Capitulo 21
Decidi sair sem me despedir dos outros, estava com a cabeça cheia e precisava ficar um tempo na minha.
Naquele horário quase não havia carros, então pisei fundo no acelerador enquanto uma música agitada tocava no rádio. Abri os vidros e senti o vento forte e gelado sobre o meu rosto.
Fui atravessar uma rua sem olhar a porra do PARE na minha frente, mas talvez porque não parecia ter movimento ali. É só isso que eu lembro, buzinas e um barulho estrondoso.
Estávamos de saída da festa e metade do pessoal já tinha vazado, inclusive Vicente. Dona Magda tentava ligar pro filho mas sem sucesso, e os noivos tinham ido pra um motel não muito longe.
Alguns outros convidados estavam indo embora também, foi quando o senhor Carlos recebeu uma ligação.
— O quê? Como assim ? Estamos indo pra aí!— disse nervoso e desligou em seguida.
— O que foi amor? — dona Magda disse preocupada.
— Felipe.. — ele olhou pasmo — Sofreu um acidente.
Eu paralisei e minhas pernas congelaram, meus pais e Guto se entreolharam assustados.
— Meu Deus como assim? Meu filho, cadê ele ? — Magda começou a chorar desesperadamente e teve que ser amparada por alguns parentes que estavam próximos da gente.
— Calma, ele vai estar bem, não chore querida.. não deve ter sido grave! — minha mãe a abraçou nervosa.
— Em que hospital ele tá ? — Guto perguntou.
— No hospital Samaritano. — Carlos falou rápido. — Vamos, eu acho que não vou avisar Fábio, ele vai se preocupar muito.
— Tem razão! — minha mãe disse cabisbaixa.
Meus pais resolveram ir pra casa descansar e quando soubéssemos de algo eu os avisava, e aproveitei para trocar de roupa em casa e vesti uma calça moletom e uma blusa de alcinha qualquer.
Fui com Guto em direção ao hospital, minhas pernas tremiam e eu tentei segurar a emoção, e Deus queira que não tenha acontecido nada.
— Ele tá bem? — cheguei depressa me aproximando de Dona Magda que estava sentada em uma salinha da recepção.
— Os médicos disseram que ele está estável e passa bem, teve alguns ferimentos nas pernas e na cabeça, mas já está sendo feito os curativos. — ela disse me tranquilizando.
— Posso ir vê-lo? — perguntei e ela só assentiu me indicando a sala. Colocaram um adesivo de visitante na minha blusa e eu entrei pé por pé.
Ele estava tomando soro e completamente apagado.
Me aproximei da maca e coloquei as mãos em cima das dele, e analisei o seu rosto machucado e alguns arranhões no braço, suspirei aliviada, parecia que tinha tirado um peso das costas.
Ouvi um barulho na porta e me virei rápido, era a enfermeira que entrou com uns medicamentos, ela tinha um sorriso muito gentil e delicado.
— Você é a namorada? — questionou.
— É, eu não..
—Ele teve sorte de sair dessa, aliás vocês formam um lindo casal.. — me interrompeu e eu apenas assenti, não iria questionar nada naquele momento.
— O que aconteceu na verdade?
—Disseram que um carro chocou com o dele em uma esquina, ele estava em alta velocidade e não prestou atenção. Por pouco não teve ferimentos mais graves.
Ela em seguida saiu do quarto depois de mexer em alguns curativos, me deixando sozinha novamente.
Felipe se mexeu como se estivesse acordando e eu assustei com seu gesto, abriu os olhos devagar ainda sonolento.
— Lipe, sou eu Stella.. — falei rápido.
— O que aconteceu? — resmungou tentando abrir os olhos.
— Você sofreu um acidente, mas já tá tudo bem.
— Como? Ah que caralho..— sussurrou baixo e eu dei uma risadinha.
— Quem mandou correr demais ? E porque você foi embora sem despedir de ninguém? Sua mãe quase que morreu do coração.
— Não sei cara, não sei.. Apenas aconteceu.. — ele abriu os olhos com mais clareza e me olhou sério — Quem tá aí?
— Seus pais, Guto e acho que só. Seu pai não quis avisar o Fábio, ele poderia ficar bem preocupado.
— Menos mal. Que bom que está aqui.. — tentou sorrir fraco.
— Espero não voltar em um hospital nunca mais.
— Vai voltar sim. — sorriu sem mostrar os dentes.
— Pra quê? Tá louco? — arqueei as sobrancelhas.
— Quando nosso bebê nascer, esqueceu ?
— Até na maca de um hospital você faz palhaçada? — eu sorri tímida. — Nem inventa de brincar com uma coisa dessas.
— To zoando, foi mal aí estressadinha! — riu fraco.
— Deve ser os efeitos das medicações..— balancei a cabeça.
— Vai se ferrar! — sorriu ainda com dificuldade.
Guto mandou no grupo a notícia que Felipe tinha se acidentado, e sem nem pensar duas vezes corri pro hospital.
Já estava amanhecendo mas não me importei.
— Onde ele está? — perguntei pra Gustavo que tomava um café.
— No quarto 28, Stella tá la dentro! — disse e eu revirei os olhos.
Fui andando rápido em direção ao quarto e antes de entrar olhei na porta de vidro e vi que eles sorriam, até em momento como esse aquela vadia faz piadas.
Entrei sem pensar e eles me olharam assustados.
— Oi Fe, como você tá ? — me aproximei.
— To bem, obrigado por vir.
— Vou lá pra fora, até mais..— Stella falou sem jeito e se aproximou dele depositando um beijo na sua bochecha mas ele virou rápido e acabou sendo um selinho.
Que merda.
— Você é maluco..— disse se distanciando.
— Até mais.
— Então parece que já está melhor, que alivio!— falei assim que ficamos a sós.
—Estou sim, foi só um susto.
— Sabe.. eu posso me oferecer pra cuidar de você quando ir pra casa, nada demais, só pra trocar esses curativos nojentos. — brinquei.
— Ah tudo bem, se quiser aparecer lá pode ir.
— Você precisa de alguém com mais juízo.
— Por que fala isso ?
— Ah esquece, pensei alto demais — sorri sem graça e acariciei seu cabelo.
(...)
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