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ERA UMA NOITE DE VERÃO e Zaniah não podia evitar pensar nos versos de Willian Shakespeare, pareciam se encaixar perfeitamente no momento. Ela e Carol estavam no sótão da velha casa que Zaniah alugava, e conseguiam observar o céu pelo telescópio. Ela havia feito do sótão uma grande varanda improvisada com a parte da frente toda aberta onde pudessem ver as árvores e os campos que se estendiam pela estrada, e acima delas o céu noturno. Carol amava aquele lugar tanto quanto ela e Zaniah queria um dia construir um lugar como aquele para elas.

— "O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, estando a dormir ou acordado." — Zaniah sussurrou se encostando no parapeito de madeira do sótão enquanto Carol estava com os olhos no telescópio.

— Está citando Shakespeare? — Carol perguntou com um tom de divertimento na voz e se virou para olhar Zaniah . — Você é tão romântica, do tipo romântica que olha as estrelas e lê Shakespeare.

Carol sorriu se aproximando de Zaniah .

— Como se você não gostasse do meu romantismo. — Zaniah murmurou enquanto Carol encaixava a cintura com a dela.

Zee colocou o cabelo loiro da namorada atrás da orelha e continuou a recitar: - "No entanto, para dizer a verdade, hoje em dia a razão e o amor quase não andam juntos. Pois você sabe que, onde há amor, há felicidade."

Carol encostou a testa na dela.

— Você está feliz? — Ela perguntou.

— Muito. — Zee disse sincera, os olhos perdidos nos de Carol.

— Mas está preocupada com o teste de vôo amanhã... — Carol completou reconhecendo a inquietação nos olhos da namorada.

— Estou, mas... confio em você. — Ela passou os dedos pelas costas de Carol por baixo da camiseta afagando sua pele carinhosamente.

— Que bom que confia que não vou explodir nosso projeto que levou anos para ficar pronto. — Danvers brincou rindo fraco.

— Confio que vai ficar tudo bem, porque você é incrível... — E antes que Zaniah pudesse terminar a frase, os lábios de Carol estava sobre os seus.

Ela tinha gosto de chocolate e do vinho barato que haviam comprado naquela noite, seu cabelo cheirava ao shampoo de Zaniah e havia algo profundo e atraente naquela intimidade de perceber todas as suas partes que pertenciam a ela.

Foi um beijo lento, demorado para aproveitar o tempo que tinham e poder explorar a boca uma da outra. As mãos passeavam do pescoço até as costas se apertando no abraço onde não haviam olhos alheios para reprimi-las. Estavam em seu porto seguro sob as estrelas e elas sempre aproximavam Carol do seu céu particular.

Carol beijou-lhe o queixo e em seguida o pescoço sussurrando:

— "Quando a boca não consegue dizer o que o coração sente, o melhor é deixar a boca sentir o que o coração diz."

Zaniah sorriu surpresa para ela.

— O que foi? — Carol murmurou. — Eu também conheço Shakespeare.

E elas se beijaram de novo, e de novo até o vinho acabar e as estrelas desaparecem para dar lugar ao amanhecer. Porque não importava o destino ou os resultados do amanhã, aquela noite para sempre seria delas.

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