》Capítulo 35《
Depois de algumas horas dentro da sala tendo aula chata com um professor igualmente chato, flora pega a prova da semana passada e se questiona pela primeira vez se esta indo pelo caminho certo. Seria jornalismo mesmo seu futuro? Já não tem mais tanta certeza. Talvez os acontecimentos recentes tenham a afastado de seu até então sonho de criança, ou, simplesmente, ele já não faça mais parte dela. A nota vermelha estampada acima de seu nome diz isso nitidamente.
Olha a hora várias vezes no celular, ela parece não passar e nenhuma palavra do professor entra na sua cabeça, como se estivesse falando árabe. Na verdade, tudo o que não tenha haver com Pedro Medeiros parece estar em árabe para a morena Flora ultimamente. Ela já sabe que dentro de si não existe só curiosidade, que nutre algo por Pedro que nem consegue explicar ou entender. Tudo mudou depois daquele beijo, tudo está seguindo o seu destino.
A garota realmente não está presente mentalmente para a aula, pega suas coisas e sai da sala sem olhar para trás. O professor a acompanha com o olhar e com marcas de dúvidas estampadas na testa.
Para de costas para a porta de entrada da universidade e de frente para a rua enquanto guarda os cadernos que trouxe na mão. De cabeça baixa sente apenas a ardência do empurrão que levou no braço de um cara o dobro de seu tamanho, forte e barbudo. Ele entra no prédio bufando de raiva sem nem olhar para trás ou pedir desculpas. Flora se vira para xinga-lo quando escuta um choro longe e procura por ele automaticamente com o olhar até chegar a uma silhueta fina debruçada sobre um carro chic. Uma garota magra e loira chora descompensadamente de costas para o mundo a sua volta. A morena corre até ela e passa a mão em suas costas na intenção de acalma-la.
— Moça, precisa de ajuda? — De repente, a loira ergue seu rosto vermelho e inchado para Flora que se assusta — Laura?!
— Flora, o que faz aqui? — Pergunta secando as lágrimas com as costas das mãos numa tentativa falha de esconder seu estado.
— Meu Deus, o que aconteceu Laura? Por que está chorando? — A pequena questiona preocupada que só ela.
— Não precisa se preocupar, nã... não é nada— A loira não consegue conter suas lágrimas teimosas e se desespera novamente.
— Calma e tenta me contar o que aconteceu para ver se eu posso te ajudar em algo.
Flora já se questiona se aconteceu alguma coisa com Pedro, e pensa no pior. Seja lá o que possa ter acontecido com ele, não está preparada.
— Não — Funga e se afasta — Você não pode fazer nada infelizmente.
— Está bem, mas não vou te deixar sair daqui nesse estado — Pega na mão de Laura e a arrasta pela rua — Vem, vamos sentar e esperar você se acalmar.
Laura está tão desestabilizada que não se opõe, apenas se deixa ser levada por Flora rua a frente até uma lanchonete qualquer. Sentam em uma mesa redonda de madeira ao fundo do estabelecimento e a morena da dupla pede um copo de água para Laura e uma xícara de café para si. Espera em silêncio até Laura se acalmar e tomar todo seu copo de água. O clima parece melhor.
— Laura, está melhor? — Pergunta atenta as expressões da mulher a sua frente que está distraída olhando os carros passarem pelo vidro da lanchonete enquanto se arrepende de ter feito o que fez. — Laura?
— Oi — Responde em um sussurro.
— Se sente a vontade para contar o que houve? Aconteceu alguma coisa com seu irmão? — Um esboço de sorriso aparece no rosto inchado de Laura.
— Não não, Pedro está ótimo, pode ficar tranquila. — Baixa a cabeça e diz mais para si do que para Flora
— Eu que fiz a maior burrada da minha vida.
— O que fez? — Flora pergunta sem rodeios.
— Eu... acho que....que estou gravida — Seus olhos marejam e suas mãos ficam inquietas.
— Ué, uma criança não é algo ruim. Meus parabéns, Laura. — Felicita.
— Não, nada de parabéns. Eu não quero essa criança, Flora. — Seu semblante é sério e Flora se assusta.
— Como assim? Vai entregar seu filho para adoção? Como você tem cora...
— Não, eu não quero nem ter essa criança.
— Vo... você...você quer matar seu filho? — A morena se desespera tamanha atrocidade dita a mesa.
— Eu nem sei se estou gravida mesmo...
— Não importa, você está cogitando tirar a vida que não é sua. -Diz descrente — Seu namorado não pode aceitar isso.
— Eu não tenho namorado Flora, eu nem me lembro direito da noite que tudo aconteceu...— Laura volta a olhar a rua pela janela lembrando das poucas partes que vieram a sua mente da noite com Marcos.
— Oi? Como assim? O cara sabe pelo menos que vice pode estar grávida.
— Sim, tinha acabado de contar a ele sobre a suspeita quando você
apareceu. Não terei essa criança nem que eu queira muito, Flora.
— Por que não?
— Ele me ameaçou, caso não tire a criança ele vai...— As lágrimas jorram feito cachoeira por seu rosto.
— Calma, não vai te acontecer nada — Flora se levanta e vai até Laura no outro lado da mesa rapidamente e abraça a loira.
— Você fez algum teste? — A morena se afasta.
— Não... — Enxuga os olhos com as costas das mãos.
— Vamos fazer agora então...
***
Sao exatamente onze e meia da noite quando flora atende a chamada de sua mãe e informa que vai dormir na casa de uma amiga depois de escutar bons sermões de sua progenitora. Ao desligar o celular aguarda ansiosamente do lado de fora do banheiro público pela resposta do teste de Laura.
A porta finalmente se abre e Laura sai com cara de velório.
— E aí? — A baixinha pergunta agitada e a loira ergue os dois testes com dois risquinhos em cada um, confirmando que uma vida habita o seu ventre.
— Vamos proteger essa criança, Laura. Pode contar comigo.
— Não, não vou ter esse bebê, nunca quis bebê nenhum...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro