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VISITA

E N Z O    T E I X E I R A

Depois que a enfermeira me deixou sozinho no corredor da UTI, eu comecei a perambular lentamente pelos corredores do hospital. Apesar da iluminação, a noite o lugar não deixava de ser bizarro.

Já estiveram em um hospital à noite?

Os quartos escuros, mesmo os ocupados, eram sombrios. O eco ajudava a completar o cenário de terror total. Sei que esses pensamentos eram apenas a minha mente se deixando levar pelos últimos acontecimentos.

Mesmo sabendo disso, ainda continuava sentindo um leve arrepio na espinha.

Gosto de pensar que é o ar condicionado.

Continuei caminhando atento, mas os ecos dos meus passos estavam tão altos que temi que aquela enfermeira voltasse e me mandasse fazer silêncio. Caminhei na pontinha dos pés, o que me fez ficar mais lento, mas menos barulhento.

Merda! O que diabos essa garota estava inventando?

Sabia que Cassie ainda mais estava perturbada pelos últimos acontecimentos, ainda mais depois da conversa de hoje mais cedo.

Ela queria respostas, tudo bem, mas não é desse jeito que ela vai conseguir. Seja lá o jeito que ela estiver pensando. Isso era um trabalho para Rodolfo e a polícia. Nós já tínhamos ido longe demais.

Consegui me guiar pelas placas chegando até a ala psiquiátrica. Uma porta dupla separava aquela área do restante do hospital. Congelei por uns instantes, temendo encontrar outros tipos de malucos, feito o Stalker.

Balancei a cabeça dispensado esse pensamento idiota.

Atravessei a porta e me deparei com mais corredores extensos e com a maioria das luzes dos quartos apagadas. Os dois primeiros corredores eram da área infantil. Colorido, desenhos nas paredes, deixando o ar mais acolhedor para as crianças.

Atravessei os dois corredores infantis na ponta do pé. Não queria incomodar ninguém fazendo barulho. Atravessei o corredor, virando numa curva que dava para mais dois corredores e um deles tinha outra porta dupla indicando a ala adulta.

Segui atentamente pela área psiquiatra adulta. Tinha absoluta certeza que Cassie estava aqui. Já estava virando para o corredor à esquerda, quando eu ouvi passos. Alguém estava correndo, me virei na direção do som e ouvi Cassie gritando por socorro.

Meu coração disparou, avistei ela correndo enquanto olhava para trás.

Parecia apavorada.

Sem olhar para frente ela quase bateu em mim, mas a segurei a tempo

— Ele fugiu! — foi o que ela disse ao me olhar com seus olhos arregalados — Ele não está lá! Ele fugiu! Ele estava atrás de mim!

Sua voz ecoou pelo corredor, soando altíssimos.

Segurei seu rosto e a fiz me olhar nos olhos. Na intenção de acalmá-la, Cassie respira. Calma. — disse pausadamente — Do que você está falando?

— Temos que sair daqui! Agora! — ela segurou meu pulso e começou a me puxar.

A enfermeira surgiu como um legítimo personagem de filmes de terror. Sabe aquele personagem que aparece nos lugares sem fazer barulho? Ela estava olhando feio pra gente, parecendo irritada.

— Será que eu vou ter que expulsar vocês daqui!? — disse ríspida — Isso é um hospital! Deve se fazer silêncio! Vão perturbar os pacientes.

Cassie correu até a enfermeira e a segurou pelo pulso. — Ele fugiu! O assassino fugiu!

Ela encarou Cassie espantada — Impossível. Ele está sob vigilância...

— EU ACABEI DE VER! — interrompeu — Ele não está lá. Ele não está naquele quarto! Nem os guardas estão lá.

Ela continuou encarando Cassie descrente e assentiu.

— Vou dar uma olhada.

— Não! — Cassie a impediu segurando pulso — Meu pai é policial. Precisamos chamar ele.

— Primeiro vamos conferir. Você pode está delirando. Tomou muitos analgésicos. — ela fez o caminho de volta.

