Capitulo 70
A gente tem que se construir primeiro, para depois abrigar alguém..
Ainda não sei qual vai ser, a minha ficha não caiu e parece doideira ficar distante da Ste. E acredito que aproveitar cada momento ao lado de quem amamos é importante pra cacete.
Porquê as pessoas podem simplesmente ir embora da sua vida como um piscar de olhos, podem tomar outro rumo sem mais nem menos.
A distância nunca foi algo agradável, e quando Fábio decidiu seguir outro rumo pude sentir na pele o quão horrível é ter que lidar com a saudade de alguém.
Seria foda. Óbvio que seria, mas quem sou eu para tentar impedi-lá?
Jamais faria isso, e não to afim de arruinar o futuro de ninguém, sei que no fundo ela queria isso mas só precisava de um empurrão.
Por mais que eu a ame para um caralho, é necessário deixá-la ir. Daqui alguns meses ela volta e a gente se vê de novo.. bom, é isso que eu espero.
Mas somente o tempo vai poder nos dizer.
— Tem certeza que arrumou tudo? — olhei pra ela de relance, que dobrava umas blusas e as colocava em pilhas, para ajeitar todas dentro da mala.
Tínhamos passado no seu apartamento, ela foi fazer suas malas e eu a ajudei.
Estava tudo uma correria, e quase não sobrou tempo para ficarmos juntos, mas só de passar um segundo ao seu lado já era mais que suficiente.
Aliás, acredito que nunca vamos nos "despedir" por completo, sempre será algo que irá ficar entreaberto.
Nem ela quanto eu gostamos de despedidas.
— Sim.. acho que sim. — olhou a sua volta.
— Tem mais alguma mala?
— Tem uma branca lá no quarto, vou só terminar de fechar. — falou com certa pressa indo em direção ao corredor.
O seu voo iria sair essa noite, e meu coração já estava ficando apertado antes mesmo dela ir.
Uma angústia filha da puta insistia em arder no meu peito. Mas se caso nada der certo lá no fim, só de ter tido a chance de conhecê-la já fez valer a pena todo o percurso.
Nunca achei que seria capaz de poder nutrir algo tão intenso por alguém.
Mesmo que nossos caminhos nunca mais se cruzem de novo, ela vai para sempre ocupar um dos lugares mais bonitos do meu coração e da minha memória. Disso, eu tenho absoluta certeza.
E porra, ela me levou aos extremos em menos de um ano, foi bizarro o que a gente viveu. E eu sei, valeu a pena, mesmos com todas as inúmeras turbulências.
Estar nesse apartamento novamente me faz sentir enjoos constantes, tudo volta na minha mente como se fosse ontem. Até hoje não consigo esquecer 100% tudo que ocorreu aqui, aquilo mexeu demais no meu psicológico.
Eu preciso desse tempo na Califa, até para tirar esses pensamentos de mim, e respirar novos ares vai fazer bem.. no fim, é só mais um novo começo.
Quando voltar, quero ficar definitivo aqui de novo, não vou abandonar esse lugar que tanto sonhei em ter, não vou dar a Carmel mais esse gostinho.
Respirei fundo e só continuei arrumando as últimas coisas que faltavam na mala. Até que escutei Felipe chamar pelo o meu nome lá da sala, andei até lá pra ver o que era.
— Que foi? — coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Toma.. — estendeu pra mim uma sacola velha de alguma loja e eu peguei sem entender.
— Onde isso estava que eu não tinha visto? — falei curiosa.
— Estava no carro, eu desci correndo e peguei pra te entregar. Antes que você pudesse fechar sua mala..— colocou as mãos no bolso da calça jeans.
Ao ver o que tinha, sorri no mesmo instante.
— Ah..você me mata garoto. Ao menos passou o seu perfume nelas, né? — soltei um riso.
Ele tinha me entregado todas as suas camisetas que eu costumava usar, eram umas cinco. Na real, elas já eram muito mais minhas do que dele.
Certamente irei continuar usando pra dormir todos os dias, o cheiro de perfume masculino fica grudado nelas e iria me trazer boas lembranças.
E sempre que eu sinto o seu cheiro, era como se ele tivesse me abraçando.
— São suas. É pra você nunca se esquecer de mim..— se aproximou e segurou de leve a minha cintura.
Me fazendo olhar fixamente pro seus olhos, deixei a sacola no braço do sofá e pousei minhas mãos sobre o seu corpo.
— Claro que não vou esquecer de você.. isso é óbvio. E obrigada tá? Prometo que vou comprar camisetas novas lá em LA pra você.. — ele riu da minha fala.
— Não precisa.. eu só quero que não demore. — veio com cautela e me depositou um beijo calmo, como se pedisse permissão para entrar.
Eu o acompanhei, e nossas línguas se cruzaram num instante, nosso beijo tem um ritmo lento mas muito caloroso.
Suas mãos firmaram em meus cabelos e ele guiou nossos corpos até o sofá.
Se sentou e eu sentei em seu colo, sem distanciar as nossas bocas. Com um pouco de pressa foi tirando a minha blusa e meu sutiã, pausei o beijo e o encarei com malícia e com a boca entreaberta.
— Caralho.. vou sentir muita falta disso aqui..—falou baixinho inclinando a cabeça pra baixo para poder depositar beijos molhados em meus seios.
Me dava arrepios e calafrios até a espinha.
— Não temos muito tempo.. — sussurrei enquanto ele se deliciava nos meus mamilos.
Após voltar a me beijar, tirou sua roupa rapidamente e abaixou a minha calça moletom e minha calcinha.
Tirou da carteira uma camisinha e a encaixou, soltei um riso ao ver a cena.
— Fe, cê sabe que eu tomo remédio..
— Não vou arriscar, cê tu engravidar vai levar o meu filho pra outro país.. — brincou e eu dei um riso alto.
Transamos pela última vez ali mesmo no sofá, suas mãos pesadas me apalparam por trás e eu sentava cada vez mais forte em cima dele.
Nossa respiração ficou ofegante e os nossos corpos colados e em um só ritmo. Ele depositava selinhos pelo meu pescoço e nuca, sua barba roçava de leve minha pele.
E meus gemidos ficavam mais intensos e manhosos.
— Gostoso.. — falei com puro tesão.
— Você que é gostosa.. cheirosa.. linda da minha vida.. — disse pausadamente e com a voz rouca.
Ficamos ali por mais alguns minutos, não tínhamos todo tempo do mundo. Mas valeu a pena, era como se fosse a nossa despedida particular, ou nosso até breve.
Tomei banho correndo e coloquei o meu conjunto de moletom azul que é de um tecido bem confortável e bom pra viajar.
Calcei os meus tênis e fechei as duas malas, não quis passar nada na cara, pois eu sei que iria chorar igual uma condenada quando fosse me despedir dos meus pais lá no aero, sou chorona com despedidas, ainda mais que a tpm tá quase chegando.
Tínhamos combinado de nos encontrar todos lá.
Até Gabi, Vicente e Lavínia iam aparecer, parece que vou ficar anos fora. Não sei realmente quando volto, se os jobs aumentarem demais, não sei o que vai ser.
Mas não pretendo demorar, e só vou ficar o tempo que for necessário. Eu acho né.
— Que horas é mesmo voo? — Felipe me olhou de lado enquanto parava no sinaleiro.
— Está previsto para sair às 11:40. — vi o horário no meu relógio de pulso.
— Como vai funcionar as escalas?
— Primeiro vamos direto para Orlando, chegando lá vamos pegar outro para Los Angeles pelo que vi.. — disse tentando decifrar o meu cartão de embarque que estava cadastrado pelo celular.
— Tá tudo certo aí?
— Tá sim, inclusive Hans já me mandou mensagem..
No caminho, fomos escutando sertanejo na rádio e eu fui dando um "tchauzinho" pro meu amado Rio de Janeiro, ah como eu amo essa cidade.
Com esse calor estrondoso e com praias mais lindas que eu já vi, é impossível eu esquecer daqui.
Vi as ruas e as pessoas andando no movimento dos barzinhos da orla. As ondas estavam calmas e a lua brilhava como nunca.
(...)
Ao chegarmos, Felipe tirou minhas malas do carro e as pôs num carrinho. Arrumei a bolsa nos ombros e o segui para dentro do aeroporto Galeão.
Avistei de longe as outras meninas, que também iam despedindo dos seus respectivos parentes.
— Filha! — ouvi a voz da minha mãe soar atrás de mim. Me virei rápido e a abracei forte.
— Oi mãe.. que bom que veio!
Meu pai chegou em seguida, junto a Guto e Gabi. Os seus olhos já estavam marejados e sem querer dizer tchau.
Aquilo doía meu peito, os abracei forte depois que saí do abraço da minha mãe.
— E cadê seu amigo que vai junto com você? — meu pai perguntou olhando em volta.
— Ele já está chegando pai.. enquanto isso eu vou despachando às malas.
— Eu te ajudo.. — Gustavo me seguiu até o balcão da empresa aérea. Felipe e meus pais ficaram se falando e eu abri um sorriso ao ver aquela cena.
— Caralho, deu quase vinte kilos! — assustei ao ver a moça pesar a mala vermelha na esteira.
— O que cê tá levando aí dentro? — Guto riu.
— Quase a minha vida toda, nem sei como coube.
— Amiga! — ouvi a voz de Vicente e me virei com um sorriso no rosto. O abracei forte e logo atrás vi Lalá.
— Oi gente, achei que não iriam vir..
— A gente passou no Mc antes, eu estava com muita fome.. — Lavínia exclamou.
Conversarmos brevemente até o meu celular apitar e vi de relance que Hans havia chegado já, ele me viu e veio até mim com suas roupas e malas coloridas.
Eu amo que em qualquer ocasião ele consegue ser lindo e estiloso, eu que estava toda desarrumada no caso.
— E aí gata, já despachou as malas? — me deu dois beijinhos no rosto e disse um "boa noite" pro resto do pessoal que estava comigo.
— Sim, já sim. Só falta você.
— Vou lá, já está quase na hora! — apressou o passo.
Meu irmão me abraçou de lado e já estava no clima meio bad. Ouvimos anunciar o meu voo pelo som do aeroporto, e por isso já tínhamos de ir para a sala de embarque.
— Juízo minha filha, pelo amor de Deus, não me faça besteira no exterior! — minha mãe me abraçou e eu assenti. — Ta levando remédio pra dormir e pra dor de cabeça?
— Tá mãe, relaxa. Vou me cuidar.. to levando sim.
— Vai com Deus sis, te amo..— Gabi se aproximou e me deu um abraço apertado também.
Costumávamos nos chamar assim quando éramos mais novas, foi por causa de uma foto que ela tinha postado com a legenda "sister", devíamos ter uns 14 anos.
Mas só falávamos assim quando a situação é melosa, mas de fato, e sempre digo que ela é minha a minha irmã mais ajuizada.
— Obrigada sis, te amo também.
— Boa viagem Ste, fica com Deus.. — Lavínia me abraçou forte. — Volta logo, amo você.
— Obrigada Lalá, amo você. — depositei um beijo no seu rosto.
Vicente se despediu também, todo humorado e feliz como sempre, só me desejando coisas boas.
— Que você aproveite, vai dar tudo certo! Eu sempre soube que você iria deslanchar nessa carreira. Você vai ficar mara, linda, rica, famosa.. mas não esquece de mim, tá? — soltei uma risada pelo seu exagero.
— Nem sei como te agradecer por tudo amigo, você é incrível. Vou sentir saudades dessa sua maluquice!
Disse tchau pro meu pai também, que depositou um beijo estalado na minha testa e me desejou boa sorte, confesso que segurei a emoção.
— Boa sorte tá? Que Deus te acompanhe filha.
— Amém, pai!
Guto me abraçou forte e disse pra eu ficar tranquila que tudo ia dar certo.
Disse que vai estar sempre aqui, e que posso contar com sua amizade e parceira pra tudo. Mesmo a gente sendo opostos em tudo, eu o amo com todas minhas forças.
O segundo anúncio de que o voo estava perto rolou, olhei pro Lipe a gente sorriu no mesmo instante.
Nos distanciamos do pessoal e fomos mais perto do portão de embarque, minhas mãos estavam gélidas.
— E então.. é isso aí..— ao falar, no mesmo segundo eu pulei no seu pescoço.
O abracei forte e me segurei pra não chorar, cacete, como é doloroso amar tanto alguém assim.
— Te amo muito, muito mesmo Stella. — falou com a voz abafada em meio ao abraço.
— Também te amo, e é tanto que dói! — uma lágrima filha da mãe escorreu pelos meus olhos.
— Olha pra mim.. quero que você seja feliz. Ouviu? — pegou meu rosto com as duas mãos— Vai ser feliz, vai se descobrir. Mas saiba que eu to aqui, e nada vai mudar o que a gente sente.
Meus olhos ficaram vermelhos e meu nariz também, ele tentou limpar minhas lágrimas mas sem sucesso.
— Para de chorar, se não vou ficar emotivo também!
— Não consigo poxa..— abri um sorriso, mas era de nervoso.
Nós começamos a nos abraçar e a choramingar, ele quase que se debruçou em lágrimas também por eu estar chorando.
Foi então que peguei o meu celular e tirei uma foto meio borrada nos stories.
Ele começou a rir da situação e a querer esconder o seu rosto, odiava que o vissem chorando. Meus olhos já estavam inchados de tanto derramar lágrimas.
— Fica com Deus tá? Mas agora vai.. tá na hora. — limpou meus olhos molhados com as duas mãos.
— Vem amiga! — Hans me chamou e eu assenti.
— Beijo, não esquece que vamos casar um dia! — disse alto e ele só riu balançando a cabeça.
E assim foi nossa breve despedida, mas não foi um adeus. Eu sabia que ia voltar, a gente é jovem e tem um futuro e tanto pela frente, mas é dolorido lidar com a partida.
Hans passou seus braços pelos meus ombros me consolando. Nós fomos em direção ao embarque e logo em seguida passamos pela ala da imigração e pela polícia federal internacional.
"Senhores passageiros, o voo 9173 com destino à Orlando está sendo feito pelo portão 8, embarque imediato!"
Após ouvirmos, corremos para o portão de número oito.
Mostramos as passagens e entramos no avião, que a propósito era imenso, e pela nossa sorte nós ficamos lado a lado e eu quis ficar na janela.
Hans colocou seus fones de ouvido e se desligou do mundo.
Tomei meu remédio pra conseguir dormir e já fiquei meio grog. Após decolar, paguei pelo Wi-Fi do voo e tirei uma foto lá de cima, a cidade fica linda demais toda iluminada.
Postei no feed do Instagram. Meus olhos já estavam pesados e logo adormeci, coloquei aqueles tapa olhos e fiquei ouvindo músicas calmas.
@Stellamuniz
Até breve, Rio✈️🧳 @hansbosco
Gutomuniz e outras 1.827 pessoas curtiram isso.
@Gabibastoss: Boa viagem meu bem! Te amo.
@Vicentebrangel: Q foto linda, boa viagem Ste♥️
@Felipeferraz: Voa Teté, saudades já.
@Chiaraferraz: Boa viagem amore mio!!
@Gutomuniz: EUA vai ser pequeno pra vc haha✌🏼
Fim de um ciclo.
Continua..
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