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Capítulo 9 - Canções ilusórias

Descobrir sobre a safira me trouxe nada mais do que um desconforto crescente em meu interior. Eu simplesmente não consegui responder à rainha com palavras que não fossem sim ou não, além de meros acenos de cabeça durante o restante da nossa conversa.

Meu futuro havia me arruinado. Não que eu não gostaria de pertencer a alguma família nobre, mas sim porque, de agora em diante, eu teria de permanecer no palácio de Ardaigh como uma filha de amigos da rainha até que ela encontrasse minha verdadeira origem.

Como já devem ter imaginado, isso significaria não voltar ao Litoral dos Piratas, provavelmente, nunca mais. E somente pensar nessa hipótese, fazia meu coração se apertar.

Ao menos uma coisa era boa. A rainha permitiu que Heilee permanecesse no palácio como a minha dama de companhia em troca do tal treinamento real que eles fariam conosco.

Pelo que foi dito pela dama Adeline, eram aulas básicas de comportamento, etiqueta e oficinas voltadas para a construção de habilidades femininas. Uma verdadeira doutrinação, eu diria.

Já pela noite, as damas da rainha nos conduziram ao nosso quarto — que felizmente eram no mesmo corredor, mas em direções diferentes.

Algumas criadas vieram me ajudar a trocar o vestido e retirar aquele maldito esganador de pulmões que se chamava espartilho. Não permiti que elas ficassem por muito tempo. Nunca ninguém me serviu e não era agora que eu deixaria isso acontecer.

Da janela, fiquei observando o jardim do palácio banhado pela luz noturna enquanto um vento calmo balançava a camisola que eu vestia.

A dúvida mais cruel em meu coração era sobre meus pais verdadeiros. Será que não me quiseram e me abandonaram? Será que me aceitariam de volta? Eu tinha irmãos ou irmãs?

Tudo era um mistério do meu futuro inconstante mais travesso que os duendes das lendas Celtas.


✦✦


Não me lembrava como havia caído no sono na noite anterior, mas me lembrava claramente de como ter acordado naquela manhã.

Bem às seis, Heilee e mais duas criadas instruídas por Adeline foram ao meu quarto. Segundo elas, eu deveria me arrumar para o desjejum com a Família Real e, logo depois, minhas atividades de Lady se iniciariam.

Detestável.

As duas mocinhas mais jovens que eu — Mabel e Fiore — me ajudaram a colocar a vestimenta maldita e o vestido do dia. Era de um azul bem claro com mangas e saia longa. O decote era o suficiente para que o colar simples de pequenas pedras azuis aparecesse em meu pescoço.

Nada de muitas rendas ou desenhos. O destaque eram as fitas que se cruzavam na frente, do peito até a barriga, como se houvesse outra espécie de espartilho ali. Agradeci mentalmente por ser decorativo.

Em meu cabelo, uma outra trança embutida foi feita e nenhum enfeite colocado. Fiquei mais aliviada por ter minha cabeça livre de adornos pesados como os da rainha pareciam ser.

— Está linda como sempre, senhorita Saphira. — Fiore comentou e eu apenas sorri. Desde ontem ela havia dito que adorava arrumar meus cabelos.

Enquanto nos direcionávamos para descer a escada cascata, as criadas tomaram o cuidado de me explicar sobre a postura na mesa e eu me certifiquei de tentar entender todas elas. Quanta chatice ainda viria?

Descemos para o térreo do palácio, passando pelo salão de entrada principal e pegando um corredor à esquerda que nos levava até o salão de refeições.

Assim que cheguei à porta do local, senti-me constrangida por tantos olhos curiosos e surpresos em minha direção. A rainha levantou para me saldar, mas a primeira pessoa com quem cruzei olhares foi o príncipe Isaac.

— Que bom vê-la aqui, minha querida! — pegou em minhas mãos após eu lhe fazer um cumprimento em acordo às regras de conduta. — Venha, seu lugar está reservado ao meu lado.

Assenti silenciosa. De repente um nervosismo e ansiedade haviam brotado em mim.

— Vossa Majestade, Altezas Reais e Ladies Sullivan, meus cumprimentos. — Virei-me para cada um deles, fazendo uma mensura formal que aprendi minutos antes de estar ali.

Todos apenas me observaram. A rainha me indicou uma cadeira ao seu lado e dadas às ordens, os criados começaram a servir as refeições.

Era impressionante tamanha fartura que os Harrington tinham todos os dias naquele palácio. Graças ao bando de Hawkins, os moradores do Litoral podem comer peixe uma vez no mês, o que é um luxo total.

Enquanto isso, nessa mesa continha pães, frutas, bolos, petiscos, bebidas importadas e muito mais do que eu poderia constatar. Mesmo a toalha que forrava era do tecido mais magnífico e bem trabalhado que eu já vi.

Como eles poderiam ficar tranquilos sabendo que seu povo não tinha nem mesmo casa para morar? E quando digo povo, refiro-me aos que trabalham na periferia do reino, alimentando tudo o que tem dentro desse palácio.

— Perdoe-me, Majestade, mas e essa jovem? Lembro-me de tê-la visto como uma criada nesse palácio há alguns dias atrás. — a mais velha das Sullivan quebrou o silêncio da mesa e os olhares tornaram a cair em mim mais uma vez.

A voz dela não era nada agradável e, pelo olhar que sua filha me lançava, claramente eu não era bem-vinda àquela mesa se dependesse delas.

— Oh, grã-duquesa Elga, peço que não se incomode com tamanho mal-entendido. — a rainha Marie se virou para ela com um sorriso, na maior classe que tinha, para inventar uma mentira. — Lady Saphira fora enviada por uma grande amiga minha da França para melhorar suas habilidades em Ardaigh. No entanto, os guardas a confundiram na entrada e só pude tomar conhecimento quando a situação se encontrava em outras proporções.

Mas quanta mentira...

Pela cara que a grã-duquesa fez, não tinha engolido a explicação da rainha, mas é claro que ela não ousaria duvidar da dona da casa.

— Compreendo completamente. — disse com um sorriso e se virou para mim. — Seja bem-vinda, minha querida. Tenho certeza que sua experiência em Ardaigh será a melhor possível.

Eu não era de destratar ninguém, então apenas agradeci com um sorriso, mas que aquela mulher e sua filha não me causavam boas impressões, disso eu não tinha dúvidas.

O restante do desjejum teria se passado mais rápido, caso o silêncio esmagador da mesa combinado aos olhares curiosos e discretos do príncipe não me fizessem ficar ainda mais tensa.

Por fim, tudo acabou e todos se dispersaram do salão para seus afazeres. É claro que eu não ficaria de fora e minha dama de companhia — vulgo Heilee — me acompanhou até o segundo andar para a minha primeira aula e logo me deixou ali para ter a sua em outro local.

Enquanto aguardava a tal tutora, dediquei-me a reparar a sala em que eu estava. As paredes eram brancas e tudo era adornado em azul ou dourado, assim como a maioria das coisas no palácio.

A estante no lado oposto às grandes janelas estava completamente abarrotada de livros. Eu teria de ler tudo aquilo?

Em desânimo, puxei uma das cadeiras da pequena mesinha de centro e fiquei observando as flores que haviam em um jarro ali. Porém, um barulho de saltos me assustou e eu levantei quase que instantaneamente.

— Isto é modo de esperar pela sua tutora, menina? Espero que tenha ao menos a decência de saber o que fará aqui hoje! — a mulher alta de cabelos castanhos forjados em um coque chegou entrou pela porta, batendo palmas escandalosamente.

Assim como a dama Adeline, a mulher trajava um vestido lilás rendado e um casaquinho com o brasão da Dinastia. Em suas mãos, carregava um bastão médio dourado com tiras de tecido na ponta.

— D-desculpe, eu estava apenas esperando a senhora. — aproximei-me dela depressa e lhe cumprimentei formalmente com uma breve reverência.

— Lição número um. Uma lady não deve ter tal postura medíocre! — e bateu em minha mão com o bastão. Que megera! — Lição número dois. Uma lady deve falar polidamente e com segurança!

E já no primeiro dia, fui repreendida duas vezes, com palavras e um bastão. No entanto, aquela chateação não acabaria por ali. A tutora Liséli — como fez questão de se apresentar, frisando sua posição —, fez-me passar por horas intermináveis de tortura.

Para consertar a postura, tive de andar e cumprimentar me equilibrando com livros em cima de minha cabeça. Talvez eu estivesse ficando com torcicolo e as mãos dormentes de tanta "correção".

Sem contar que toda palavra dita de forma errônea ou impolida, acarretava em mais uma correção me era aplicada.

Por fim, a última tarefa daquele dia era organizar uma mesa de jantar conforme as regras de etiqueta. Bom, se você acha que ela me disse como deveria fazer, é melhor esquecer.

Após deixar a sala, a tutora Liséli deixou uma pilha de livros sobre etiqueta, dizendo que eu deveria procurar ali como fazer e que, enquanto eu não terminasse, não poderia sair dali.

