Capitulo 103
De dois corações, um só se fez..
Voltei pra casa muito pensativo ontem.
Mil coisas passavam pela minha mente como num filme, é óbvio que não esperávamos ter filho justo agora. Ainda mais no meio de tanta confusão.. não sei o que pensar direito, parece que não é verdade.
A gente planejava ter filhos, mas era um futuro bem, bem.. distante.
E quando descobri que Cecília estava grávida foi um puta choque e eu custei a me acostumar com a ideia.. e por mais que não estejamos juntos, doí em pensar que esse filho pode não ser meu.
Ela me fez acreditar que era, e pensar que pode ser tudo uma grande farsa me assusta um pouco.
Mas por outro lado, dessa vez eu realmente vou ser pai de alguém. É a minha certeza absoluta, acho que o medo tá sendo bem maior agora, o nosso futuro se antecipou pra caralho, e teríamos que lidar com isso.
Fiquei com receio de deixar a Stella sozinha ontem, e mal consegui pegar no sono essa noite. É tanta coisa que se passava na minha cabeça que consegui tudo, menos dormir.
(...)
— Oi, vim buscar a Cecília. — apareci no seu prédio e a sua mãe que abriu a porta, me encarando de cima a baixo com um semblante nada satisfatório.
— Bom dia.. vou chamá-la. — desviou o olhar.
— Obrigado. — assenti.
Após alguns segundos, ela apareceu na minha frente com o rosto todo inchado e com olheiras profundas.
— E aí, vamos fazer o teste? — indaguei rápido.
— Como você é irredutível. Não estou passando bem e acho que não vou poder ir.. — tossiu fraco.
— Os remédios estão acabando com você querida. — sua mãe deu uns tapinhas no seu ombro e saiu de lá.
— Não tem a menor condição de eu poder ir Felipe.
— Cecília a gente já havia marcado, não vai demorar. Eu tinha te falado que preciso disso pra poder seguir em frente com tudo. — disse relutante.
— Eu estou impossibilitada de sair. Sinto muito, mas podemos marcar outro dia e..
— Eu sei que esses remédios são fortes, mas prometo que vai ser rápido. Por favor, vamos logo Cecília. — a interrompi.
— Que pressa é essa? O que foi? — franziu o cenho.
— Eu tô angustiado porra, só quero acabar logo com essa ansiedade! Me ajuda aí cara.
— Tá bem. Já que insisti.. — suspirou e foi pegar a sua bolsa. — Se eu passar mal, a culpa vai ser toda sua.
— Você não vai passar mal, relaxa! — exclamei.
Eu sei que ela adora fazer umas cenas antes de fazer qualquer coisa. E também sei que não é fácil alguém insistir pra ela fazer um teste que ela não quer, e por mais que seja algo meio "óbvio" eu preciso saber.
— Você tinha concordado lá no chá de bebê, qual foi? — disse dando partida.
— Nada, só não estava muito disposta hoje. O que é normal pra quem está com câncer! —disse ácida e eu engoli seco.
— Não quero te prejudicar. Nunca quis, mas é algo que tá me incomodando.. mesmo sem eu querer.
— E você acha que é fácil ouvir isso? Nunca pensei que fosse desconfiar de mim, isso é um absurdo.— cruzou os braços.
— Desculpa. Mas eu tô surtando e preciso disso, por mais que o resultado seja bem claro pra você.
Percebi sua feição ficar pensativa e virar o rosto pra paisagem.
— Vamos logo com isso.. — resmungou.
No mesmo minuto meu celular apitou mostrando que havia chegado uma mensagem, vi que os olhos de Cecília se estenderam e se mostraram curiosos.
— Diz pra Stella que não temos nada, ela não precisa ter ciúmes de tudo. — "brincou" soltando um riso, já prevendo quem tinha me enviado mensagens.
— Ela não tem ciúmes de você. Relaxa aí.. — neguei fraco olhando o celular rapidamente.
— Cuidado, não é bom dirigir olhando o celular. Não coloca a vida do nosso filho em risco! — indagou.
A Stella havia me mandado mensagens dizendo que acordou um pouco melhor e que ia no médico só na parte da tarde. E que queria me ver depois e saber o que rolou com a Cecília.
