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Capítulo 2 - Diversão para os ouvidos

As noites em Spéir eram sempre clareadas pela forte presença da luz da lua, assim como eram preenchidas pela calmaria das águas que chegavam ao litoral. Porém, por um motivo desconhecido, o mar estava agitado e a noite não tão agradável, exatamente como eu...

Na pequena prainha cercada por inúmeras rochas que davam um caráter privado e tranquilo ao ambiente, eu observava o horizonte marítimo sob a luz lunar com os pés cobertos pela água fria que as pequenas ondas traziam ao desabarem na areia.

Um vento leve soprava pelos ares, atingindo meu rosto e cabelos, como se estivessem tentando amparar a angústia que dançava em meu coração.

Quem sou eu? Por que estou aqui?

Coloquei as mãos no bolso interno do meu vestido e senti um alívio repentino ao tocar aquela pedra, a única coisa que sobrou de mim quando fui achada por Hawkins e seus piratas.

O que sobrou? Mas o que de fato eu tinha?

Olhei para o meu reflexo na superfície da pedra azulada. Ali estava eu, Saphira.

Sorri brevemente, trazendo o objeto em minhas mãos para o meu peito. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto, caindo logo depois nas águas que vinham de algum local muito distante e, em um instante, partiam para um novo lugar.

— Saphira...?

Uma voz familiar me acordou de todo aquele turbilhão de emoções, trazendo-me de volta para terra firme. E eu realmente agradeci por aquilo.

— Athos!

Guardei a safira no bolso interno do vestido e corri na direção da porta dos fundos do meu casebre, onde ele estava. Dei-lhe um forte abraço, descontando toda a saudade acumulada dentro de mim.

— Pensei que nunca mais fosse voltar! — distanciei nossos corpos, analisando seu rosto discretamente sorridente. — O que foi? Por que não me contou quando chegou?

Athos Redmond era um dos fiéis piratas de Hawkins, mas mesmo quando seu capitão se aposentou, continuou trabalhando com a exportação de produtos e, nas horas livres, ajudava na manutenção e limpeza do Rumz.

Não o via há cinco anos, quando ele viajou para as terras francesas a pedido de seu capitão, e nesse tempo, pude constatar o quanto ele havia crescido. Seus cabelos loiros estavam maiores e menos rebeldes agora. Em seus olhos castanhos, havia um brilho aventureiro, onde aquela alma de garoto dava espaço às vontades e sonhos de um grande homem. Mas apenas uma coisa não havia mudado: Athos ainda era o meu melhor amigo.

— Eu queria que fosse uma surpresa. — sua risada alegre e reconfortante ecoou no espaço, arrancando-me um sorriso nostálgico. — Era para nos encontrarmos no Rumz, mas você estava demorando, então Heilee sugeriu que eu viesse lhe buscar.

— Desculpe, — suspirei assim que lembrei que havíamos combinado de beber naquela noite. — acabei me distraindo... — olhei para a fogueira montada na areia, onde a água do meu banho fervia a todo vapor em um balde. — Se importa de esperar?

— É... não! Quer dizer... claro que não... — diverti-me ao ver os olhos arregalados e o rubor se instalando nas bochechas de Athos. Por um momento, passou-me a ideia de saber o que se passava na mente dele. — Hã... te espero na sala. Não se preocupe em ter pressa.

Caí no riso com as reações dele, vendo sua expressão relaxar em seguida. Apaguei a fogueira e peguei o balde, levando-o para uma área fechada por tábuas de madeira, na lateral do casebre, onde lavava as minhas roupas e realizava minha higiene.

Um banho era tudo o que eu precisava naquele momento para limpar e acalmar a minha mente, levando embora todo aquele incômodo instalado em meu coração.

Estava cansada de ficar de braços cruzados. De alguma forma, eu descobriria alguma coisa sobre mim e algo me dizia que teria de ser hoje.


✦✦


— É, parece que não aguentaram nos esperar. — Athos comentou com humor após adentrarmos o bar.

Havia uma multidão transitando pelo Rumz naquela noite. Uns estavam sentados às mesas feitas com grandes tampas de barris, enquanto bebiam alegremente; outros mais distantes, encostados no balcão com seus canecos; outros aproximavam-se curiosos do palco ao fundo, observando e escutando os participantes.

Mesmo em lugares diferentes, com bebidas diferentes e conversas diferentes, podia-se ver que todos estavam atentos ao maior e melhor evento que o Rumz possuía.

O Rodada Musical era uma espécie de espetáculo de talentos que ocorria a cada mês no bar. Qualquer um que vivesse no Litoral dos Piratas ou às margens dele poderia participar, mostrando suas habilidades com vocais ou um instrumento à sua escolha.

O prêmio era nada mais que um bom combo grátis com todas as bebidas que o Rumz possuía. E é claro que Heilee estaria lá pelas suas duas grandes paixões: música e álcool.

Antes que a música vinda do palco pudesse adentrar nossos ouvidos e nos deixar em transe em meio à entrada, Athos me puxou pela mão, nos levando a uma mesa vazia bem próxima do espetáculo.

Assim que um senhor de idade — que por suas vestimentas, provavelmente era um mercador — encerrou a sua encantadora apresentação com seu banjo, todos aplaudiram e levantaram suas canecas pedindo por mais. O senhor agradeceu e logo Hawkins tomou conta do palco, anunciando o próximo competidor.

Naquela noite, vários participantes brilharam e realizaram seus humildes sonhos de mostrarem suas habilidades musicais sem que ninguém os julgassem. Havia piratas, mercadores, diversos músicos e dançarinos. Uma verdadeira mistura de alegrias que nunca se veria em lugares pomposos.

Passadas algumas apresentações com tambores, gaita e acordeão, Hawkins finalmente anunciara a violinista mais comentada do Litoral dos Piratas.

— Heilee Donovan!

Com toda sua glória e talento, Heilee se apoderou do palco. Seus curtos cabelos loiros faziam um belo contraste com a longa saia xadrez e a blusa clara de mangas e babados presa por um espartilho que deixava amostra seus ombros e o colo, exatamente como uma Princesa Pirata.

Com seu belo violino em mãos, ela trazia uma música suave e tranquila, que no fundo, agitava a alma de todos que estavam ouvindo.

Todas as melodias feitas por Heilee traziam uma esperança e uma nostalgia indescritível à nossa alma. Ela realmente toca com o coração e eu nunca vi alguém tocar nada igual. Era como se as notas que saíssem do seu instrumento fossem veludo penetrando em nossos ouvidos, aquecendo silenciosamente nossos corações fervorosos.

Ao final da apresentação, todos aplaudiram ardorosamente e pude ver Hawkins emocionado em uma das laterais do palco. E claro, eu não poderia estar mais orgulhosa da fantástica musicista e incrível mulher que Heilee era.

Assim que todos se acalmaram e tomaram suas posições anteriores, o próximo participante foi anunciado.

— E o palco agora é seu, jovem Ian! — a voz empolgada de Hawkins soou no ambiente.

O silêncio se fez presente e, lentamente, um rapaz de cabelos castanhos se apresentou à multidão do Rumz. Seu rosto estava sério, mas seus olhos deixavam escapar uma pontada de insegurança — ou talvez timidez — diante daquele mar de gente.

Parecendo manter a calma, o rapaz desenrolou seu instrumento de um pano, surpreendendo a todos. Era uma flauta doce tão branca quanto a neve que visitava as terras ao norte de Spéir.

Certamente, pela complexidade de detalhes e acabamentos, aquele objeto poderia nem mesmo pertencer aos limites do reino. E o mais estranho era que, provavelmente, era a primeira vez que o via no Rumz.

Sua calça e botas eram tão simples e visivelmente tão surradas quanto sua blusa branca de mangas longas e o colete que completavam a vestimenta. Ao mesmo tempo que parecia um forasteiro, ele se assemelhava a um morador nato de Spéir.

Ao dar o primeiro sopro em sua flauta albina, eu, Athos e todos os presentes ali fomos pegos pelo som mais puro e divertido que já havia sido tocado no Rumz. Realmente era impressionante a habilidade e leveza com que aquele rapaz tocava. Sua melodia invadiu todos os nossos sentidos, corpo e alma nos levando para uma sensação de animação profunda.

Eu não faço ideia do que ele tenha feito, mas seu som atraiu a todos os outros músicos, instigando-os a subirem ao palco e começarem a tocar uma música de embalo e totalmente improvisada, acompanhando as notas emitidas por aquela flauta perfeita.

Quando me dei conta, o bar inteiro estava dançando e batendo suas canecas nas mesas. Não conseguindo resistir a todas aquelas sensações misturadas pelos ares do Rumz, puxei um Athos completamente imerso na melodia para uma dança sapateada, assim como alguns casais e grupos de amigos faziam.

Ora ou outra, eu observava todos os músicos no palco e eles pareciam bastante felizes e agitados com a própria música. Heilee pulava e tocava seu violino sem restrições junto ao rapaz da flauta albina, tornando a música uma indecência de diversão para os ouvidos de todos.

Os clientes batiam palmas e davam longas risadas aproveitando aquele leve momento de farra. Se tinha uma coisa melhor do que joias importadas e panos caros, com certeza, era passar as noites no Rumz. A realeza jamais saberá como é bom estar cercado por música alta e bebida barata!

Após toda aquela diversão insana, o bar manteve seu ritmo comumente, conforme os dançarinos e dançarinas rodopiavam pelo palco e enquanto a bebida manteve-se rodeando todas mesas.

Ao nos acalmarmos, eu e Athos fomos à lateral do palco, onde Heilee conversava animadamente com o rapaz da flauta e mais alguns músicos.

— Quanto talento você tem! Eu nunca vi alguém tocar uma flauta dessa forma! — ouvíamos Heilee conversar entusiasmada à medida que nos aproximávamos.

— Estou imensamente agradecido. — Disse, desviando os olhos para o lado, um pouco sem graça. — Senti-me em outro mundo ao tocar junto a tantos músicos talentosos, srta. Donovan.

Assim que Heilee viu a mim e Athos, tratou de arrastar o pobre flautista pela mão até nós.

— Saphira. Athos. Esse é o Ian. — nos apresentou, apontando para nós dois.

— Como está, Ian? — aproximei-me para lhe dar um aperto de mãos, mas o rapaz imediatamente fez uma breve reverência junto a um "é um prazer conhecê-la, senhorita". E pelos mares, ele parecia bem mais alto de perto!

— Olá, garoto. — Athos estendeu sua mão para um cumprimento bem recebido.

— Então, Ian, aceita se juntar a nós para uma boa e velha rodada de rum? — Heilee apoiou um de seus braços no ombro do rapaz, sorrindo.

— Infelizmente terei de recusar, srta. Donovan. Está ficando tarde, devo regressar... — Ian desvencilhou-se do braço de Heilee, fazendo uma reverência em seguida. — Estou muito feliz e honrado de poder tocar com você. Agradeço a todos os senhores e senhoritas aqui presentes.

— Ah, lamento. — O sorriso de Heilee transformou-se em uma leve decepção. — Mas não deixe de voltar ao Rumz. Sempre venha nos visitar.

— Concordo com Heilee. — Athos se manifestou, sorrindo amigavelmente para o rapaz, deixando-o mais confortável conosco. — O Rumz sempre será um palco para os grandes sonhos e você tem potencial, garoto. Volte sempre.

Ian assentiu e, após uma outra reverência, ele deixou o bar e toda a energia que o habitava.

— Bom, a farra ainda continua, mo ghrá.* — Heilee encaixou seus braços no meu pescoço e no de Athos, observando-nos com um sorriso malicioso. — O rum nos espera!

Athos e eu apenas rimos. Sabíamos que sem álcool ela já era intensa, e com ele, somente os mares poderiam nos dizer o que aconteceria.

O restante da noite foi se passando com aquele clima sempre amigável e festeiro que só o Rumz possuía. Enquanto eu e Athos bebíamos moderadamente na medida que nossos corpos aguentavam, Heilee bebia desenfreadamente, provavelmente sendo uma das responsáveis pelo o futuro esgotamento do estoque do Rumz.

Zaphila... por que o bar tá vazio? Maisi rum aqui, eu não acabei aqui... — Heilee falava bêbada e debruçada em cima da mesa, apertando fortemente o seu caneco completamente cheio de rum.

— Acho melhor chamarmos Hawkins para levá-la daqui. — Athos sugeriu, observando-a preocupado. — Todos já se foram e preciso fechar o bar.

— Hã, no momento é impossível... Hawkins deve estar ocupado. — dei um sorriso amarelo para ele, que ruborizou um pouco ao compreender minhas palavras.

Por fim, Athos levou Heilee em suas costas até a casa dos Donovan, ao lado do Rumz. Demos a volta atrás da casa e entramos pela janela do quarto de Heilee para evitar quaisquer constrangimentos. Assim que a deitamos na cama, voltamos para o Rumz, fechando-o adequadamente.

— E mais uma noite histórica foi vivida nesse bar... — Athos comentou, guardando a chave em seu bolso e eu assenti. — Está bem tarde, quer que eu lhe acompanhe até em casa?

— Não será preciso. — menti ao lembrar da safira guardada no bolso interno do meu vestido.

— Tem certeza? — ele me olhou desconfiado. Athos era tão cavalheiro que eu me perguntava às vezes como poderia ser um pirata. — Mesmo que o caminho não seja longo, o Litoral está cheio de boêmios e mercadores ilegais a essa hora.

— Não precisa se preocupar. — dei-lhe o meu sorriso mais convincente. — Eu ficarei bem. Tenho duas adagas em minhas botas.

— Oh, certo... — fitou-me, incomodado. — Mas cuide-se.

De alguma forma, deu certo e eu o convenci. Athos se aproximou de mim, passando as mãos em minha cabeça e bagunçando meus cabelos, como ele sempre fazia. Logo depois, deixou um beijo terno em minha testa e seguiu seu caminho, acenando de longe para mim.

Acenei de volta e assim que ele sumiu pelas ruas, puxei o ar para os meus pulmões e retirei a safira do bolso. Agora era a hora de colocar o meu plano em prática.

Caminhei por algumas ruas e vielas do Litoral dos Piratas, até chegar na Alameda dos Espumantes, local próximo às divisas das Cidades Reais, no qual o mercado negro de Spéir se escondia em meio a bares sujos e bordéis.

Mais do que nunca, eu precisava descobrir alguma coisa sobre mim e o meu passado. E teria de ser naquele momento.

Por fim, depois de tanto perambular em meio às multidões bêbadas e devassas, pude encontrar o lugar que tanto queria. Abri um sorriso ao ler o letreiro discreto da placa com os dizeres "Cartomante e Quiromante".


*Mo ghrá [do irlandês]: Meu amor

A título de curiosidade, estou deixando aqui o link da música tocada pela nossa majestosa Heilee! (Infelizmente eu não consegui colocá-la junto a outra música tocada por Ian e os demais músicos 😢) Espero que gostem! 

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