VII
Através do portal próximo de Dax, várias naves do círculo da revolução compareceram à guerra. Encabeçando a formação, estava a nave pilotada por Akyra e Qui-va. Cruzeiros da L.D.A detectaram a repentina aparição das naves do círculo no campo de batalha e ameaçaram atirar. Qui-va apressou-se em fazer contato com eles:
— Atenção, não viemos atacá-los! Estamos do mesmo lado! — Ela falou no comunicador para todos os sinais de rádio dos cruzeiros da L.D.A.
Sem respostas. Qui-va esperou pelo pior.
— Deu certo. Não estamos mais na mira dos cruzeiros, olha! — Akyra apontou para a formação de cruzeiros, que naquele momento estavam fuzilando várias naves do culto de Tenebris. — E pelo que parece, não estamos sozinhos.
De longe, parecia uma formação de estrelas; elas estavam se aproximando lentamente. Na verdade, era uma tropa de piratas. Naves velhas, porém resistentes e clássicas. Não precisaram se apresentar, apenas começaram a atirar nas naves inimigas.
— Não precisamos de boas-vindas, amigos — uma voz foi captada pelos transmissores de todas as naves do círculo da revolução; era Dukrah, o líder da tropa pirata.
Qui-va olhou para Akyra e assentiu com a cabeça. Akyra entendeu o recado e partiu para o meio do campo de batalha. Todas as outras naves do círculo fizeram o mesmo, se juntando ao caos crescente. Três times contra um.
Enquanto Akyra pilotava a nave velozmente, Qui-va controlava os canhões, acertando várias naves do círculo em curtos intervalos de tempo. O vácuo estava repleto de carcaças de naves destruídas. Akyra cuidou para não acabar atingindo-as.
De repente, uma das naves triangulares do culto veio em direção a nave de Akyra. Atirava sem parar, como se estivesse carregada de munição infinita. Akyra desviou dos disparos percorrendo rotas arriscadas pelo vácuo. Rodopiou com a nave várias vezes com a esperança de escapar da nave, porém agora o inimigo estava o perseguindo. Uma série de disparos atingiu a traseira da nave.
— Merda! — Gritou Qui-va.
Qui-va continuou sentada diante do painel de controle dos canhões. Um pequeno visor dava vista panorâmica do ambiente onde eles estavam percorrendo. Ela conseguiu identificar perfeitamente a posição do inimigo. Quando disparou, a nave triangular desviou velozmente, rodopiando no vácuo como um dado pontiguado. Se fossem atingidos por aquela nave mais uma vez, iriam explodir.
Era o dia de sorte para Qui-va e Akyra.
Repentinamente, a nave triangular foi atingida por uma série de mísseis teleguiados. Explodiu em pedaços em um piscar de olhos. Emergindo da nuvem de destroços que restou da nave, a Shadow-989 alcançou a velocidade da nave de Akyra e Qui-va.
— De nada — Alpha acenou para os dois rebeldes; conseguia enxergá-los de sua cabine.
— Vá atrás dele — Qui-va falou através do comunicador.
Alpha meneou com a cabeça e avançou com sua nave pelo campo de batalha caótico.
⭐⭐⭐
Flutuando junto aos destroços da Armageddon, estava Mazu. O vácuo do espaço não assustava nenhum estelar, afinal podiam sobreviver longe de uma atmosfera saudável cheia de oxigênio. Estelares tinham a capacidade de prender o fôlego e permanecer vivos e ativos por muito tempo. Além disso, o frio e a radiação do espaço não afetavam o corpo de um estelar.
Os fios brancos dos cabelos de Mazu se moviam lentamente. O sangue de seu traje se descolou de seu corpo e se espalhou em sua volta em bolhas douradas. Mazu estava inerte, deixando ser levado pelo vácuo como se fosse apenas mais um dos destroços da Armageddon. Despertou de seu transe quando se deparou com algo amedrontador.
O que antes era uma estrela, se tornou um gigantesco buraco negro massivo.O anel de emissão do buraco negro era brilhante e circulava a região obscura onde a matéria foi colapsada. Era como o buraco de um ralo, sugando tudo e todos que estavam próximos em um raio de milhões de quilômetros. Os destroços em volta de Mazu começaram a se mover em direção ao buraco negro, como se atraídos pela força da gravidade do sugador espacial. Não demoraria muito para a zona de catástrofe do buraco negro atingisse o planeta Dax e o restante do sistema-capital de Aurora. Mazu tinha certeza que ainda haviam pessoas sendo evacuadas.
