》Capítulo 37《
Gentee, ouçam essa musica, parece ter sido feita pra esse capítulo.
》FLORA《
— O que? Como não? Você está louca, Laura? — Sr. Apolo senta no sofá de forma derrotada e triste.
— Não, pai. — Um choro mais tenso toma conta de seu rosto e Pedro a abraça mais forte. — Eu não voltei com Tomás e nem tenho namorado. Eu sei que o senhor vai morrer de desgosto por isso, mas a verdade é que nem conheço o pai direito e tudo aconteceu em uma festa que fui.
— Como você teve coragem de dormir com um desconhecido, Laura? Você acha que isso é bonito? — O dono da casa grita com a filha que corre para a frente do pai chorando mais do que achei possível alguém chorar.
— Não, eu não acho bonito, pai. É... é por isso que vou tirar essa criança. Não quero te-la e o pai dela também não. Amanhã mes...
— Você está maluca? Você vai matar uma criança? — Grita e interrompe Laura sem rodeios.
Pedro fica assustado e de olhos arregalados. Provavelmente não sabe o que fazer. Nem se quer se lembra destas pessoas. Corre para o meu lado e segura minha mão. Um arrepio corre por toda extensão do meu corpo com o toque de sua mão gelada.
Um grito me arranca da sensação e me puxa novamente para essa cena de novela.
— Eu não quero por mais uma criança que pode sofrer no mundo, pai. — Ela está sem sombras para dúvidas, descompensada. Todo seu rosto está vermelho e sua voz sai falhada mas alta o suficiente para ser nomeada como grito.
— Você acha que matando está tirando a probabilidade dela ter sofrimento na vida? — O pai e anfitrião da casa deixa suas lágrimas maduras caírem como uma tempestade de verão. — É isso?
A loira não fala nada, apenas encara o pai e deixa o rio de lágrimas correr solto também.
Não há muito o que dizer, ele está certo.
— Quem é o pai? — Questiona a filha.
— Um cara que conheci em uma festa. Ele também não quer o filho...
— Aaaah mas ele vai querer sim! — Um raivoso Sr. Apolo vocifera.
— Não pai, ele não quer e ainda me ameaçou, acho que é casado. Eu não sei o que deu na minha cabeça aquele dia, eu juro...
Seu pai a observa por segundos até se Levantar, virar e subir as escadas sem dar mais nenhuma palavra.
Laura cai sentada no sofá com os cotovelos apoiados nas pernas e a cabeça escondida entre as mãos. Pedro corre até ela e a abraça. Ficam assim por longos minutos até o choro de Laura cessar.
Não queria estar em seu lugar. Sem dúvidas o peso de ser uma mãe solteira é grande, mas acredito que o peso de tirar uma vida é maior ainda.
Errar todos erramos, agora Laura terá que moldar seu erro em um aprendizado.
Uso esse momento sem choro para cogitar ir embora. Neste clima não me cabe, mas quem me dera acreditar que algum dos dois iria deixar que eu tomasse o caminho da roça.
— Claro que você não vai, viu a hora? — Pergunta Laura.
— Já são quase uma da manhã, Flora.— Pedro me encara e eu fico. No fundo, eu realmente queria ficar aqui, sob o mesmo teto que ele.
Alguns minutos depois Laura me leva até um quarto ao lado do seu e vai buscar algumas roupas para me emprestar.
O quarto é incrível. Todo branco com sancas douradas iguais às dos corredores. Uma cama de casal macia e fofa, móveis escuros e um banheiro extremamente aconchegante.
Aproveito o tempo sem Laura por perto para tomar um banho.
Deixo a água quente cair por alguns segundos fazendo o vapor aparecer antes de entrar em contato comigo. Uso um dos três tipos de sabonetes líquidos disponíveis no boxe e um cheiro amadeirado e floral toma o banheiro. Por fim, pego um roupão branco que me engole. Me delicio em sua macieis jamais sentida por mim antes e espero sentada que nem uma criança obediente por Laura e suas roupas.
Logo aparece com calças de moletom e camisetas. Escolho um de cada e me visto enquanto ela fala sobre Tomás sem eu nem precisar perguntar. Obviamente eu não iria. Não neste momento.
— Eu não sabia que vocês já tinham namorado.
— Não foi bem um namoro — Reponde pensativa.
Ela me conta que o conheceu na escola e desde então se tornaram amigos. Quando foram crescendo a amizade foi mudando e se tornando algo mais intenso e profundo.
Eles se apaixonaram na adolescência.
Mas Laura sempre foi aquelas garotas independentes e seguras. Já Tomás, sempre sonhou com romance, casamento, família. Eles nunca tiveram um status por conta de Laura.
Quando chegaram na casa dos vinte anos eles estavam mais apaixonados que nunca, então Tomás fez o que sempre sonhou e a pediu em casamento, mas não obteve a resposta que estimava. Laura mesmo o amando intensamente disse que não. Ela não queria casar, não queria ter filhos e isso os distanciou. A fez deixar de lado seu grande amor. Hoje eles se contentam com a amizade um do outro.
— A vida é uma graça mesmo, não é? — Encara o chão, pensativa e triste. Passo a mão por suas costas.
— A vida é uma escola, Laura. — Ela esboça um sorriso e me abraça.
— Obrigada, Flora. Você virou uma peça importante neste tabuleiro. Pedro tem sorte de ter você.
— Você também tem a mim. Amigas? — Pergunto.
— Com certeza.— Sorri de verdade dessa vez e me deixa só nesse quarto bonito e desconhecido.
Acredito que o "não querer por mais uma criança para sofrer no mundo" venha do fato de sua mãe ter falecido no parto do Pedro. Ela deve ter medo de acontecer igual com ela, talvez.
Minha barriga está roncando. Não comi nada desde a tarde. Não vou perturbar ninguém nesse clima pesado. Seria falta de consideração da minha parte. Mas por outro lado... vou secar de fome? Sim, é o que tem pra hoje.
Decido apagar a luz e me jogar na cama. Com esse silêncio, só o ronco da minha barriga se faz presente.
Eu deveria estar dormindo. Queria ver Pedro. Na verdade, ultimamente, eu queria muita coisa vinda dele. Coisas que não deveria. Coisas que me fazem deixar a razão de lado.
Cenas que nunca existiram se passam em minha cabeça, como lembranças. Os olhos verdes mais bonitos que já vi se encontram em todas elas. Deixando meus sonhos internos iluminados.
Devo estar ficando louca. Estou entregue a algo tão incerto. E pior, disse que não ficaria.
Eu escolhi odia-lo assim que o conheci, mas agora, o que sinto, passa longe deste sentimento.
Batidas na porta me tiram desses devaneios.
Será que aconteceu alguma coisa?
Me levanto em dois segundos e ligo a luz antes de chegar a porta. Abro e me deparo com Pedro segurando uma bandeja com suco e sanduíches. Literalmente uma visão do paraíso, ele segurando uma bandeja de comida.
— Oi, imaginei que estivesse com fome, e...— Deixa a frase morrer.
— E?
— E foi uma ótima desculpa para vir te ver antes de dormir. — Dou-lhe meu melhor sorriso e abro caminho para que ele entre.
— Você acertou nas duas coisas. Estava morrendo de fome, e... — Deixo a frase morrer o imitando.
— E? — Pergunta rindo enquanto põe a bandeja caprichada na cama.
— E que eu também queria te ver. — Digo um pouco envergonhada. Ganho o melhor dos sorrisos.
— Desculpe não ter vindo antes, errei umas cinco portas antes de bater na certa. — Ri de si mesmo e o acompanho.
— Essa casa é muito grande mesmo. Já conheceu todos os cômodos? — Pergunto enquanto ele põe suco para mim.
— Acho que sim, só se existir algum escondido. — Morde seu sanduíche e eu também.
— Hmm.
Ele me olha comer e começa a rir.
— O que foi?
— Você mastiga muito rápido.— Ri.
— Claro, isso aqui está muito bom.— Falo de boca cheia mesmo — E sem contar que estou com a fome de cinco leões.
Ele gargalha.
— Não ri, comida é vida. — Arremesso o travesseiro mais próximo de mim nele. Pedro ri mais ainda.
Esse momento de descontração parece perfeito. Parece nunca acabar.
Nunca imaginei que existiria.
— Ou, não me agrida. Ainda sou um paciente em repouso — Gargalha colocando seu sanduíche pela metade na bandeja novamente — Aah, falando nisso, olha! — Tira o boné e mostra a cabeça toda raspada na atura dos cabelos que cresciam aonde faltava um tufo enorme.
— Nossa, ficou bem diferente.
— Feio, você quis dizer. Mas tudo bem, é melhor do que um buraco sem cabelo no meio da cabeça.
— Ah pare de graça, Pedro. — Pego o seu sanduíche e ele ri.
— Aah claro, porque não é você que está parecendo um pirulito.
Pedro me conta sobre sua primeira noite aqui enquanto termino de comer e diz também que um dos seus lugares preferidos da casa é o quintal.
— Você está com muito sono? — Pergunta.
— Não muito e você?
— Então vem, vamos fazer um tour noturno. — Ignora completamente minha pergunta e sai me arrastando descalça pelo corredor e escada a baixo.
Tudo está apagado. A casa no escuro não é tão encantadora. Chega a ser até um pouco assustadora.
— O que foi? — Os olhos verdes se voltam para mim.
— Será que essa casa é assombrada? — Pedro ri e me dá sua mão.
— Nenhum fantasma teria coragem de fazer mau a visita mais linda dessa casa. — E isso foi o suficiente para que qualquer medinho fosse embora para as profundezas do esquecimento. Deixando apena11s uma coisa dentro de mim. Uma coisa boa e motivada unicamente por Pedro. Ele Coloca uma mecha de meus cabelos atrás de minha orelha e beija minha bochecha, deixando uma ardência aonde seus lábios tocaram por menos de um segundo.
Céus, o que este homem faz comigo?
— Vamos? — Pergunta.
Apenas o sigo pela casa, agarrada a sua mão.
Chegamos a uma porta grande e de vidro escuro que Pedro abre e deixa a mostra um espaço gramado lindo. Várias árvores e entre duas delas uma rede cheia de almofadas de várias formas geométricas.
— Vem, vamos sentar na rede. — Ele me arrasta até lá boquiaberta pela beleza do lugar. O céu estrelado, o gramado, as árvores e Pedro, tudo parecia uma linda pintura.
— Que lugar lindo.
Pedro tira algumas almofadas e as joga no chão. Sentamos e ele começa a falar.
— Meu pai disse que minha mãe gostava de observar o céu...— Entrelaço nosso dedos atenta a cada palavra sua — Acho que herdei o mesmo gosto que ela. Ela deve ter me ensinado a gostar talvez.
Meu coração se aperta e uma vontade de chorar vem. A mãe de Pedro faleceu quando ele nasceu. O fato dele cogitar ter tido um contato com ela sem ter tido me corta o coração.
— Fico pensando... Será que aqui era nosso lugar preferido? — Uma lágrima teimosa cai mas felizmente consigo conter as outras. — As vezes me deito aqui e fico olhando a imensidão do céu esperando que ela me veja de lá também.
— Eu não sei se era antes, mas acredito que possa ser agora. E pode ter certeza, sua mãe está lá sim te observando e te protegendo. — Pego seu rosto nas mãos — Acredite, você é um cara incrível. Um sobrevivente. Ela deve estar muito orgulhosa de você.
Pedro me olha com muita intensidade e põe suas mãos em cima das minhas em seu rosto.
— Você tem noção do que faz comigo, Flora? — Minhas mãos deslizam por baixo das suas até minhas pernas e ficam por lá, enquanto as de Pedro vem para meu rosto e me fazem um afago — Desde de que pus meus olhos em você no hospital, soube que era especial. Uma sensação ligada à você se manteve firme dentro de mim depois de eu ter perdido todas as outras. E agora, eu sei que é muito cedo para tirar uma conclusão, mas...
— Mas?
— Mas eu sinto que se você me contasse a pior das mentiras e eu descobrisse, se tornaria verdade para mim, pelo simples fato de ter sido dita por você.
Seus olhos parecem estar vendo minha alma. Meu corpo formiga e a parede de razão que havia dentro de mim se quebra de vez trazendo um avalanche de sentimentos reprimidos.
Pedro encaixa uma de suas mãos em minha nuca me levando para ele, e a outra adentra meus cabelos.
Posso me arrepender depois, mas não deixarei de viver este momento.
Fecho meus olhos quando a proximidade me faz sentir sua respiração calma. Nossos lábios se encontram e se encaixam perfeitamente, como se fossem moldados um para o outro. Meu corpo se arrepia com seu toque.
Quando infelizmente nosso Beijo cessa, deitamos na rede e eu sinto o quanto é maravilhoso estar aninhada ao peito dele.
Ficamos assim, entrelaçados sob um céu estrelado até ele se tornar a escuridão de um sono profundo e perfeito.
"Desde o dia que conheci você
Eu soube que amaria você até o dia que eu morrer
E eu nunca irei querer muito mais
E em meu coração, sempre terei certezaCorrigir
Eu nunca esquecerei você"
Tradução de: Never Forget You - Zara Larsson
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Votem e comentem, POR FAVOOOOR!!
BEIJO DE LUZ, Maria.
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