》Capítulo 25《
》FLORA《
O verde deste lugar me alucina. É como um grande jardim gigante. Um verdadeiro paraíso. Árvores grandes e pequenas formam um campo vasto bem no meio. Animais andando livremente por todos os lados. Sinto cócegas e olho para meus pés descalços sobre a grana molhada. Reparo também em um longo vestido branco de renda sobre meu corpo, Muito bonito por sinal, mas...
- Como cheguei aqui?- giro em torno de mim mesma e vejo algo mais bonito ainda. Diante de mim, uma enorme cachoeira desce bem do centro de uma das montanhas atrás das árvores. O azul de sua água me embriaga. Fecho os olhos e a brisa deste lugar, a melodia dos pássaros e da cachoeira me tomam. Fico assim, entorpecida por mais tempo que consigo contar.
Sou tirada do transe por um rugido forte atrás de mim. Me viro rápido e dou de cara com um enorme leão e sua juba avantajada andando lentamente até mim.
Pronto! É agora que vou morrer.
Meu corpo começa a tremer e meu coração parece pulsar fora do peito. Começo a dar Paços para trás.
- Calma leãozinho - falo baixinho e ele dá um rugido levantando a cabeça. Me assusto e dou passos longos para trás até tropeçar em alguma pedra e... espero o meu impacto no chão. Fecho os olhos.
Não acontece.
Sinto mãos em minhas costas. Me seguram e me equilibram novamente em pé. Me viro rápido e encontro Pedro sorrindo para mim de uma forma que jamais vi antes. Seus cabelos parecem maiores, sua barba está por fazer. Está sem camisa, mostrando um peitoral liso e musculoso. Usa apenas uma calça larga branca, como as de capoeira. Não parece ele, mas é.
- O.. o que você está fazendo aqui? - Questiono alternando o olhar entre Pedro e o leão que agora encontra-se sentado balançando o rabo que nem um cachorrinho. Estranho.
- O mesmo que você - me olha profundamente e sorri. Alguma coisa está diferente em seu olhar. Há um brilho novo. Seus olhos parecem mais verdes que o normal.
Olho para o leão novamente. Não posso morrer e nem deixar Pedro morrer, mas ele continua aqui, rindo para mim como se não tivesse um leão grande que nem um boi, cheio de músculos e dentes afiados prontos para quebrar todos nossos ossos em pedacinhos minúsculos. Sinto meu coração acelerar.
- Não sinta medo dele - Pedro diz lendo meus pensamentos.
- Como não? -não tiro meus olhos do felino- Escuta, sei que será ridículo e que esse bicho vai nos pegar em dois segundos, mas eu não posso simplesmente morrer sem tentar sobreviver. Então vou contar até três e a gente corre pra cachoeira, okay?
- O que? - ri alto.
- 1, 2... - começo.
- Espe...
- 3! -Começo a correr com todas as forças do meu corpo. Sinto a adrenalina em minhas veias. O suor frio pinga. Sem dúvidas o enorme leão já está bem próximo, só esperando o momento certo para saltar em minha nuca e me matar. Tomara que eu tenha um gosto horrível.
- Droga... de... vestido! -Reclamo arfando. Esse vestido longo atrapalha minha corrida, Tento puxa-lo para cima, sem sucesso. Acabo pisando em cima e rolando no chão. Não sinto dor com o impacto.
E agora?
Tento levantar ou me finjo de morta?
Li um livro certa vez em que a protagonista fugia de um urso na neve até cair, ela se fingiu de morta porque tinha escutado algumas vezes que os bichos não comem coisas encontradas mortas. Bom, o urso foi lá e abocanhou sua perna sem dó.
Ouço um rugido forte.
Espremo os olhos o máximo que posso. Espero que não seja muito doloroso.
Sinto um toque suave em meu rosto. Abro um olho e encontro Pedro sobre mim.
- Pedro...- avisto o felino logo atrás sentado - o le... leão -Aponto ainda sem ar.
- Calma meu amor, ele não faz nada.
Meu o que?!
Ele se senta bem ao meu lado e me faz sentar também. Logo em seguida estica um braço para o animal que vem andando lentamente, quase desfilando sua beleza. Coloca a cabeça cheia de pelos em baixo da mão de Pedro que faz carinho e sorri. Ele tira a mão e o animal vem até mim. Me esquivo um pouco mas acabo fazendo carinho em sua juba avantajada timidamente também.
O leão vai embora nos deixando ali sozinhos e calados, ninguém diz nada. A beleza do lugar nos impede. A única coisa que Pedro disse foi que nenhum animal faz mal a nenhum outro. Depois de contemplar a beleza do lugar passamos a nos olhar intensamente. O sol começa a se por atrás do homem à minha frente o deixando ainda mais belo. Ele sorri e trás seu rosto lentamente para perto do meu. Sinto algo estranho, como se isso fosse errado. Mesmo assim, fecho meus olhos e espero o momento em que nossos lábios se tocam. Mas ao contrário do que pensei ele começa a falar.
- Acorda, Flora.
O que?!
- Abro os olhos preguiçosamente e encontro Laura com a mão em meu ombro me balançando e me pedindo para acordar.
Foi tudo um sonho!
Foi tão real.
As luzes fortes do hospital incomodam meus olhos. Os coço com as costas das mãos depois de perguntar:
- O que aconteceu?
Laura sorri.
- A cirurgia acabou, podemos ver Pedro agora mesmo. -Rapidamente desperto.
Ah calma, com "podemos" ele quis dizer ela e o Sr. Apolo.
- Ah que bom, depois me fale como ele está.
- Não, você irá entrar conosco.
- Por que? Eu não sou da família.
- Mas foram você, seu pai e o Kian que ficaram aqui no hospital com a gente até agora. Por acaso viu a hora? - faço que não.
- São quase quatro da manhã, Flora. O ato de vocês foi incrível. Ficar aqui nesse hospital, em um sofá duro por uma pessoa que não tem intimidade não é para qualquer um. -Dou-lhe um sorriso verdadeiro.
* * *
O me instrui as cinco pessoas até a sala em que Pedro se encontra internado. Aparelhos estão ligados por seus braços e sua cabeça está toda enfaixada por tiras brancas hospitalares.
As cinco pessoas entram. Laura e seu pai ficam lado a lado diante da cama de Pedro um segurando sua mão e o outro acariciando seu rosto pálido. Kian, o pai de Flora e a própria ficam em um canto mais afastados, acanhados.
Enquanto olha para o cara desacordado o coração de Flora sente coisas jamais sentidas por ele antes. O medo que sentiu quando recebeu a notícia do acidente quase a destruiu. E ela nem entende o que está acontecendo dentro dela tão rápido quando a explosão de uma bomba. Sente uma vontade enorme de chegar mais perto e abraçar aquele corpo pálido a ser pelos pequenos ferimentos avermelhados.
- A cirurgia foi um sucesso -o médico informa com uma prancheta nas mãos e sorri- Ah, pode haver efeitos colaterais e não temos como saber suas proporções até que ele...
- Ele está acordando - Sr. Apolo fala mais alto que o normal.
- Acorde - o doutor rir e completa sua frase.
Pedro abre os olhos lentamente. A luz a cima de sí o atrapalha. Quando finalmente abre os olhos se depara com alguns rostos.
Todos se juntam ao seu redor procurando saber como ele se sente.
- Pedro, como se sente? - o doutor pergunta atento.
O menino o olha todos confuso e questiona.
- Quem é Pedro?
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Amo vocês, Obrigada pela leitura. ❤
Kisses, Maria ✴
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