder dar um abraço nela.
— Vamos fazer o seguinte — Mara disse depois mais tranquila. Adora secou os olhos. Estava se sentindo com dez anos de idade — se você conseguir continuar esse período então faça. Eu, você e Hope conversamos melhor pessoalmente e decidimos o que fazer. Pode trancar a faculdade, ter uma transferência, mudar o curso, abandonar... o que você quiser.
Adora chorou de novo. Daquela vez de alívio.
— Sério?
— Sim. A gente quer te ver bem. Se diz que está infeliz então é importante. No feriado de Ação de Graças a gente se vê e discute o que fazer no ano que vem.
Ela soltou quase todo o ar que tinha dos pulmões. Finalmente. Estava com tanto medo de não dar certo, de ninguém entender e pensarem o pior...
— Obrigada, Mara — disse baixinho sorrindo. O rosto estava todo vermelho. — Obrigada por entender e me ouvir. Muita gente não faz isso com os filhos.
A mulher sorriu. Se preocupava demais com a sobrinha para deixar aquilo passar.
— Te amo, meu amor. Você é minha outra alma gêmea.
— Tenho certeza disso — Adora riu e mordeu o lábio. Ela virou o corpo, mais tranquila, e piscou para afastar aquela ardência dos olhos depois do choro. — Ei, falando nisso, eu conheci uma pessoa...
— ME CONTA TUDO!
Adora soltou uma gargalhada. Ela disse tudo para a tia (quer dizer, menos os detalhes pessoais de Catra, overdose e a parte do sexo...).
Ela disse como se sentia com Catra.
Completa.
...
No fim de semana que chegou, Entrapta não estava no quarto. Ela e Hordak descobriram um quiosque que vendia comidas minúsculas e ambos saíram juntos animados.
Aquilo deixou Catra com uma pulga atrás da orelha, mas ela deixou passar. Foi satisfatório ver a colega de quarto interagindo, feliz, e Hordak (pela primeira vez em muito tempo) parecendo mais sóbrio e calmo, todo educado com elas quando passou no dormitório para buscar Entrapta.
A latina fingiu fazer uma careta para ele e os expulsou antes que começassem a olhar a coleção de jogos de Entrapta. A metade do quarto dela já era cheia de consoles e computadores, incrivelmente mais desorganizada que a parte de Cat.
Então com uma vantagem ela levou Adora para lá.
As duas não conversaram muito. Só checaram se estavam bem com toda a ansiedade de Adora e abstinência de Cat, e como pareciam bem, deitaram na cama de Catra apenas fazendo carinho.
Catra não queria deixar Adora ir. A cada vez que sentia o corpo dela colado ao seu parecia mais certo. Ela começou a beijar o pescoço da loira e sentiu a mão dela percorrer suas costas e apertar de leve o cabelo.
Aí algum louco desesperado bateu na droga da porta.
— Adora! Você tá aí?
Era Bow. Adora reconheceu a voz e abriu a boca. Catra cobriu com a mão e acenou com a cabeça em negação.
— Não — disse Catra, sem emitir som. Adora mordeu de leve o dedo dela.
— Sim!
— Porra, Adora!
As duas ficaram sentadas na cama. Adora arrumou o cabelo e a blusa de Catra com cuidado.
— Podemos entrar? — dessa vez Glimmer disse do lado de fora. Catra ergueu uma sobrancelha. — É meio urgente. Vocês estão vestidas?
Catra bufou.
— Infelizmente sim.
— Entrem — Adora disse e destrancou a porta. Os amigos entraram tímidos, mas com certa fúria no olhar. — O que é tão urgente?
Bow limpou a garganta. Glimmer cruzou os braços. Catra, que ainda estava zangada pela interrupção, apoiou o queixo na mão para prestar atenção com a maior cara de deboche que poderia fazer.
— Ele me conto que somos almas gêmeas.
— Uau, que surpresa! — Cat falou sarcástica e bateu uma palma. — Realmente de cair o cu da bunda.
— Você é delicada como uma flor, Catra — Bow respondeu sarcástico. A latina sorriu e mandou o dedo do meio.
Adora não se conteve e deu uma risada. Glimmer ainda estava zangada como uma criança.
— E eu vi a marca quando a gente tava na piscina — Glimmer continuou. Todos olharam para Bow como se dissessem "tu é burro, mermão?". — Por que não me contou, Adora?
— Era segredo! E muito bem guardado, por sinal — Adora se voltou para Bow — de nada.
Ele dispensou com a mão, parecendo estar quase confortável com aquilo. Catra queria uma pipoca para acompanhar.
— E aí, contem esse babado direito — ela disse dando de ombros.
Glimmer disse que ela e Bow saíram para o cinema, e logo depois estavam andando conversando pelo campus quando o garoto acabou soltando porque simplesmente não aguentava esconder por tanto tempo. Glimmer quase teve um ataque e explodiu de perguntas, algumas furiosa, outras com medo. Então ele contou que Adora já sabia e aí a conversa durou mais uns dez minutos.
Catra riu debochada para a alma gêmea.
— Nós decidimos não apressar as coisas — Bow disse. — Só estamos atualizando vocês disso.
— Muita gentileza. Já posso preparar meu discurso de madrinha de casamento narrando toda a história! — Adora sorriu e bateu palminhas. Glimmer mandou o dedo do meio.
— Nós somos só amigos — Glimmer falou enquanto mudava o peso do corpo de um pé para o outro. — Vamos dar um passo de cada vez. Até porque estamos meio...
— Confusos — Bow disse. — Tipo, é tão estranho saber quem é a pessoa. Eu nem imagino como foi com vocês duas. Mas depois até que começou a fazer sentido. Fiquei assustado sem motivo antes. Você tava certa em dizer pra esperar, Dorinha.
— Não julgo. Eu fiz a mesma coisa — Catra disse sincera. — Antes eu nem queria saber da Adora. Mas até que não foi má ideia ter ela na minha vida.
— Isso é muito fofo, eu acho — a loira disse sorrindo.
Glimmer sorriu de canto para Bow. Ela já gostava dele, só precisavam desenvolver mais aquilo como amigos e depois, quem sabe, partir para algo diferente. Adora achou que não demoraria muito.
Ela ficou feliz por eles.
— Depois a gente conversa. Ainda temos muito o que pensar — Glimmer disse e cutucou Bow de leve. Ele sorriu e os dois acenaram para Catra e Adora. — Boa noite.
— Boa noite — a loira sorriu sincera e fechou a porta devagar. Quando se virou para Catra, mordeu o lábio. — Eu sempre soube deles. Ainda bem que já sabem.
— Você não é tão lerda quanto parece.
Adora deu um beliscão leve em Catra e as duas se aconchegaram na cama. Os braços de Cat envolvendo a garota com um carinho que nem ela mesma sabia que podia dar a alguém. Adora se encaixava perfeitamente ali.
Catra estalou a língua ao olhar para o lado de Entrapta.
— Acho que Entrapta e Hordak são almas gêmeas.
— Hordak? O que eu conheço? Com ela? — Adora disse com voz esganiçada. Ela fez uma careta. — Mas ela é tão amorzinho e ele...
— Eu sei — Catra deu de ombros. Não fazia ideia de onde era a marca de Hordak, nem a de Entrapta. Nunca perguntou. — Fazer o quê? Eu disse. Culpa do teu destino filho da mãe.
Adora torceu o nariz.
— Talvez eles sejam só bons amigos.
— É. Eles parecem mesmo gostar da companhia um do outro. Ah, e você não vai acreditar que a marca da Scorpia é uma flor bem no meio do peito! Uma flor, Adora!
— Perfuma! — Adora arregalou os olhos e cobriu a boca.
— Eu sei, né? Aquela maconheira!
Adora teve uma crise de riso. Catra acabou rindo também, as duas ainda abraçadas.
— Ela não vende maconha!
— Isso é um mistério que talvez nunca vamos descobrir. Mas ela tem alguma coisa! — Catra apontou intrigada. — Porra, ê Double Trouble disse que viu elas se beijando na piscina aquela noite no Halloween.
