Capítulo 7 - Segunda Impressão ❀
Estamos conversando a noite toda
Você não fala muito
Eu nunca conheci seus pais
Eles não sabem sobre nós
Jantares extravagantes (superestimados)
M&M's de amendoim (é o seu favorito)
[...]
✩ ✫ ✬ ✭ ✮ ✯ ✰ ✱ ✲ ✳
Uma semana, sete tediosos dias em casa, essa foi a maneira que o meu pai achou que seria melhor para uma punição. Claro, o que poderia ser pior do que ficar em casa e apenas olhar as paredes? Realmente, não sei.
Mamãe também está me punindo, não me conta nada das aulas, acha que fui imprudente e mal educada. Então, resolvi apenas assistir vídeos de dança em casa. Sou um fracasso, devo admitir. Novamente, estou indo para a cozinha, beber o meu delicioso refrigerante de limão. Já disse que ele é o melhor refrigerante do mundo, certo?!
— Me desculpe, onde posso encontrar cervejas? — uma voz masculina surge pelo recinto, enquanto ainda estou de costas.
— Pare com essa brincadeira, você sabe muito bem onde eles estão, Keller. — Viro-me na direção dele e sorriu, porém, meu sorriso desaparece segundos depois. — Quem é você?
— Meu nome é Dante, poderia me mostrar onde pego as cervejas? Keller me mandou nessa missão impossível. — E qual é o seu nome?
— Stelly. — Cruzo os braços, observando detalhadamente o rosto do garoto da conveniência. Dante. — Então você é o requisitado Dan.
— Acabamos de nos conhecer e já trocamos apelidinhos? — Um sorriso brincalhão surge em seus lábios, apenas ignoro e aponto para mostrar onde estão as bebidas. — Gostei da sua roupa.
— Você é inacreditável! — bufo frustrada e escuto a gargalha dele, quase fazendo-me sorrir em resposta. Droga, Stelly! Se controla!
— Lembrei de você! — Ele pega as garrafas e abre uma ali, descaradamente bebendo na minha cozinha. — A garota da conveniência.
— E você é o garoto mal educado que esbarrou em mim de propósito, nem sequer pediu desculpas. — Semicerro os olhos rapidamente, percebendo que ele está se movimentando na minha direção.
— Creio que aquela tenha sido uma primeira impressão errada, que tal uma segunda? — Ele estende a mão e sorri, não consigo decifrar se está me testando ou não. — Meu nome é Dante, que nem o poeta italiano.
— Meu nome é Stelly, que nem o bebê gorducho e sem cabelo que a minha mãe deu à luz. — Apertamos nossas mãos, e sorrimos brevemente. Não sei dizer que clima diferente é esse.
— Já disse que gosto das suas roupas? Minha mãe tem roupas iguais a essas. — Ele sorri pegando outra cerveja, já que bebeu a anterior.
— Garoto, cala a boca. — reviro os olhos e pego meu refrigerante de limão, maior vilão e protagonista de hoje. Me sinto estranha com os comentários dele, por que a opinião de um garoto desconhecido causaria algum efeito em mim?!
— Está tudo bem, senhorita Hoffman? — Uma das nossas cozinheiras aparece, trazendo uma carranca para Dante e uma curiosidade expressada em seu semblante quando nos observa juntos. — Posso ajudá-la?
— Senhorita Hoffman... — Dante fala baixinho, quase sorrindo. — Obrigada por me mostrar o local exato das cervejas, seu irmão não é um bom anfitrião. — Ele se retira e dá uma piscadela antes de sair, nos deixando sozinhas. — Tenham uma boa noite, senhoras.
— Está tudo bem, Mel. — Sorriu para ela, que é a funcionária mais antiga que temos nessa casa. — Só vim mostrar para Dante a cozinha, você sabe como é enorme aqui.
— Sem problemas, querida. Pensei que iria usar a espátula de ferro para acertá-lo. Sorte que não tive que estragar aquele rostinho bonito. — Ela sorri e faço o mesmo, alguém além de mim o acha bonito. Não estou louca. — Vá se preparar para o jantar, seu pai em breve irá chegar. Teremos um lugar a mais na mesa.
Antes de perguntar quem seria o ilustre convidado, acho que já tive um spoiler quando fui à cozinha. E pela primeira vez, algo interessante acontecia naquela casa.
