Capítulo 2
Maratona enquanto o nosso homem não dá as caras. Não teremos meta, aproveite o ritual da conquista!
Capítulo dedicado a lizand
26/01/2018
Estranho seria se eu não me apaixonasse por você!
Talvez eu seja idiota ouvindo Nando Reis e pensando num cara que é muito compatível comigo mas que eu não conheço pessoalmente?
Talvez!
Mas quem nunca errou?
Conversamos muito pelo Messenger, absolutamente tudo que posto ele curte e comenta é o primeiro a visualizar meus stories e mandar um coração, contudo Curitiba é tão distante quanto outro planeta, pelo menos no momento que atravesso. Pelo menos sei que ele existe, já que partiu dele o pedido par a gente falar por chamadas de vídeo, pedido prontamente atendido, aliás o universo está conspirando, já que deu a sorte de minha colega de quarto estar viajando, o mal é que Bruna volta de férias essa semana e provavelmente vai reclamar com dona Cida por eu passar as madrugadas na Internet atrapalhando suas horas de sono, preciso criar o hábito de falar pelo celular.
Mas Deus como é difícil.
TRECHO DO DEPOIMENTO DE ANTÔNIO LOPES — DEPOIMENTO COLHIDO 26/12/2018
— Senhor Antônio, consta para nós que Lígia acreditava que o Stalker morava em Curitiba enquanto ele residia em São Paulo e estava sempre muito próximo à vítima…
— Verdade. — Interrompeu um policial gorducho e bonachão. — Eu mesmo fui em diligência falar com ela.
— Cabo Andrade, por favor, siga o raciocínio. Use a linha do tempo a nosso favor e não contra nós — o guarda alto retomou a palavra — Antônio, como conheceu Lígia? — Ele puxou uma foto 15x18 onde mostrava uma moça sorridente, no entanto de olhar triste, o interrogado começou a chorar. — Está arrependido, então conte o que seu amigo fez com a moça.
— Eu juro que não sei, mas tenho medo. Faz tempo que namoro Bruna, a melhor amiga dela, e no começo da fuga ela ligava todo dia, um dia sumiu e depois acharam a casa deles daquele jeito. Eu nunca pensei que Carlos fosse fazer isso com ela, para mim ele realmente gostava dela…
***
31/01/2018
Hoje nos vimos pela câmera, meu Deus ele é muito lindo. Que azar o meu ele morar tão longe. Pena que começou a picotar na hora e a imagem dele durou muito pouco na tela, ele exigiu que eu usasse a cam, pois com tanta conta falsa na rede, ele achava que eu era um fake.
Isso foi recíproco e agora não há mais medos.
Há um homem de carne e osso, lá distante, que para e escuta minha pessoa, pelo prazer de me ouvir, como se eu fosse uma mulher realmente interessante.
Dona Cida me chama lá embaixo, peço que ele me aguarde e vou ver o que é.
— Menina me leve ao mercado, Antônio não veio hoje e estou sem carro — o rapaz é o faz tudo do pensionato, ele trabalha até as dezessete horas e tem pouquíssimo contato comigo e com outras meninas, como consegui uma folga, hoje é quarta-feira, a semana está um sossego, levo dona Cida para onde ela deseja ir.
Vamos ao antigo Big da Celso Garcia, volto carregada de compras, ajudo dona Cida a estocar todos os alimentos e só volto para o que quero fazer quando ela me dispensa.
Subo as escadas do sobrado, o corrimão é entalhado em madeira e os degraus são de linóleo preto, extremamente bonito e escorregadio, o que me impede de subir correndo para falar com Carlos, assim que me sento na frente do note vejo que ele escreveu “Sweet Child o Mine” na minha janela, é brega?
É brega, mas tudo que desejo é um amor brega!
Como é possível se sentir tão próxima de uma pessoa sem nunca ter havido um contato físico?
Como eu posso sentir que ele está ali, se nunca sequer esteve em São Paulo?
A mente humana é algo fantástico.
Só percebo que dona Cida está atrás de mim quando ela toca meu ombro, fecho o notebook com tudo.
— Está apaixonada, Lígia? Nada de homens aqui, viu?
— É só um amigo que mora longe. — Tento mostrar desinteresse.
— Menina, conheço esse sorriso besta e essa distração de longe, nem me viu trazer a roupa que a lavanderia mandou.
Não pode ser. Sou uma mulher adulta, duas semanas de chat com um desconhecido mexeriam comigo. Não!?! Pego as roupas e guardo na cômoda, olho o notebook que está fechado, o olhar de Dona Cida me acompanha, minhas mãos coçam, não quero abrir, não sou dependente, aquilo sequer mexe comigo!
Desço com ela e vou até a cozinha, bebo água, converso com dona Cida, as horas escoam. Quando subo já anoiteceu, me jogo na cama e observo o talhado de ramos e rosas feito no teto, dão feminilidade, não só nesse, mas aos outros quartos também. As paredes são de um tom rosa bebê, do outro lado esta a cama de Bruna, ela está passando o mês de janeiro com a avó em Cuiabá.
Os quartos são todos dispostos com duas camas, duas cômodas, quatro moveis de cabeceira e a mesma roupa de cama, o que me lembra muito o orfanato que fui entregue.
Abro o notebook. Entro na chamada de vídeo ele está off, abro o Messenger, muitas mensagens, todo mundo quer um ingresso para o Caritas, ignoro, então finalmente recebo uma mensagem de Carlos.
“Lígia, por mim te esperava essa noite toda, mas tive que resolver uma parada profissional, não se sinta só, estou pensando em você neste momento.”
Suspiro e solto um sorriso ao ler. Pode ser que eu esteja encantada demais, e agora?
***
PROVA 23 CD¹834 — CONTEÚDO: MAIS DE 100 FALSAS CAM, ALGUMAS MULHERES, OUTRAS HOMENS, 14 IMAGENS FORAM USADAS CONTRA LÍGIA VÍTIMA DO INQUÉRITO. (PROVA COLHIDA NA RESIDENCIA DO STALKER DURANTE PERICIA EM 16/12/2018)
Roberto colocou o CD no notebook sobre a mesa, o rapaz da primeira foto falava através de uma câmera de baixa qualidade, o som com delay, uma montagem que passaria facilmente por uma pessoa falando simultaneamente do outro lado.
“— Oi Lígia, está me ouvindo? Minha câmera está ruim, assim como meu microfone. Desculpa, mas prometo que o mais rápido possível compro uma, estou enfrentando uns problemas com esse computador. E você está bem? — Pausa prolongada — Eu também estou bem!”
A mensagem “sem sinal” estampou a tela. O detetive olhou a foto real do suspeito e a foto do tal Carlos. Não havia nada em comum entre eles.
Como Lígia aceitou aquela situação? Seria capaz se apaixonar por uma pessoa que a gente nunca viu só conversando com ela com regularidade?
Eram tantas perguntas sem resposta.
Roberto suspirou e voltou ao diário.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro