Capitulo 68
— Cara, eu só tenho 19 anos. Acha mesmo que eu ia deixar isso acontecer?
— Acho. Do jeito que é desmiolada, é bem provável que aconteça. — é incrível em como a Gabriela me dá lições de moral como se fosse minha mãe, e esse seu espírito de cuidado me deixa bem aliviada em certas situações. Sua amizade é uma das poucas coisas que eu me importaria pra caralho caso perdesse.
No dia seguinte, eu fui até o quarto dela vê se tinha algum remédio. Não consegui dormir bem, só fiquei pensando nisso. Felipe ficou meio indiferente à noite toda, ficou pensativo e bem inquieto, talvez acho que é porquê ele já passou por algo parecido com Cecília.
E acredito que ele deve ter algum trauma com isso, Laura engravidou também.. ou seja, por pouco esses bebês foram dele. Talvez não eram pra ser.
— Óh eu tenho essa pílula, mas ela é muito forte e eu recomendo que deite um pouco..
— Me dá logo.
— Ok, e você tem sorte porquê era a última!— Gabi pegou uma garrafinha de água e me deu a pílula do dia seguinte. Se não fosse ela eu já estaria com o pé na estrada.
Após tomar rapidamente, respirei aliviada.
— Obrigada amiga, você foi a minha salvação no dia de hoje. — prendi meus cabelos num coque frouxo.
— Toma mais cuidado e não faz as coisas de cabeça quente. Isso é muito perigoso Stella.
— Eu sei, eu sei. Vou me deitar um pouco..
— Vai lá, qualquer coisa eu te chamo.
Sai do quarto e entrei no meu. A janela ainda estava fechada impedindo a entrada de luz solar, Felipe não estava mais lá, devia ser 9 da manhã, e ele deve estar lá em baixo com o os meninos.
Me deitei e fechei só os olhos, tentando relaxar um pouco e esperar o efeito do remédio passar.
Não dormi direito. Fiquei apenas rolando na cama e pensando em tudo que poderia acontecer, não estou preparado pra encarar nada parecido. E ao acordar, desci para distrair um pouco.
Esse misto de emoções é o que acaba comigo, não saber lidar com todos os sentimentos, sempre me deixa confuso.
E não foi minha culpa ter ficado indiferente, eu só não soube como agir diante daquilo. Começamos a namorar não tem nem um mês, é claro que isso não está nos nossos planos, é foda se assustar assim.
— Tu tá viajando maluco.. tá bem? — Guto me tirou do transe.
— Uhum, tô.
Ele me encarou já sabendo que eu não estava tão tranquilo quanto parecia.
— Sei lá, essa parada de namorar é meio foda né?
— Quê? — soltou um riso frouxo.
— É pô, é uma hora cê tá de boa e do nada já começa a brigar de novo..
— Que papo é esse? Já começou a tretar com a Ste?
— Não.. quer dizer, sei lá. Ela é meio difícil ás vezes. — suspirei tomando mais um gole da Heineken.
— É meu parceiro, te disse que tu estava comprando briga com fogo. Ela é doidinha de pedra. — brincou e eu ri fraco.
— Ou vai ver.. eu que sou mó chato também.
— É, tem essa possibilidade.
Após alguns segundos, Gabi apareceu lá e se sentou conosco. Não havia visto Guilherme ainda, pelo visto deve estar ocupado fazendo algo mais interessante.
— E aí, ela tá melhor? — questionei.
— Acho que sim, eu achei um remédio perdido na minha bolsa.. agora ela voltou a dormir.
— O que ela tinha? — Guto perguntou sem ao menos saber de alguma coisa. Não contamos para ele, por motivos óbvios.
— Nada! — eu e Gabi falamos na mesma hora e ele nos olhos meio sem entender.
Me levantei deixando os dois a sós e fui até o quarto vê se Stella estava mais calma, até que sinto alguém me chamar por trás enquanto ia subindo as longas escadas.
Me virei rápido e vi Laura abrir um sorriso largo.
— Bom dia.. — falou com a voz rouca.
— Oi, bom dia. — desci alguns degraus.
— Sua namorada é uma figura mesmo né.. — cruzou os braços em tom humorado.
— É, acho que cê viu ontem né.— me recordei dela ter pulado sem sutiã na piscina.
— Sabe Lipe.. não quero me intrometer na sua vida, mas ainda me preocupo com você. E além do mais, eu te conheço a mó tempão..