[...]
Desço as escadas com uma certa pressa, sem me deliciar com o toque do corrimão na palma da minha mão. Eu já o conhecia bem, já o novo ocupante de nossa mesa, é uma repleta novidade.
Os três mosqueteiros, Dante, Keller e Bryan, estão conversando animadamente enquanto mamãe apenas lê uma revista de moda. Suspiro fundo e vejo que papai ainda não chegou. No entanto, algo chama bastante a minha atenção, mas não antes que eu pudesse questionar.
— Boa noite, meninos. Boa noite, Stelly, boa noite, Emma. Linda como sempre. — Ele dá um beijo estalado e rápido nos lábios dela e senta-se em sua cadeira confortável, na mesma hierarquia de sempre. — Tive um imprevisto na empresa, está um caos.
— Boa noite. — Respondemos juntos e quase sorrimos. Dante concentra sua atenção em mim por alguns segundos.
— Alguma ocasião especial, papai? — Os talheres da mesa estão formais demais para um simples jantar. Já sei o que ele quer, saber se Dante lida bem com pratos e talheres finos. Meu pai é inacreditável!
— Estamos em família, querida. Isso não é uma ocasião especial? — Ele sorri brevemente, passando os lábios sob o copo de whisky que Mel trouxe. — E qual outra ocasião você usaria uma roupa tão bonita quanto essa? Se fosse apenas um jantar, não teria usado algo tão sofisticado. Ficou lindo, inclusive.
— Está linda mesmo, querida. — Mamãe reforça, fechando somente agora sua revista de moda e prestando atenção em mim pela primeira vez. — Se a sua intenção era chamar a atenção de Keller, conseguiu.
Ótimo... Tudo que eu precisava.
— Adorei o visual, Stelly. Você está linda. — Ele sorri de forma educada, enquanto, eu só gostaria de me afogar no vinho caro que está na mesa.
— Então, meu rapaz.. — Gerald Hoffmann está olhando fixamente para Dante, que retém em nós toda a curiosidade. Como se fôssemos bichinhos fofos e curiosos. — Você é de família nobre? Quem é o seu pai?
Neste momento, a tensão é substituída por uma música clássica que ressoa de algum lugar da sala. Somos servidos com comida francesa e o cheiro de vinho tinto e frango quase fazem minha barriga gritar. Percebo agora o que papai está fazendo. Testando Dante com talheres requintados, quer saber se ele é algum da classe alta. Patético. Se não fosse amigo de Keller, Dante jamais estaria nessa mesa, não com seu cabelo castanho desgrenhado, suas roupas de couro e coturnos.
— Eu não sou de família nobre, senhor Hoffmann. — Ele bebe o vinho de forma requintada, degustando-o. Estamos em silêncio prestando atenção no diálogo dos dois. — Meu pai era um bêbado escroto que batia na minha mãe.
Observo a forma sensual que o vinho toca nos lábios dele e o jeito que seus dedos longos tocam a taça com delicadeza. Ele tem classe, todos nós percebemos, está escondendo alguma coisa.
— Entendo. — Papai semicerra os olhos azuis por trás de seu óculos e voltamos a comer novamente, em silêncio. — Sempre que quiser, pode vir para nossa casa. Qualquer amigo do Keller é bem vindo aqui. Espero que esteja gostando do jantar.
— Obrigado, senhor Hoffmann. Estou me sentindo bastante acolhido em sua casa. — Eles trocam um sorriso cortês, estão se estudando, se analisando. Tenho certeza de que Dante sabe que papai não está sendo verdadeiro. — Delicioso! A safra do vinho é ótima, as uvas foram colhidas em uma boa temporada e o coq au vin está saboroso!
Neste momento, sorriso para Bryan que entende na mesma hora. Dante está desafiando o meu pai, na forma mais singela que existe. Ele não sabe disso ainda, mas acabou de despertar a silenciosa ira de Gerald Hoffmann.
Dante é a personificação de tudo que o papai odeia e eu estou começando a gostar disso...
❃ ❁ ❀ ✿
Criei uma playlist para Stelly no Spotify, para quem gosta de música romântica para sofrer ou f*der. O nome é o mesmo do livro, Stelly. Ao longo dos acontecimentos vou adicionando mais músicas.
Até logo! ♡
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