• 🌧 || 32. babaca
LILI REINHART
Parecia que todos na escola sabiam que a nerd estranha tinha sido traída pelo galinha. Eu me sentia muito envergonhada ao lado de Vanessa, ninguém da escola sabia, o que era um milagre e a sensação de estar sendo julgada era apenas impressão.
Nos dois primeiros horários não vi Sprouse muito menos Tiera e espero que continue assim, não sei como vou conseguir olhar para a cara dos dois. Eu ainda estava chocada com o mau caráter de Cole e me perguntava quando eu vi que era uma boa ideia ficar com ele.
— Você tem que comer alguma coisa. — Vanessa insiste ao meu lado. Nego com a cabeça, enterrando minha cabeça no livro de sociologia. Camila se joga na nossa frente e sorri.
— Me desculpe pelas próximas palavras mas... — Aperto os olhos. — Cole e Tiera são o casal mais nojento e estranho dessa escola.
Arregalo os olhos.
— Eles... — Lágrima molham os meus olhos e no instante seguinte o casal do ano entra na cantina. Era inevitável a raiva e mágoa que eu senti quando vi as mãos deles juntas. Eles agiam como se nada tivesse acontecido e como sempre tivessem sido esse lindo casal.
Mordo o meu lábio e abaixo a cabeça, voltando toda a minha atenção para o livro. Agora o que me resta é estudar e pensar nas novas pinturas. Minha vida seria assim agora.
— Deus, Lili... desculpe por isso... — Camila fala baixinho, como se tudo isso fosse culpa dela.
— Não se desculpe. — É a única coisa que eu falo. — A culpa não é sua por ele ser um babaca.
Reviro os olhos e volto a marcar com o lápis colorido as partes importantes do texto. Eu não tinha cabeça para isso agora.
***
Entro na sala de história, estava parcialmente vazia, alguns jogadores estavam sentados, já entendiados. Vou até uma classe vazia ao lado de um garoto aparentemente sozinho.
Dou um sorrisinho envergonhada e me sento, escondendo o rosto nas mãos. O garoto prestava atenção em mim e eu estava me sentindo estranha.
— Escuro é uma boa opção para essa aula. — Ele fala e eu aperto os olhos, respirando fundo. Minha experiência com garotos não foi muito boa, acho melhor dar um tempo disso. — Martin.
Concordo com a cabeça, abrindo meu caderno obviamente nem aí para o que ele estava falando. Martin ri ao meu lado e se vira para frente.
— Pode me emprestar seu caderno? — Martin pergunta. Reviro os olhos de leve. — Estou aqui a uma semana e não consegui pegar toda matéria.
Respiro fundo, tentando parecer mais animada e sorrio. Me virando para Martin e entregando meu caderno para ele.
— Obrigada...
— Lili.
— Obrigada, Lili. — Sorrio, tentando parecer simpática e vejo ele abaixar a cabeça e copiar o que estava no caderno. Nesse meio tempo notei o quão diferente ele parecia de todos os garotos dessa escola. Era educado, diferente de muitos, seu cabelo estava arrumadinho e não bagunçado como se tivesse acabado de acordar. — Está aqui a quanto tempo?
Dou de ombros.
— Uns 6 anos, não sei muito bem. — Falo. — Meu pai é o professor de biologia.
— Senhor Reinhart? — Ele pergunta animado e eu concordo com a cabeça. — Avise que ele é o melhor professor!
— Não é pra tanto... — Falo meio tímida. As pessoas sempre falavam do meu pai para mim mas eu nunca vi isso tudo em suas aulas. Para mim era algo tão natural ter ele ensinando.
— O jeito que ele ensina é incrível! Ele é tudo isso sim. — Dou uma risadinha, gostando de conversar com ele. — E vocês se parecem muito, nem percebi nisso.
— Não, não. Pare. — Nego, rindo. Todos, absolutamente todos, os professores e alunos diziam que eu era parecida com meu pai. — Tudo menos isso!
— Ei, você é bonita, calma. — Paro de rir um pouco e Martin pisca o olho para mim, voltando a copiar as coisas em seu caderno.
Flerte, não venha, não estou pronta.
Agradeço baixinho e me viro para frente mas me arrependo no segundo seguinte. Cole e Tiera entravam na sala de mãos dadas e estavam conversando, rindo. Rindo bastante. Meu coração dói por vê-los tão felizes. Sei que é horrível falar isso mas, odeio vê-los felizes. Sorrindo. Juntos.
Nego com a cabeça e enxugo uma lágrima que caiu na minha bochecha, respirando fundo. Podíamos ter sido tudo, mas não era pra ser. Existem pessoas que estão destinadas a ficarem juntas mas isso não significa que seja para sempre.
Engulo com dificuldade quando percebo que eles se sentaram a duas cadeiras a minha frente. Essa aula seria a pior de todas e eu não tinha ninguém para conversar e desabafar.
— Aqui, Lili. — Martin me tira do transe. Sorrio meio sem graça, pegando meu caderno e o deixando de qualquer jeito na mesa. Ele percebe que tinha alguma coisa errada. — Está tudo bem?
— Sim, claro. Por que não estaria? — Falo sem encarar seus olhos castanhos.
— Isso tem haver com eles ali? — Aponta para Cole e Tiera conversando bem perto um do outro. Nego rápido, a última coisa que eu queria era que as pessoas soubessem do que tinha acontecido.
— Nada haver... — Minha garganta fecha quando Cole e Tiera começam a se beijar. — Tá, tudo bem. Tem tudo haver com eles.
— Você quer conversar? — Nego, sentindo lágrimas em meus olhos. — Ei, não chora. Qualquer coisa que tenha acontecido saiba que você é maravilhosa. Acabei de te conhecer mas eu sinto que tem um coração bom, tá certo? Fique bem e sempre que quiser conversar, mesmo que seja só nessa aula, conte comigo.
Sorrio em meio às lágrimas e agradeço Martin por isso. Talvez ele seja a única pessoa que eu tenha ido com a cara de primeira.
— Agora me diz, nasceu com às mãos sujas assim...? — Encaro minhas mãos um pouco sujas e dou uma risadinha. De vez em quando durante a semana pós traição eu tinha pegado nos pincéis e giz mas nada saia. Eu só sujava a mão e como essas tintas são boas, custam a sair.
— Eu pinto uns quadros.
— Jura? Eu sempre quis saber pintar. — Martin fala animado. Dou uma olhadinha em Cole e Tiera que conversavam. — Eu tinha uma amiga na outra escola e ela adorava pintar.
— Você veio da onde?
— São Francisco.
— Legal. Sempre quis visitar.
— As vistas de lá são ótimas. — Ele sorri. — Não estou falando isso apenas porque é minha cidade.
— Bom dia. Abram os livros na página 347, e façam dos exercícios um a seis. — O professor chato entra, já nos dando tarefa. Reviro os olhos e Martin ri. — Tem meia hora para fazer. Sem conversar, beijinhos e sussurros. Comecem.
Respiro fundo e abro o caderno, começando a fazer os exercícios quando sinto um papelzinho cair na minha mesa. Franzo as sobrancelhas e olho para o lado, Martin olhava para o livro mas tinha um sorrisinho travesso no rosto.
Esse cara é sempre chato assim? M.
Disfarço uma risada com uma tosse e escrevo no verso da folhinha.
É porque você ainda não conheceu o professor de sociologia! Ele sim é um pé no saco. Lili.
Entrego o bilhetinho discretamente e volto a fazer o trabalho. Eu e Martin ficamos quietos durante o tempo que tínhamos que fazer os exercícios mas eu gostei apenas de sentir sua presença junto comigo. Era a primeira pessoa que eu conheci e não me julgou de primeira por ser mais quieta, ou ter as mãos sujas ou por não parecer com as outras meninas dessa escola.
— Muito bem, pessoal, o tempo de vocês acabou. — O professor bate palmas, chamando a atenção de todo mundo. — Procurem um parceiro ou parceira e troquem as respostas, conversem sobre o assunto e façam um pequeno texto do que aprenderam. Tem até o final da aula para me entregarem.
— Professor? — Alguém levanta a mão e chama. O professor ergue as sobrancelhas, dando espaço para essa pessoa falar. — Vale nota?
— Sim, dois pontos do boletim de vocês vem dessa atividade boba porém importante. — Um coro de "Ah" soa na sala e eu dou uma risadinha, olhando para Martin.
Martin joga um bilhete em minha direção e eu abro.
Juntos? M.
Escrevo no verso e jogo de volta para ele.
Juntos. Lili.
Sorrio ao ver Martin comemorar de leve e respiro fundo, talvez as aulas de histórias não sejam tão difíceis assim. Ter alguém ao meu lado facilita muito, mesmo que não saiba do que aconteceu ou que não me conheça muito bem, é legal ter mais alguém para contar.
Estava de cabeça baixa, pensando quando o professor grita.
— Olhem para mim, quero que saíam das panelinhas...
— Ele está ferrado, já entramos em uma panelinha de dois... — Martin sussurra e eu dou uma risada.
Levanto a cabeça para encarar o professor mas tudo na minha volta para quando vejo Cole me olhando. Ele estava com olheiras enormes e parecia arrependido. Mas parecia que ele me amava também e olha no que deu... Tento fazer a minha maior cara de indiferença e tento prestar atenção no que o professor falava mas era praticamente impossível. O olhar de Cole estava preso em mim e eu me sentia estranha. Devolvo seu olhar, erguendo uma sobrancelha.
— Cara, vocês vão se comer aqui...? — Martin fala baixinho e eu não controlo a risada nervosa. O assunto entre mim e Cole com poucas roupas nunca veio a tona, talvez tenha sido por isso que me traiu. Afinal, estava seminu com Tiera. — Shiu...
— Desculpa mas foi quase impossível não rir disso... — Nego com a cabeça e volto a olhar Cole, agora ele estava sério e encarava Martin com um olhar maligno.
— Acho que agora a vítima sou eu...