— Laura, não precisa continuar!— a interrompi meio sem jeito, me prontificando pra continuar subindo.
— Dá pra ver pelo seu olhar que você não tá 100% feliz, não precisa ser nenhum vidente pra saber que você não curte essas loucuras que ela apronta..
— Eu amo aquela garota e nunca pensei que fosse amar tanto.. por quê ta me falando isso? — desviei o olhar.
Ela riu sem humor.
— Felipe, olha pra mim. Eu sei que você não gosta e nunca gostou de meninas sem juízo.
— Cala a boca mano. Isso não vai fazer eu querer voltar pra você Laura..
— Eu conversei com o Álvaro, ele era amigo do ex namorado dela.. Lucas.. Luiz.. — disse tentando se lembrar do nome — Luiz, eu acho.
— Qual é seu problema? Porquê não fica na sua ? — não entrava na minha cabeça essa mina ter tanta falta do que fazer.
— Fiquei sabendo de uma coisa muito séria e queria que você soubesse. Por mais que nós não tenhamos dado certo.
— Que coisa?
Laura saiu andando em direção a um corredor perto do lavabo, onde não tem tanta gente em volta.
Eu a segui, mesmo já estando puto da vida.
— O que quer me dizer?
— A Stella.. ela já abortou. — encarou o chão.
— Quê? — fiquei mais puto ainda. Que merda aquela garota estava dizendo?
— Álvaro me contou brevemente, ele disse que foi na época que ela namorava o Luiz. E aí ela engravidou e quis abortar, o seu ex não queria que ela fizesse isso. E quando aconteceu ele contou pro o Álvaro..
— Ela sempre me disse que esse cara era um filho da puta, porquê só agora eu fui saber disso? E como me garante que essa porra é verdade?
Tentei falar sem aumentar o meu tom de voz, mas por dentro meu coração palpitava sem parar, não consigo acreditar nisso.
— Porque o Álvaro conhece eles dois a mais tempo, tanto que até ele já andou ficando com ela.. é só ligar os pontos.
— E porquê ela nunca me contou isso? Ela ia contar.. a gente já conversou várias vezes sobre o seu antigo namoro.
— Ela não ia te contar.. até por quê ninguém vai ter orgulho disso. Mas eu quis que ficasse sabendo, pro seu bem!— me olhou com pena. Odeio que me olhem assim, com pena e desprezo.
— Eu não sei o que pensar, minha cabeça tá doendo. Acho melhor eu subir. — passei as mãos pelo meu o rosto, tentando ficar mais tranquilo.
— Olha.. eu posso ter mil e um defeitos, mas nunca mataria o João, e não me arrependo de nada que eu fiz. Sei lá.. vai que ela passe por isso de novo e pense em fazer a mesma coisa? Eu só quero te alertar, me preocupo de verdade com você.
— Que porra é essa? Eu vou subir.. da licença! — isso foram as únicas coisas que consegui dizer.
Mas por dentro já estou nervoso pra cacete.
Ao entrar no quarto, vi ela dormindo tranquilamente enrolada nos lençóis. Cheguei bem perto e hesitei em acorda-lá.
Toquei levemente os seus ombros, ela só se mexeu mas não acordou totalmente.
— Ste.. acorda aí..— sussurrei.
— Hã? O que foi? — murmurou com os olhos semi abertos.
— Preciso falar com você.
Ela se sentou na cama ainda sonolenta e relutante, e me olhou esperando eu dizer algo.
— Cê tá melhor?
— Uhum.. acho que to. — sua voz era sonolenta.
— Você me contou tudo sobre o seu namoro com o Luiz? — perguntei só pra ter certeza.
— Porquê tá perguntando isso do nada? — franziu o cenho.
— Me responde primeiro. — falei sério.
Sua boca ficou entreaberta e sem saber o que dizer, e pareceu pensar antes de me responder.
— O que tá acontecendo Felipe?
— Você abortou né.. vocês iam ter um filho.
Ao falar, sua expressão se espantou e arregalou suas íris azuis. Até despertou da sua sonolência.
— C-como você..? Como soube? — sua voz ficou falha e percebi seu nervosismo.
— Então é verdade? Caralho Stella..— respirei fundo.
— Eu era muito nova. Não sabia o que fazer, e não queria ter filho naquela idade. Foi um erro e eu sei disso..— os seus olhos ficaram marejados.