A ignorei e continuei lendo e dirigindo no mesmo tempo, consigo fazer bem as duas coisas. Por mais que não posso.
— Ah, me dá logo isso aqui! Deixa que eu respondo isso por você tá? — pegou bruscamente o celular da minha mão e eu tentei impedi-la.
— Não porra! Me dá aqui, para de ser doida! — falei alto esticando os braços sem tirar os meus olhos da direção.
— Calma, pra que isso? — soltou um sorriso falso e eu juro que quis parar o carro no acostamento.
— Me devolve Cecília, eu tô falando sério porra! — insisti ainda com as mãos nos seus braços tentando pegar de volta.
Ela virou o corpo e começou a mexer no meu celular, naquele momento fiquei vermelho de raiva, os meus músculos se contraíram no mesmo minuto. Como é uma avenida movimentada, não tinha como parar o carro em qualquer lugar.
— Você tá se superando cara. Achei que ainda tinha um pouco de senso, mas pelo visto você só piorou.. — balancei a cabeça negativamente.
Ela bisbilhotou o meu celular encolhida no banco, e me impedia de chegar perto.
Pois se eu desviasse a atenção do volante, é capaz de bater o carro e causar um acidente. E a aquela raiva tomou conta do meu corpo, travei o meu maxilar e respirei fundo.
— Parei com você, sério. Quem cê pensa que é pra fazer isso? Tá ficando maluca? O que deu em você? Isso tudo é ciúmes da Stella? Caralho..— falava sem parar. — Me devolve logo, que parada mais escrota.
— Puta merda! Como eu sou burra! Meu Deus, como eu sou idiota.. — falou após alguns segundos e jogou o celular no meu colo de qualquer modo.
Esfregou os olhos com certa irá.
— Eu que sou idiota em pensar que você jamais faria algo assim.. e nem quando estávamos juntos você foi tão baixa e sem noção. — abaixei a cabeça e vi que a conversa minha e da Stella está aberta no WhatsApp.
— Que merda Felipe! Que merda toda é essa?— disse com os olhos marejados e bufando.
— Quê? Desde quando te devo satisfações? Vou me casar com outra pessoa Cecília.. e você não faz mais parte da minha vida, para de show! — retruquei.
— Para esse carro! Para esse carro se não eu me jogo daqui! — ameaçou fazendo menção de abrir a porta.
— Não tem como parar cara, não tá vendo? Para de ser louca!
— Ela tá grávida.. ela tá grávida Felipe! Vocês vão ter um filho, meu pai do céu. Eu sou muito inocente.. ela deve ter colocado na sua cabeça que o Arthur não é o seu filho, óbvio! Ela jamais aceitaria isso.
— Porra, qual o seu problema? Você não tem direito nenhum de olhar as minhas conversas, esse assunto não tem nada a vê com você. E isso é entre nós, não se intrometa Cecília! Por favor. — falei firmemente.
— Você tá brincando né? Só pode. — soltou um riso sarcástico. — Eu sempre estive certa, nunca quis me submeter a essa situação.. por favor, me leve de volta agora. Não vou fazer teste nenhum.
— Quê? A gente já tá chegando cara!
— Felipe! Eu não sou obrigada a fazer nada que você me pede, eu apenas aceitei por dó de te ver tão chato aquele dia no chá de bebê. Só faltava se ajoelhar aos meus pés, foi patético.
— Esse filho não é meu, né? Tá na cara, olha a cena desnecessária que cê tá fazendo meu.. — suspirei.
— Vai ou não me levar embora?
— Não vou assumir se você não for comigo na porra dessa clínica. Posso te deixar em casa, só que nunca mais você vai me ver. — odeio agir no impulso e sair falando coisas assim, mas não consegui controlar e aquilo só saiu.
— Para de ser babaca! Como pode me tratar dessa forma? Eu não tô te reconhecendo.. — falou com a voz embargada prestes a chorar.
— Você me tirou do sério. E eu não dou a mínima se me traiu ou não quando ainda estávamos juntos! Só quero a verdade Cecília, cê sabe que odeio mentiras.
Ela abaixou a cabeça e não me respondeu.
— Não vai me dizer nada? — insisti.
— Me leva pra casa.. por favor, não quero fazer esse teste.. só quero ir embora. — balbuciou.
— Não é meu, né? — falei calmamente pela milésima vez. — Sabia disso.
Vi que uma lágrima tímida caiu dos seus olhos e ali eu percebi.. de fato ela estava mentindo sobre tudo isso o tempo todo. Não era possível.
— Depois conversamos. Só me deixa em casa, eu te ligo mais tarde.. só não se esqueça que tudo que eu fiz até agora, foi pro bem do nosso Arthur.. seu filho e o único que deveria se importar! — resmungou.
Fiz a manobra e comecei a dar partida de volta para sua casa. De tanto que ela havia pedido e insistindo.
Comecei a pensar quando essa coisa toda iria acabar, como ela recusa fazer algo se não está mentindo?
Tá bem claro que esse filho não é meu, e eu sinto em dizer, mas Cecília é bem péssima com mentiras e não consegue sustentar por muito tempo. E o que me dói é que sem querer, acabo envolvendo a Stella no meio disso tudo também.
Hoje eu acordei cedo, mesmo estando cansada.
Tomei um banho e coloquei uma roupa bem leve e fresca, preciso ir pra agência resolver umas coisas e de tarde ir na ginecologista.
Confesso que foi difícil relaxar essa noite com tanta coisa passando na cabeça, nem faço ideia de quando vou contar logo pros meus pais. E não que eu tenha medo da reação deles, só quero me sentir mais sei lá, segurança.
Desci as escadas devagar e me deparei com os meus pais tomando um café da manhã reforçado, eles me viram aproximar e abriram um sorriso largo.
— Bom dia filha, tudo bem? — minha mãe disse bem humorada, pelo visto a noite deve ter rendido.
— Bom dia mãe, uhum.. e vocês?
— Estamos bem também, ótimos aliás. — ela riu e eu assenti fraco.
— Senta aí, vamos comer algo! — meu pai indagou.
Encarei aquilo tudo e o meu estômago já começou a embrulhar e eu havia perdido aquela fome insana de todas as manhãs. Senti náuseas e fiquei sem apetite.
— Adoraria. Mas estou atrasada, e não tô com muita fome por agora.. — desviei o olhar.
— Você saindo sem comer nada de manhã? Isso sim é um milagre, a dieta tá sendo pra valer mesmo né?
— Devo ter perdido a fome só, acontece.. — funguei um riso e me despedi brevemente deles.
(...)
Peguei o carro e fui encarar aquele trânsito maluco de uma segunda feira ensolarada no Rio de Janeiro.
Nem adiantou eu ter acordado cedo, fiquei bastante tempo parada nos semáforos e nas fileiras de carros pelas avenidas. Nisso peguei o celular e vi que Felipe havia me mandado algo;
Conversamos por alguns segundos, e antes que eu pudesse responder a sua última mensagem, o sinal abriu e tive que andar com o carro.
Essa demônia tinha descoberto da pior forma que eu to grávida e não tenho psicológico pra enfrentá-la ou algo do tipo, ainda mais pela sua doença.. ela deve tá fraca e não quero antecipar sua morte, não que eu deseje isso.
(...)
— Ok, depois te ligo pra ver certinho!— Hans falava ao telefone e assim que me viu encerrou a chamada.
— E aí, bom dia! — cheguei cumprimentando o resto do pessoal.
— Bom dia garota, como vai? — me abraçou rápido e me dando dois beijinhos na bochecha.
— To bem, e aí.. o que estavam fazendo? — deixei as minhas coisas em cima de uma escrivaninha.
— Estava numa ligação resolvendo algumas coisas pros próximos ensaios na semana que vem. Mas me fala, o que queria me contar que era super sério?
— Ah — hesitei — Eu meio que.. to grávida. — falei baixo próximo sem querer fazer alarme. Não tinha porque não contar, eu trabalho aqui e ele iria ficar sabendo de todo jeito.
— Hã? — franziu o cenho e me olhou rápido.
— É, mas não fala alto tá? Descobri ontem e ainda to meio perdida nisso tudo. — indaguei e ele sorriu.
— Tá brincando? Aí Deus, como foi isso menina? — colocou as mãos na boca.
— Hans.. preciso mesmo te contar? — sorri fraco.
— Não! Eu sei como vocês fizeram, só quero saber o que aconteceu depois.. — me interrompeu.
— Esqueci de tomar meu remédio, e só fui lembrar que havia esquecido no dia que fomos pra balada..
— Caramba! Mas, e aí.. você não quis fazer algum chazinho pra descer a menstruação ou sei lá?
— Não, não acho uma boa ideia e tenho medo dos efeitos que isso pode causar. — resmunguei.
— Olha, eu acho tudo! Mas é que.. pode te atrapalhar um pouco né? Sua vida tá bem corrida ultimamente.
— Eu sei, já pensei nisso. — suspirei — Mas não dá, e por mais que foi algo totalmente sem planejamento.. vamos ter que arcar com isso.
— Eu tô com você, seja qual for sua escolha. E então.. hot mama.. — brincou e sorri de leve — Eu adorei os editorias e o Edu também amou! Saíram incríveis!
— Sério? Aí que alívio, achei que iria sair uma bosta! — respirei fundo e me sentei numa cadeira giratória.
— Fiz até umas cópias pra poder ler depois. E tenho outros trabalhos pra você entregar essa semana, caso você queira.
— Óbvio que quero, pode me mandar!
— Ótimo. E que cara pálida é essa? Não comeu nada não? — se aproximou e me olhou estranhamente.
— Não senti fome hoje. Sei lá. — dei de ombros.
— Ih, não quero te ver passando mal aqui não! Trate de ir pegar alguma coisa pra comer. — ordenou.
— Vou lá. — levantei rápido e tive uma breve tontura — Af, isso de novo! Mas que cacete.
— Quê foi?
— Tonturas, acontece toda vez que levanto rápido. — cocei os olhos.
— Eu tenho alguns remédios.. se quiser.
— Não, eu tô bem. Obrigado.
Me dirigi até a cantina da agência. Não tô com fome, mas preciso comer algo antes que eu desmaie aqui.
Aproximei de uma máquina de comida rápida e fui pedindo algumas coisas, até que meu celular tocou no bolso da minha calça jeans, odeio quando estou ocupada com essas máquinas chatas e alguém liga.
Murmurei um palavrão e atendi sem paciência.
— Alô?
— Stella?
— Sim, quem é?
— Oi, é a Geórgia.. lembra de mim?
— Do evento da Farm?
— Sim, sou eu mesma. E aí, como vai?
— Ah, vou bem e você?
— Então.. eu acabei de ler seus editorias pra Rodolf.. e confesso que eu gostei muito.
— Que bom, fico feliz que gostou!
— Pude conversar hoje com a Dani Falcão sobre você.. e ela achou que seria uma boa poder te conhecer. — falou com entusiasmo.
— Tá falando sério? Quê?
— É sério, eu tinha te falado que não estava brincando. Mas e aí, o que me diz sobre isso?
— Meu Deus, não sei o que dizer. Ela é a chefe suprema.. aí cacete!
— Sim, e aposto que vai adorar conhecê-la.
— Eu tô enrolada aqui na agência hoje.
— Não se preocupe, se quiser mesmo vir. Eu vejo pra você uma passagem bate e volta pra São Paulo hoje.
— Hoje?
— É, fica bom pra você?
— Hoje eu já tenho compromisso de tarde.
— Pode ser hoje à noite? Amanhã cedo vocês se falam e você já retorna pro Rio.
— Mas e o hotel? É por conta de vocês também?
— Querida, você tá falando com a redação da Vogue. Não tem nada que nós não possamos fazer. — soltou um riso abafado.
— Ah, é claro que sim.. óbvio que sim.
— E não é todos os dias que alguém aparece com uma proposta irrecusável. Pense nisso.
— É, não mesmo. Eu sei disso.
— Você me parece pensativa.. tem alguma coisa mais importante que isso pra fazer?
— Na verdade tenho. Mas acho que de noite eu posso ir.. — hesitei um pouco.
— Lembre-se que não terá outra chance. Eu fico grata por ter aceitado, mais tarde eu te passo as informações do seu voo. Obrigada.
Ela encerrou a ligação me deixando sem fala.
A Vogue é o sonho de qualquer pessoa que trabalha nesse ramo, não tem como eu dizer não pra Daniela Falcão. Não sei se o Hans vai gostar muito da ideia, até porque a Rodolf é uma mera concorrente deles.
Comi rapidamente e fiz meus últimos afazeres num instante. Não posso demorar hoje, pois tenho que ir na ginecologista daqui a pouco.
— Já vai darling? — Hans me viu passar rápido pela sala de redações.
— Já sim amigo, tô atrasada pra um compromisso! — peguei minha bolsa e o meu celular.
— Beijos né!— falou alto e eu mandei um beijo no ar.
— Então Flavinha, to grávida mesmo né? — disse sentada de frente pra ela. — Eu esqueci mesmo de tomar esse maldito remédio. — suspirei.
— Sim amore, tem um nenenzinho aí dentro mesmo! — analisava os meus exames feitos lá na sala dela.
— Tô tendo muitas tonturas e náuseas.. eu já vomitei várias vezes.
— Vamos fazer mais alguns exames.. você pode estar com hiperêmese gravídica.
— O quê é isso? — franzi o cenho.
— É uma complicação na gravidez, que causa muitas náuseas e vômitos constantes. E podem provocar até perda de peso e desidratação, ou então sensações de desmaio.. mas fica tranquila que não afetará o bebê.
— Ah ótimo, é só isso que faltava mesmo. — balancei a cabeça negativamente.
— Se caso estiver, aconselho a andar com um balde do lado.. — sorriu fraco. — Mas no mais tá tudo bem, por mais que você tenha bebido alguns dias atrás.. só não repita isso de novo e evite usar coisas ilíticas.
— Sim eu sei, não vou mais beber e nem usar drogas ou algo do tipo. Aquele dia foi uma longa história na verdade.. — suspirei.
— Vou te recomendar alguns remédios, e se piorar a gente vê o que faz. Ok? — falou e eu assenti.
— Tá bom, obrigada.
— E além do mais, ainda estamos no comecinho. Só tem um mim caroço de feijão aí dentro. — riu.
— É, eu sei. — olhei pra minha barriga e sorri fraco.
Talvez eu esteja começando a aceitar melhor a ideia, já que não tinha outra opção. Prefiro encarar tudo de uma vez, não acredito muito em destino.. mas talvez era pra ser, né?
Havia ido na casa da Stella, iam ser umas quatro da tarde e já era fim de expediente. Estávamos deitados na cama conversando sobre o nosso dia.
— Não quero mais ficar o dia todo sem te ver não! — me abraçava igual um carrapato.
— Nem eu quero ficar o dia todo sem ver vocês.. — sorri acariciando suas costas.
— Vocês?
— É pô, o filhote aí dentro também ué. — brinquei.
— Ah.. a doutora disse hoje que ainda é só um grão de feijão. — resmungou.
— É, eu sei. Mas e aí, como foi lá aliás?
— Foi tudo bem eu acho. Ah, queria te falar.. hoje à noite vou ter que ir pra São Paulo. — falou na maior naturalidade.
— Oi? — ergui minha cabeça rápido — Como assim?
— Sim, hoje mais cedo recebi uma ligação da Geórgia que trabalha na Vogue e ela disse que a editora chefe quer me conhecer. Loucura né? — sorriu de canto.
— Mas amor.. como você vai do nada pra lá? Eu não queria te deixar sozinha, tenho medo que passe mal ou sei lá.. não acha meio precipitado não? — passei as mãos no seu rosto tirando alguns fios de cabelo.
— Eu sei que é a maior doideira fazer isso, mas é a minha chance né? E a Flavinha me passou alguns remédios, vai ficar tudo bem.
— Tem certeza? E onde você vai ficar?
— Num hotel, vai ser bate e volta. Amanhã de tarde eu já to aqui, prometo. — se aproximou e começou a depositar alguns selinhos pelo meu rosto.
— Tá bom.. mas se cuida pelo amor de Deus, não faz nenhuma besteira e nem come algo que pode te fazer mal.. — comecei a falar sem parar igual um pai e até assustei comigo mesmo.
— Já falei que você é uma gracinha quando fica todo preocupado assim? — falou com uma voz manhosa voltando a fazer carícias.
— É sério tá? Fico preocupado pra caralho! — relutei entre os seus beijos e ela riu e só assentiu.
— Pode deixar papai. Tá tudo sob controle! Eu só to grávida e não doente.
Continua..
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