Algum tempo depois que ela saiu, joguei-me na cadeira como sento no Rumz — bem confortável e de pernas abertas.

Suspirei ao olhar a pilha de livros na minha frente. A rainha certamente estava redondamente enganada sobre eu ser uma lady. Com os meus talentos, duvido que não envergonharia a Família Real em algum momento.

Quando resolvi me concentrar em acabar logo com aquela chatice, fui pega por uma melodia pura e dramática de algum instrumento de sopro que adentrava o cômodo pela janela.

Era um som tão simples, mas tão forte e instigante que não pude me conter em verificá-lo pessoalmente.

Larguei os livros ali mesmo e abri a porta, checando o corredor. Com a passagem livre, fui seguindo a melodia por aquele mesmo andar até encontrar a porta de onde ela soava mais forte.

Uma ansiedade me corrompeu na hora em que toquei a maçaneta. Será que o príncipe Isaac tocava algum instrumento?

A ideia me fez sorrir involuntariamente e abrir a porta naquele instante, dando de cara com uma figura bem inusitada, para não dizer conhecida.

Ao me ver, o jovem rapaz interrompeu a música e me olhou em espanto. Sua cara seria cômica caso a minha não estivesse exatamente como a dele.

— Ian? O que faz aqui?! — minhas palavras saíram mais como um grito, assustando o garoto.

— Fale baixo ou os guardas virão aqui. — advertiu-me ao fechar a porta em desespero.

— Mas como você pode estar aqui? Por que sumiu do litoral? Eles lhe prenderam também? — joguei uma enxurrada de perguntas, fazendo-o pedir silêncio novamente.

— Não se desespere, tudo bem? — disse, suspirando. — Não sou o Ian, sou Liam Harrington, o terceiro príncipe de Spéir.

Minha boca se escancarou em surpresa e antes que eu pudesse gritar mais uma vez, o jovem príncipe cobriu minha boca com as mãos.

— Por obséquio, quer parar de gritar? — encarou-me um pouco irritado, mas ele era tão fofinho que eu não conseguia levá-lo a sério.

Depois de me soltar, murmurei um pedido de desculpas e observei a sala em que eu estava. Havia inúmeros instrumentos ali, como violinos, violoncelos, flautas e um grande piano negro.

Tornei a observar o jovem príncipe e constatei que com exceção dos cabelos castanhos e seus olhos expressivos, ele não era tão parecido quanto o garoto que se apresentou no Rumz.

Sua vestimenta era como a de seus irmãos, salvo pela cor acinzentada e os adornos e medalhas quase escassos nelas.

Diferente de Ian, sua postura era rígida e suas feições pareciam tristes. Naquele dia, ele não parecia ser tão alto também.

— O que tem a me dizer, Saphira? — disse calmo, enquanto limpava sua flauta albina com um pano.

— Bem, nada. Eu apenas escutei uma melodia e a segui.

Ele me analisou brevemente e notei outra diferença entre Liam e Ian: um era compenetrado e o outro, extrovertido.

— Por que está vestida desta maneira?

— É uma longa história. — dei-lhe um sorriso amarelo e lhe contei brevemente como fui parar ali.

— É uma pena que isso tenha acontecido. Agora não poderá ser livre como era. Sabe disso, certo? — olhou-me com certa pena em seu olhar, mas sentia que aquelas palavras não eram só sobre mim.

Mordi os lábios e assenti. O jovem príncipe voltou a limpar seu instrumento, enquanto um silêncio mortal se instalou entre nós.

Aproveitei a brecha e me aproximei do piano. Toquei levemente as teclas, deslizando meus dedos por elas e quando percebi, já estava sentada de frente para o instrumento, fazendo alguns conjuntos de notas.

— Sabe tocar? — o príncipe me assustou ao se aproximar do piano, apoiando um dos braços nele com curiosidade.

— Um pouco. — murmurei, tímida.

Nunca havia tocado piano na presença de ninguém, nem mesmo de Heilee. Hawkins havia me ensinado a única canção que sabia depois de me adotar como sua filha e, desde então, nunca tive coragem de tocar, caso não estivesse sozinha.

— Então toque. Quero lhe ouvir. — pela primeira vez, o jovem príncipe deu um meio sorriso sincero e aquilo serviu como um incentivo para ir em frente.

Respirei fundo e relaxei meus ombros. Há muito tempo sequer chegava perto de um piano, mas eu não tinha tempo para voltar atrás.

Calmamente, comecei a tocar as notas suaves da primeira música que aprendi com Hawkins. Não era irlandesa, mas contava uma bela história sobre a busca e espera de um amor.

Assim que fiz a introdução, minha voz saiu involuntariamente e quando me dei conta, o jovem príncipe começara a cantar junto, me surpreendendo por conhecer a canção.

"Are you going to scarborough fair?

Parsely, sage, rosemary and thyme

Remember me to one who lives there

She once was a true love of mine."

Sem percebermos, entramos em transe pela melodia. Meus dedos se moviam tão rápido que seria inacreditável se eu dissesse que não tocava há muito tempo.

Todo cômodo era preenchido pelas notas do piano e nossas vozes, mas antes que eu pudesse iniciar um solo, o príncipe o fez com sua maravilhosa flauta.

Leve. Suave. Divina. Uma verdadeira obra-prima feita com exímias habilidades, mas acima de tudo, com o coração. E não era difícil identificar esse sentimento na forma como ele tocava.

"If you say that you can't, then I shall to reply.

Parsley, sage, rosemary and thyme

Oh, let me know that at least you will try

Or you'll never be a true love of mine."

Quando a última nota foi tocada por mim e nossas vozes se encerraram juntas, pude vivenciar novamente a maravilhosa sensação pós-transe de se mergulhar em uma canção.

Pelo sorriso contido do jovem príncipe, tive a certeza de que ele passava pelo mesmo que eu.

— Não sabia que os pomposos reais cantavam cantigas consideradas pagãs. — brinquei, arrancando-lhe uma risada espontânea, como as da noite no Rumz.

— Não é porque os ingleses a proibiram que não vou cantá-la. — disse, bem-humorado.

— Mas parece que não é desta forma que os cristãos pensam. Onde a aprendeu? Certamente não foi aqui no palácio.

— Essa canção é muito conhecida no Litoral e nos portos, já a escutei diversas vezes. — encarou o piano, fazendo algumas notas aleatórias. — Porém, a primeira vez que a ouvi, foi pela minha mãe. Ela havia dito que minha tia tinha lhe ensinado.

— Sua tia? A falecida princesa Klemaant? — surpreendi-me. Os franceses eram tão conservadores com sua religião que era de se assustar.

— Sim, por esse motivo, elas cantavam escondido.

Ele riu novamente e não pude deixá-lo sozinho, rindo junto também. Mocinhas e suas sabedorias.

No entanto, assustamos ao ver o rompante da porta e a voz irritante de alguns minutos atrás, quando eu estava na minha sessão de tortura, que pelo visto, teria sua duração duplicada.

— Exatamente como eu havia lhe dito, Vossa Majestade. — a tutora Liséli apareceu na porta, seguida pela rainha. As feições de ambas me diziam que eu estava com muitos problemas. — Fugiu de suas aulas para cortejar o terceiro príncipe indiscretamente! Veja como estão próximos.

— Majestade, não é nada disso que ela disse. — levantei-me, aproximando-me da rainha. Como aquela maldita tutora me acusava descaradamente daquela forma?

— Saphira, apenas me acompanhe. — fitou-me com seriedade e, em seguida, olhou para o filho. — Liam, regresse aos seus aposentos e não saia até que eu chegue.

Em silêncio, acatei a ordem e a segui pelos corredores. Quando me dei conta, estávamos chegando à entrada do salão do trono.

Deuses... e lá vamos nós outra vez.

Como de costume, o rei estava sentado em seu trono e bem ao seu lado, como uma serpente traiçoeira, estava Zen Harrington.

Paramos de frente para o altar e olhei para o lado, buscando pela rainha. Porém, ao contrário do que eu imaginava, ela apenas pediu que eu ficasse ali e não resistisse contra o rei. Segundos depois, estava ao lado do marido, em seu trono.

— Salva por uma magnânima safira... quem havia de dizer. — Van John zombou de mim, mas não parecia nem um pouco feliz. — Zen.

— Sim, Vossa Majestade. — curvou-se suavemente com a mão no peito na direção do pai.

— Tem certeza de que a sua vontade é tomar essa garota em matrimônio? — fuzilou-me com o olhar.

E de repente, não senti mais os meus pés. Tudo pareceu querer girar e minha garganta pareceu se apertar em um nó. Tudo que eu mais queria era ter a certeza de que escutei erroneamente.

— Absolutamente, Vossa Majestade. — afirmou categoricamente, lançando-me um olhar incisivo.

O que esse homem sem escrúpulos estava armando para mim agora? 


*Música: Scarborough Fair (há várias versões de vários artistas diferentes, inclusive da cantora norueguesa Aurora, mas a que me baseei aqui foi a original de Simon & Garfunkel) 

*As traduções dos trechos estão nos comentários de cada um deles.

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