— Porquê não me contou antes? — me sentei numa poltrona.
— Não contei pra ninguém naquela época, a única pessoa que sabia era o Luiz, mas.. como você ficou sabendo disso?
— É, parece que ele não era tão confiável assim.
— Quem te contou Felipe?
— O Luiz contou pro Álvaro e aí ele comentou hoje com a Laura.
— Esse filho da puta..— falou entre os dentes.
— Se você me contasse sobre tudo, as coisas seriam mais fáceis, não acha?
Ela se levantou da cama e se aproximou, numa falha tentativa de me abraçar e se sentar no meu colo. Mas recuei e afastei seus braços com delicadeza, ela nem se moveu e ficou estática na minha frente.
— Não queria que soubesse disso. Eu até hoje tenho vergonha, por isso nunca quis te contar. — limpou o rosto com as costas da sua mão.
— O que mais eu não sei sobre você? — falei em tom de ironia.
— Agora você sabe de tudo, tá satisfeito? Não sei pra quê querer reviver esse assunto, isso já está mais que encerrado. E por muitos meses me condenei todos os dias por causa disso, eu quase cometi uma besteira e você sabe muito bem.
— Pô eu gosto muito de você, mesmo tu sendo toda maluquinha às vezes. Só me conta as coisas, não dá pra ficar sabendo pelos outros mais.
Ela fungou o nariz e apenas assentiu.
— O remédio fez efeito?
— Fez, acho que fez. — sentou na beirada da cama e abaixou a cabeça abraçando os seus joelhos.
Pude escutar ela tentando conter as suas lágrimas e aquilo me doía. Chorava baixinho, um barulho bem imperceptível.
Eu me aproximei e me sentei ao seu lado, coloquei as mãos nas suas costas sem dizer nada.
—Eu tento fingir que eu to bem.. eu tento ser forte.. eu falo pros outros que eu to bem.. mas eu não tô. — falou com a voz abafada e meio a soluços.
A abracei por trás, deitando a minha cabeça nas suas costas. Apertando forte o seu corpo e podendo sentir a sua respiração falha.
— Eu nem consigo entrar no meu apartamento, logo eu, que quis tanto morar lá..
— Você não tem que ser forte o tempo todo, sabe que não precisa.— depositei uns beijos na suas costas.
— Mas eu tenho que ser, não posso esperar o tempo passar.. a vida não para pra me esperar ficar bem..
— Olha pra mim aqui!— tentei fazê-la se levantar e me olhar fixamente.
Mesmo ela relutando, ergueu a cabeça e me encarou com os olhos vermelhos.
— Eu não vou conseguir seguir em frente..
— Não fala isso porra! Eu to aqui, você parece que se esquece disso.
— Eu preciso enfrentar isso, com você ou sem você. Preciso parar de ter medo.. e não quero mais ser tão inconsequente. Que caralho.
Suspirei e apenas assenti fraco.
— Quero que você saiba, que vão ter dias que eu vou bem ser chata, estressada, insensível, e eu posso até ser um pouco agressiva e grossa. Mas não se esqueça do amor que eu sinto, e o quanto ele é imenso e forte até em dias como esses.. — se aproximou e depositou um beijo demorado em meus lábios.
— Só quero que seja transparente até nesses dias. — segurei seu rosto com as duas mãos e fixei nossos olhares.
Ela balançou a cabeça num "sim" e eu voltei a beija lá.
Eu tenho a plena consciência que não mereço esse amor todo.
Parece que isso não pertence a mim, eu não consigo retribuir tanto.. e acredito que nunca vou conseguir.
Ainda não acostumei e às vezes eu acho que Felipe merecia alguém melhor, e sei que talvez meu amor não seja suficiente.
O pensamento que eu sempre tenho é que a Cecília seria alguém bem melhor, ela é uma menina do bem e poderia muito demais fazê-lo feliz.
Após nós conversamos e ficar aparentemente tudo bem, decidimos que íamos voltar. Já estou agoniada naquele fim de mundo, não quero ficar até domingo.
Felipe ficou lá em cima ajeitando as coisas no quarto e eu desci para avisar as meninas.
— Ah amiga, não acredito. Fica até amanhã.. please! — Gabi fez um biquinho.
— É, fica vai. A gente mal chegou! — Lavínia insistiu.
— Eu não to me sentindo muito bem, preciso voltar pra realidade e resolver algumas pendências.