Cassie olhou para mim, apenas dei de ombros. Ainda sem entender assimilar o que estava acontecendo. Precisava ver com os meus próprios olhos, então segui a enfermeira.

Cassie veio logo atrás.

Chegamos lá, no quarto do Stalker estavam dois policiais militares parados na porta com um copinho de café descartável nas mãos.

Nos aproximamos do vidro de observação, o Stalker estava deitado, mas de olhos bem abertos. Um livro sob o peito, quando nos viu, abriu um sorriso.

A enfermeira se virou para olhar para Cassie, nada satisfeita.

— Eu juro! Quando eu vim aqui ele não estava! Ele havia saído do quarto!

— Impossível. — disse um dos policiais girando a maçaneta e mostrando que a porta estava trancada e depois apontou para a chave pendurada no seu cinco. — Essa porta sempre está trancada. Só é aberta na hora das terapias e tratamentos.

— Ele fugiu. — insistiu olhando para os policiais — Vocês nem estavam aqui!

— Só fizemos uma pausa para o café. — explicou o outro. — Mas a porta permaneceu fechada. Você chegou a girar a maçaneta?

— Não mas...

— Viu a porta aberta? — perguntou o outro a interrompendo.

— Não! — respondeu baixo demais— Mas ele não estava no quarto. Eu vi uma sombra...

— Sombra? — a enfermeira riu — Tudo isso por que você viu uma sombra? Mesmo se ele estivesse fugindo, acha que ele voltaria para a prisão dele? — zombou.

Foi então que Cassie fez o inesperado.,

Sem aviso nenhum, se aproximou do vidro e começou a bater de punhos fechados — QUAL É A SUA SEU DESGRAÇADO? O QUE VOCÊ QUER?

Um dos policiais a conteve.

— Isso aqui é um hospital.

— É melhor você ir para casa. — disse a enfermeira aborrecida.

Puxei Cassie — Nós vamos para casa. — disse — Precisamos descansar..

Puxei a Cassie em direção a saída e ela fazia o máximo para me dar trabalho e não parava de olhar para trás.

O caminho até a recepção foi longo e silencioso até que eu resolvi quebrar.

— Vamos para casa. — disse — Sem mais e sem menos. Vamos para casa.

Ela soltou um suspiro e quase sussurrou — Não dá pra ignorar o que acabou de acontecer.

— Não aconteceu nada. — disse a encarando.

— Então a louca da história sou eu? — agora o tom de voz dela soou bem agressivo.

— Claro que não! — sinalizei para que ela baixasse a voz — O que eu quero dizer é que estamos todos cansados demais. Assustados demais... — eu passei a mão pelos seus cabelos revelando a faixa — Você foi entupida de analgésicos por ter levado fortes pancadas na cabeça. É normal deduzir que o trauma, o medo... Estão causando ilusões. Pode ser uma síndrome de pânico...

Ela tirou a minha mão da cabeça bruscamente.

— Agora você é psicólogo também? Sua mãe não deve se cansar de falar de você nas festas de família. — Cassie marchou furiosa para fora do hospital. Respirei fundo e a segundo.

— Vou pra casa sim. Só porque eu não aguento mais esse hospital. — disse depois de dois segundos em silêncio. Comemorei baixinho atrás dela, ela se virou. — Não pensei que você manda em mim ou que conseguiu me convencer a fazer algo.

Estávamos chegando ao lado de fora do hospital. Onde mais cedo estava entupido de repórteres e veículos da imprensa, mas agora não tinha nenhum.

Encontramos Rodolfo e minha mãe encostados no carro, à nossa espera. Cassie abriu a porta do banco de trás e entrou sem dizer nada. Rodolfo e minha mãe me encararam.

— Ela tá cansada. — resumi.

— Eu realmente não acredito que você fez essa cabeça dura mudar de idéia. — disse Rodolfo com um sorriso — Como?

— Um mágico jamais revela seu segredo. — brinquei dando uma piscadela.

• • •

Na manhã seguinte minha mãe nos levantou às 10 horas da manhã, só para tomarmos café juntos. Insistiu que devíamos passar mais momentos juntos, ainda mais depois do que aconteceu.

No almoço o casal trabalhou junto. Rodolfo preparava o almoço, enquanto minha mãe arrumava a mesa. Os dois estavam em plena sintonia, conversando, sorrindo.

Na sala Cassie nem olhava na minha cara.

— Vamos conversar sobre ontem? — perguntei sentando ao seu lado.

— Não.

— Cassie...

— O que você quer falar? — perguntou irritada finalmente me encarando — Que eu estou ficando louca?

— Conversa comigo.

— Você não acredita em mim. — ela virou o rosto, seu tom de voz soou magoado. O que me afetou de imediato. Quis segurar a sua mão, não era minha intenção magoá-la.

— Você já pensou na possibilidade dele ter ido ao banheiro... Se escondido embaixo da cama. Algo assim? — perguntei cuidadosamente — O cara ficou louco, Cassie.

Ela balançou a cabeça — Ele tá se fazendo de louco... Ele já não era um maníaco? Um psicopata? Louco por natureza?— Questionou — O que teria mudado agora? Ele só está fazendo o que faz de melhor. Enganando todo mundo.

— São patologias diferentes, Cassie.

Ela se levantou impaciente — Me desculpe doutor Enzo. — Cassie cuspiu sarcasmo em mim e subiu pisoteando, provavelmente imaginando o chão com a minha cara.

Respirei fundo.

— Boa, Enzo. Você sabe mesmo como melhorar um relacionamento. — Joguei a minha cabeça para trás respirando fundo. Cassie era teimosa.

Não escutaria uma opinião diferente da sua, tendo sempre como uma verdade absoluta. Mas pensando no que ela disse, tinha lá suas certas razões. Psicopatas são mestres em manipulação, como Melissa já tinha explicado.

• • •

C A S S I E     A N D R A D E

Subi para o quarto furiosa, era só o que me faltava, além de querer bancar o Sherlock Holmes Enzo também resolveu me incorporar no Doutor House.

— São patologias diferentes... — remendei fechando a porta com força— Ah! Faça-me o favor.

Eu me joguei na cama, ainda bufando. Como Enzo poderia ficar contra mim? Insinuando que eu estou ficando maluca.

Fechei os olhos, tentando me acalmar.

Levantei e peguei a cartela de analgésicos que o médico me passou e minha garrafa de água, que meu pai deixou para não me esquecer de tomar os remédios nas horas certas. Quando terminei de engolir os comprimidos, meu pai deu duas batidas na porta e entrou. Me virei e o encontrei com o telefone sem fio na mão.

— É pra você. — estendeu a mão e balançou o aparelho.

Franzi a testa.

— Quem é?

— Atende.

O encarei por alguns segundos, mas sua expressão não transparecia absolutamente nada. Peguei o telefone, tentando adivinhar quem seria? Quem tem o meu número fixo?

Por que ligar pro meu telefone e não pelo celular? Quem quisesse falar comigo que ligasse para o meu celular. É tão estranho quando te ligam do telefone fixo, ainda mais com celular hoje em dia. Fala sério, até meus avós sabem enviar mensagem pelo WhatsApp.

— Alô?

— Oi Cassie... é a irmã do Edgar a Isabella... — ela deu uma pausa percebendo a minha surpresa, ao soltar um pequeno gemido — Só estou ligando para avisar que o Edgar acordou...

— Sério? — Segurei o telefone com mais força — E como ele está? Ele está bem?

— Está sim. Saiu da UTI ontem de madrugada — ela deu uma pausa — Ele tá perguntando por você.

Eu não pude conter o meu sorriso. Edgar estava perguntando por mim.

— Você disse que eu estou bem?

— Na verdade, acho melhor você contar pessoalmente pra ele. — falou Isabella — Ele quer te vê, Cassie.

— Ele quer me vê? — perguntei sorrindo feito boba, mas logo fechei o sorriso ao perceber que meu pai me observava com um sorrisinho — Eu estou indo para o hospital.

— Ok.

— Viu? — começou meu pai pegando o telefone de volta — Disse que ele ia ficar bem.

Assenti — Pensei que ele fosse acordar daqui a algumas semanas. No mínimo dias. Não estou reclamando nem nada, mas foi o que os médicos me disseram.

— Não dá para prever essas coisas.

Balancei a cabeça positivamente. O importante era que as notícias eram boas. Edgar estava fora do coma. Havia saído da UTI e queria me ver.

— Pai, você me leva no hospital?

— Claro. Marquei uns exames pra você. — respondeu ele cruzando os braços e me fazendo franzir os olhos — Enzo me contou sobre o que aconteceu no hospital.

Revirei os olhos — É claro que contou. Além de babaca é fofoqueiro. — resmunguei cruzando os braços — Disse que eu estou louca, né?

— Não seja dramática, Cassie. Vamos fazer outro check-up. São necessários alguns exames para ver se tem sequelas ou algo assim. Se os remédios estão funcionando bem. — explicou saindo do quarto — Vamos almoçar e ir. Se arruma.

• • •

Uma hora após o almoço, fomos ao hospital. Depois de todos aqueles exames chatos que duraram o dia todo, os médicos constaram que não havia nada de errado com a minha cabeça e então sugeriram um psicólogo.

— Como ela passou por uma situação traumática é altamente recomendado um acompanhamento psicológico. — o médico anotou uma recomendação de um ótimo psicólogo — na opinião dele — da mesma rede do hospital. Peguei o cartão antes do meu pai, para perder acidentalmente, na primeira oportunidade.

— Estou liberada? — perguntei olhando para o doutor Érico. Um senhor de cabelos brancos.

O médico assentiu nos liberando.

— Tenho alforria agora?

— Sim. Eu vou conversar com esse psicólogo. — ele estendeu a mão me pedindo o cartão, bufei e entreguei na sua mão — Vou agendar uma consulta de teste. Sugerir uma terapia em grupo para vocês. Depois venho te buscar.

— Tá bom.

Ele beijou o meu rosto e tomamos caminhos diferentes.

Caminhei até a recepção, onde encontrei a família de Edgar. A avó e as irmãs, estranhei por não encontrar a mãe.

Isabella correu na minha direção e me deu um abraço de urso — Obrigada. Obrigada. Obrigada! — ela me soltou — Você salvou várias pessoas em um dia só.

A encarei sem entender.

Isabella sorriu e tratou de explicar — O pai da Helena chegou em casa bêbado e furioso. Os vizinhos disseram que ele gritava pelo nome da filha dizendo que iria matá-la. Quando a polícia chegou lá encontrou o corpo dele com um tiro na cabeça.

Levei as duas mãos à boca surpresa, ela continuou.

— Helena disse que a sua coragem quando o Stalker invadiu a minha casa deu forças para ela decidir que não ficaria mais quieta diante dos abusos do pai. Tipo se você enfrentou um assassino, ela podia enfrentar o pai dela. Então decidiu ir à casa da avó e ficar com ela. E isso a salvou de ontem.

Balancei a cabeça — Ela se salvou.

Isabella sorriu e segurou a minha mão. — Você foi a nossa heroína.

A avó de Edgar estava se aproximando de nós com um sorriso. — Então essa é a mocinha que salvou a vida dos meus netos?

— Não fiz nada demais e Edgar salvou a minha vida primeiro. — respondi com um sorriso e ela me abraçou de surpresa.

— Obrigada, minha querida. Você salvou a minha família. O meu mundo.

Eu retribui o abraço — Eu não fiz nada.

— Fez muito. Muito mesmo.

— Vó, deixa ela ir ver o Edgar. — Isabella cutucou a avó com a irmã menor no colo.

Ela me soltou, estava com o rosto molhado, me olhando ainda emocionada. Abriu um sorriso acariciando o meu rosto — Desculpe. Agora vai lá. Ele quer muito te ver.

Sorri balançando a cabeça.

Isabella deu instruções rápidas de como chegar ao novo quarto que Edgar. Chegando ao quarto uma enfermeira que estava na porta e me passou as instruções básicas do que não fazer. Informei que entendi e entrei logo me deparei com aquela cabeleira loira iluminando a cama sem graça do hospital.

O quarto era preenchido pelo som de algumas máquinas. Uma monitorando seu coração. As outras eu não fazia ideia do que eram. Reparei que Edgar ainda estava se alimentando por tubos.

Eu me aproximei lentamente, vi sua pele branca, estava pálida, chegando mais perto vi que seus lábios estavam ressecados. Seus olhos azuis, quase cinzas, pareciam desbotados.

Paralisei no meio do quarto, ver Edgar ali, tão fraco, tão frágil naquela cama de hospital partiu o meu coração. O pior de tudo era saber que a culpa era minha. Quando Edgar me percebeu, ele sorriu. Aquele sorriso tão lindo, que quase fechava os olhos.

— Cassie. — sua voz saiu fraca, rouca.

Caminhei até a sua cama, ficando mais perto. — Oi herói. — sorri.

— Por que está tão longe? — perguntou.

Sorri puxando uma cadeira e ficando bem perto. Ele levantou a mão na minha direção e eu a segurei. Havia um tubo conectado ao pulso dele onde ele recebia soro.

— Tô aqui. — deixei que nossos dedos se entrelaçassem.

— Eu ainda nem te levei pra sair e já levei umas facadas.

— Uau... — comecei balançando a cabeça — E olha que você levou um dia inteiro no coma para bolar isso.

— Me dê duas semanas e você não conseguirá parar de rir. — gabou-se Edgar.

Sorri apertando sua mão de leve — Que susto que você me deu... — quase sussurrei de tão baixa que minha voz saiu.

Edgar apertou a minha mão, me fazendo sentir a sua pele quente na minha. Estava áspera.

— Como você está?— perguntou me olhando nos olhos.

— Me diga você! Edgar, você acabou de sair de um coma!

Edgar respirou fundo e fitou o teto — Acho que tô melhor.

— Acha?

Ele balançou a cabeça positivamente. Eu esperei uma resposta mais articulada.

— Depois que acordei ontem eu tive... Ah deixa para lá é meio que delírio. A perda de sangue me fez ter visões ou pesadelos... Sei lá...

Encarei Edgar com a testa franzida. Ele balançou a cabeça fechando os olhos.

— Tá vendo? Acha que tô delirando né?

— Explica isso direito. — pedi calmamente — Você disse que teve visões, pesadelos?

— Não é nada para se preocupar... — tentou descartar.

— Tarde demais.

Edgar pirraçou como uma criança. — Não quero falar sobre isso, Cassie.

— Por favor. É importante pra mim. — apertei sua mão.

— Foram pesadelos com o Stalker... — começou fazendo minha atenção se concentrar nele — Ontem eu saí do coma na madrugada, né? E... Eu não sei explicar, mas eu tenho lembranças durante o coma. Quero dizer, escuto as vozes que estavam à minha volta e a minha mente faz o resto. Então eu lembro da minha avó, mãe, e irmãs na UTI. — ele sorriu e eu assenti também sorrindo. O incentivando a continuar — Enfim, antes de sair do coma eu sonhei com Stalker no quarto da UTI. Quero dizer, ouvi a voz dele. Falando algo de terminar o que começou. Desligar o aparelho que me mantinha respirando... — ele levou a mão livre à cabeça.

Eu estava boquiaberta.

— Eu sei. É loucura né? A enfermeira falou que foi um delírio. Os remédios são fortes demais.

Eu fiquei muda por quase um minuto, olhando para o nada. Em choque com o relato de Edgar.

— Cassie? Você está bem? — Edgar soou preocupado.

Eu balancei a cabeça em negativa.

— Não. Não tô...

Edgar me encarou completamente perdido. O encarei de volta.

