| Four |
Angelina
Voltar para mesa poderia ter sido pior, porque meus amigos poderiam ter reparado mais, mas felizmente eu tive que encarar apenas um sorriso travesso de Carolina, como quem já sabe de tudo. Um sorriso que, felizmente, não durou tanto tempo pois sua atenção voltou na discussão que Louise e — quem imagino ser Louis — estavam tendo sobre futebol inglês. Harry não estava logo atrás de mim, o que foi bom por um lado porque eu acho que marquei um encontro com ele, sem lugar exato e o deixei sem uma resposta sobre beijá-lo. Eu quero beijar ele, de novo e de novo e de novo. Mas eu sou nova nisso e se eu beijar ele e ficar viciada apenas no beijo dele? Que é um beijo ótimo, admito. Entretanto, se eu beijá-lo mais vezes e acabar me apaixonando de verdade? Se eu beijar ele e nunca mais conseguir beijar outra pessoa? Eu já me apaixonei por bem menos antes e isso não pode acontecer, ele tem que ser apenas meu primeiro beijo. Não é isso que quero, não quero que me entendam mal mas ele seria meu primeiro namorado, eu gostaria de ter mais, uns três algo do tipo até encontrar meu amor verdadeiro mas acho que esse tipo de coisa não pode ser combinada ou planejada. De qualquer maneira, eu gostaria de conhecer outras pessoas também e talvez beijá-las bastante, eu não quero me ver presa apenas nos lábios atrativos, apetitosos e viciantes de Harry. Definitivamente não é o que planejo mas meu corpo quer o contrário.
— Angie! -Carolina me chama alto e a olho. Franzo a testa confusa quando reparo que todos me olhavam e quando foi que Harry chegou? — Está surda? Você quer beber o que? -Pergunta e olho para o garçom ao lado da mesa esperando que eu fale.
— Ah... Eu quero coca com limão. -Falo sem graça e sorrio um pouco.
— Não vai beber hoje? -Louise pergunta desconfiada. Eu quase sempre bebo quando saio assim com elas, mas finalmente eu estou com meu carro de volta.
— Eu peguei meu carro de volta. -Explico e sorrio animada, sentia saudades de ter meu carro.
— Como assim? -Zayn questiona confuso.
— Eu bati meu carro em um muro. -Falo.
— Mas você ficou bem? Como aconteceu? -Harry pergunta imediatamente, o moreno olha para meu rosto procurando alguma cicatriz, eu imagino. Apenas balanço a cabeça em afirmação.
— Sim, eu estava em uma subida e perdi o controle do carro, eu tinha acabado de tirar a carteira e estava com muito medo ainda, daí preferi jogar o carro pro muro do que pro lago. -Explico calma, no dia, entretanto, eu fiquei desesperada. Harry me olha surpreso.
— Uau e você está com o carro de volta? -Pergunta e eu sorrio animada. Meu carro amado está como novo.
— Sim! E dessa vez com quase nenhum medo para dirigir, eu fiquei dirigindo com o carro do meu pai por semanas em São Francisco. Então agora acho que consigo. -Explico, olho para as pessoas da mesa e vejo Louise sorrir para mim.
— Bem, se diz mas eu ainda não vou ir embora de carona com você. -Ela diz séria e eu mando o dedo para minha amiga que acaba sorrindo.
— Você é cheia de história, Angie. -Zayn fala e eu acabo sorrindo sem graça.
— Não muitas. Mas vocês já decidiram o lugar que vão se casar ao menos? -Pergunto. Zayn é da Inglaterra e Carolina é de Nova Orleans, como eu. Imaginar que eles vão fazer uma viagem para atender ambas as famílias é algo que está na minha cabeça já faz algum tempo.
— Sim, em Nova Orleans e depois vamos casar em Bradford também, mas será um casamento muçulmano. -Carolina explica, eu concordo e acabo sorrindo um pouco. Dois casamentos, parece uma boa saída para que ambos respeitem suas culturas, apesar de ser uma saída cara. De qualquer maneira, uma boa saída.
