São exatamente duas da tarde quando Flora pega sua bolsa de couro falso e parte rumo ao seu futuro emprego. A chuva parou. Mas o dia frio continua firme. A morena pega um ônibus vazio. Dias frios fazem as pessoas ficarem em casa. Ao descer do ônibus e andar até a Apolo, a garota para na porta e observa pensativa aquele lugar. Passou de aluna para funcionária.  Entra determinada e vai até a recepcionista gostosa, digo, super... super...super simpática, é, simpática.

— Oi, onde tenho que levar meus documentos? Fui contratada e o filho do Sr. Apo...

  — Eu sei — Reponde com cara de quem não quer ajudar mas é obrigada—Já nos avisaram, faça o valor de me acompanhar.

  Okay, talvez ela não seja tão simpática assim. 
  Flora se segura para não dar uma resposta mal criada. Pensa na estabilidade que aquele trabalho lhe garantirá. Segurar a língua será a meta.

 — Okay, vamos lá.

  Segue a loira até o elevador. Param no quarto andar em frente a uma porta semelhante a do Sr. Apolo.

  — Aqui é a sala da dona Laura, ela que vai cuidar da sua papelada — Abre a porta— Pode entrar ela já estava esperando.

 —Tá bom, Obrigada.
 
  Entra na sala um pouco apreensiva, até por que da última vez que entrou em uma dessas não foi muito agradável.

 — Oi, dá licença.

   A loira de olhos castanhos claros olha para Flora e da-lhe um sorriso que diz " Seja bem vinda"

 — Olá, pode entrar. Flora não é?

 — Sim sim.

 — Pode se sentar Flora.

   Laura é aquele tipo de mulher bem resolvida, decidida apesar da pouca idade.

— Ah sim, Obrigada.

 — Então, animada para trabalhar aqui? —  Pergunta enquanto abre a pasta de cadastro e informações de funcionários.

   Animada Flora não está. Digamos que a palavra seja outra, esperançosa talvez?  Sim, esperançosa.

 — Ah sim. - da um sorriso afetado.

   Porque as pessoas gostam de me contrariar? Meu Deus, assim não dá!

 —  Pode me dar seus documentos por favor?

 — Ah claro, calma aí. - a pequena é o nervosismo em pessoa— Aqui, trouxe tudo por que o filho do Sr. Apolo não disse quais tinha que trazer.

 Laura a olha estranha.

 — Pedro...

 —   Sim, esse ser insuportável aí mesmo... — Flora se solta.

 —Você o acha insuportável? —A loira faz o cadastro e rir.

 — Nossa, demais  — Flora faz careta só de lembrar da arrogância de Pedro— Da primeira vez que vim aqui ele me tratou super mal. Só que tratou mal a pessoa errada sabe? Joguei uma xícara de café na cara dele. Eu não nasci para ser rebaixada não. Nossa, como odeio arrogância.

  Laura tenta segurar o riso o máximo possível.

 —   Somos duas, também odeio arrogân...

 —     Nossa, mas esse tal de Pedro é um nojo. Não gostei dele de jeito nenhum. Acredita que ele veio pedir desculpas do nada assim, como se tivesse só pisado no meu pé? 

   Laura pega mais alguns documentos e rir.

— E o que você disse quando ele pediu?

  —     Não disse nada -apóia os cotovelos na mesa de compensado. A sala era idêntica à de Sr. Apolo, só que em proporções menores— Foi por e-mail, ele me viu ontem e preferiu pedir por e-mail, pode isso?  Nem me dei ao trabalho de responder. Só levei em consideração a parte em que fui contratada.

 — Pedro sabe ser bem esquisito as vezes mesmo — Gargalha.

 —  Esquisito é pouco. Nunca vi mais estranho. Só por que é filho do dono age assim. Se acha melhor que todos. Não deve saber nem o preço de um quilo de feijão. Conheço esse tipinho...—  Diz pensativa- Ele já foi um idiota com você alguma vez?

  —  Ah, já sim. A vida toda.

 —  Você deve trabalhar aqui e conviver com aquele babaca a muito tempo. Aposto que ele sempre vem com o pai pra infernizar os funcionários.

 — Não não, é a vida toda mesmo. Literalmente. — Gargalha.

   Flora não entende. Ou melhor, entende sem querer entender e já se arrependendo de tudo o que disse.

 — Como assim? — Pergunta apreensiva.

 — Ele é meu irmão — Aloira cai na gargalhada.

— O que? — Uma Flora de olhos esbugalhados questiona.

 Opa Florinha, acho que tem sérios problemas com a língua mesmo.

 — Pedro é meu irmão mais novo — Ri.

 — Meus Deus — Leva as mãos a boca e a tampa.
  

 — Pode ficar tranquila — Gargalha— Não vou contar, que ele é um idiota, ele já sabe.

 — Mil desculpas. Eu não sabia...— Diz amarela de vergonha.

 — Bom, só tenho uma coisa a informar — Para de rir

 — Ele também vai trabalhar aqui, então, é melhor que se entendam.
 
   Flora está com tanta vergonha que mal cabe nela. Também né?  Que King Kong!

— Achei que ele já trabalhasse...
 
  — Não não, ele começa essa semana também.
 
   A morena deseja trabalhar bem longe de Pedro.

— Bom, agora vamos parar de falar do meu irmão e vamos conhecer a Apolo? — Se levanta.

— Bom, eu fiz curso aqui por um ano. Já conheço praticamente tudo.

 — Ah sendo assim, vou te levar para conhecer a sala em que vai trabalhar.

"Uau, vou ter uma sala?" Pensou a morena.

— Vai ser secretaria do Tomás, o dono da sala.

 Pensou rápido demais Florinha.

 — Ah sim. Então vamos.

   Flora acompanha Laura até uma sala igual a todas as outras. Os mesmos móveis, arrumados iguais às outras salas em que entrou. As únicas diferenças  eram as cores e os objetos divertidos. Esse tal de Tomás parece uma cara Alegre. A sala era toda em um tom de azul cobalto forte. Mostra personalidade.

— Bom, infelizmente o Tomás não está aqui — Sorrio para a morena- Você pode começar amanhã mesmo se quiser.

— Ah claro, eu quero. Venho logo para cá ou falo com você?

 — Pode vir falar comigo.

 — Então tudo certo?

—Tudo perfeito Flora, até amanhã. — A cumprimenta.