— Ele é só um idiota, ignore ele. — Falo baixinho no ouvido de Martin, ainda encarando Cole.
— Você tem certeza? — Martin questiona, obviamente indeciso. — Vocês pareciam ter várias questões para resolver... dá pra perceber só com um olhar.
Respiro fundo e nego.
— Esqueça ele, tá bem? — Falo. — Vamos fazer esse negócio logo.
Começamos a fazer o trabalho e por incrível que pareça nossas respostas estavam muito parecidas. Espero que nosso texto seja tão bom quanto as respostas.
Estava rindo com Martin, ele tinha feito um trocadilho horrível com o assunto que estávamos estudando quando um bilhetinho, não vindo de Martin, aparece na minha mesa. Olho para Martin, que dá de ombros. Abro o bilhetinho.
Ficou puta comigo mas agora está toda cheia de risadinha pro cara... sério, Reinhart?
Respiro fundo, amasso o bilhete e jogo ele no meu estojo. Martin, provavelmente assustado com a raiva que eu amassei o bilhete, toca no meu ombro.
— O que tava escrito? — Ele pergunta e eu nego, respirando fundo e tentando impedir que as lágrimas saíssem. Quem ele pensava que era? — Lili, respira fundo...
— Vai ser impossível ficar com ele na mesma sala, Martin. Não vai dar... — Minha respiração fica ofegante e eu olho para frente. Vejo Cole beijar o nariz de Tiera e depois beijar sua boca, fazendo a sala inteira ter a noção de um beijo digno de cinema. — Ele quer ficar tirando satisfação comigo porque eu estou... — Fica difícil de respirar. — Ele se acha no direito de fazer qualquer coisa mas eu não posso? Só porque ele terminou comigo quer dizer que eu tenho que ficar triste a vida inteira? Cole vai ter que tomar noção e ver que eu vou namorar outras pessoas e falar com outras pessoas ele gostando ou não.
— Calma... — Ele parecia confuso. Sinto lágrimas caírem e molharem minha bochecha. — Não...
Ele me abraça e eu deixo que algumas lágrimas saíam. Me sinto confortável nesse abraço e as lágrimas, aos poucos, param.
— Tudo bem? — Concordo e Martin sorri. — Vem, vamos fazer.
Outro bilhetinho pousa na minha mesa.
O abraço dele é tão bom quanto o meu?
Amasso o bilhetinho e jogo no meu estojo junto com o outro. Levanto irritada e chateada e saio da sala sem me importar com o professor. Estava cansada, era o primeiro dia que ia para escola, para tentar relaxar e esquecer isso e Cole, de novo, estraga tudo. Talvez esse seja o passa tempo dele, estragar a vida das pessoas.
Vou correndo em direção ao campo de futebol, o lugar mais próximo ao ar livre que eu tinha pensado. As lágrimas continuavam a descer pelo meu rosto mas agora eu não me importava. Minha vida já está uma droga mesmo.
— Lili! — A voz de Cole grita e com raiva eu corro mais rápido, descendo o pequeno morrinho que tinha, chegando finalmente no campo. Ele estava vazio e parecia maior do que realmente era, ou talvez eu que fosse pequena demais perto dele. — Me escuta.
— Não. — Grito, andando mais rápido. — Vá beijar Tiera e me deixe em paz pelo menos uma vez na vida!
— Eu te amo! — Cole grita e eu paro no meio do campo de futebol, respirando ofegante e sentindo meus olhos molharem.
Eu não acredito que ele disse isso depois de tudo. De estar se agarrando com a Tiera na minha frente, ficar agindo como se eu não existisse ou como se nada do que aconteceu a uma semana atrás realmente aconteceu. Cole Sprouse não pensa no sentimento dos outros, só no seu. As consequências para ele não existem, somente se ele vai estar se dando bem ou não.
— A onde?! — Pergunto falando um pouco mais alto. Ele para na minha frente, sua respiração também descompassada provavelmente por ter corrido atrás de mim.
— O que? — Cole pergunta claramente confuso. Óbvio que estaria. Palavras são fáceis, e as ações? Demonstrações?
— Me mostra! — Falo, sentindo meus olhos se encherem pela milésima vez no dia. — Onde está esse amor, eu...
Nego com a cabeça, olhando para o chão e depois encarando seu rosto. Ele estava confuso, parecia chateado e estar ali na minha frente estava sendo difícil para ele. Era visível.
— Eu não consigo ver... eu não consigo... tocar. — Passo a mão no olho, impedindo a lágrima de cair. — Eu não consigo sentir. Eu consigo escutar, eu consigo escutar essas palavras mas eu não consigo fazer nada com essas suas palavras fáceis...
— Lili... por favor, deixa...
— Qualquer coisa que você diga... já é tarde demais.
— Por favor. Não faça isso... — Cole implora. — Não assim.
— Acabou de vez, Cole. Não me procure mais.
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DESCULPA A DEMORA!!!
essa volta das aulas totalmente presenciais ta me deixando meio louca
o que acharam do martin?
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