— Ok, mas nós vamos nos ver essa semana ainda, tá? — Gabriela me abraçou de lado e eu assenti.
Avistei de longe a Laura, que conversava com alguns colegas animadamente, os meus olhos a fuzilaram e logo me aproximei com o sangue a flor da pele.
— Qual é a sua?
Laura me olhou com indiferença.
— Hã? — ela sorriu cinicamente.
— Não se faça de sonsa, pelo amor de Deus..
Ela levantou da rodinha e falou mais perto de mim.
— Não vem você querer tirar satisfações, nós duas sabemos que está errada linda..— dizia calmamente.
— Só peço que pare de se intrometer na porra da minha vida. Será que nunca vai nos deixar em paz?
— Eu apenas falei algo que o Felipe já deveria saber, para de se fazer de dissimulada. Você vai perdê-lo e não vai demorar pra isso acontecer.
— Cala a boca, quem é você pra querer achar algo? Se fosse tão boa quanto diz, não teria traído ele.
Ao falar, o silêncio reinou. Confesso que não medi as palavras, apenas saiu no automático da minha boca.
— Você quer comparar os meus erros com tudo que já aprontou com ele? Que aliás, foram bem pior que traição. — cruzou os braços.
Meus punhos se fecharam e senti uma fonte elétrica percorrer pelo o meu corpo. Nunca fui de brigar por causa de homem, mas não é apenas por isso que ela me faz perder a paciência.
E sim, por ser arrogante pra cacete e por se achar a dona da razão e cuidar demais da vida dos outros. E olha que eu nem preciso conhecê-la super bem pra achar isso.
Parti pra cima dela como um vulto, ela logo caiu no chão e também começou a puxar bruscamente meus cabelos.
Brigávamos igual duas meninas mimadas, e as suas unhas tentavam me arranhar e minhas mãos davam tapas no seu rosto sem parar.
— Sai de cima de mim, sua vadia! — gritava em meio à tapas.
Pude perceber que algumas pessoas ficaram ao redor e no mesmo momento eu senti alguém me puxar por trás ligeiramente.
— Me solta, porra! — lutei para sair daqueles braços.
Olhei de relance e vi que é Gustavo que me segurava e tentava nos apartar.
— Chega Stella! Para com isso! — ele falava irritado.
— Olha o que você fez comigo, sua vagabunda mal amada! — Laura se levantou e veio pra cima de mim.
Me desvencilhei dos braços de Guto e aquelas suas mãos pesadas logo me puxaram e ela ficou por cima de mim.
Tentei me defender, mas os seus tapas eram muito fortes, coloquei apenas as mãos no rosto.
— Isso é pra você aprender a nunca mais me bater sua cachorra! — falava com a respiração ofegante.
Notei alguém tirando-a de cima de mim, mesmo ela relutando pra não sair. Felipe havia a segurado com força, e nisso eu pude levantar meio cambaleando e tentar me recompor.
Ajeitei o meu cabelo e minha roupa, que por sinal já tinham quase saído do meu corpo.
— Você me paga! Me paga! — ela berrava e eu só a ignorei.
— Porra cara, que merda foi aquela? — Felipe dizia com um semblante bravo enquanto já estávamos na estrada.
Encostei minha cabeça no vidro e massageei minhas têmporas levemente.
— Ela mereceu. — murmurei.
— Pra quê isso? Me explica? — balançava a cabeça negativamente e com os olhos fixos na direção.
— Essa garota tá me irritando desde quando eu a vi pela primeira vez. Perdi a paciência, foi isso.
O silêncio instalou, e somente o barulho do motor do carro ecoava. Olhei de relance e vi que ele não gostou muito de eu ter batido na sua linda e querida ex, é só o que faltava mesmo.
Cruzei os meus braços e fechei os olhos dando umas profundas respiradas.
Fomos o percurso inteirinho sem conversar. Eu fui bastante pensativa. E ao mesmo tempo que é muito bom namorá-lo, ainda sou imatura e inconsequente para sustentar um relacionamento sério.
E isso me machuca, e sei que no fundo.. tem chances de não dar certo.
Eu e ele somos dois instantes, e no mesmo momento em que nos amamos, brigamos. Ao invés de me fazer bem, acaba fazendo mal.. tanto pra mim quanto pra ele.
Eu sei que é incrível a nossa sintonia e conexão, mas às vezes me dá um vazio repentino.
— Pode me deixar na casa dos meus pais? — o olhei de lado.
Queria conversar com minha mãe, por mais que não fôssemos muito próximas. Tinha dias em que só as palavras dela me aconchegavam.
— Uhum. — murmurou e seguiu o caminho da casa deles.
O bom era que o trânsito não fica ruim no sábado, geralmente vai todo mundo pra praia. E em menos de alguns minutos, ele estacionou em frente ao meu antigo condomínio.
Me da uma puta nostalgia todas ás vezes que venho aqui.
Antes de sair do carro, peguei a minha bolsa e tirei de lá uma base e passei nos arranhões. Meus braços ficaram vermelhos por conta da briga, eu penteei os meus cabelos com meus dedos e tirei os cintos.
E ele apenas me observava sem dizer absolutamente nada.
— Obrigada por me trazer, a gente se vê mais tarde?
— Pode ser.. — murmurou desviando o olhar.
— É sério mesmo que vai ficar bravo?
— Não vou, só quero tomar um banho e deitar um pouco.. eu to mó cansado. — esfregou os olhos.
— Tá bom. Eu te amo, tá? — cheguei perto e dei um selinho. Ele segurou meu rosto com as duas mãos e retribuiu o beijo estalado.
— Vai lá.. — destravou as portas e eu saí.
Mamãe está vendo TV e meu pai não havia chegado do trabalho ainda. Ao me ver chegar ela abriu um sorriso radiante e solidário.
Me abraçou e disse que estavam com saudades.. eu ando bem sumida daqui.
Sentei ao seu lado e comecei a contar sobre todos os últimos ocorridos, e inclusive sobre o namoro, óbvio que ela surtou, porém me deu todo o apoio possível.
— Fico tão feliz filha, o meu coração está em paz! — acariciava os meus cabelos.
— É, ele tem me ajudado bastante. — sorri de leve.
— O que foi? Percebi que está meio pra baixo hoje, aconteceu algo?
— To bem, é que durante o caminho voltando pra cá, eu vim pensando. E acho que já tá na hora de.. sei lá, expandir. Não to me encaixando mais aqui mãe!
— O que dizer com isso? — franziu o cenho.
— Acho que quero ir pra Califórnia.. — eu hesitei um pouco antes de falar.
Tá ok, poderia ser loucura da minha cabeça. Só que hoje eu vi que nada vai andar para frente se eu não tomar o primeiro passo.
Tudo depende de mim, eu posso até me arrepender friamente caso não dê certo. Mas não custa tentar, e não custa sonhar um pouquinho mais além.
Sair da zona de conforto, pode me fazer muito bem.
— Filha, isso é.. uma mudança drástica.
— Eu sei, mas o que cê acha?
— Acho que seu coração tá angustiado. Você sempre foi moleca e nunca gostou de ficar sempre no mesmo lugar, se sentir presa e sufocada não é algo que você consegue suportar por muito tempo..— a minha mãe parecia ter finalmente entendido o que se passava no meu coração, e isso era de se assustar.
Uma lágrima tímida escorreu pelo canto dos meus olhos. Limpei rapidamente com as mãos e a abracei forte, ficamos no abraço por alguns minutos até nos distanciar novamente.
— Te amo mãe, obrigada por tanto, pelos conselhos e por me dar tanto apoio nessas horas.
— Seja feliz filha. Por muito tempo achei que a sua felicidade dependesse da nossa e que você só seria feliz se nós te fizéssemos feliz. Mas hoje eu sei que a sua felicidade depende de você, e de ninguém mais.
Como é bom ouvir isso. Eu amo ter pessoas que me apoiam ao meu lado, eu amo o Felipe e amo todo o amor que ele me dá.. mas amo ainda mais a minha liberdade.
Eu preciso aprender a viver sozinha, na minha vida toda sempre fui rodeada de pessoas, eu quero sentir como é ser independente, ainda mais em outro país.
Quero aprender a ser sozinha um pouco.
Peguei o meu celular e disquei rápido o número de Hans, e minha mãe só me olhava ansiosa.
Não demorou muito pra ele me atender.
— Alô?
— Hans, sou eu.. Stella.
— Oi gata, estava esperando sua ligação!
— Eu acho que já me decidi.
— Aí meu Deus, diz que é uma boa notícia!
— Quero ir pra Los Angeles.
— Quê? — gritou ao celular.
Continua..
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