— Interessante. -Louise fala e bebe a cerveja. — Eu nunca fui em casamento muçulmano.
— E quem disse que agora irá? -Carolina pergunta levantando a sobrancelha e Louise franze a testa.
— Você sabe que eu sou sua pior pulga quando se trata de viagens. -Louise fala e sorrio por ser verdade. Carolina apenas revira os olhos, ela também sabe que é verdade eu sou amiga de infância de Carolina e ela já havia comentado isso do casamento muçulmano comigo, contudo nada de confirmações, mas elas vieram agora.
Louise e Carolina, todavia, se tornaram amigas na faculdade e consequentemente Louise se tornou minha amiga mas sempre que Carolina viajava para mais longe da Califórnia Louise ia atrás sem que Carolina questionasse. E eu? Bem, eu nunca precisei de um convite formal de Carolina porque somos amigas desde o útero de nossas mães então sempre que Carolina comentava sobre viagens eu já pensava sobre as roupas que iriam para as malas.
Respiro fundo e acabo sentindo o cheiro de Harry, amadeirado com café, eu gosto desse cheiro. Acabo de descobri isso, como também acabo de descobri que gosto da língua dele e do que ela fez quando me beija. Merda, não sabia que beijos poderia viciar tanto assim. Eu deveria ter vindo blindada a isso agora parece um furacão acabou de passar por mim bagunçando tudo. Porque eu não paro de pensar na possibilidade de sentar no colo dele nesse momento apenas para beijá-lo. O que ta acontecendo? Quando foi que meus hormônios se agitaram assim? Merda. Merda. Merda. Há pouco eu pensava era na Carolina e em nossa amizade e não na boca do Harry me beijando. Por que eu fugi dele mesmo?
— Angie, em que mundo você está hoje? -Carolina pergunta e a olho. Mordo meus lábios.
— Desculpa estava pensando no trabalho. -Minto, Carolina levanta a sobrancelha e olha de relance para Harry. Eu reviro meus olhos e isso faz minha amiga cacheada sorrir e em seguida beber a sua cerveja.
— Deveria mandar seus textos logo. Você é um desperdício para aquele jornal sendo apenas a secretária do chefe. -Carolina diz brava e eu suspiro como resposta.
— Eu vou fazer isso. Mas preciso de mais um texto ou dois.
— Eu acho que você tem o suficiente. -A cacheada afirma.
— Eu tenho que concordar com ela. -Louise fala, novamente eu suspiro e vejo que os garotos tinha um olhar perdido sobre a conversa. Eu simplesmente bebo meu refrigerante e me sinto decepcionada por um momento por não ter sido algo alcoolico descendo em minha garganta.
— Eu pensei que o assunto da mesa seria sobre você e Zayn e a operação cupido de vocês e não sobre minhas amigas falando da minha vida profissional. -Resmungo.
— Estamos tentando. -Zayn fala mas logo geme baixinho de dor e levo sua mão até o joelho esquerdo, este está perto de Carolina. O garoto dos olhos cor de avelã continua a falar. — Mas você não está acompanhando a conversa desde que... -Zayn fala, o garoto olha para Harry antes de terminar a frase.
— Eu entendi! -Falo imediatamente e Harry tosse um pouco.
— Bem, já que o assunto começou a ser sobre vida profissional, devo dizer que a minha é um saco porque eu não sou nenhum ricaço. -Louis fala e o olho imediatamente. Louise olha para Louis e acaba sorrindo um pouco. Provavelmente da sinceridade com que ele falou isso agradou minha amiga mais velha. — Vocês tem que saber que eu trabalho como investidor e analista financeiro e esse trabalho é uma merda.
— É uma merda porque você deixa com que Richard abuse do seu talento. -Harry fala e Louis suspira.
— Maldito capitalismo. -O homem dos olhos azuis resmunga.
— Maldito capitalismo. -Repito e bebo minha coca cola e lamento profundamente por não ser uma vodka. Não deveria pensar tanto nisso, eu vou dirigir e não posso beber.
Escuto a risada de Harry e me viro o olhando.
— O burguês da mesa não gostou da mini revolta do proletariado. -Louis fala brincalhão, Harry torce o nariz e bebe um gole da sua cerveja.
— Não sou tão rico assim. Rico é o Zayn que vai fazer dois casamentos. -O moreno se defende desviando logo o assunto sobre ele para o casal e Zayn sorri colocando o braço em volta do pescoço da minha amiga.
— Não é bem assim. -Zayn fala e Carolina sorri concordando. Logo, o casal explica um pouco sobre como ficou a despesa do casamento, de modo a não ser exposto demais.
Depois de falarmos sobre dinheiro foi a vez de entrarmos em uma séria discussão sobre disco de Jazz e eu não fazia ideia de que Harry tinha um conhecimento sobre, porque ele tem cara de que na sua adolescência ele foi o garoto rolling stones, com certeza ele exatamente não foi isso. Imagino. Apenas sei que a conversa fluiu bem por horas, com todos nós, com Louis e eu e com Louise e Harry, como com Louise e Louis. Nesta conversa, inclusive, descobri que todos os homens da mesa são britânicos mas o sotaque forte não negava isso em instante algum. Eu também conversava com Harry, mas não conseguia em instante nenhum controlar todo o meu nervosismo o que me faz pensar seriamente que eu falei besteiras demais. Eu normalmente não fico assim e eu deveria ter ficado mais tranquila porque com certeza eu pareci uma idiota. Eu posso ter estragado tudo, ainda mais que meu nervosismo provoca grosseria porque eu simplesmente posso sentir que eu posso perder todo o controle olhando para seus olhos ou para sua boca. Loucura e ele me deixou a segundos da selvageria.
De qualquer forma, agora já são quase meia noite e todos já foram embora e eu estou para ir também, mas antes de sair do bar tive que passar no banheiro, acho que minha bexiga não aguentaria esperar até que eu chegasse em casa. Assim que saio do bar o vento fresco tranquiliza um pouco o fato de estar sozinha no meio da noite. Olho para cima vendo as estrelas e sorrio, eu estou na famosa cidade dos anjos mas parece a cidade dos cristais estrelares com tantos pontos brilhantes no céu noturno.
— Los Angeles tem muitas luzes quando a melhor delas está no céu, uh? -Harry fala e me viro o olhando. Ele sorri um pouco e enfia as mãos no bolso de sua jeans preta.
— Parece um véu enfeitado com diamante e cristais. -Murmuro com encanto, voltando a olhar para cima. Logo em seguida retorno a olhar para Harry. — E sobre você, não deveria ter ido embora? -Pergunto e ele sorri divertido.
— Sim, mas ainda não encontrei um táxi ou um uber. -Explica, o inglês passa a língua nos lábios olhando para a minha boca e eu acabo encarando a dele também mas meu olhos agitados logo encontram seus olhos verdes novamente e os seus olhos verdes me encontram também.
— Se você quiser eu posso te dar uma carona. -Falo e mordo meus lábios. — Eu não vou mais bater o carro como antes e... E... Vai ser de graça. -Digo e Harry sorri divertido.
— É um boa opção. -Harry diz sorridente. — Ótima na verdade.
— Sim! -Falo e acabo parecendo um pouco animada demais. Merda. Harry sorri mais e morde os lábios. — Vamos?
— Claro. -Fala animado.
Entramos no meu carro. Eu ligo o carro e em seguida o rádio e tocava uma música do Flewtood Mac, na qual eu não faço ideia de qual seja o nome. Na verdade, esse disco foi algo que ganhei de aniversário do meu irmão há alguns meses, mas eu só passei a ouvir essa semana quando eu terminei de decorar todas as músicas o novo disco da Rihanna.
— Sometimes, the most beautiful things, the most innocent things. And many of those dreams, pass us by. Keep passing me by.¹ -Harry canta baixinho e o olho. Ele parece gostar disso.
— Você gosta? -Pergunto curiosa e ele afirma balançando sua cabeça.
— Muito, você também não é? -Harry pergunta e solto uma risada.
— Na verdade eu comecei a escutar eles hoje de manhã. -Confesso. — Foi um presente de aniversário de alguns meses, mas eu não ouvi imediatamente.
— Por que?
— Rihanna lançou um disco. E porque eu normalmente não saio ouvindo tudo que me pedem para ouvir imediatamente, às vezes eu deixo ir e a música me acaba me achando em um momento. Parece poético mas foi assim que passei a gostar de Rolling Stones, por exemplo. -Explico, paro o carro no sinal e viro meu rosto olhando para Harry. Ele me olha e sorrio um pouco. — Para onde eu viro?
— Você deixa a música te encontrar? -Pergunta ignorando minha pergunta.
— Loucura, porém verdade. -Falo e ele sorri.
— Então você já ouviu George Michael? -Pergunta e sorrio um pouco.
— Nada mais que Wake me Up. -Confesso e Harry sorri. O moreno se inclina e diminui o volume do Fleewtood Mac. Eu o olho atenta torcendo para o sinal não abrir ainda.
—Well, I guess it would be nice If I could touch your body I know not everybody Has got a body like you.² -Ele canta me olhando fixamente. Meu coração acelera e o garoto continua. — Before this river becomes an ocean Before you throw my heart back on the floor Oh baby, I reconsider my foolish notion.³
— É uma boa... Boa música. -Digo nervosa, volto a olhar para frente e o escuto rir baixinho. Batuco no volante esperando que o sinal abra mas isso não acontece e parece que ele só vai abrir daqui uma eternidade.
— Eu acho que seria interessante tocar no seu corpo. -Harry fala e sou capaz de engasgar com a própria saliva. Arregalo meus olhos. Sinal abra. Sinal abra. Sinal abra.
— Eu realmente tenho que reconsiderar sua noção idiota. -Digo após alguns segundos e novamente ele ri. Eu o olho e lá estavam seus olhos fixados nos meus.
— Bem, pelo o que eu me lembro você me chamou para sair, indiretamente. -Harry pontua e mordo os lábios. É verdade eu fiz isso.
— Sim, mas ainda não temos um lugar. -Falo. Harry sorri.
— Bem, eu posso escolher um. -O moreno afirma me olhando e franzo a minha testa desconfiada. — Wow, nada do meu quarto. Apenas confie em mim, certo?
— Confiar em você? -Pergunto desconfiada, e Harry sorri pequeno.
— Isso. Você me busca na minha casa quinta às oito horas da noite.
— Te buscar? -Pergunto incrédula e então sorrio um pouco. — É esse o tipo de coisa que o feminismo faz?
— Exatamente, mas venha de táxi porque eu quem vou escolher o lugar. -Harry diz um tanto quanto animado.
— Isso é loucura. -Falo e tanto eu como Harry sorrimos abertamente.
— É sim, agora dirija porque o sinal já abriu e você vira a esquerda. -Harry diz me encarando e olho para frente vendo o sinal aberto e alguns carros já seguindo seu percurso. Como ele soube?
Continua...
¹ Às vezes, as coisas mais bonitas as coisas mais inocentes e muitos desses sonhos passam por nós continuam passando por nós
² Bom, acho que seria legal/ Se eu pudesse tocar seu corpo/ Eu sei que ninguém/Tem o corpo como o seu
³ Antes desse rio se transformar em oceano/ Antes que você jogue meu coração no chão/Oh baby, eu reconsiderarei minha tola noção
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro