Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 1 - Entre as tendas do litoral

De repente, levantei ofegante e com os cabelos grudados em minha testa. Olhei a minha volta e concluí que estava em meu quarto e tudo não passava de um sonho — ou pesadelo — bastante real e frequente em minha mente.

Afastei aquele sonho dos meus pensamentos e deixei minha cama sentindo uma leve dor de cabeça. Caminhei até a janela emadeirada, abrindo-a para contemplar a visão mais bela que já havia visto desde que me entendo por gente: o mar.

Apoiei-me no parapeito e respirei, deixando a brisa marítima atingir meu rosto e penetrar a minha alma lentamente por longos minutos, até me lembrar que tinha um compromisso extremamente importante.

Apressei-me em trocar meu pijama velho por um singelo vestido azul. Calcei minhas costumeiras botas e prendi meus longos cabelos em um rabo simples.

— Tudo certo. Falta apenas uma coisa. — olhei para o fino travesseiro em minha cama desarrumada e o levantei, revelando uma pedra sutilmente irregular.

Era uma safira. E também possuía o meu nome, Saphira.

Desde que fui encontrada pelos piratas na praia do reino de Spéir, na Irlanda, eu carrego essa pedra comigo, desconhecendo completamente o motivo de tê-la em posse. Entretanto, olhá-la é como enxergar a mim mesma, uma prova de que sou alguém.

Dei um sorriso ao ver meu reflexo na superfície e guardei a pedra no bolso interno de meu vestido, partindo para as ruas do Litoral dos Piratas, uma das partes do reino de Spéir, comandado pela poderosa Dinastia Harrington há anos.

O dia estava bastante ensolarado, destacando toda a glória do mar, do Litoral dos Piratas, das Cidades Reais — que ficam em um nível mais elevado que o litoral — e ainda mais do Palácio de Ardaigh, na parte mais alta de todo o reino.

Caminhando lentamente e observando o movimento local, somente me dei conta de que cheguei ao meu destino quando vi a grande placa de madeira com os dizeres "RUMZ" em tinta preta e dourada.

Sem perder mais tempo, adentrei o bar mais famoso e frequentado entre os piratas, plebeus e alguns pequenos comerciantes de Spéir.

E o Rumz continuava como sempre. Grandioso e acolhedor.

Seu interior era rústico, com lamparinas em seus robustos pilares e verniz em sua mobília bem trabalhada que preenchia o espaço, lembrando o interior de uma caravela.

Mais ao fundo, no palco, uma mulher de curtos cabelos loiros preenchia todo o local com as sublimes notas que emitia de seu violino. Sua camisa branca de mangas longas contrastava com o instrumento, a calça marrom e as botas negras. Seu rosto era sereno e calmo até me localizar na porta do bar.

— Saphira! Finalmente! — ela veio rápido em minha direção, após abandonar o violino em um banco.

— Às ordens, Heilee! — dei-lhe um abraço forte e animado.

Heilee Donovan era a minha melhor amiga e uma das pessoas que me acolheu quando fui encontrada na praia quando pequena. Seu amor por violino e o sangue pirata correndo em suas veias a trouxeram o título de Princesa Pirata, tornando-a conhecida por muitos no Litoral dos Piratas. Ainda hoje me pergunto se sua energia e empolgação são infinitas...

— Pronta para ir ao Porto de Bearg? — ela se afastou, piscando travessa para me lembrar do nosso compromisso.

E certamente eu me lembrava, assim como todas as nossas aventuras já vividas em Bearg. Porém, antes que eu pudesse lhe confirmar, uma voz forte soou atrás de Heilee.

— Não tão cedo, mocinhas.

Era Hawkins Donovan, o maior pirata que já existiu em Spéir, comandante do Litoral dos Piratas, dono do Rumz e pai da minha melhor amiga. Mesmo sendo aposentado — como diz —, ele é simplesmente o pirata mais respeitado do reino.

E se pensas que ele é um velho gordo, porco e barbudo, está enganado!

Seus longos cabelos loiros e o corpo saudável lhe davam uma aparência jovem, quando, na verdade, ele já havia passado dos quarenta! Heilee sempre diz que as mulheres vivem atrás dele.

Hawkins nos olhava por cima do queixo, certamente nos advertindo mentalmente.

— Ouvi dizer dos saqueadores que os guardas reais estão rondando pelas zonas portuárias. Devo dizer novamente que não as quero perambulando por aí com eles por perto? — Hawkins nos fitava seriamente com os braços fortes cruzados a frente do peito.

— Mas nós não vamos demorar muito, pai. — Heilee o encarava com seus olhos verdes tristes e pidões.

— O que me garante que voltarão seguras?

— Ah, isso aqui! — ela logo colocou as mãos no bolso e retirou um pequeno potinho de vidro com um pó vermelho dentro, mostrando-o ao pai.

Ao ver o objeto, o rosto de Hawkins suavizou, dando lugar a um sorriso orgulhoso.

— Olhe bem, pó de pimenta! Essa é a minha filhotinha! — gargalhou alto, aparentemente nostálgico com alguma lembrança de suas aventuras. — Bom, podem ir. Mas tenham cuidado, certo?

Era engraçado o jeito que Hawkins nos tratava, uma vez que a filha já havíamos passado dos vinte, sendo a sua própria filha mais velha que eu.

Mesmo que eu tenha sido encontrada pelo seu bando há quinze anos atrás, ele ainda me trata como uma filha e o agradeço muito por ter me dado uma família e um nome.

Depois de conseguir a confirmação do pai, Heilee olhou para mim com grande entusiasmo e nós seguimos para o Porto de Bearg.


✦✦


Uma imensidão de tendas, inúmeras embarcações atracadas, uma movimentação excessiva e o barulho das gaivotas. Tudo aquilo preenchia o fundo dos gritos anunciando produtos, compondo todo o cenário cotidiano do Porto de Bearg, local no qual os naus e caravelas ancoravam com as exportações estrangeiras.

Era ali também que os caminhos do Litoral dos Piratas e das Cidades Reais se confluíam, exatamente por onde os produtos, que variavam de alimentos a tecidos, chegavam no porto e eram destinados à Família Real, como sempre...

Sem esperar nem mais um minuto, nós demos início à nossa missão, as compras secretas.

Desde de a infância, eu e Heilee costumávamos furtar algumas mercadorias de Bearg. Perdi as contas de quantas vezes nos metemos em confusões, mas graças aos piratas nunca fomos levadas pelos guardas.

Apesar da diversão, furtávamos para dar o que comer às famílias pobres que não tinham sequer onde morar. Spéir era um reino farto apenas para os nobres e seus traseiros encrustados de joias.

Enquanto caminhávamos pelas ruas pedregosas do porto, um grande navio atracou e logo vários comerciantes retiraram grandes caixotes de madeira com seus produtos que seriam vendidos nas Cidades Reais.

Por um instante, cogitei a ideia de subir a ladeira e ir às Cidades Reais mais altas para pegar frutas e peixes mais nobres, mas Heilee acabou me convencendo de que era melhor ficamos por ali para uma fuga mais fácil, caso desse tudo errado.

Por fim, como de costume, seguimos mais à frente, na direção na qual se localizava a Baía dos Mercadores, onde sempre furtávamos algo facilmente.

A Baía estava movimentada. Vários comerciantes gritavam seus produtos e recebiam uma nova remeça para ser vendida em suas tendas ou pequenos estabelecimentos. Disfarçadamente, entramos pelos corredores entre as tendas e decidimos o nosso alvo do dia: peixes.

Heilee se aproximou da tenda e, com seus magníficos olhos verdes, distraía o senhor que vendia seu produto. Enquanto isso, dei a volta por trás e, sorrateiramente, puxei a lona, estendendo meu braço por debaixo e alcançando alguns peixes.

Peguei um, dois, três peixes. E quando finalmente ia me levantar para informar Heilee de mais um furto completado com sucesso, alguém tocou meu ombro.

— Ei, mulher!

Eram os guardas reais.

Oh, mares!

Olhei para o rosto do homem, dando-lhe um sorriso desajeitado e rapidamente me levantei. Saí correndo dali, após puxar uma Heilee de olhos arregalados pela mão.

Os guardas desembainharam suas armas e agora corriam atrás de nós pelos apertados corredores da Baía dos Mercadores, derrubando tendas, produtos e pessoas. Eu não sabia mais por onde ir. Apenas queria correr, pois se fossemos pegas seria o fim.

— PRENDAM-NAS, AGORA! — O guarda que me flagrou gritou atrás de nós.

Enquanto corríamos, olhei para Heilee sem saber o que fazer e seu rosto assustado se iluminou, parecendo ter uma ideia.

Ela passou a nos guiar e, então, viramos uma rua à direita das tendas e adentramos no território da Baía destinado aos estabelecimentos fixos, entrando na primeira taberna que apareceu por ali. Nos escondemos ofegantes dentro do local e olhamos pela greta da porta para ter certeza de que os despistamos. E, bem... com certeza que não!

Um dos guardas chutou raivosamente a porta da taberna e entrou com os outros, deixando todos os clientes paralisados e confusos. Com o coração a mil, eu e Heilee estávamos escondidas embaixo de uma das mesas, até que ouvi um dos guardas dizendo:

— Ali estão elas, senhor!

Maldito seja...

O guarda jogou a mesa para longe com as mãos e olhou para nós, irado como uma besta infernal. Trincando os dentes, ele retirou sua espada da bainha para nos golpear, mas dois homens foram mais rápido e um deles apontou sua espada para o guarda.

— Quanta deselegância. Atacarão belas damas desta forma vil e desonesta? — o homem de cabelos amarrados em um pequeno rabo interviu ironicamente.

Os guardas arregalaram os olhos e congelaram por um tempo, que foi o necessário para que o outro homem de cabelos escuros retirasse um pote de pó de pimenta do bolso e o jogasse diretamente nos colossais de armadura para que pudéssemos fugir.

Em meio a tosses e olhos lacrimejantes, os homens puxaram nossas mãos, fazendo-nos sair do local com eles.

E assim corríamos mais uma vez pela Baía dos Mercadores, porém com dois homens estranhos que nos salvaram de uma bela enrascada com um pote de pó de pimenta. Ou pelo menos eles eram estranhos até que eu pudesse escutar os guardas gritando:

— É o príncipe Isaac Harrington! Capturem a Vossa Alteza!

Não poderia ser... poderia?

Logo olhei aflita para Heilee e ela me devolveu o olhar desesperado da mesma forma.

Em que raios de confusão eu e ela havíamos nos metido dessa vez? Era o príncipe herdeiro do trono! O que ele estava fazendo ali? E com aquelas roupas de cidadãos comuns nada caras! Estaremos condenadas à morte certeiramente, caso os guardas nos peguem!

Porém, não podíamos simplesmente parar ali e nos rendermos. Continuamos correndo junto ao príncipe herdeiro e o outro homem de cabelo amarrado, até chegarmos à primeira unidade do Porto de Bearg, exatamente onde havia o grande navio de mercadorias que havia atracado ali mais cedo.

Por fim, paramos de correr, aparentemente parecendo ter despistado os guardas. E pela primeira vez, o príncipe se virou para nós.

Bem, eu sabia que ele era muito bonito, pois todas as mulheres do reino falavam sobre ele. O que eu não sabia é que ele era o próprio pecado cristão em forma humana.

Seus cabelos negros e rebeldes balançavam com o vento, fazendo os fios dançarem à frente do brilhante e profundo oceano azul que ele carregava em seus olhos. E mesmo naquelas calças de cavalaria e botas baratas, pude concluir que o príncipe jamais perderia seu charme mortal.

E esse seu dom foi posto amostra quando meus olhos caíram para os primeiros malditos cordões soltos em sua camisa branca, deixando-o com uma aura poderosamente indomável e despojada.

E deuses!

Amaldiçoei-me mentalmente por fazê-lo e, ainda, descaradamente, perder o controle dos meus pensamentos após uma situação desesperadora.

— Estão bem? — a voz forte do príncipe surgiu, interceptando meus devaneios.

— Sim, Alteza. — Heilee o respondeu rapidamente em um tom mais normal possível para esconder sua preocupação naquela enrascada.

— Isaac... — o outro homem, que também era tão bonito quanto o príncipe, chamou sua atenção com a voz abalada e os olhos fixados em algum lugar atrás do futuro rei de Spéir ao tocá-lo no ombro. — Suponho que teremos de regressar ao Palácio Real.

— Malditos sejam esses guardas. — Isaac passou uma das mãos pelo belo rosto e praguejou baixo.

Somente quando me virei para trás é que pude ver com clareza a imagem da forca na minha mente. Inúmeros guardas reais vinham da direção da Baía dos Mercadores e da ladeira principal que dava acesso às Cidades Reais, cercando-nos ali.

Montado em um cavalo, um oficial da Guarda Real aproximava-se de nós, enquanto os demais guardas abriam caminho para ele. Ao chegar mais perto, parou e desenrolou um pergaminho, lendo-o logo em seguida:

— Vossa Alteza, Isaac Niëven Harrington, e Príncipe Infante, Jaqques Zandre Klemaant! É com premência que lhes trago esta solicitação instaurada em nome de Vossa Majestade, Rainha Marie Anne Harrington, cujo teor convoca-os ao Palácio Real de Spéir! Por esse devido motivo, a Guarda Real foi enviada para instruí-los ao palácio e, mesmo que resistam, foi-nos permitido usar a força! Essa é uma Ordem Real!

Bem, àquela altura tudo podia estar pior. Afinal, estava ali presente não só o príncipe herdeiro, mas também o príncipe infante, que é sobrinho da rainha. Sim, sabe como ficou ainda pior? Com o príncipe herdeiro reagindo aos guardas.

— Temo lhes dizer que possuo livre arbítrio. — Levantou uma de suas sobrancelhas e deu um sorriso de canto, intimidando os guardas.

— Isaac, é a tia Marie! Ela me trucidará, caso continue a desobedecê-la! — Klemaant fitou o primo com os olhos arregalados e indignados.

— A vida não é mesmo justa... — Isaac sussurrou para si. Depois de um longo suspiro pesado, ele encarou os guardas, mas logo seu olhar recaiu para mim e Heilee. — Eu acatarei à ordem, porém com a condição de que deixem essas damas inocentes voltarem para suas residências.

Olhei para Heilee novamente e ela parecia impaciente pela situação. É claro que não éramos de todo inocentes, mas quem iria contra a palavra do príncipe herdeiro? Sim, somente o asno do guarda que estragou nossos planos desde o início.

— Damas? — Ele avançou à frente de toda a Guarda Real, insultando-nos com escárnio e atraindo os olhares de todos. — São apenas mulheres piratas atoas e vagabundas! Com estas vestes e atitudes deveriam estar em seu lugar de origem, os bordé...

Antes que eu ou Heilee pudéssemos estripar aquele servidor de pomposos reais e preparar seu sepultamento, o tilintar de uma espada soou entre nós e o guarda calou-se imediatamente.

— Declame mais uma palavra e eu não terei clemência de tua língua, sir.

O príncipe apontou a lâmina a apenas poucos centímetros da boca do guarda, preenchendo o local com a tensão e o silêncio por alguns instantes.

Os demais guardas cochichavam entre si, enquanto o príncipe Harrington os encarava com seus desafiadores olhos azuis.

Por fim, aqueles estúpidos de armadura decidiram nos deixar em paz, aceitando a condição proposta. Dois guardas desceram de seus cavalos, cedendo-os e aguardando pelos príncipes.

Eu e Heilee olhamos para os nossos salvadores e sorrimos, contendo o alívio forte em nossos pensamentos.

Ambos montaram os cavalos cedidos e o príncipe herdeiro nos deixou a lembrança de um belo e simples sorriso, seguido pelo príncipe infante, que se limitou a acenar para nós. Por fim, os príncipes e a Guarda Real deram início ao longo trajeto até o Palácio Real de Spéir.

Com toda aquela bagunça colossal resolvida, eu e Heilee tomamos rumo ao Litoral dos Piratas, sem mercadoria alguma, porém aliviadas.

Devíamos uma gratidão momentânea pelos pomposos reais.

— No final de tudo, isso foi bem empolgante! — Heilee gargalhou em uma grande animação que somente ela possuía.

— Foi sim, mas se o seu pai souber que nos envolvemos com a Família Real, estaremos em maus lençóis. — adverti, enquanto observava as ondas do mar quebrando distante de nós.

— Eu sei... — ela abaixou o rosto, entediada.

— Heilee. — apoiei uma de minhas mãos em seu ombro, fazendo-a olhar curiosa para mim. — Vamos beber um pouco hoje! — falei na tentativa de levantar seu astral temporariamente baixo.

— Aceitarei o teu convite, milady! — ela logo me lançou um sorriso cúmplice, recarregando sua alegria infinita, enquanto imitava os pomposos da realeza.

E assim nós caminhamos na direção do Rumz depois de uma desesperadora façanha. E como ela mesmo disse, ao final das nossas aventuras, tudo fica divertido. Porém, algo espetava meus pensamentos e eu me peguei imaginando o que aconteceria com os príncipes.

Bem, que fosse. Hoje eu deveria pensar somente em realizar o que eu já havia planejado a meses. Então foquei-me em imaginar apenas a caneca de rum que me esperava no baú do Rumz.


Olá, sperianas! Estão bem? Espero que sim! 

Esse foi o primeiro capítulo depois de perder todo o conteúdo :( MAS, a boa notícia é que ele não mudou tanto ao meu lindo dom de guardar na memória os principais acontecimentos de todo primeiro capítulo, haha! 

Acrescentei um prólogo ao livro também! Espero que tenham gostado! Até o próximo capítulo!

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro