- 03; empty spaces and burning stars
ミ⛧ espaços vazios e estrelas incandescentes ⛧ミ
SEIS ANOS PASSAM RÁPIDO QUANDO SE ESTÁ COM A CABEÇA NAS NUVENS, e Zaniah esperava que sua cabeça estivesse além da atmosfera terrestre em breve. Depois de se mudar para Houston no Texas e passar no treinamento, entrar para o programa espacial e colaborar em várias pesquisas, ela finalmente havia recebido sua primeira missão: estabilizar uma nova estação espacial.
Não era novidade que após conquistar a lua, a próxima expectativa da exploração espacial humana era chegar até Marte. Mas até esse objetivo ser atingido, seria necessário uma série de fatores. Entre eles estava estabilizar e construir novas estações espaciais e futuramente construir uma na lua. Zaniah faria parte de uma equipe que deixaria em órbita uma nova estação americana que poderia ajudar a levar suprimentos e material para a lua.
Pela primeira vez em anos, ela estava animada.
Era seu último fim de semana na Terra antes da missão e geralmente todos da tripulação passavam com a família e os amigos mais próximos. A família de Zaniah estava em Londres, sua amiga mais próxima era Maria e essa estava longe demais para uma visita rápida. Mas ela e a filha Monica haviam telefonado para desejar boa sorte à Zee e afirmaram que acompanhariam o lançamento do ônibus espacial pela televisão.
Ela então decidiu passar o último fim de semana ouvindo uma música, tomando uma limonada e observando o ambiente do pequeno bar. Houston era tranquila em alguns pontos e ela sempre sonhara em explorar a cidade com alguém e mesmo depois de tantos anos era difícil não ver algo que a lembrasse de Carol. A dor já não era tão pesada quanto antes, mas restava ainda uma nostalgia profunda que por vezes despertava causando à Zaniah uma saudade gostosa de sentir.
Em algum ponto a dor deu espaço à gratidão e apesar de não poder estar aproveitando a companhia de Carol naquele momento, ela era grata por todos os outros momentos em que Carol estava presente. Ela olhou ao redor no bar ouvindo a música que tocava e as pessoas ao redor decidiu que era hora de tomar um ar. Zee se levantou, deixou o dinheiro da bebida em cima do balcão e saiu pelas portas dos fundos.
Atrás do bar tinha um pequeno estacionamento de frente para um campo extenso de grama e algumas árvores no horizonte. Era possível olhar par ao céu e reconhecer algumas constelações, era lua cheia e o satélite natural da Terra parecia maior e mais brilhante que o normal. Zee quase desejou uma taça de vinho, mas estava evitando o álcool.
Ela respirou fundo deixando que o ar da noite entrasse em seus pulmões, fechou os olhos imaginando o que Carol lhe diria se estivesse ali. Às vezes ela ainda escutava Rocket Man e dançava sozinha na sala, dançava com as lembranças acompanhando seu compasso.
Zaniah sentiu que alguém se aproximava. A música ecoava do bar até ela a fazendo rapidamente reconhecer a música que tocava.
— She packed my bags last night pre-flight... — Zee murmurou acompanhando a música enquanto colocava as mãos no bolso da jaqueta.
O primeiro verso continuou ecoando de dentro do bar, uma brisa suave soprou e ela ouviu uma voz feminina cantar:
— I miss the Earth so much I miss my wife , It's lonely out in space...
Zaniah se virou no instante em que seu cérebro processou a voz, ainda a ouvia em seus sonhos e nas mixtapes que tinha guardado. E por mais que soubesse de quem era, era difícil acreditar que estava a escutando e quando seus olhos encontraram os da mulher em seu lado, ela abriu a boca para falar - mas nenhuma palavra saiu, seus lábios tremeram e ela piscou várias vezes porque as lágrimas começaram a embaçar sua visão.
Lá estava ela, o cabelos loiro na altura dos ombros, o maxilar firme segurando as próprias emoções que seus olhos sempre denunciavam. Os olhos de Carol nunca mentiam e vê-los tão perto depois de tanto tempo era surreal, era...
— Impossível... — Zee murmurou com a voz entrecortada, ela estendeu a mão para tocar a outra, mas recuou temendo que se tentasse ela desaparecesse como o fantasma que era em sua lembrança.
— Sei que é difícil de acreditar e de entender, mas sou eu. — Carol disse em um tom sereno tentando acalmá-la e olhou para a mão de Zee como se desejasse que ela não tivesse recuado.
— Babe! — Zaniah sussurrou pela primeira vez em anos e foi uma palavra carregada de saudade e carinho, Carol suspirou deixando as lágrimas escapar quando Zee a tomou em seus braços em uma firmeza como se não fosse soltar nunca mais. Sem questionamentos, simplesmente a recebendo de volta.
— Eu sinto muito, Zee. Eu sinto muito, eu demorei demais. Eu quebrei minha promessa... — Carol disse com rosto escondido no pescoço de Zaniah, a única pessoa com quem ela se permitia desabar, porque ela sabia que aquele era o abraço que segurava o seu mundo. — Eu não conseguia voltar pra casa, eu perdi minha memória...
— Está tudo bem. — Zee afagou as costas dela e se afastou um pouco só para poder olhar nos olhos dela e reparar em todos os detalhes que mais sentia falta. — Eu achei que você tinha morrido, Carol. E por muito tempo achei que era minha culpa, que havia algo de errado nos cálculos e tentei tanto entender...
— Zee, não foi sua culpa. Não foi, estávamos mexendo com algo que ninguém nunca tinha visto. E tem tanta coisa pra eu te contar, mas eu sei que vai embarcar em uma missão logo e eu não podia deixar te ver. — Carol tocou o rosto de Zaniah, o polegar passou pela bochecha e então parou no queixo quando Danvers olhou para os lábios dela que traziam à tona todas as lembranças que os Kree tiraram dela por muito tempo. — Eu te via nos meus sonhos e por mais que eu não pudesse lembrar, eu sabia que eu fui amada. Porque sempre foi como se você desenhasse estrelas nas minhas cicatrizes, e sem você eu estaria tão quebrada...
— Eu estou aqui agora, você está aqui! Eu sabia que iria voltar pra mim. — Zaniah encostou a testa na dela sentindo a respiração de Carol em seu rosto. — Eu tenho dois dias antes de ir pra lua e eu quero saber tudo o que aconteceu, babe...
— Não me chama assim. — Danvers deu uma risada baixa balançando a cabeça. — Não posso pensar em te beijar sabendo que seguiu em frente, quer dizer... eu espero que tenha seguido em frente! Você merece, só o fato de estar na NASA...
As mãos de Zaniah desceram pelas costas de Carol e apertaram a cintura dela deixando seu corpo ainda mais colado no dela, os lábios de Zee roçaram no de Carol enquanto ela dizia "babe" de novo e então a beijou. Carol passou os dedos pelo cabelo de Zaniah agora que que tinha aquele beijo explodindo dentro de si como um milhão de galáxias ganhando vida, não era mais um sonhos ou uma lembrança, ela estava ali no agora.
— Eu tenho que te contar tudo antes que você vá para a lua eu para outra galáxia...
— Outra galáxia? — Ecoou Zaniah sem saber se não havia entendido ou se o beijo a deixara fora de órbita. — Temos essa noite e eu não vou te deixar ir pra nenhum outro lugar hoje.
Eram braços que eram sua casa e Carol esteve distante por tanto tempo que temera nunca mais conseguir voltar. Era a boca que lhe fazia se sentir viva e era difícil entender como ambas conseguiram ficar distantes por todo aquele período, talvez mesmo sem saber e mesmo parecendo impossível elas nunca desistiram do que sentiam. Nunca desistiram do que eram em sua essência: amor.
⛧ミ
Notas: amo as duas e amo esse reencontro. Preciso dizer que Cardigan é a música delas?! Amo que mesmo sem memória a Carol sentia falta. No epílogo temos uma cena importante pra toda a minhas série de fics da Marvel. Faltam só mais duas fics pra encerrarmos e eu poder finalmente escrever Infinity War e Endgame aaaaaaa
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