— Eu adoro uma fofoca.
Catra riu e mordeu de leve a orelha de Adora.
— Por que todo mundo tem uma história fofa assim e a gente tem uma bagunçada? — Adora chegou mais perto do rosto dela, roçando o nariz na bochecha dela. Catra corou com aquilo. Era muito bom ter Adora em seus braços. — Eu me esforcei pra gostar de você e acabei recebendo um desenho de pênis na testa! Não é justo!
— Foi porque você mereceu. Aquilo foi hilário.
Adora ficou percorrendo o dedo pelo braço de Catra devagar e pensando. A garota fazia carinho em seu cabelo, apenas escutando seus corações batendo.
— Então, eu contei sobre você pras minhas tias, e elas iam adorar conhecer você — Adora disse baixo. Catra arregalou os olhos bicolores.
— No feriado?
— É, mas só se você quiser. Não sei como a sua tia vai reagir então... — Adora deu de ombros. Estava nervosa. Era uma coisa empolgante apresentar Catra. — Ano passado Bow e Glimmer foram porque minha casa é mais perto, e acho que esse ano também vão. A gente podia ir na praia.
Catra sorriu maliciosa.
— Te ver em roupa de banho? Já quero ir.
Adora riu e ignorou aquilo.
— Minha tia vai ficar até mais tranquila em não me ter por perto — ela continuou. — Ela só cuida de mim por obrigação, sabe, a gente não tem nenhuma ligação. Quando me formar vou embora de casa mesmo. Vou falar com ela.
Adora sorriu sem graça. Catra ainda tinha tanta bagagem e camadas que ela não sabia. Pelo menos a tia devia ser o menor de seus problemas.
— Legal.
— E, uma ideia incrível — Catra disse animada e tocou na ponta do nariz de Adora —, a gente pega o carro do Hordak pra não irmos de ônibus e dirigimos até sua casa.
— Excelente! Eu amo fazer coisas que deixam o Hordak puto.
— Eu também — Catra sorriu. — Mais uma coisa que a gente tem em comum, Dorinha.
...
sextou né amades 💜
primeiramente eu quero agradecer à @SenhoraEstresse do twitter que me mandou esse meme kkkkkkk obrigada mesmo:
e aí gente como foi essa leitura?
eu fiquei viciada na Kacey Musgraves ai PAH TOMA AQUI "MOTHER". minha nossa senhora q musica é essa? encaixou direitinho na história e como eu não quero chorar sozinha tive q colocar né mores 🤩😭 (a música n tem nem dois minutos eu acho, só no piano, linda. triste pra caralho)
escrever toda a parte da adora até que foi bem rápido pra mim, mas intenso também. acho que consegui transmitir o que queria. vi que leitores já se identificaram com esses conflitos de estudos/ futuro e etc. eu entendo totalmente, e acho que a gente tem que fazer o que nos deixa bem, sabem? felizes, confortáveis, seguindo o sonho. a prioridade é a sua saúde mental
huntara fazendo participação especial porque ela merece né? ícone
finalmente eu posso mostrar catradora boiolinhas aaaa 🥺😍🥰😭❤️💕
no próximo capítulo vocês vão ver mais da Catra, a apresentação, etc. Não vou mentir: eu chorei escrevendo 😭 (nome do capítulo: slow burn)
INCLUSIVE EU APRENDI A TOCAR SLOW BURN NO VIOLÃO SCRR (uma bosta né, eu sou iniciante) @ catra deixa eu entrar na banda 🤩
gente vamo fazer uma ohio da vida real pelo amor de etheria kkkkkkk eu toco algumas no violão mas posso ficar na bateria
(eu não quero desesperar vocês mas a fic tá quase acabando. quase. kkkk. eu já to revisando algumas coisas e vou manter vcs informades)
acho que por hj é só
capítulo 12 na segunda-feira e n esqueçam de deixar o voto/ estrelinha ❤️ (diz a lenda que quem vota acaba sonhando com a Catra 😳😎)
se cuidem 💖 amo vcs
beijão
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