52
Jeno se vê parado no meio de uma sala vazia com paredes pintadas de preto. Não há portas, janelas ou luzes: apenas uma única grande lareira com uma chama acesa.
— Meu filho… Por que você deve me decepcionar? — uma voz profunda pergunta atrás de Jeno.
— Me desculpe, pai — Jeno responde enquanto baixa a cabeça.
— Como deveria — seu pai suspira — não sei por que tipo de fase rebelde você está passando agora, mas se comprometer tudo pelo que trabalhamos tanto-
— Não vai! — Jeno solta apressadamente, tentando tranquilizar seu pai.
— Então por que o menino ainda está vivo e dormindo ao seu lado na sua cama! — a voz troveja como se um alto-falante tivesse sido ligado no volume máximo.
Jeno cobre seus ouvidos e treme com a raiva de seu pai.
— E-eu não sei — gagueja Jeno.
— Eu acho que sim — seu pai sibila, — Você gosta muito do menino. Como você poderia ainda querer poupá-lo sabendo que ele é o tipo de raça que mata sua espécie? Hm?
— E-ele não é assim — objeta Jeno.
— Ele é exatamente assim! — ele grita: — Seu destino não é morrer pelas mãos desse desperdício patético de uma forma de vida. Você tem coisas muito maiores planejadas para você. Que parte disso você não entende?
— Pai p-por favor! — Jeno implora: — Deixe-me cuidar disso. Vou pegar seu anjo e arcanjo, por favor... confie em mim nisso.
O silêncio enche a sala enquanto Jeno encara o fogo furioso. Sua ansiedade aumenta aos poucos, quanto mais o pai demora para responder.
— Eu acho que é hora de você ler sua profecia por si mesmo. Discutiremos isso mais, uma vez que você permitiu que seu propósito afundasse naquele seu crânio humano espesso — seu pai diz em um rosnado baixo, — Um novo livro vai apareçar em seu estudo. Leia. Estude. Só então você pode me convocar novamente para discutir como poupar o menino temporariamente.
— Tudo bem — Jeno profere em um sussurro tão leve que ele mesmo mal consegue ouvir.
— Agora saia da minha vista — sibila o pai antes que o fogo seja abruptamente apagado.
****
Jeno acorda sem fôlego.
Ele descobre que seus braços estão em volta de Jaemin com absolutamente nenhum espaço entre eles. Era como se ele estivesse se agarrando a ele.
Ele rapidamente se separa de Jaemin e olha para a porta de seu quarto. Ele tira o cobertor de cima de si e rapidamente pula da cama.
— Onde você vai? — Jaemin questiona com uma voz sonolenta, levantando a cabeça para olhar para Jeno.
— Tenho algo importante para fazer. Fique aqui — ordena Jeno antes de sair em disparada em direção à porta.
Ele sai do quarto e corre rapidamente para seu escritório, praticamente batendo a porta atrás de si para não ser incomodado.
— Jeno? — uma voz profunda pergunta.
— Xuxi, por acaso você viu um novo livro aparecer por aqui em algum lugar? — Jeno pergunta enquanto ele lança os olhos ao redor da sala.
— Sim, no seu pódio. O que é? — Xuxi questiona enquanto ele e Jeno correm para lá.
— A profecia — Jeno responde e os olhos de Xuxi se arregalam.
— Sério? Apresse-se e leia! Temos que descobrir o que diz! — Xuxi exclama.
— Estou tentando. Que tal você voltar ao colar e avisarei quando terminar de ler — instrui Jeno.
— Pronto, chefe — Xuxi responde e caminha de volta para uma pequena mesa de madeira com suprimentos.
Jeno olha para o livro por um momento. Tem uma capa de couro e é bastante grossa. Não é tão grosso quanto a maioria dos outros livros que ele possui, mas ainda é bastante grande. Ele abre a capa e folheia algumas páginas. Ele rapidamente percebe que não era apenas sua profecia dentro do livro. Enquanto folheia a primeira metade do livro, ele folheia o texto para perceber que ele está contando uma breve história da queda de seu pai do reino de marfim e a guerra sem fim entre anjos e demônios.
Finalmente, ele chega à parte que estava tão ansioso para ler para si mesmo.
Um menino de sangue demoníaco e humano nascerá. Ele e seus poderes crescerão com cada vida humana que ele tira e oferece a seu pai.
Quando chegar a hora e seus poderes forem fortes o suficiente, ele irá sacrificar dois anjos: um anjo da guarda e um arcanjo. Essas mortes irão quebrar a barreira entre os vivos e os mortos, permitindo que o Inferno vagueie livremente na Terra.
Uma Grande Guerra acontecerá entre os anjos e demônios, sendo a Terra o seu campo de batalha e os humanos tendo mais baixas.
O menino estará na linha de frente da guerra, trazendo uma revolução, mas com um custo alto. Ao fazer uma mudança, ele perderá alguém importante.
Jeno encara a última frase sem expressão por vários longos momentos. Ele vira a página, mas está em branco. Ele continua virando as páginas, mas todas elas estão em branco a partir daí.
— Não… Não — Jeno murmura, fazendo com que Xuxi pare o que está fazendo e volte sua atenção para ele — Não, não, não. Não! Porra!
— Jeno? O que há de errado? O que dizia? — Xuxi pergunta enquanto larga tudo e corre para o seu lado.
— Porra! — Jeno grita enquanto bate com as mãos no pódio, surpreendentemente não o colocando em chamas, apesar de seu aumento repentino de raiva.
— O que? — Xuxi se repete.
— Devo quebrar a barreira entre os vivos e os mortos, causando a maior guerra de todos os tempos — explica Jeno — mas diz que vou perder alguém.
— Espere... você não quer dizer…
— Alguém que eu amo vai morrer.
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