— Você não sonhou, Edgar. O Stalker veio aqui para tentar te matar. — Edgar franziu a testa — Ele conseguiu sair do quarto mais uma vez.. Ele só ainda não fugiu do hospital porque quer terminar o que começou... Como você disse.

— Cassie, ele tá preso. — falou Edgar com a testa franzida — A polícia falou...

— Eu pode sair! — o interrompi — Eu vi!

Edgar arregalou os olhos — Você... Você viu?

— Não exatamente vi ele saindo... — tentei me corrigir e explicar melhor — Mas vi o quarto vazio...

Edgar sorriu e balançou a cabeça como se tivesse entendido tudo.

— O que?

— Seu pai veio aqui, quando você tava fazendo os exames...

— O que?

— Ele contou o que aconteceu ontem à noite e que se você comentasse... — Edgar fez uma pequena pausa, mantive meu olhar sobre ele — Bem, ele pediu para não dar corda... Disse que você está muito assustada ainda e com medo.

— Eu vou matar o meu pai. — disse me levantando, mas Edgar segurou a minha mão e me puxou me impedindo.

— Ele não fez por mal. Está preocupado com você. — falou sorrindo.

— Em outras palavras, ele te disse que estou ficando maluca?

Edgar deu os ombros — Me enviou um SMS recomendando uma terapia em grupo. Disse que para todos os envolvidos um acompanhamento psicológico seria bom.

Respirei fundo.

— E o que você acha? Que eu estou tendo uma crise de pânico? Que estou ficando louca? — questionei — Porque se eu tô você também tá. Alucinamos a mesma coisa.

Edgar me encarou com a testa franzida — Crise de pânico?

— Foi o que o babaca do Enzo disse... — respondi dando os ombros. — Engraçado que essa loucura em grupo não atingiu o Enzo.

— Ok, calma. Me deixa raciocinar, Cassie. — pediu fechando os olhos — Pra você, o Stalker conseguiu arrumar uma maneira de sair e entrar do quarto/prisão mesmo com os seguranças e passeia pelo hospital a noite de boa?

— Colocando desse modo parece ridículo. Ele não passeia pelo hospital. — respirei fundo pensando — Só sei que ele tem acesso ao hospital à noite, quase de madrugada. Quando está vazio, quando o movimento é fraco. Só sei que ele faz e conseguiu chegar em você!

Edgar pareceu ainda mais descrente, mas continuou — Ok, ele veio aqui para me matar. Por que não matou?

Apontei para os aparelhos.

— Com certeza ele tentou desligar o aparelho que te ajuda a respirar, mas deve ter desligado o errado... E você começou a reagir o fazendo fugir.

Edgar estava meneando a cabeça. — Você tá doida.

— Edgar!

— Cassie, não tem como nada disso acontecer. Aqui tem câmeras de segurança, a polícia está de olho nele 24 horas. — insistiu Edgar — Sem falar que ele perdeu o pouco de sanidade que lhe restava.

Revirei os olhos.

— Qual é o nome desse programa? Todos contra a Cassie? — já estava impaciente — O Stalker está fingindo que é doido! Ele é um manipulador! Edgar eu vi nos olhos deles, é como se ele dissesse para mim que isso ainda não terminou.

— Você precisa parar de assistir essas séries. — disse Edgar — Vamos mudar de assunto?

Mordi o lábio inferior e apenas balancei a cabeça.

— Não quero te chatear, mas talvez uma consulta para você colocar tudo pra fora...

— Quando você ganha alta? — cortei sua sugestão de forma ríspida.

Edgar ficou em silêncio por alguns segundos — Menos de um mês eu espero.

— Tomara...

— Seu pai me convidou para um churrasco, quando eu saísse daqui.

Eu balancei a cabeça — Ele não fez isso...

Edgar estava novamente com um sorriso iluminando seu rosto — Ele queria saber se... O que quê eu sou seu, afinal?

— Vou matar ele... — disse entre os dentes e encarei Edgar — O que você disse?

— Que somos amigos. — sorriu de canto — Ele também disse que você gosta muito de mim.

Eu me levantei morrendo de vergonha — Eu vou matar o meu pai.

Edgar me puxou — E eu respondi que também gosto muito de você.

Olhei para sua mão segurando o meu pulso e depois para o seu rosto, depois para seus olhos. Me recompus abrindo um sorriso.

— Você disse isso? Que brega Edgar.

— Mais brega ainda é dizer brega.

Sorri voltando para o meu lugar. Edgar sorria de volta para mim.

— O que vamos fazer?

— Hã? — franzi a testa sem entender.

— Em respeito às suas suspeitas... Eu não sei porque, mas tem algo dentro de mim gritando assim: escuta essa maluca Edgar, escuta essa maluca.

Sorri.

— Você só não quer que eu fique com raiva de você...

Ele deu de ombros — Dar no mesmo. Vamos, quero ouvir um plano bem CSI!

Balancei a cabeça rindo — Vai se ferrar.

— Vamos, o que você pensou em fazer?

— Eu quero falar com ele. — Comecei — Depois de ontem, eu ter bancando a louca esquizofrênica batendo no vidro, ele sabe que eu não acreditei na farsa dele. E o melhor de tudo é que ele percebeu que ninguém levou fé em mim e então há chances dele falar comigo.

— E o que confessar tudo? — Questionou Edgar — Cassie não, eu posso acreditar que você é tão ingênua assim.

— Aí é que está o problema, para ele está confiante e poder falar algo ele precisa acreditar que está no controle da situação. Que me tem como refém. — Expliquei — Eu teria que estar dentro do quarto com ele.

— Agora você enlouqueceu de verdade.

— É óbvio que eu não vou me arriscar assim de novo... Não estou pronta para ficar perto dele de novo... — Eu abaixei a cabeça — Eu nem sei o que aconteceu na sua casa, não me lembro... Só que eu preciso de respostas e...

Edgar me interrompeu. — Não aconteceu nada, Cassie. — o encarei esperando mais — Se eu fiz algo de útil foi chegar na hora certa. Quando eu cheguei ele tinha tirado a sua blusa e estava tentando rasgar a sua saia e então eu corri e o ataquei.

Eu abri e fechei a boca, claramente surpresa — Está falando a verdade?

— É claro que eu tô. Você estava desmaiada por isso não lembra... Eu briguei com o Stalker ai ele me atacou com a faca e eu caí. Depois ele me arrastou para um canto e eu comecei a ficar tonto e perder a consciência junto com o sangue. Só que eu ainda podia ouvir. Você acordou e fez alguma coisa que fez o Stalker gritar e então veio até mim e aí o teu irmão chegou e te salvou e depois você foi lá e salvou ele. Foi uma coisa bem louca... Eu estava meio morto, meio vivo, mas ainda estava lá.

— Ai meu deus, Edgar... Você é o meu herói! — disse com um enorme sorriso — Você não sabe o quanto eu estou aliviada. Tirou um grande peso de mim.

Edgar sorriu acariciando o meu rosto.

— Eu levaria quantas facadas fosse preciso para te proteger. O que você fez pela minha irmã... Não tem preço.

Sorri tocando na sua mão — Não diga isso. Não quero que se machuque mais.

— E eu não vou deixar esse desgraçado tentar te machucar de novo.

Sorri — Ganhei um super herói particular?

— Pra você, eu sou o que você quiser.

— Posso ser exigente, viu?

Edgar riu. — Eu sei. E então o que vamos fazer?

— Meu pai precisa me escutar...

— Ele não escutou antes e não vai escutar agora. — Edgar me encarou — Tem que haver outra maneira. Se você fizer a visita, mas do lado de fora... Seu pai só precisa ouvir. Uma gravação dele falando como quer terminar o que começou, pode ser o suficiente.

— E se ele não falar nada?

— Não podemos desistir.

— Obrigada por acreditar em mim...

Edgar sorriu — Certa ou não. Não posso deixar de apoiar a minha maluca preferida.

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