Enquanto mais observava o buraco negro, mais percebia que aquele corpo espacial crescia cada vez mais. Mazu estava decidido a não deixar ninguém morrer. Ainda não conhecia a extensão de seus poderes, mas naquele momento ele conhecia sua história. Sua verdadeira história. E para alcançar a extensão dos própria poderes, era preciso conhecer a si mesmo. Agora, Mazu sabia que ele era o herdeiro do universo. Uma criação de Lux, Yebek e Tenebris. Os poderes deles fluíram em suas veias. Ele não sabia como, mas iria acessar esses poderes para salvar vidas inocentes. Ele tinha que tentar.
O vácuo do espaço não permitia que Mazu se movesse com precisão. Então, usou a força de seu estímulo para se locomover. Mazu acumulou estímulo em seus dois punhos e pernas e se moveu pelo vácuo agilmente, como se estivesse patinando. Conforme se locomovia, um rastro dourado era deixado por onde passava.
Mazu estava decidido a chegar no buraco negro. Não tinha ideia do que fazer, nem mesmo criou um plano. Mas era assim que funcionava as coisas para ele: primeiro o salto, depois o preparo.
Uma luz forte iluminou as costas de Mazu. Ele olhou para trás e se deparou com a silhueta de uma nave com um par de asas. Ele a reconheceria de qualquer lugar.
Mazu se dirigiu até a traseira da nave e esperou a rampa abaixar. Subiu os degraus até estar no interior da nave. Lá dentro, Alpha o esperava, parado próximo da abertura onde a rampa se estendia. Estava inerte, como se não acreditasse na visão que estava presenciando naquele momento.
Antes de qualquer coisa, ele tinha que se despedir dele. Não sabia se sua tentativa terminaria em sucesso ou fracasso, ele não se importava, na verdade. Tudo o que importava naquele momento era ele. Ele iria tentar, como sempre fez; mas não antes de se despedir do homem de sua vida.
Mazu correu até Alpha e o abraçou calorosamente. Desta vez, o agente retribuiu, envolvendo seus braços na cintura do príncipe. Mazu descansou seu queixo no ombro de Alpha.
— Você vai até o buraco negro, não vai? — Alpha finalmente quebrou o silêncio.
— Eu preciso. É a única chance — Mazu continuou abraçado nele.
Alpha desfez o abraço e observou atentamente a face de Mazu.
Ele sabia o que Alpha poderia acabar dizendo naquele momento: ‘’isso vai ser muito perigoso, é burrice, você vai acabar morrendo. Não faça isso.’’
— É muito perigoso — Alpha começou. — Mas você consegue. Você sempre consegue.
Mazu sorriu e aproximou sua mão direita no peitoral de Alpha. Sentiu as batidas rápidas de seu coração. Ele estava nervoso, apesar de manter sua face calma. O príncipe o observou fixamente, não tendo a mínima intenção de afastar tão cedo seus olhos do rosto dele.
Alpha envolveu suas mãos enluvadas nas mãos douradas do príncipe e o puxou para perto. Conseguia sentir a respiração de Mazu refrescar as cicatrizes em seu rosto. Era um desejo profundo que deixava seu coração descontrolado. Queria mais do que tudo sentir o gosto dos lábios do príncipe antes que ele partisse. Desejava que tudo acabasse bem, mas a vida pode surpreender. Alpha estava cansado de surpresas.
No entanto, ele gostou daquela surpresa.
Os lábios de Mazu se aproximaram majestosamente dos de Alpha, beijando-o levemente. Como uma peça perfeita em um quebra-cabeça, os lábios de ambos corações apaixonados se conectaram. Não era apenas uma conexão carnal, era espiritual. Alpha sentiu todos os tormentos de sua mente se apaziguarem após aquele beijo. Aumentou a intensidade ao sentir que precisava de mais, como se os lábios macios e convidativos do príncipe fossem uma droga viciante.
Mazu se afastou. Alpha manteve sua testa próxima a dele.
— Eu vou voltar — ele falou.
— Vou estar esperando.
Mazu caminhou novamente até a rampa e olhou para trás pela última vez. Alpha ainda o observava, admirando-o. Mazu sorriu para ele. Ele realmente queria retornar.
Mazu se lançou no espaço e avançou em direção ao buraco negro.
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