》 FLORA 《

  Pedro me oferece carona mas não troca nenhuna palavra comigo. Eu realmente não consigo entende-lo. Seria uma dupla personalidade? Provavelmente! Até por que não consigo pensar em outra opção.
  Todo o caminho é preenchido pelo silêncio agoniante. Não sei onde estava com a cabeça quando aceitei. Não gosto desse cara e nem do jeito enigmático dele. Gosto de pessoas transparentes, verdadeiras. Esse cara não me passa isso.

  Ele para o carro em frente minha faculdade.

  — Obrigada...É... Até amanhã —Quebro o silêncio e tento abrir a porta.

  —Espera!
 
 Olho para ele confusa. Ele abre a porta do motorista e sai, o acompanho com os olhos dar a volta no carro. Abre a minha porta e me dá a mão.

 Oi? Espera aí, ele me deu a mão? 

  —Sei que me acha um idiota, sem educação... — Seguro sua mão e o olho nos olhos mas ele desvia o olhar para algo atrás de mim—Saiba que não sou.

— Não acho isso de você...—Me levanto e ando três passos para longe dele.

 — Não?—Seus olhos me penetram por segundos, confusos.

 —Não, só isso não! Eu te acho esquisito, meio doido, esnobe e talvez tímido Também.

 Ele ri e abaixa a cabeça.

 — Tá bom, Dona teimosa. Até amanhã — Ele dá a volta no carro e entra sem nem olhar para mim.

  — Eu não sou teimosa! —sussurro para mim e observo o carro preto fosco partir.

  As aulas parecem bem mais demoradas dessa vez. Acho que o cansaço do dia todo me deixou assim. Estranha.
 Pego o celular. Dez e meia. Três mensagens.

                                 22:15

Esquisipedro: Oi

Esquisipedro: Queria te mostra as fotos

Esquisipedro: Editei algumas...

                                 22:30

                               Eu: Pode mandar

                               Eu: Mas não posso ver
                               agora

                               Eu: Tô na faculdade

Esquisipedro: Nossa, ainda?

                               22:31

Esquisipedro: Desculpa atrapalhar

                               22:35

                              Eu: sim, saio às 22:45

                              Eu: Tudo bem, já estou
                              saindo

                              Eu: Mas só verei em casa

  Guardo o celular e espero o fim da aula. Sinto a vibração do celular no bolso quando Pedro envia as fotos. Saio da faculdade e pego um ônibus lotado. Um dia não precisarei ser esmagada assim, penso.
 
 Sabe, acho que o momento em que estamos sozinhos é a hora em que nossa mente se dispersa. Bom, eu não estou sozinha. Estou em um ônibus lotado, porém,  sem nenhum conhecido. Então é como estar sozinha sem estar de fato. Minha mente vaga por aí. Esbarra em matérias, fotos e um par de olhos verdes...

 Chego em casa e passo direto. Me jogo na minha cama e pego o celular. Seis fotos. Todas perfeitas. Ótima luz, ótimos ângulos. Ele tem sem dúvidas, um talento enorme.

  Olho cada foto mais algumas vezes antes de responder.

                              23:38

                              Eu: Pedro

                              Eu: As fotos estão
                              incríveis

                              Eu: Meus parabéns!

  Deixo o celular em cima da cama e vou tomar um banho. Meu corpo relaxa por alguns minutos em baixo da água quente. Meus pais já foram dormir e Débora está assistindo algum filme quando saio do banheiro. Pego uma fatia da pizza em cima da mesa e vou para o quarto. Pego o celular e me sento na cadeira giratória do computador. Três mensagens.

                                  23:50

Esquisipedro: aah sério?

Esquisipedro: Que bom que gostou kkk

Esquisipedro: Posso te ligar?

 Oi? 

                                 00:10

                                 Eu: Me ligar?

                                 00:13

Esquisipedro: Sim, esse negócio que fazemos com celulares e telefones residenciais, sabe?
 
Esquisipedro: kkkkkkkkk

                               Eu: Nossa!

                               Eu: Estou morrendo de rir

                               Eu: -_-

                               00:14

Esquisipedro: Sei que é bem tarde, mas preciso da sua opinião...

                                 Eu: Realmente

                                 Eu: já é bem tarde

                                 Eu: Mas pode ligar...

  Mando, ele visualiza na hora e não demora muito para me ligar. Meu telefone vibra na minha perna. Enfio o último pedaço da pizza na boca e atendo a chamada.

 — Oi — De boca cheia estou.

—Está comendo? — Ele questiona rindo.

 —Pizza é vida —saboreio— Mas o que tinha de tão importante para me dizer?

 —Então, estava editando aqui as fotos e pensei em diminuir a quantidade... —Sua voz é rouca e calma. Passa uma impressão de serenidade— estou achando um certo exagero sabe?

 — Mas o Tomás quer bastante...

 — Eu sei, mas pensa: ele quer bastante fotos, mas não quer um vídeo longo, ou seja, as fotos irão passar correndo e ninguém vai ver nada da beleza que elas realmente possuem.

 Fico pensando, faz sentido. As pessoas não verão a felicidade no rosto de pessoas realizadas em uma empresa que lhes dão seu devido valor. Bom, sei disso agora. É uma empresa séria. Não achava isso antes, mas agora sim.

  — Bom, temos que falar com ele então.

 — Pensei em fazermos uma surpresa, o que acha?

  — Tem certeza? E se ele odiar?

  — Aí nós estaremos desempregados —Ri e eu o acompanho.

 — Mas é aí, topa?
 
 E agora? Parece uma boa idéia e, particularmente, acho que Tomás não nos demitirá. Bom, vamos ver no que dará...

— Topo!

 Ele dá uma risada.

—Do que está rindo? —Reviro os olhos.

 — De você.

 — O que?! —Eu odeio esse cara.

 — Achei que fosse dar um show de teimosia,  mas não, você me surpreendeu.

 — Eu não sou teimosa!

 Não entendo porque conversar com ele é tão fácil por telefone e pessoalmente é tão limitado. Conversamos bastante sobre coisas aleatórias. Já são três da manhã quando desligamos. Nem vi a hora passar, se hoje não fosse sexta sem dúvidas estaria ferrada no trabalho. Bom, já que é sábado né...dia livre!

                                     * * *

  Esses dois não sabem o que pensar quando desligam o telefone de madrugada. Flora não entende o cara dos olhos de esmeralda,  sente vontade de ver sua alma com transparência. Pedro, se alto destrói toda vez que liga a imagem da morena com a de uma pessoa do passado, porém,  sua voz o acalma e o faz dormir depois de longas horas encarando o teto estrelado de seu quarto.

  O fim de semana não passou como sempre passava para os dois. Devido ao trabalho que Pedro fazia com as fotos, as opiniões de Flora estavam sempre ao pé do ouvido. Digamos que, esses dois dias longe um do outro os aproximou. Entendeu? Não vou explicar de novo, por que até eu me embolei. Eles são tão do contra.
 
  Onde eu parei? Aah lembrei!

  Flora foi segunda para o trabalho e a decepção ficou estampada durante todo o dia. Esperava encontrar mais uma vez o cara legal e aberto com quem conversou todo final de semana.  Pedro sabia que isso não era justo com Flora, porém não conseguia evitar. Decidiu apostar então em uma das impressões da morena. Ligou durante a noite para ela e pediu desculpas por ser tão fechado pessoalmente.

—Eu não te entendo, Pedro! — a garota praticamente gritava— Você é uma pessoa diferente por telefone e pessoalmente é um idiota.

 Não seria fácil faze-la acreditar que era apenas timidez, até porque realmente não era.

— Eu...Eu...Sou muito tímido Flora...Desculpa.

  Bom, isso não é verdade. É só a desculpa que veio a calhar para a sua vontade desesperada  de fugir toda vez que a ver. Os dias foram passando, e Flora aceitando que esse é o jeito dele mesmo. Durante o dia de trabalho não trocavam muitas palavras. Durante a noite conversavam até sobre o reboco da parede. Não faltava assunto. Estavam a cada minuto mais apegados um a voz do outro. Quando menos esperam, já é sexta novamente.
 
 Flora chega na Apolo e não vê Pedro como o de costume. Vai até a recepcionista loira magnífica para saber.

 — Bom dia, sabe se o Pedro já chegou?

  A loira nem se quer olha para Flora, continua digitando algo na tela de seu computador.

 —   Não.

 A morena revira os olhos e está prestes a dar uma aula de como ser gentil a loira peituda quando alguém esbarra em seu braço.

— Ooou sorry! Sorry!  —Um cara alto e de óculos estilo Harry Potter moderno se desculpa freneticamente— Quero dizer desculpe, desculpe!

 Flora olha o atrapalhado gringo e sorri.

—Tudo bem, não foi nada —  Um sorriso brota no rosto do estrangeiro, deixando a mostra duas covinhas que chamam atenção da Morena. A loira peituda o olha de cima a baixo. Sem dúvidas ele tem um estilo bem diferente. Um nerd metido a top model.

  — Estava distraída  com a cell phone, não o vi.

  Flora não consegue segurar o riso diante dos erros do cara. Particularmente, além de engraçado ela o acha fofo. Aff!

 — Do que você está rindo? —  O gringo parece confuso e procura algo engraçado em volta de si.

 — Ah não é nada. Eu sou Flora.— Ergue a mão para  ele.

  — Ou sim, i'm Kian Raimann  — segura e balança a mão de Flora. Sorrindo mostra suas covinhas novamente.

— É...Oi? — uma voz rouca atrás de Flora a faz soltar a mão de Kian e virar rapidamente para o encontro do par de olhos verdes.

  — Ah Oi Pedro, este é Kian. 

                   ☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆

* Kian na mídia hehehe ❤

  Genteeee chegamos a 900!! Muito obrigada, amo vocês demais. Espero do fundo do coração que estejam gostando. Por favor, comentem o que acham que Irá acontecer, o que gostaram, o que não gostaram.

AMANHÃ TEM CAPÍTULO DO PEDROOOO!!

                                  Kisses, Maria ✴