Jeno

— Jeno — Jaemin respira pesadamente enquanto eles continuam correndo — Jeno!

— O que? —  o mais velho pergunta quando ele para abruptamente e se vira para encarar Jaemin.  

— Por que… Estamos… Correndo…? — Jaemin pergunta, sem fôlego.  

— Alguém está nos seguindo. Precisamos continuar avançando — responde Jeno antes de continuar. Para sua surpresa, Jaemin dá um puxão forte em sua mão, virando-o para encará-lo novamente.  

— Não. Não até que você me diga quem está nos seguindo — ele exige — Você abruptamente me tirou de meus amigos depois que eles me ofereceram para me juntar a eles. Eu mereço saber por quê. 

— Jaemin, não há tempo. Nós-

— Agora, Jeno! — ele grita: — Ou eu volto para a casa de Renjun e nunca mais falo com você!

— Não, não faça isso! — Jeno responde freneticamente.  

— Por que não? — Jaemin sibila: — Diga-me o que diabos está acontecendo! 

— Algo está errado com Renjun — afirma Jeno.  

— O que pode haver de errado com ele, e o que diabos isso tem a ver com a gente correndo de repente pela cidade? — Jaemin questiona amargamente.  

— Porque ele... ele está nos seguindo — admite Jeno.  

— P-

— Sim, eu estou — Renjun fala em voz baixa, aparecendo das sombras atrás de Jaemin. Ele ainda usa os óculos escuros de antes, embora o sol já tenha se posto e a lua tenha nascido. 

— Foda-se — Jeno inala bruscamente.  

— O quê? Não esperava me ver tão cedo? — ele ri.  

— Deixe-o em paz. Estou avisando — Jeno rosna enquanto coloca a mão no peito de Jaemin e o empurra para o lado.  

— Renjun, o que está acontecendo- 

— Tudo bem — Renjun responde, ignorando Jaemin — Eu esperava cuidar de você primeiro. 

O menino salta sobre Jeno, jogando-o de costas na calçada dura. Jeno solta um gemido ao observar Renjun pairar acima dele. Ele arranca os óculos escuros e os joga descuidadamente na rua. Ele olha diretamente para Jeno, revelando seus olhos brilhando em um vermelho muito profundo. Um sorriso torto se forma em seu rosto enquanto ele pressiona Jeno com força. 

— Seu pai disse que não tenho permissão para matá-lo. Mas ele nunca disse nada sobre mutilar você — ele murmura — Melhor eu me livrar de você antes de cuidar dos vermes. 

Os olhos de Jeno se arregalam. Ele só conhecia um demônio que se referia a Jaemin por aquela descrição horrível.  

— Xiao? — ele engasga. 

— Demorou bastante — ele ri sombriamente antes de soltar um dos pulsos de Jeno que ele havia prendido.  Ele levanta ligeiramente a lateral de seu moletom e saca uma longa faca com uma lâmina terrivelmente ondulada.  

Sua faca sacrificial.  

Xiao o gira em sua mão antes de acertar a omoplata de Jeno. Jeno solta um grito de agonia, sentindo a dor tão intensamente que mal consegue suportar.

— Não! — Jaemin grita de horror, lembrando Jeno que ele não pode usar seus poderes na frente dele.  

Lutar contra Xiao seria um inferno de uma vadia.  

O menino puxa para baixo a máscara de Jeno, revelando seu rosto. Xiao sorri maliciosamente e puxa a faca do ombro de Jeno. Ele o coloca contra sua bochecha e o abre.  

— Estou tão farto do seu rosto bonito — ele rosna baixinho para Jeno — Espero que fique com uma cicatriz e você se lembre do dia em que matei o seu namorado.

— Fode-te — Jeno sibila enquanto tenta usar sua mão livre para socar Xiao. Mas Xiao era muito mais rápido e inteligente.  Ele vira a cabeça na direção da mão de Jeno, e ela se endireita, permitindo que Xiao enfie a faca nela. Os gritos de Jeno enchem o ar.  

— Renjun, pare! Você está machucando ele! — Jaemin grita: — Você está matando ele!

Xiao apenas ri em resposta ao ouvir os dois. 

— Espero que um dia seu pai me deixe crucificá-lo — ele murmura — mas por agora, já que você quer dar socos, acho que é esse o jogo que estamos jogando.

Xiao solta a faca e começa a socar Jeno brutalmente, dando golpe após golpe.  Jeno quer lutar, mas ele pode sentir os poderes de Xiao segurando-o como um peso pesado, e a incapacidade de usar seus próprios força-o a apenas aguentar a surra.  

— Pare! — Jaemin grita.  

Xiao faz uma breve pausa e olha por cima do ombro para ele. Ele rosna e Jeno pode ver os olhos de Jaemin se arregalando dez vezes do tamanho original.

Xiao volta sua atenção para Jeno e dá um soco nas costelas de Jeno. O som de um estalo alto, seguido pelo grito de Jeno, faz com que Jaemin grite impotente nas laterais.  

— Não o machuque! — Jaemin grita enquanto estende os braços na direção de Xiao. 

De repente, uma luz brilhante e ofuscante envolve o corpo de Renjun. Um berro baixo e distorcido vem do meio da luz, e Jeno sente um peso ser retirado dele. Ele não estava mais sendo preso. Um baque forte cai ao lado dele, e a luz desaparece tão rapidamente quanto apareceu.  

Jeno olha em volta freneticamente para ter uma ideia sólida do que aconteceu.  Percebendo que Jaemin estava olhando desesperadamente para suas próprias mãos, alertando-o de que ele também estava tentando fazer o mesmo. Os olhos de Jeno voam para o corpo inerte de Renjun deitado ao lado dele, depois de volta para Jaemin.  

— Você é um anjo.